TJs: O Testemunho de David A. Reed

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A minha educação religiosa foi numa grande igreja unitária ru­ral, na Nova Inglaterra, ao sul de Boston, Estados Unidos. Ainda me lembro da vez em que, em minha inocência infantil, expressei ao pastor minha convicção de que Deus tinha realmente partido o Mar Vermelho para permitir que Moisés e os israelitas atravessas­sem. Ele voltou‑se para o pastor assistente e disse com um sorriso: “Este garoto tem muito o que aprender”. À medida que crescia, realmente aprendi o que aquela igreja ensinava. Encontrando seu panfleto, Em Que os Unitários Acreditam, li que “alguns unitários acreditam em Deus, e outros não” ‑ e rapidamente compreendi que os ministros deveriam ter estado entre aqueles que não acreditavam.

Por volta dos meus 14 anos, cheguei à minha própria conclusão que religião era “o ópio do povo”, um pensamento conveniente para um adolescente que preferia não ter Deus o observando todo o tempo. E quando fui para a Universidade de Harvard, descobri que ateísmo e agnosticismo floresciam lá, também. Portanto, entre a Igreja Unitária e minha liga Ivy da escola, quase nunca encontra­va qualquer incentivo para acreditar em Deus.

Mas por volta dos meus 20 anos, cheguei ao âmago do ateísmo: uma existência sem graça, seguida da morte. Apesar de tudo, se os humanos não são nada mais do que os últimos em uma série de acidentes químicos e biológicos, portanto qualquer significado  ou  propósito  que  pudéssemos  encontrar  na vida seria simplesmente uma ficção auto‑ilusória produzida em nossas próprias mentes. Não teria nenhuma conexão real com a desagradável e fria reali­dade do universo onde nada realmente importa. Desta forma, me vi entre duas escolhas: Deus ou suicídio. Uma vez que o suicídio seria uma solução fácil para mim (acreditava que não existia nada depois da morte) mas deixaria àqueles que se importavam comigo a dor que causaria, comecei a pensar em Deus.

Coincidentemente (talvez?), uma testemunha de Jeová foi desig­nada para trabalhar ao meu lado no meu emprego. Uma vez que Deus estava na minha mente, comecei a lhe fazer perguntas acerca de sua convicção. Suas respostas me interessaram. Era a primeira vez que ouvia pensamentos religiosos apresentados em sólidas estruturas lógicas. Tudo que ela dizia se encaixava. Visto que tinha tido uma resposta para cada pergunta, continuei introduzindo mais perguntas. Dentro em pouco ela estava conduzindo um estudo comigo duas vezes por semana com um novo livro (1968) da So­ciedade Torre de Vigia, The Truth That Leads to Eternal Life (A Verdade Que Conduz à Vida Eterna).

Em pouco tempo me tornei uma testemunha de Jeová muito zelosa. Depois de ter recebido minha instrução inicial e ter sido batizado, servi como um “ministro pioneiro” de tempo integral. Isto requeria que passasse pelo menos 100 horas por mês pregando de casa em casa e conduzindo estudos bíblicos nos lares ‑ real­mente era um compromisso de muito mais de 100 horas mensais, uma vez que o tempo de viagem não poderia ser incluído no meu relatório mensal de trabalho no campo. Mantive‑me “pioneiro” até 1971, quando casei com Penni, que tinha crescido dentro da organização e também era “pioneira”.

Meu zelo por Jeová e minha competência na pregação foram recompensados depois de alguns anos com uma nomeação como ancião. Nesta habilitação ensinei 150 pessoas na minha congrega­ção no lar em bases regulares e fiz visitas freqüentes a outras con­gregações como orador nas manhãs de domingo. Ocasionalmente, também era designado para falar em audiência com milhares nas assembléias das Testemunhas de Jeová.

Entre outras responsabilidades que tinha se incluíam presidir os outros anciãos locais, manipular a correspondência entre a con­gregação local e o escritório central da Sociedade no Brooklyn e servir na organização de Comitês Judiciais para lidar com casos de delitos nas congregações. (Lembro‑me de ter excluído pessoas das congregações por ofensas variadas, tais como vender drogas no Salão do Reino, fumar cigarros, troca de esposas, e por ter deco­ração de Natal em casa.)

