Devemos ter cuidado com práticas, doutrinas, ministros e ministérios baseados em poucos versículos da Bíblia. É importante buscarmos o contexto, o entendimento e a vontade do Senhor para as nossas vidas. De capa a capa, somos apresentados a um Deus que procura sua criação para se relacionar. Um Deus misericordioso que ama, perdoa, cura e salva. Somos cercados por seu amor infinito e maravilhosa graça. Mesmo assim, infelizmente, muitos se prendem a visões e teologias que afastam pessoas sinceras do Verdadeiro Alvo, Jesus! Como nos alerta Paulo em 2 Coríntios 11.2-4:
“Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo. Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo. Porque, se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, com razão o sofreríeis.”
A vida de um discípulo de Jesus envolve o equilíbrio de estudo, oração e prática. Não basta ser extremo em um desses pontos e ignorar os demais. Não basta cantarmos sobre querer conhecer mais a Jesus e não encontrá-lo nas Escrituras, em oração ou em uma vida piedosa em relação aos irmãos e a sociedade.
É muito comum encontrarmos movimentos cristãos atuais que se destacam e chamam a atenção exatamente por tornar extremo um desses pontos. Pessoas que passam horas em oração e intercessão, mas não se dedicam a estudos das Escrituras e nem a prática do Evangelho. São conhecidos como os “guerreiros” do meio em que vivem. Há também os que se dedicam extremamente aos estudos. Possuem referências, versículos e livros decorados, na ponta da língua, mas não se dedicam a uma vida de oração, humildade e misericórdia em relação às pessoas. São tratados muitas vezes como “fariseus”, justamente por terem muito conhecimento, mas não darem testemunho do que dizem. E, finalmente, há também aqueles que estão mergulhados em atividades e práticas, mas não se dedicam a oração e ao estudo das escrituras. Esses são os “ativistas”. São dedicados exclusivamente às obras.
Creio em meu coração que há um lugar especial para cada um dos citados acima. Mas, como nos ensinado por Paulo em 2 Timóteo no capítulo 1 – citando orações, lágrimas, conhecimento e determinação – nos foi dado por Deus o espírito de poder, de amor e de equilíbrio. Equilíbrio!
A transfusão ou transferência de unção:
Entre os diversos modismos neopentecostais (movimento conhecido por extremismos) destaca-se a transferência de unção. Desde já, é bom reforçarmos que EM NENHUM MOMENTO, JESUS OU SEUS APÓSTOLOS PRATICARAM TRANSFERÊNCIA DE UNÇÃO OU PORÇÃO DOBRADA.
Por algum tempo fiz parte de uma comunidade refém dessa prática. Digo “refém”, pois em determinados momentos, se não houvesse essa prática, todos tinham a sensação de que o ápice da presença de Deus não havia se manifestado. Geralmente, os adeptos da transferência de unção também ignoram orientações básicas de Paulo sobre o ambiente de culto. Além de distorcer batalha espiritual, cura e libertação, também dão ordens à Deus, convocam anjos e serafins para se posicionarem e estipulam a quantidade de quarteirões que os demônios devem ficar longe de suas reuniões. Tenho grande amor por essas vidas. Em tempo, trata-se de ambientes onde o estudo bíblico é praticamente zero.
Entre os adeptos dessa heresia, podemos citar: Randy Clark, Dan Duke, Benny Hinn, Rodney Howard Browne, Marco Feliciano, Luiz Hermínio, Agenor Duque, Família Valadão, Adeildo Costa, Hernane Santos e outros.
O que é unção?
Antes de avançarmos sobre o assunto da transferência de unção, é necessário conhecermos, afinal, o que é unção. Resumidamente, unção é a capacitação/potencialização vinda de Deus para o exercício de uma função que deve estar de acordo com a vontade de Deus. Ao contrário do que muitos pensam, a unção não é uma manifestação momentânea, mas é uma capacitação vinda de Deus com uma finalidade: seja pregar, orar, louvar, aconselhar, evangelizar, etc. A unção recebida por todos nós, vem direto Dele, não sendo necessário a intervenção de ninguém.
