Uma análise do Espiritismo Kardecista

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I – REIVINDICAÇÃO ESPÍRITA

O espiritismo alega ser a 3a. Revelação de Deus aos homens. A 1a. Revelação – dizem os espiritas – nos foi dada por DEUS, através de Moisés, registrada no Velho Testamento. A 2a. Revelação nos foi dada por DEUS, através de Jesus Cristo, registrada no Novo Testamento. E a 3a. Revelação de Deus aos homens é o cumprimento das palavras de Jesus na promessa da vinda do Consolador, que é o surgimento do espiritismo. No livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, p.90/91, lemos:

“O Espiritismo vem no tempo determinado, cumprir as promessas do Cristo; o Espírito da Verdade preside ao seu estabelecimento, chama os homens a observância da lei e ensina todas as coisas, fazendo compreender aquilo que Jesus Cristo só disse em parábolas… Deste modo, o espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, que faz com que o homem saiba de onde vem, para onde vai e por que está na terra; lembrança dos verdadeiros princípios da lei de Deus e consolo pela fé e esperança”.

Face a opinião dos espíritas com relação ao Espirito Santo, reivindicando ser o cumprimento da promessa de Jesus em João 14.26, estabelecemos as seguintes distinções entre o Espírito Santo prometido por Jesus, e revelado na Bíblia, e o sistema religioso conhecido como espiritismo:

  1. O Espírito Santo é identificado na Bíblia como possuidor de Personalidade e Deidade. Faz-se referência ao Espírito Santo na terceira pessoa no gênero masculino singular ‘Ele’: João 14.17; 15.26; 16.24; ‘aquele’: em João 16.13-14, muito embora a palavra pneuma – ‘espírito’ – seja neutra;
  2. Ananias mentiu ao Espírito Santo. Em Atos 5.3-4 Pedro disse que Ananias não havia mentido aos homens, mas a Deus.
  3. O Espirito Santo exerceu atividades pessoais: deu ordem para a separação de Barnabé e Saulo para a obra missionária, Atos 13.22.
  4. O Espírito Santo é identificado em sua relação com a Trindade como co-igual e co-eterno com o Pai e o Filho: Gênesis 1.26; 3.22; 11.7; Isaías 6.8; Mateus 3.16-17; 28.19; 2Coríntios 13.13;.
  5. O Espírito Santo é identificado como possuidor de atributos divinos a saber:
  6. Eternidade – Hebreus 9.14;
  7. Onipotência – SaImo 104.30;
  8. Onipresença – SaImo 139.7;
  9. Onisciência 1Coríntios 2.10-11.

Ademais, admitindo-se que o espiritismo fosse a 3a. Revelação de Deus aos homens, ou usando uma linguagem bíblica o Prometido Consolador, chegaríamos à conclusão que não poderia haver contradição entre essas revelações. Estaria o espiritismo perfeitamente identificado com a Bíblia, não podendo haver incoerência entre as doutrinas bíblicas e o espiritismo. Tal não acontece, surgindo então a pergunta:

II – SERIA CRISTÃO OU PAGÃO O ESPIRITISMO?

Para podermos responder essa pergunta temos que ir à Bíblia, e ela nos dá a resposta em Deuteronômio 18.10-12: “Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, (1) nem adivinhador. (2) nem prognosticador. (3) nem agoureiro. (4) nem feiticeiro. (5) nem encantador de encantamentos. (6) nem quem consulte um espirito adivinhante. (7) nem mágico, (8) nem quem consulte os mortos” (grifo nosso).

Das várias práticas espíritas mencionadas, podemos classificar as oito primeiras como integrantes do denominado ‘baixo espiritismo’. A última prática identifica o espiritismo chamado ‘kardecista’ ou ‘alto espiritismo’, também conhecido como espiritismo científico ou filosófico.

