Mais um escândalo sexual pode abalar as estruturas da Igreja Católica. Desta vez trata-se de uma diocese na região de Liguria, no Norte da Itália, de onde chegaram denúncias de padres que postam fotos nuas na internet, fazem “bico” como barman e cometem assédio a fieis. O caso chocou a cúpula do Vaticano a tal ponto que o Papa Francisco enviou nesta semana um “administrador católico” para investigar as acusações.
A diocese de Albenga-Imperia já foi descrita por um jornal italiano como a “mais fofocada da Itália”. Ela é comandada há mais de 25 anos por Dom Mario Oliveri, de 70 anos, conhecido até então pelo seu conservadorismo religioso. De acordo com o periódico Il Secolo XIX, o bispo deve ser substituído nos próximos dias.
As primeiras denúncias chegaram a Roma pelos próprios fieis, chocados com os abusos. Uma delas, a médica Luisa Bonello, chegou a escrever uma carta a Francisco em fevereiro deste ano. Ela cometeu suicídio no mês passado.
Os relatos dão conta de padres “playboys” que postam fotos deles mesmos nus em sites gays, vivem com parceiros, trabalham nas horas vagas como barman, fazem tatuagens, desviam verbas das paróquias e cometem assédio sexual a fiéis. Tudo debaixo do nariz de Oliveri, que apesar de não ter sido acusado de qualquer envolvimento, foi criticado por recrutar religiosos dentre alunos expulsos por má conduta em seminários de Liguria.
Padre Luciano Massaferro, por exemplo, foi condenado a quase oito anos de prisão após ser declarado culpado de abusar sexualmente de um coroinha. Ele havia sido vigorosamente defendido pelo bispo.
Interpelado sobre as denúncias pelo jornal ‘La Repubblica’, Oliveri se negou a dar explicações. “Eu não quero falar sobre isso. Este não é o momento certo”, afirmou.
A Santa Sé também não quis comentar sobre uma investigação em curso e informou apenas que divulgará um comunicado ao final das investigações.
Desde que foi eleito em março de 2013, o Papa Francisco mostrou que ele tem pouca paciência para figuras importantes dentro da Igreja que transgridem. Em março deste ano, por exemplo, o pontífice argentino destituiu o bispo alemão Franz-Peter Tebartz-van Elst, depois de descobrir que ele tinha desviado € 31 milhões (cerca de R$ 90 milhões) de fundos da Igreja em sua própria residência na diocese de Limburg.
Em julho, em um movimento sem precedentes sancionado por um Papa, um arcebispo católico e ex-embaixador da Santa Sé foi destituído após ser condenado por abusar sexualmente de adolescentes, fazendo-o a figura de mais alto escalão do Vaticano para ser punido por tal crime. O arcebispo Jozef Wesolowski, antigo núncio do Vaticano para a República Dominicana, foi considerado culpado por abuso sexual pela Congregação do Vaticano para a Doutrina da Fé, órgão herdeiro da antiga Inquisição.
Ele está agora sob prisão domiciliar, enquanto aguarda o resultado de um processo penal lançado pelas autoridades judiciais do Vaticano. O julgamento perante um tribunal do Vaticano deve ocorrer no início do ano que vem, e se for condenado, Wesolowski pode pegar até sete anos de prisão.
Fonte: O Globo