1 João 2.27 – “Quanto a vocês, a unção que receberam dele permanece em vocês, e não precisam que alguém os ensine; mas, como a unção dele recebida, que é verdadeira e não falsa, os ensina acerca de todas as coisas, permaneçam nele como ele os ensinou.”
Antigamente, a unção era simbolizada pelo óleo. Hoje, é simbolizada com a imposição de mãos. Isso não significa que as mãos das pessoas estão capacitando outras. Trata-se da simbolização que aquela comunidade, através da liderança local, está reconhecendo a capacitação vinda de Deus sobre a pessoa. Em ambos os casos, a pessoa foi primeiro capacitada por Deus e depois simbolizada através dos homens.
Atos 13.1-4 – “E na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé e Simeão chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes o tetrarca, e Saulo. E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram. E assim estes, enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre.”
Há um ótimo e profundo estudo sobre esse tema, nos links abaixo:
Em 1 Samuel 9 e 10, vemos Saul recebendo a unção de Rei. Primeiramente, o Senhor escolheu Saul. Então, Samuel o ungiu com óleo simbolizando o acontecimento. O Espírito de Deus veio sobre Saul.
Após desobedecer a Deus, ao não estar mais de acordo com a vontade Daquele que o capacitou, Saul foi rejeitado e Davi foi escolhido. Em 1 Samuel 16.14a, vemos que o Espírito do Senhor se retirou de Saul. Isso deixa claro que a unção citada aqui é a ação capacitadora do Espírito Santo. Não se trata da ação salvadora do Espírito.
O mais importante nesse ponto, é entendermos que, tanto no Antigo quando no Novo Testamento, primeiro o Senhor escolhe, e depois isso é simbolizado pelos homens. Fica claro que vem de Deus a escolha, capacitação, vontade e, inclusive, a retirada. Em nenhum momento parte de homens.
Unção, dons, talentos e ministérios:
- Deus nos dá dons gratuitamente. São habilidades vindas de Deus. Há dons ministeriais e dons espirituais.
- Ministério é servir a Igreja exercendo os dons que Deus deu. Se você possui dons e não usa, Deus não irá retirá-los e você não estará exercendo nenhum ministério.
- A imposição de mãos é só uma forma de a igreja reconhecer o ministério que alguém exerce utilizando os dons que Deus deu.
- A unção é capacitação/potencialização vinda do Senhor sobre a pessoa que exerce tudo isso dentro da vontade Dele.
Em 1 Coríntios 12.4-6, Paulo esclarece que há dons, ministérios e atuações desses dons em favor do Corpo, ou seja, da Igreja: no versículo 5 e sobre as manifestações no versículo 6:
“Há diferentes tipos de dons, mas o Espírito é o mesmo.
Há diferentes tipos de ministérios, mas o Senhor é o mesmo.
Há diferentes formas de atuação, mas é o mesmo Deus quem efetua tudo em todos.”
A partir do versículo 7, ele descreve as manifestações do Espírito (independente de dons ou ministérios):
“A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum. Pelo Espírito, a um é dada a palavra de sabedoria; a outro, a palavra de conhecimento, pelo mesmo Espírito; a outro, fé, pelo mesmo Espírito; a outro, dons de cura, pelo único Espírito; a outro, poder para operar milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a outro, variedade de línguas; e ainda a outro, interpretação de línguas. Todas essas coisas, porém, são realizadas pelo mesmo e único Espírito, e ele as distribui individualmente, a cada um, conforme quer.”
Dons ministeriais:
Dons são habilidades ou capacidades vindas de Deus. Efésios 4.11-12 citas os dons ministeriais: apóstolos (ou missionários), profetas (ou pregadores), evangelistas, pastores e mestres.