As três principais práticas integrantes do espiritismo kardecista são:

  1. A consulta aos mortos
  2. A reencarnação; e
  3. Salvação pelas obras.

As principais doutrinas fundamentais do Cristianismo são negadas pelo espiritismo, em decorrência das suas três doutrinas peculiares:

III – AS TRÊS PRINCIPAIS DOUTRINAS ESPÍRITAS

Vamos a análise das três principais doutrinas espíritas e começaremos pela consulta aos mortos.

1 – A Consulta aos Mortos:

  1. a) Inutilidade;
  2. b) Proibição;
  3. c) Prejuízos.

Os espíritas creem que os espíritos com os quais se comunicam são as almas dos mortos. Nós evangélicos cremos que são os espíritos demoníacos que personificam os defuntos, para apartar os homens de Deus e trazê-los sob controle. Os demônios são espíritos enganadores. Antigamente falavam mentiras através de falsos profetas.

Continuam esta atividade hoje em dia, e isto é um dos sinais proféticos que caracterizam os últimos dias (1Reis 22.12,19-23; 1Timóteo 4.1). Deus permite que os espíritos mentirosos enganem aos que não querem receber a verdade (2Tessalonicenses 2.9-12). Adverte o seu povo que não creia em todos os espíritos (1João 4.1-3). Lemos no Novo Testamento acerca de demônios que possuíam as pessoas e falavam por intermédio delas coisas alheias ao conhecimento do possesso (Marcos 5.2-12; Atos 16.16-18). Ao estudar as passagens bíblicas com respeito aos demônios, convencemo-nos de que estes são os espíritos que operam através dos médiuns e personificam os mortos. Os homens podem fazer um registro permanente dos fatos contemporâneos para referência futura. Pode ser na memória ou por registros escritos, filmados, gravados etc. Acaso não poderão fazer semelhante coisa também os seres inteligentes que povoam a esfera espiritual que nos rodeiam?

Acrescentamos ainda que Allan Kardec – a maior autoridade para os espíritas latino-americanos – admite a hipótese de engano transmitido pelos espíritos. Diz ele:

“Alguns destes (espíritos) são apenas frívolos e travessos; outros são mentirosos, fraudulentos, hipócritas; maus e vingativos”. E, assim, pergunta: “Quem pode, pois, afirmar que os que dizem ter sido, por exemplo, Sócrates, Júlio César, Carlos Magno, Fenelon, Napoleão, Washington etc. tenham realmente animado esses personagens?” (O Livro dos Espíritos, 22ª edição, p.34).

A que conclusão chegamos: a da inutilidade da evocação dos mortos. Suponhamos que uma pessoa convidada pelos espíritas, e levada pela saudade, vá ao centro para ter notícias de sua falecida mãe. Façamos ainda de conta que o médium seja pessoa honesta e digna de toda a confiança; damos como admitido que o médium conseguiu ligação com o espírito que afirma ser a procurada mãe. Será de fato o espírito dela? Nem mesmo se o modo de falar seja idêntico, pois os espíritos se identificam como sendo o daquelas pessoas que partiram, para mais facilmente ludibriar os incautos, como poderemos acreditar que sejam realmente os procurados?

Em segundo lugar, há uma proibição divina taxativa contra tal prática. Basta ler os seguintes textos: Êxodo 22.18; Levítico 20.6,27; 19.31; Deuteronômio 18.10-14. Em 1Samuel 28.3-25 temos o relato de Saul procurar a feiticeira de En-Dor, e estabelecemos os seguintes comentários sobre essa passagem bíblica:

  1. Quando Saul consultou a pitonisa ele já estava reprovado por Deus: 1Samuel 15.23-28;
  2. Saul só buscou a necromante depois que o Espírito do Senhor se retirou dele e porque Deus não lhe respondia 1Samuel 16.14; 28.5-6;
  3. Saul, quando vivia em plena comunhão com Deus, perseguia o espiritismo (veja 1Samuel 28.9). Isso prova que só buscou a feiticeira porque estava desviado: 1Samuel 28.5-8;
  4. Em 1Samuel 25.12, vê-se que a feiticeira não podia adivinhar. Só descobriu que o visitante era Saul depois que ele fez o pedido de querer invocar Samuel I Sm 28.11;
  5. Se Deus não respondeu quando Saul o buscou, responderia agora em atenção a uma feiticeira? 1Samuel 28.6;
  6. A consequência de toda a história relatada em 1Samuel 28 está em 1Crônicas 10.13.

