PR. NATANAEL: Como o irmão analisa esse cidadão que oferece um curso preparatório de qualificação profissional voluntário, já há 27 anos? Não é notável encontrar em nossos dias pessoas que vivem para servir ao próximo?
Digno de elogios pessoas que assim procedem desde que a finalidade do serviço voluntário ofereça oportunidades para outros vencerem na batalha da vida.
Há legislação que regulamenta o trabalho voluntário ou cada pessoa de per si pode optar por ajudar qualquer tipo de atividade em favor de entidades ou de pessoas físicas?
Sim. Há lei que regulamenta o exercício do trabalho voluntário. Por exemplo, o trabalho voluntário é assim considerado como sendo aquele exercido em atividade não remunerada, prestada por pessoa física ou a entidade publica ou privada sem fins lucrativos, com objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social, inclusive mutualidade. Oserviço voluntário não gera vínculo empregatício, nem obrigação de natureza trabalhista, previdenciária ou afim.
A Bíblia faz referência a pessoas que exerceram trabalho voluntário para Deus e seu próprio povo?
Sim. É só lermos o livro de Hebreus 11 que lá vamos encontrar homens e mulheres que serviram a Deus através de trabalhos voluntários. Há diversos textos bíblicos que nos mostram servos de Deus sendo provados e aprovados através das experiências da vida.
Poderia citar o nome de alguém que se destacou como trabalhador voluntário no serviço de Deus?
Sim. A história de Moisés, resumida por Estevão, está dividida em três fases de 40 anos (Atos 7). É importante compreender essas três fases na vida desse servo de Deus para percebermos como o jovem voluntarioso (Ex 2) tornou-se o homem mais manso da terra (Nm 12), e o que isto significa para nós hoje. Como aconteceu com José, Moisés foi duramente provado e, finalmente, aprovado por Deus para ser participante da sua obra na terra. Na primeira fase de 40 anos, Moisés recebeu esmerada formação religiosa de sua mãe e a melhor educação geral no palácio egípcio, tornando-se um homem poderoso em palavras e obras. Moisés tinha consciência da sua identidade e da sua missão, talvez fruto da sua formação religiosa. Por isso, considerou-se apto para iniciar sua missão de libertador. Mas cometeu diversos equívocos. Na segunda fase de 40 anos, de príncipe egípcio, Moisés tornou-se pastor das ovelhas do sogro no deserto de Midiã (Ex 2.18-22; 3.1). Essa escola do deserto foi importante na formação daquele que seria o maior líder de Israel. Aliás, o deserto é terreno fértil da reflexão bíblica (Moisés, João Batista, Jesus). Tempo de reflexão, de crescimento, de maturidade. O homem poderoso aprendeu a depender de Deus.
E qual foi a terceira e última fase de Moisés pra que ele se tornasse um trabalhador voluntário na obra que lhe havia chamado?
O chamado de Moisés para um trabalho voluntário, que constitui a terceira fase da sua preparação, começou com o encontro dele com Deus numa experiência de adoração (Ex 3.1-6). Isaías teve experiência semelhante Isaías 6:8-9 – “Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim.” As ações que glorificam a Deus têm origem no trono e no altar de adoração. Moisés foi, primeiro, um adorador, e depois chamado e enviado por Deus como o líder libertador do seu povo. Ofereceu para fazer alguma coisa para Deus e para o seu povo, submetendo-se a Senhor em adoração; por isso os sinais e prodígios procediam de Deus, glorificavam a Deus e abençoavam o povo.
E os crentes podem também se oferecer para um trabalho voluntário no serviço de evangelização?
Todos nós podemos servir como trabalhadores voluntários de Deus, nas várias ocupações que exigem o nosso trabalho, porque “Deus não chama os capazes, mas capacita os chamados”. Deixemo-nos moldar pelas potentes e amorosas mãos do Senhor para que sejamos vasos de bênção se capacitados por Deus (Rm 12.4-6; Ef 4.7; 1 Co 12.7,11). A Igreja é o Corpo de Cristo. Assim como não há membro no corpo sem função, também não há crente sem ministério.
* O jornal A TRIBUNA de 26 de agosto de 2011