Você pode se aprofundar sobre eles, nesse link:
Dons espirituais:
Paulo cita em Romanos 12.6-8 dons espirituais: “Temos diferentes dons, de acordo com a graça que nos foi dada. Se alguém tem o dom de profetizar, use-o na proporção da sua fé. Se o seu dom é servir, sirva; se é ensinar, ensine; se é dar ânimo, que assim faça; se é contribuir, que contribua generosamente; se é exercer liderança, que a exerça com zelo; se é mostrar misericórdia, que o faça com alegria.”
Talentos:
Dons e talentos parecem se referir à mesma coisa. Porém, dom significa dádiva ou presente. É algo nos presenteado pelo Espírito Santo. Já o talento, se refere à algo que a pessoa estudou e construiu naturalmente. Muitas vezes está ligado a treinamento e genética. O cristão usa ambos para a glória de Deus.
Quando citamos a Parábola dos Talentos de Mateus 25.14-20, não estamos nos referindo somente ao talento (consequência de treinamento ou genética) que possuímos. Jesus questiona ao quanto somos fiéis em cumprir os mandamentos do Senhor, e o quanto somos ativos na obra Dele utilizando TUDO aquilo que nos foi dado: talentos, dons, recursos, etc. Ao final dessa parábola, o servo que nada fez é chamado de infiel, inútil e lançado nas trevas onde há ranger de dentes.
Elias e Eliseu (2 Reis 2.9-10):
A passagem mais usada para tentar respaldar a doutrina da transfusão ou transferência de unção está em 2 Reis 2.9-10, quando Eliseu pede porção dobrada da unção de Elias. Ora, em nenhum lugar da Bíblia encontramos a transferência de unção por imposição de mãos em homens escolhidos por homens. O que temos, são homens que caminharam com outros e, devido ao aprendizado e caminhada ao lado de homens de Deus, possuem essa capacitação. Mas deve-se ficar claro que em nenhum momento isso foi transferido por imposição de mãos. É Deus quem escolhe aqueles que terão a Sua unção.
Deus atendeu ao pedido de Eliseu porque os seus motivos eram puros. Seu principal objetivo não era ser melhor ou mais poderoso que Elias, mas realizar mais para o Senhor. Se nossos motivos forem honestos, não precisamos ter medo de pedir grandes coisas a Deus. SOMENTE ELE pode avaliar e conceder nossos pedidos e intenções. Não é possível ser decidido, concedido ou transferido por homens.
Como poderíamos transferir algo que não é dado por nós mesmos? Os adeptos da transferência de unção ensinam que Elias transferiu sua unção a Eliseu, mas de quem Elias recebera essa unção? Em toda a Bíblia, ela vem da parte de Deus. Não é possível nem mesmo receber algo da parte de Deus a bel prazer, quanto mais transferirmos aos outros.
Devemos questionar se a porção dobrada sempre dobrará a cada transferência. Faz sentido? Por exemplo, se um pastor transfere sua unção às ovelhas, em pouco tempo, toda a igreja terá mais unção que o próprio pastor. Ou seja, em pouco tempo, haveria congregações inteiras de “duplos-pastores” sendo pastoreada por pastores.
A própria história de Elias e Eliseu nos ensina. Elias foi um profeta, e a unção vinda de Deus que estava sobre ele era enorme. Os céus obedeciam a sua voz, milagres extraordinários eram feitos, rios se abriam e outras coisas mais. Mas o Senhor estava perto de levar Elias para junto Dele. E então o Senhor disse em 1 Reis 19.15-16: “Vai, volta pelo teu caminho para o deserto de Damasco vem e unge a Hazael rei sobre a Síria. Também a Jéu, filho de Ninsi, ungirás rei de Israel e também Eliseu, filho de Safate, de Abel-Meolá, ungirás profeta no teu lugar.”