Enumerando os crimes de Israel, pelos quais foram castigados, diz 2Reis 17.17: “deram-se a adivinhações e criam em agouros; e venderam-se para fazer o que parecia mau aos olhos do Senhor, para o provocarem a ira”.

Temos ainda o texto de Is 8.19-20: “A favor dos vivos interrogar-se-ão os mortos? A lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva”.

Finalmente, desde que os espíritas eruditos afirmam que sua religião é de origem divina, citam textos bíblicos e demonstram poder espiritual, vamos aplicar as provas mencionadas por Jesus em Mateus 7.15-16: o de examinar os frutos. Quais são os frutos produzidos da evocação dos mortos? Respondemos, apontando:

  1. a) Colapso nervoso e mental:

Com relação às manifestações do Espírito Santo, a Bíblia diz em Isaías 28.12: “Este é o descanso, dai descanso ao cansado; e este é o refrigério; mas não quiseram ouvir”. A bênção do Espírito Santo sobre uma pessoa é de refrigério, repouso, renovação. Em troca, depois de uma sessão espírita, o médium se encontra esgotado física e mentalmente. Os que estão acostumados a ceder suas forças mentais aos espíritos, correm o perigo de possessão completa por demônios, de tal forma que não mais têm juízo próprio. A loucura é um fruto muito comum do espiritismo.

  1. b) O Temor:

Cristo dá paz, o espiritismo traz temor. Paulo em 2Timóteo 1.7 diz: “Porque Deus não nos deu o espirito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação”.

  1. c) Ciúmes e imoralidade:

Desde que os espíritos maus se comprazem em destruir a felicidade humana, às vezes há uma mensagem para uma senhora casada de que seu esposo a está traindo. Discórdias surgem na família. Outros recomendam o amor livre, burlando o que há de sagrado na família.

  1. d) Suicídio:

Muitos suicídios tem sido cometidos como resultado das mensagens dos espíritos. O que imita ser o querido defunto, sussura À noiva ou à viúva que a vida além tumulo é bela e feliz. A única coisa que falta para a completa felicidade é ela ou ele.

2 – A Reencarnação

As razões apresentadas para sustentação dessa doutrina são: a) Foi ensinada pelos espiritos; b) Foi aprovada por Jesus e constante dos evangelhos.

A doutrina da reencarnação pode ser definida nas seguintes palavras de Allan Kardec: “Nascer, morrer, renascer ainda eprogredir sempre: tal é a lei”. A doutrina consiste essencialmente, pois, em afirmar que não nascemos e vivemos uma só vez sobre a terra, mas que já vivemos muitas vezes e ainda teremos de passar por semelhantes vidas, progredindo sempre, até chegarmos ao supremo grau de perfeição. Estudemos as principais razões que os espíritas alegam em favor da teoria da reencarnação.

  1. a) A primeira razão é que tal doutrina foi ensinada pelos espíritos. Entretanto, podemos afirmar que a doutrina reencarnacionista por Allan Kardec codificada, foi por ele mesmo condenada, quando disse que uma doutrina, para ser verdadeiramente espírita, deveria ser o resultado do ensino unânime e geral dos espíritos:

“Generalidade e concordância no ensino, esse o caráter essencial da doutrina, a condição mesma da sua existência, donde resulta que todo o principio que ainda não haja recebido a consagração de controle da generalidade não pode ser considerado parte integrante dessa mesma doutrina. Será uma simples opinião isolada da qual não pode o espiritismo assumir responsabilidade” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, 39ª edição, p.21).