Apesar de nós não podermos continuar “pioneiros” depois do casamento, Penni e eu permanecemos zelosos no trabalho de pre­gação. Nós dois fazíamos estudos bíblicos com dúzias de pessoas e trouxemos bem mais que vinte delas para a organização como testemunhas de Jeová batizadas. Também colocamos “o Reino” em primeiro lugar em nossas vidas pessoais mantendo nosso emprego secular ao mínimo e vivendo em um apartamento barato de três cômodos para que pudéssemos devotar mais tempo a atividades de pregação de casa em casa.

O que interrompeu esta vida de total devoção à Sociedade Torre de Vigia e guiou‑nos ao caminho que nos levaria para fora? Em uma palavra, foi Jesus. Deixe‑me explicar:

Quando Penni e eu estávamos em uma grande convenção, nós vimos um punhado de opositores fazendo piquete do lado de fora. Um deles carregava um cartaz que dizia: “LEIA A BÍBLIA, NÃO A SENTINELA”. Nós não tínhamos simpatia pelos piqueteiros, mas nos sentimos convictos a respeito deste cartaz, porque sabía­mos que tínhamos estado lendo as publicações da Torre de Vigia excluindo a leitura da Bíblia. (Mais tarde, nós realmente contamos todo o material que a organização esperava que as testemunhas lessem. Os livros, revistas, lições, etc., somavam mais de três mil páginas cada ano, comparadas com menos de 200 páginas fixas da Bíblia ‑ e a maioria delas do Antigo Testamento. A maior parte das testesmunhas estava tão saturada com as três mil páginas de leitura da organização, que nunca tinha tempo para a leitura da Bíblia.)

Depois deter visto o cartaz do piquete, Penni se voltou para mim e disse: “Nós deveríamos estar lendo a Bíblia e o material da Torre de Vigia”. Eu concordei e começamos a fazer leituras pessoais regulares da Bíblia.

Foi quando começamos a pensar em Jesus. Não que nós come­çássemos a questionar os ensinamentos da Torre de Vigia de que Cristo era apenas o arcanjo Miguel na forma humana ‑ questionar tal fato nem mesmo nos ocorreu. Mas realmente estávamos impres­sionados com Jesus como pessoa: o que ele disse e fez, como ele tratou as pessoas. Nós queríamos ser seus seguidores. Estávamos tocados, especialmente, pela forma com que Jesus respondia a líderes religiosos hipócritas da época, os escribas e fariseus. Lem­bro‑me de ter lido, repetidamente, o relato de como os fariseus faziam objeção às curas de Jesus no sábado, seus discípulos co­mendo sem lavar as mãos e outros detalhes de seu comportamento que violavam suas tradições. Como gostava da resposta de Jesus: “Hipócritas! Isaías profetizou aptamente a vosso respeito, quando disse: ‘Este povo honra‑me com os lábios, mas o seu coração está muito longe de mim. É em vão que persistem em adorar‑me, por­que ensinam por doutrinas os mandados dos homens’”. (Mat. 15:7‑9, Tradução do Novo Mundo).

Por doutrinas os mandados dos homens! Este pensamento se fixou em minha mente. Comecei a entender que, desempenhando minha função como um ancião, estava agindo mais como um fariseu do que como um seguidor de Jesus. Por exemplo, os anciãos eram os que impunham todos os tipos de regras insignificantes a respeito de vestuário e modo de se arrumar. Nós dizíamos às “irmãs” o comprimento de seus vestidos e dizíamos aos “irmãos” como pentear o cabelo, como aparar as costeletas e que alar­gamento poderiam usar em suas calças. Nós realmente dizíamos às pessoas que não poderiam agradar a Deus a menos que obede­cessem. Isto me lembra os fariseus que condenaram os discípulos de Jesus por comerem sem lavar as mãos.