ELIAS NÃO ESCOLHEU ELISEU! O próprio Deus ordenou isso. Elias deveria caminhar com Eliseu e, assim, ensiná-lo. Ele foi apenas o instrumento no ministério de Eliseu. Assim deve ser o líder: afiar aqueles a quem o Senhor chamou para o ministério.
Eliseu serviu a Elias, observou de perto a cada movimento dele. O seu modo de buscar a Deus, a forma como lidar com as situações que sobrevinha, Eliseu observava e aprendia. Eliseu chamado por Deus para ser profeta no lugar de Elias, aprendeu a arte de servir a Deus com sinceridade e de apenas falar o que o Senhor mandara. Eliseu, porém havia de “pagar o preço” pela unção. E pagando o preço da unção poderia pedir ousadamente: “Haja porção dobrada de teu espírito sobre mim.”
Eliseu queria dupla porção do espírito (do Espírito Santo que era Quem operava através da vida de Elias). Eliseu queria trabalhar mais do que Elias trabalhou. Queria fazer mais pelo povo do que Elias fez. Ao pedir isso, Eliseu tinha uma condição para confirmar SE DEUS HAVIA ACEITADO O PEDIDO (novamente, dependência de Deus). Eliseu tinha de ver Elias subir aos céus, caso não visse não receberia a unção.
Elias não ia a lugar algum sem que Eliseu não fosse atrás. Eliseu não perderia a oportunidade de receber a unção e operar em um nível ainda maior do que Elias. Quando temos um chamado, ou percebido por nós mesmo, ou percebido por algum homem de Deus, devemos ter um tutor espiritual para nos auxiliar. Eliseu aceitou isso de Elias e recebeu a unção dobrada.
Temos unção dobrada em relação a Jesus?
Usando João 14.12 que diz: “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai”, muitos alegam ter unção dobrada em relação a Jesus”, devemos esclarecer alguns pontos:
- “Maior” é a palavra grega “meizon” que significa em maior grau: mais.
- Jesus disse: “as obras que eu faço” – obras do grego “ergon” significa trabalhar, trabalhar com esforço ou ocupação, um ato de labuta. Sendo assim, aquele que crê em Jesus trabalhará em um grau maior no sentido de extensão.
Usar João 14.12 para afirmar que faremos maiores obras significando milagres, sinais e maravilhas é remover completamente esta passagem de seu contexto e propósito.
Os apóstolos e a Igreja fizeram maiores obras – ao levar o evangelho até os confins da terra. Jesus dizendo: “obras maiores do que estas” significava um ministério mais amplo. O livro de Atos mostra que a Igreja levou o evangelho até os confins da terra desde Jerusalém. Os apóstolos foram aos gentios e as pessoas foram salvas em maior número do que quando Jesus estava fisicamente na terra.
O que Jesus deu aos apóstolos, e para nós hoje, é a comissão e autoridade para pregar o Evangelho, que é o poder de Deus para a salvação. O “maior” em quantidade é em referência ao Evangelho. Isto é o que vemos acontecendo através do livro de Atos os “Atos dos Apóstolos”. Podemos trazer alguém imediatamente para um relacionamento com o Senhor e ter o Espírito Santo vivendo nela, algo que os discípulos não puderam fazer no tempo em que Jesus disse isso. Podemos fazer maiores obras, como em obras mais abundantes, porque o ministério do Espírito não se limita a uma única pessoa (Jesus), ou a um país, Israel, mas agora é pregado em todo o mundo empregando todos os crentes em Sua Igreja.
Jesus NÃO disse que faremos maiores milagres do que Ele fez, mas que o nosso efeito sobre as pessoas, nossa influência será maior. O cumprimento da Grande Comissão é a maior obra de que Jesus falou. Sua mensagem foi a morte e ressurreição do Salvador e como eles seguiram a comissão de Jesus para pregar o evangelho, discipular e ensinar as pessoas.