Ora, é certo que a teoria da reencarnação não foi unanimemente ensinada pelos espíritos, eis que os espiritas ingleses não aceitam a teoria da reencarnação, chegando mesmo a combatê-la fanaticamente. Se não há generalidade e concordância entre os espíritos latino-americanos, e os espíritos que orientam os espíritas ingleses, é certo então que a doutrina da reencarnação não pode ser declarada doutrina espírita, mas sim do próprio Kardec, porque chega ele a introduzir um capítulo inteiro no livro O Livro dos Espíritos, de sua autoria.

  1. b) A segunda razão invocada é que Cristo e os primeiros cristãos pregaram a reencarnação. Allan Kardec diz:

“O princípio da reencarnação ressalta de muitas passagens das Escrituras, achando-se especialmente formulada, de modo explicito, no evangelho” (O Livro dos Espíritos, 22ª edição, p.146).

Duas passagens bíblicas são apontadas no Novo Testamento como prova de que a doutrina encontra apoio nas Escrituras:

1) Vamos à primeira prova bíblica, examinando a eventualidade de João Batista ser a reencarnação de Elias. Não se nega que haja alguma relação entre o corajoso João Batista, precursor de Jesus, e o intrépido Elias. O anjo que veio anunciar a Zacarias o nascimento de João, já havia explicado:

“E irá adiante dele no espírito e virtude de Elias…” (Lucas 1.17). Sabiam os fariseus, que segundo a profecia de Malaquias 4.5, a aparição de Cristo seria preparada por Elias. Ora, Jesus de Nazaré declarava ser o Messias. Como era isso possível, se Elias ainda não aparecera? Eis a grande objeção que os fariseus alegaram contra a reivindicação de Jesus ser o Messias. “E os discípulos o interrogaram, dizendo: Por que dizem então os escribas que é mister que Elias venha primeiro?” Daí dizer Jesus, para refutar a objeção dos fariseus e tranquilizar os discípulos: “E se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça” (Mateus 11.14-15).

As palavras de Jesus, em seguida: “Mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram” (Mateus 17.12). E lemos depois: “Então entenderam os discípulos que lhes falara de João Batista” (Mateus 17.23). É bom lembrar mais o seguinte:

  1. Para que Elias reencarnasse, deveria primeiro ter morrido, o que não aconteceu, conforme 2Reis 2.11-12;
  2. Se Elias tivesse reencarnado, na transfiguração de Mateus 17.1-6, quem deveria ter aparecido seria João Batista e não Elias;
  3. A semelhança entre Elias e João Batista nada tem a ver com a reencarnação, pois os traços semelhantes estão na identidade de ministério:
  1. d) Se houvesse reencarnação, seria um fato interessante que 2.000 anos apôs sua morte Moisés ainda não tivesse reencarnado, pois apareceu na transfiguração como Moisés mesmo.

Aliás, o próprio João Batista, diretamente interrogado por uma comissão de judeus se era Elias, respondeu categoricamente: não. “E perguntaram-lhe: então, és tu Elias? E disse: Não sou” (João 1.21).

2) A segunda prova invocada pelos espíritas é João 3.3, onde lemos: “Na verdade, na verdade te digo, que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”. Tal recurso não melhora a posição reencarnacionista frente ao Evangelho. É incontestável que Jesus declarou abertamente a Nicodemos o que acabamos de ler. Entretanto, para Nicodemos a expressão nascer de novo não estava muito clara e ele pediu maior explicação: “Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer?” (João 3.4). Note-se aqui até que ponto a ideia da reencarnação era alheia a Nicodemos. Se ele fosse reencarnacionista, e esta teoria fosse de fato conhecida entre os judeus, Nicodemos não teria pedido explicação.