Meu próprio vestuário e modo de me arrumar obedeciam à risca às instruções da Torre de Vigia. Mas tive problemas com alguns jovens que recentemente se mostravam interessados, os quais eu trouxe ao Salão do Reino. Ao invés de dizer‑lhes para comprar uma camisa branca e um paletó esporte e cortar seus cabelos curto, disse‑lhes: “Não se incomodem se as pessoas no Salão do Reino vestem‑se e arrumam‑se antiquadamente. Vocês podem continuar como são. Deus não julga as pessoas  pelo seu  corte  de cabelo  ou  seu  vestuário”.  Mas  isso  não funcionou. Alguém teria dito a eles para cortarem o cabelo ou se oferecido para dar‑lhes uma camisa branca ‑ ou, simplesmente, se sentiram tão desambientados que saíram, sem nunca retornar.

Este fato me aborreceu, porque eu cria que a vida deles dependia de se juntarem à “organização de Deus”. Se nós, testemunhas, agíamos como fariseus ao ponto de afastar jovens do único caminho da salvação, o sangue inocente deles estaria sobre nossas mãos. Conversar com os outros anciãos a respeito, não adiantou. Achavam que o estilo antiquado era inerentemente correto. Mas então o exemplo de Jesus me veio à mente:

Partindo dali, entrou Jesus na sinagoga deles. E eis que estava ali um homem que tinha uma das mãos atrofiada; e eles, para poderem acusar a Jesus, o interrogaram dizendo: É lícito curar nos sábados? E ele lhes disse: Qual dentre vós será o homem que, tendo uma só ovelha, se num sábado ela cair numa cova, não há de lançar mão dela, e tirá‑la? Ora, quanto mais vale um homem do que uma ovelha! Portanto, é lícito fazer bem nos sábados. Então disse àquele homem: Estende atua mão… (Mat. 12:9‑13).

Se eu fosse realmente seguir a Jesus e não aos homens, via apenas um caminho aberto para mim. Pessoalmente violei a tradição dos anciãos deixando meu cabelo crescer dois centímetros sobre as orelhas. Meu argumento era: como podem pressionar um recém‑chegado a cortar o cabelo, agora que um dos anciãos está usando o mesmo estilo?

Bem, os outros anciãos reagiram da mesma forma que os fariseus reagiram quando Jesus disse ao homem para estender a mão. A Escritura diz: “Os fariseus, porém, saindo dali, tomaram conselho contra ele, para o matarem” (Mat. 12:14). Levou algum tempo para que reagissem, mas os anciãos realmente me coloca­ram em julgamento, convocando testemunhas para comprovar, e gastaram muitas horas discutindo dois centímetros de cabelo.

A maneira de se arrumar não era realmente o que importava. Para mim a questão era de quem seria eu discípulo. Era um seguidor de Jesus ou um servo obediente de uma hierarquia humana? O ancião que me levou a julgamento também sabia que esta era  a  causa  real.  Continuavam  perguntando: “Você acredita  que  a Torre de Vigia é a organização de Deus?” “Você acredita que a Sociedade fala como porta‑voz de Jeová?” Naquele momento, respondi sim porque ainda acreditava que a Sociedade era uma organização de Deus ‑ mas que tinha se tornado corrupta, como o sistema religioso judeu no tempo em que os fariseus faziam oposição a Jesus.

Contudo, foi o que eu disse nos encontros da congregação que me colocou realmente em dificuldades. Ainda era um ancião, assim ‑ quando fui convocado para pregar por quinze minutos sobre o Livro de Zacarias no encontro de quinta‑feira à noite da Escola Ministerial Teocrática ‑ aproveitei a oportunidade para encorajar o público a ler a Bíblia. De fato, disse‑lhes que se o tempo deles era limitado, e tinham que escolher entre ler a Bíblia e ler a revista A Sentinela, deveriam escolher a Bíblia, porque esta era inspirada por Deus, enquanto A Sentinela não era inspirada e freqüentemen­te induzia a erros que tinham de ser corrigidos mais tarde.