Imposição de mãos:
Como vimos anteriormente, antes, a unção era simbolizada com óleo. Hoje, é realizada com a imposição de mãos. Isso não significa que as mãos das pessoas estão capacitando outras. Trata-se da simbolização que aquela comunidade reconhece a capacitação vinda de Deus sobre determinada pessoa. Em ambos os casos, a pessoa foi primeiro capacitada por Deus e depois simbolizada e reconhecida através dos homens.
Hebreus 6.1-3 – “Portanto, deixemos os ensinos elementares a respeito de Cristo e avancemos para a maturidade, sem lançar novamente o fundamento do arrependimento de atos que conduzem à morte, da fé em Deus, da instrução a respeito de batismos, da imposição de mãos, da ressurreição dos mortos e do juízo eterno. Assim faremos, se Deus o permitir.”
Aqui, o autor aos Hebreus alerta a importância de não deixarmos os princípios básicos da fé cristã. Somos aconselhados a amadurecer, avançar, mas não para longe dessas doutrinas básicas, e sim, para dentro delas. Os discípulos maduros devem ensinar essas doutrinas básicas aos novos cristãos.
A imposição de mãos aparece no Novo Testamento através do ministério de Jesus que usava a imposição de mãos para curar/abençoar as pessoas:
Mateus 19.13-15 – “Depois trouxeram crianças a Jesus, para que lhes impusesse as mãos e orasse por elas. Mas os discípulos os repreendiam. Então disse Jesus: ‘Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas’. Depois de lhes impor as mãos, partiu dali.”
Marcos 5.23 – “E rogava-lhe muito, dizendo: Minha filha está à morte; rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos, para que sare, e viva.”
Marcos 10.16 – “Em seguida, tomou as crianças nos braços, impôs-lhes as mãos e as abençoou.”
Marcos 16.18 – “Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão.”
Em Atos 6.1-7, a igreja estava crescendo e, com isso, as necessidades administrativas também cresciam. Uma das necessidades era a organização da distribuição de alimentos, já que os apóstolos deveriam continuar focados na oração e pregação da Palavra. Então, os irmãos escolheram sete que eram de boa reputação, sabedoria e cheios do Espírito Santo para se tornarem diáconos. Aqui, notamos através dos requisitos, que eles já haviam recebido a unção do Senhor. Então foram reconhecidos pela Igreja e confirmados pela liderança através da imposição de mãos. Nada foi transferido, apenas reconhecido.
Da mesma forma, a imposição de mãos também foi usada pelos apóstolos para conceder o Espírito Santo. Isso é possível hoje:
Atos 8.17 – “Então lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo.”
Atos 19.6-7 – “E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas, e profetizavam. E estes eram, ao todo, uns doze homens.”
Mais informações sobre esse assunto, você encontra aqui:
Quando Paulo diz que anseia ver os irmãos para compartilhar algum dom espiritual, é no sentido de comunicar/falar/pregar a fim de que todos fossem encorajados através do entendimento das Boas Novas.
Romanos 1.11-12 – “Anseio vê-los, a fim de compartilhar com vocês algum dom espiritual, para fortalecê-los, isto é, para que eu e vocês sejamos mutuamente encorajados pela fé.”
Alguns pontos que destacamos aqui envolve o fato de que, após definido por Deus (dado por profecia), o dom (de Deus) é simbolizado/comunicado/oficializado pela imposição de mãos. Outro ponto que devemos destacar aqui é que a imposição de mãos é sempre feita sobre pessoas, não objetos. E, finalmente, destacamos que sempre são realizadas pela liderança da igreja local.
1 Timóteo 4.14 – “Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério.”
2 Timóteo 1:6 – “Por cujo motivo te lembro que despertes o dom de Deus que existe em ti pela imposição das minhas mãos.”
Timóteo estava diante de uma cidade complicada e que precisava de pastores. Paulo faz o alerta para que, mesmo com a necessidade, não fossem levantados pastores sem realmente terem os requisitos para tal cargo. Não deveriam ser reconhecidos pastores aqueles que não haviam sido reconhecidos por Deus. Nos dias de hoje, todos conhecemos situações trágicas em decorrência a essa precipitação. São graves problemas não só envolvendo a vida daquele que foi precipitadamente levantado, mas de comunidades inteiras.