O que é o novo nascimento apregoado por Jesus a Nicodemos? É o ato milagroso pelo qual o Espírito Santo comunica nova vida ao que crê, implantando a própria natureza de Cristo na sua vida (Ezequiel 36.25-27; Efésios 4.23; Colossenses 3.9). Tal milagre se efetua pelo poder do Espírito Santo através do ouvir a Palavra de Deus (João 1.12-13; João 16.7-8; Romanos 1.16; Hebreus 4.12-13; 1Pedro 1.23; 2.2; 1João 5.11-13). Está claro pelos textos citados que não se trata de reencarnação, mas de regeneração, que se dá na presente vida e não depois da morte.

A inutilidade da reencarnação se observa no fato de que nenhum homem tem lembrança do que se passou na existência anterior. Então se pergunta: Estou sofrendo por que? Se não se sabe por que se está sofrendo, é muito natural que se venha repetir os mesmos erros de outras existências. Por que a reencarnação não nos fornece condições de recordarmos daquilo que éramos noutras existências, a fim de que pudéssemos corrigir-nos? Uma questão que a o espiritismo tem dificuldade para responder. Por que não podemos lembrar-nos do nosso passado, a fim de podermos aproveitar a experiência obtida anteriormente numa futura existência? A questão é bastante razoável e merece uma resposta adequada.

Sendo o propósito principal da reencarnação a purificação dos pecados, alegam que o homem nasce aleijado, cego, mentalmente retardado porque na vida anterior tinha pecado e agora está pagando aqueles pecados. A doutrina cristã repele tal ensino (João 9.1-3). Encontramos na Bíblia que Jesus é a resposta perfeita para a questão do pecado humano.

Paulo define o evangelho em 1Coríntios 15.3-4. Jesus nasceu para morrer, e a razão da sua morte nos é dita em Isaías 53.4-6, morte redentora. Jesus viu tudo o que estava programado na profecia e por esta norma revelada, sua vida, morte e ressurreição foram pautadas (Mateus 26.24,54). Não ter ideia de sua missão já seria motivo de identificação com o diabo (Mateus 16.23). A Bíblia fala em termos inequívocos, de modo que ninguém pode confundir que Jesus pagou a penalidade do nosso pecado (Hebreus 1.1-3; Hebreus 7.24-25; Hebreus 9.11-12; Hebreus 10.12-14; Apocalipse 1.5).

A doutrina da redenção por Cristo está também intimamente ligada a sua ressurreição corporal dentre os mortos. A Bíblia é clara quando destaca a importância da ressurreição corporal de Jesus na nossa redenção: “E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados” (1Coríntios 15.14-17).

Paulo continua: “Mas agora Cristo ressuscitou dos mortos…” (1Coríntios 15.20). Quais são as provas da ressurreição corporal de Jesus?

Dizemos mais ainda, que a validade da morte redentora de Jesus e sua ressurreição corporal estão também intimamente ligadas à aceitação de sua humanidade e deidade. Os espíritas alegam que Jesus não possuía um corpo real, físico; declaram que ele tinha um corpo aparente, fluídico. A heresia pregada pelos espiritas não é nova. No passado foi combatida por João em sua primeira epístola 4.1-3.

Quais são as provas da humanidade de Jesus?

Ao reconhecer a humanidade de Jesus, biblicamente provada, devemos ir mais além e entender, também, pela Biblia, que Jesus não era apenas um homem entre os homens, mas também era Deus entre os homens. Basta comparar Isaías 7.14 com Mateus 1.21-23. Dizemos então que Jesus tinha duas naturezas completas e perfeitas em si, mas inconfusas e unidas na única Pessoa do Verbo: a natureza divina e a natureza humana (João 1.1,14). E por isso dizemos que Jesus é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem. Como Deus é igual a Deus (João 5.18; 10.30); como homem é igual a nós, homens (Filipenses 2.5-8), com um corpo real e verdadeiro, e não apenas possuindo um corpo fluídico ou aparente. Em nós há unidade de natureza e unidade de Pessoa. Dizer que Jesus é verdadeiramente homem, é o mesmo que afirmar que ele tinha um verdadeiro e real corpo humano, e uma verdadeira alma e espíritos humanos (1Tessalonicenses 5.23).

