Essa é uma passagem usada por alguns reencarnacionistas para advogar alguma base bíblica para a reencarnação. Mostraremos a seguir como é pueril essa cosmovisão e desfocada da uma contextualização hermenêutica.
A argumentação espírita não se sustenta por alguns motivos:
1)– Não se sustenta pela própria dogmática kardecista, pois de acordo com os reencarnacionistas raramente alguém retornaria ao ventre da sua própria mãe. Seria, caso isso ocorresse, uma exceção raríssima dentro do próprio ensino kardecista.
2)– Os escritores do Antigo Testamento quando referiam-se à ventre estavam falando do sepulcro onde seriam enterrados. Gênesis 3.19 mostra que os hebreus criam que o homem veio do pó da terra quando foi criado por Deus, e ao pó (terra) voltará ao morrer. A compreensão de ventre como “a terra” é vista, por exemplo, no Salmo 139.13-15:“Pois tu formaste os meus rins; entreteceste-me no ventre de minha mãe. Eu te louvarei, porque de um modo tão admirável e maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem. Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado, e esmeradamente tecido nas profundezas da terra”.
3)– A confirmação de que o escritor de Jó também usou a linguagem figurada do ventre deste modo, pode ser achada em Jó 38.8,29:“Ou quem encerrou com portas o mar, quando este rompeu e saiu da madre… Do ventre de quem saiu o gelo? E quem gerou a geada do céu?”
Conclusão
Assim, essa passagem não corrobora de modo nenhum com a visão kardecista. O escritor do Antigo Testamento diria que somos criados dos elementos da terra pelas mãos de Deus, viemos nus a esse mundo e de mãos vazias, e voltaremos à terra através da decomposição corporal – e ponto.
Fonte: Reencarnação ou Ressurreição – Snyder – Ed. Vida Nova