1 Timóteo 5.22 – “A ninguém imponhas precipitadamente as mãos, nem participes dos pecados alheios; conserva-te a ti mesmo puro.”
Um pouco antes, no capítulo 3, Paulo descreve as qualificações para a liderança da igreja:
1 Timóteo 3.1-13 – “Esta afirmação é digna de confiança: se alguém deseja ser bispo, deseja uma nobre função. É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, sóbrio, prudente, respeitável, hospitaleiro e apto para ensinar; não deve ser apegado ao vinho, nem violento, mas sim amável, pacífico e não apegado ao dinheiro. Ele deve governar bem sua própria família, tendo os filhos sujeitos a ele, com toda a dignidade. Pois, se alguém não sabe governar sua própria família, como poderá cuidar da igreja de Deus? Não pode ser recém-convertido, para que não se ensoberbeça e caia na mesma condenação em que caiu o diabo. Também deve ter boa reputação perante os de fora, para que não caia em descrédito nem na cilada do diabo. Os diáconos igualmente devem ser dignos, homens de palavra, não amigos de muito vinho nem de lucros desonestos. Devem apegar-se ao mistério da fé com a consciência limpa. Devem ser primeiramente experimentados; depois, se não houver nada contra eles, que atuem como diáconos. As mulheres igualmente sejam dignas, não caluniadoras, mas sóbrias e confiáveis em tudo. O diácono deve ser marido de uma só mulher e governar bem seus filhos e sua própria casa. Os que servirem bem alcançarão uma excelente posição e grande determinação na fé em Cristo Jesus.”
Entendendo o respaldo dado pelo Espírito e as exigências para que uma pessoa ocupe um cargo de liderança, reconhecemos que há homens maus dentro da igreja: o joio, os lobos. Esses querem posição de privilégio para fazer o que bem entenderem sem ter uma liderança para confrontá-los. Se sentem seguros no “topo da torre”. E, quando confrontado por irmãos sinceros e tementes a Deus, usam a própria posição como escudo, alegando que estão se levantando contra o ungido do Senhor ou quebrando uma autoridade espiritual. Muitos deles são levantados como líderes por outros líderes que não tiveram o cuidado que Paulo descreveu e impuseram precipitadamente as mãos, formalizando uma liderança que não foi escolhida por Deus.
Resumo: Entendendo o significado de unção, dons, ministérios, e imposição de mãos, fica claro que não há transferência de unção. Sendo isso mais um modismo neopentecostal que, infelizmente, tem entrado de forma sutil em igrejas formadas por pessoas simples e sinceras. Essa moda tem atraído e impressionado muitos que não buscam o conhecimento do Evangelho e, cedendo ao misticismo, colocam interesses próprios à frente das bases deixadas por Jesus e os apóstolos.
Não há problemas em orarmos pedindo essa capacitação. Não há problemas em pessoas com essa capacitação orarem pedindo que o Senhor dê a mesma unção (ou mais) à outra pessoa. O Senhor pode dizer sim e pode dizer não. Cabe a Deus e, somente a Ele, decidir. O Senhor pode confiar e tirar a unção que colabora e potencializa os dons e ministérios. Mas o homem não pode dá-la, transferir ou fazer transfusão de unção. Não se deixe enganar por aqueles que querem ocupar o lugar que somente Ele ocupa. Geralmente, são exatamente os mesmos que receberam imposição de mãos precipitadamente e hoje ocupam posições que parece torná-los livres de confrontos, permitindo fazer o que bem quiserem com comunidades inteiras.
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Mateus Costa, aluno do CACP