Dizem os espíritas: em nenhuma parte do Novo Testamento encontramos uma só vez Cristo afirmando formalmente que era Deus. O que Jesus não disse foi ‘Eu sou Deus Pai’. Várias vezes encontramos os judeus prontos a matá-lo. E por que? João 5.17-18 responde: Todo o modo de agir de Jesus evidencia igualdade com o Pai:

Que implicações existem na aceitação da humanidade e deidade de Jesus Cristo, com relação a sua obra redentora em favor dos homens? No Salmo 49.6-8,15 lemos: “Aqueles que confiam na sua fazenda e se gloriam na multidão das suas riquezas, nenhum deles de modo algum pode remir a seu irmão, ou dar a Deus o resgate dele, pois a redenção da sua alma é caríssima, e seus recursos se esgotariam antes… Mas Deus remirá a minha alma…”.

Como podia Jesus remir nossas almas, sendo apenas um homem perfeito e nada mais do que um homem? Nenhum homem podia fazê-lo, é o que diz o texto lido. Mas como Deus e homem, ou melhor, como uma personalidade teantrópica, Jesus podia fazê-lo. E o que Paulo diz em Atos 20.28: “Olhai por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com o seu próprio sangue”.

No trecho indicado, Paulo fala do sangue de Cristo como sendo o sangue de Deus, pois foi Cristo quem morreu por nós no Calvário. Logo, em decorrência da eficácia da morte de Cristo na cruz, podemos ter certeza do céu, logo após a morte do corpo (2Coríntios 5.6-8; Filipenses 1.21-23; Apocalipse 6.9-11). É verdade que não entra lá nada que contamine (Apocalipse 21.27), mas é dito que os que lavaram os seus vestidos no sangue do Cordeiro lá entrarão (Apocalipse 22.14). Nós, cristãos, temos uma esperança: a nossa esperança é o céu: Filipenses 3.20-21; Hebreus 3.1. Sofremos, somos contristados, tudo parece ir contra a nossa vontade e contra o nosso bem estar, mas sempre nos lembramos do dito de Paulo em Romanos 8.18; 2Coríntios 4.17. Eis a esperança dos cristãos (João 16.22; Apocalipse 7.16).

E, quando ganhamos um céu, evitamos um inferno de tormento eterno e consciente. Cristo não podia usar de palavras mais claras para nos ensinar a existência do inferno. Quase em cada sermão fazia aviso dos tremendos castigos depois da morte. Basta ler Lucas 16.19-31. Refletindo atentamente sobre as palavras de Jesus, teremos o seguinte:

3 – Salvação pelas Boas Obras

Em cada reencarnação, segundo o espiritismo, a alma se aperfeiçoa. O aperfeiçoamento é realizado através de sofrimentos e boas obras. Diz o espiritismo: “Fora da caridade, não há salvação”. A salvação não se obtém por obras boas, assim afirmou Paulo em Efésios 2.8-9. Diz mais ainda o apóstolo em 1Coríntios 13.3: “E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse caridade, nada disso me aproveitaria”. O verdadeiro amor ao próximo nunca deve ser um fim em si – a salvação. Deve ser apenas a manifestação externa do amor interno a Deus (1João 4.20-21). A Bíblia diz ainda em Mateus 25.31-45: “Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”. A obrigação máxima do cristão é amar a Deus, amar também o seu próximo e praticar boas obras, não para ser salvo, mas porque é salvo.

Diante disso, há uma urgência na decisão que o homem deve tomar para sua salvação (2Reis 20.1; SaImo 39.4-6; 2Coríntios 6.2; Hebreus 3.7-9), pois, depois da morte, não há reencarnação, mas segue-se o juízo, e dele resulta CÉU ou INFERNO.

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