“Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração da terra” (Mateus 12.40).
Os 3 dias e 3 noites de Jesus no coração da terra
(1) Comecemos compreendendo o contexto dessa fala de Jesus. Jesus está aqui respondendo a um questionamento de escribas e fariseus, que lhe disseram:
“Então, alguns escribas e fariseus replicaram: Mestre, queremos ver de tua parte algum sinal” (Mateus 12.38)
Jesus considera essa fala deles, pedindo um sinal, um grande absurdo e reage em um tom bastante confortador:
“Ele, porém, respondeu: Uma geração má e adúltera pede um sinal; mas nenhum sinal lhe será dado, senão o do profeta Jonas” (Mateus 12.39).
(2) Temos de ter em mente aqui que Jesus já havia feito grandes sinais e maravilhas até aqui em Seu ministério. E não foram poucos!
Obviamente que os religiosos não queriam enxergar isso, antes, queriam determinar o tipo de sinal que eles achavam que seria do Messias e a hora que esse sinal deveria ocorrer para que eles cressem!
Mas Jesus não fazia esse tipo de milagre, à pedido de corações incrédulos, orgulhosos, altivos! Mas para que eles não ficassem sem resposta, Jesus dá uma resposta provocativa!
(3) Essa resposta era o sinal de Jonas! A Bíblia diz que Jonas esteve 3 dias e 3 noites no ventre do grande peixe e isso prefigurava o que iria ocorrer com Cristo!
O grande e maior sinal de todos, a ressurreição de alguém que, assim como Jonas, esteve frente a frente com a morte e a venceu! Esse seria o sinal presenciado por todos um tempo depois!
“Deparou o SENHOR um grande peixe, para que tragasse a Jonas; e esteve Jonas três dias e três noites no ventre do peixe” (Jonas 1.17).
(4) Mas por que Jesus não passou de fato 3 dias e 3 noites morto como Ele disse? Como entender essa questão desse sinal comparativo com Jonas? Temos aqui pelo menos 2 visões a considerar:
(a) Se Jesus morreu na sexta-feira à tarde, os 3 dias não eram literais.
Nesse caso a expressão 3 dias e 3 noites não era matemática e exata, mas figurativa (idiomática), usando a tradição judaica de contar uma parte de um dia como um dia.
Sendo assim, a ideia é que Jesus ficou morto sexta-feira (parte do dia), sábado (dia todo) e domingo (parte do dia) e ressuscitou “no terceiro dia” e não depois de exatas 72 horas, ou seja, 3 dias completos.
Essa forma interpretativa está em harmonia com outros relatos bíblicos, onde a expressão 3 dias e 3 noites já foi usada outras vezes, mesmo sem que 72 horas exatas tivessem passado. Veja o exemplo do jejum de Ester em Ester 4:16.
(b) Jesus na verdade teria morrido na quinta-feira e não na sexta-feira.
Nesse caso a expressão 3 dias e 3 noites é entendida de uma forma literal, mais exata, já que, considerando a morte de Jesus na quinta-feira, então, ele ficou morto na noite de quinta-feira, noite de sexta-feira e noite de sábado, dando essas 3 noites “no coração da terra” citada no verso.
Mas mesmo essa interpretação não é livre de dificuldades, pois se fossemos ser matematicamente exatos, mesmo morrendo na quinta-feira, não teríamos 72 horas exatas (3 dias completos) até a ressurreição.
Isso porque em Mateus 27.46 vemos que Jesus morreu por volta da hora nona (3 da tarde): “Por volta da hora nona, clamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni? O que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mateus 27.46)
Considerando a quinta-feira como dia da morte, teríamos de quinta-feira (3 da tarde) até sexta-feira (3 da tarde) = 24 horas. Depois, de sexta-feira (3 da tarde) até sábado (3 da tarde) = 24 horas. Jesus ressuscita bem cedo na manhã de domingo, logo ainda faltaria algumas horas para as 72 horas literais.
Conclusão
A forma como Jesus falou e todos os elementos do contexto parecem indicar que Jesus usou mesmo uma expressão figurada que não tinha foco matemático de contagem de horas exatas.
Mas temos ali uma forma comum dos judeus contarem dias (mesmo incompletos) como dias inteiros em determinadas ocasiões. Foi isso que Jesus fez na sua menção, não havendo nenhuma contradição nos relatos.
Fonte: Blog: esboçandoideias.com