Três Atitudes

No ano 46 da nossa era, o apóstolo Paulo entra em Atenas, berço da Filosofia. Vendo a cidade grega tão entregue a idolatria, começa ousadamente a disputar, com todos os que se apresentavam, a respeito de Jesus Cristo e da ressurreição dos mortos.

A mensagem pregada originou uma divisão no grupo de ouvintes, sendo três as atitudes tomadas por aqueles que escutaram a palavra de Deus: os que escarneceram, os que protelaram, o os que creram (At 17.32-34).

Analisemos cada grupo de per si.

OS QUE ESCARNECERAM

Que nova doutrina é essa que nos anuncias? perguntaram eles. Um ensino diferente: novas ideias opostas às que os filósofos gregos haviam apresentado até ali esta­vam a ser transmitidas àquele auditório tão erudito e crítico do areópago. Vendo que não podiam refu­tar o assunto exposto —por fala de argumentos válidos—, os areopagitas tomaram a atitude dos fra­cos, dos ignorantes, ridicularizando aquele a quem não podiam contra­dizer.

É muito vulgar, infelizmente, esta atitude dos que não querem ser apodados de ignorantes, ou dese­jam que as suas ideias prevaleçam.

Possuidores de uma vasta cul­tura, aqueles atenienses estavam 3todavia muito aquém da nova dou­trina. As Indagações racionalistas sobre o homem e o mundo, que es várias correntes filosóficas não tinham podido responder, eram satisfeitas por S. Paulo, sob inspiração divina, num discurso de algumas centenas de palavras (At 17.22-31). O apóstolo das gentes apresentou, de forma clara e convincente, que só um Deus pessoal é o princípio e a razão de ser de todas as coisas.

OS QUE PROTELARAM

Protelar a nossa decisão para Cristo é um dos maiores logros de Satanás, Agora, não, talvez de­pois, Vou pensar nisso, eis al­gumas expressões ouvidas com frequência quando as pessoas são convidadas a converterem-se a Cristo.

Inúmeros indivíduos continuam a ser arrastados para a perdição eter­na, pensando erradamente serem senhores do amanhã, quando afinal o único tempo certo que nos per­tence é o momento presente. O pas­sado e o futuro são pertença de Deus.

A Bíblia está repleta de citações, nas quais somos exortados a decidir-nos agora, e não tardiamente como sucedeu com Faraó. Moisés, dirigente do povo israelita, perguntou ao opressor monarca egíp­cio: “Quando orarei por ti?” (Ex 8.9). Ele e o seu povo sofriam as con­sequências da praga das rãs).  Amanhã, foi a louca e estranha res­posta dada por Faraó a Moisés (Ex 8.10). Os batráquios assolavam tudo, mas o rei preferiu, para seu próprio prejuízo, dizer amanhã, em voz de dar a resposta certa; agora!

Faraó adiou, tal como alguns ate­nienses fizeram, cometendo uma rematada loucura. Mas será que muitos leitores não procedem da mesma forma ao protelarem as suas decisões por Cristo? Cuidado, não caiamos no mesmo erro, pois a exortação divina é clara; “Eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação” (2 Co 6.2).

Deus, na Sua infinita misericórdia, concede-nos várias oportuni­dades de salvação, havendo, porém, um limite. Convém não nos arris­car num assunto tão importante como este. As oportunidades, se­gundo a Escritura Sagrada, “são como águas derramadas na terra que não se ajuntam mais” (2 Sm 14.14).

É de fato insensatez corrermos esse risco, como sucedeu com o procurador romano Félix. Ele ouviu e mensagem do Evangelho da boca do apóstolo Paulo, limitando-se a dizer “Em tendo oportunidade te chamarei” (At b24.25). E tudo nos mostra que não houve outra oportunidade para ele.

O leitor integra-se no primeiro grupo dos que zombaram de S. Paulo ou pertence a classe dos proteladores? Tem adiado a sua decisão por Cristo? Não continue nesse caminho, mas volte-se hoje mesmo para Deus, que lhe poderá dar alegria, paz e salvação eterna.

OS QUE CRERAM

Sem dúvida que, das três atitudes mencionadas, a correta é a que segundo a Bíblia, diz “Quem crê em Cristo não é condenado, mas quem não cré já está condena­do” (Jo 3.18).

Os atenienses que aceitaram a mensagem anunciada por Paulo fi­caram livres da condenação eterna. Era certamente uma minoria, porém na Bíblia está escrito que “muitos são chamados, mas poucos esco­lhidos” (Mt 20.16). Isso não significa que por estarem em minoria não possuíssem a Verdade, até porque maioria nem sempre é indicio de certeza e exatidão. O próprio Jesus declara: “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, o espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por eIa; e porque estreita é a porta, o apertado o caminho que leva é vida, e poucos há que a encon­trem” (Mt 7.13,14).

Além disso, o Evangelho também requer renúncia concernente a tudo o que seja errado e pecaminoso, e nem todos estão prontos a dar este passo através dum genuíno arre­pendimento, tornando-se assim no­vas criaturas em Cristo pela operação do Espírito Santo.

Num meio intelectual como aque­le, seria natural que Paulo usasse de toda a sua erudição para con­vencer os filósofos que se reuniam no areópago. Mas no seu breve discurso, não encontramos que te­nha sido este o ponto principal da sua mensagem, pois a mesma pri­ma pela simplicidade e clareza. Ele sabia que aquelas pessoas jamais se convenceriam da sua necessidade de salvação, através dos seus dons de oratória (disso havia com abundancia em Atenas) mas pela ope­ração do Espirito de Verdade, pois só Ele pode convencer “do pecado, e da justiça e do Juízo” (Jo 16.8). Dessa forma um bom grupo de pessoas aderiu à fé cristã

Mais uma vez o princípio divino “a letra meta, e o espirito vivifica” (2Co 3.6) mostrou a sua eficácia pelos resultados obtidos, resultados esses que se repetirão na vida dos leitores com corações receptivos pa­ra o Evangelho. O Espírito que operou no meio do povo ateniense, há tantos séculos, é o mesmo para realizar a Sua obra na vida do caro leitor, caso não Lhe resista. Está escrito na Bíblia: “Portanto, como diz o Espírito Santo, se hoje ouvir­des a Sua voz, não endureçais os vossos corações” (Hb 3.7,8).

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ANTONIO FERREIRA ALMEIDA – MARÇO 1980, REVISTA: NOVAS DE ALEGRIA

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