Não admira que esta foi a última vez que me permitiram pregar. Mas, eu ainda podia falar do meu lugar durante os períodos de perguntas e respostas nos encontros. Era esperado que respondês­semos em nossas próprias palavras, mas não com nossos próprios pensamentos. Você daria o conselho encontrado no parágrafo da lição que estava sendo discutida. Mas, depois que disse algumas coisas que eles não gostaram, pararam de me dar o microfone. Com as novas perspectivas que estava adquirindo com a leitura da Bíblia, me aborreceu ver a organização elevar‑se acima das Escri­turas, como fez quando A Sentinela, edição norte‑americana, 01/12/1981, declarou: “O Deus Jeová também nos deu sua organi­zação visível… A menos que nós estejamos em contato com este canal de comunicação que Deus está usando, nós não alcançare­mos progresso na estrada para a vida, não importa o quanto leiamos a Bíblia” (p. 27, parágrafo 4). Realmente me perturbou ver aqueles homens se elevando acima da Palavra de Deus. Uma vez que não podia falar nos encontros, decidi tentar escrever.

Foi quando comecei a publicar o boletim Comments from the Friends (Comentários dos Amigos). Escrevi artigos questionando o que a organização estava ensinando e os assinei com o pseudôni­mo de “Bill Tyndale, Jr.” ‑ uma referência ao tradutor da Bíblia inglesa do século XVI, William Tyndale, que foi queimado em uma estaca pelo que escreveu. Para evitar ser apanhado, Penni e eu dirigíamos através dos limites da estrada à noite para uma agência dos correios fora do estado, e enviávamos os artigos em envelopes sem marcas. Enviávamos para as testemunhas locais e também centenas de Salões do Reino por todo o país, dos quais tínhamos obtido os endereços de catálogos telefônicos na biblioteca da cidade.

Penni e eu sabíamos que tínhamos que deixar as Testemunhas de Jeová. Para nós, porém, isso era semelhante à questão do que fazer em um prédio de apartamentos se incendiando. Você escapa através da saída mais próxima? Ou bate às portas primeiro, acordando os vizinhos e os ajuda a escapar também? Nós nos sentimos na obrigação de ajudar os outros a saírem – especialmente nossas famílias e nossos “estudantes” que trouxemos para a organização. Se tivéssemos apenas saído, nossas famílias deixadas para trás seriam proibidas de se associarem conosco. Mas depois de algumas semanas, um amigo descobriu o que estava fazendo e me delatou.

Então, uma noite, quando Penni e eu estávamos voltando para casa depois de ter conduzido um estudo bíblico, dois anciãos saíram de um carro estacionado, nos abordaram na rua, e nos questionaram a respeito do boletim. Queriam nos colocar em julgamento por publicá-lo, mas simplesmente paramos de ir ao Salão do Reino. Nessa época quase todos os nossos antigos amigos tinham se tornado bem hostis em relação a nós. Um jovem ligou para nossa casa certa vez e ameaçou de “aparecer e dar um jeito em mim” se recebesse outro de nossos boletins. E uma outra testemunha realmente deixou algumas ameaças de morte registradas na secretária eletrônica. Os anciãos prosseguiram e nos julgaram à revelia e nos desassociaram.

Embora fosse um grande alívio estar fora do jugo opressivo daquela organização, agora teríamos que enfrentar uma mudança imediata a respeito de para onde ir e em que acreditar. Leva algum tempo para você repensar a percepção religiosa que teve durante toda a sua vida. Antes de deixar a Torre de Vigia, nós tínhamos rejeitado a alegação de que a organização era “o canal de comunicação” de Deus, que Cristo retornou  invisivelmente  em  1914,  e  de  que  a  “grande multidão” de crentes desde 1935 não deveria participar da comunhão do pão e do cálice. Mas estávamos apenas começando a reexaminar outras doutrinas. E ainda não estávamos em comunhão com outros cristãos fora da Sociedade das Teste­munhas de Jeová.

Tudo que Penni e eu sabíamos é que desejávamos seguir a Jesus, e que a Bíblia continha toda a informação de que precisávamos. Assim, realmente nos dedicamos à leitura da Bíblia e à oração. Também convidamos nossas famílias e os amigos que restavam para se reunirem no nosso apartamento aos domingos pela manhã. Enquanto as testemunhas se encontravam no Salão do Reino para ouvir uma palestra e estudo da revista A Sentinela, nós nos encon­trávamos para ler a Bíblia. Quinze pessoas participaram desses encontros ‑ a maior parte delas eram familiares, mas também havia alguns amigos.

Estávamos maravilhados a respeito do que encontramos em nossas muitas leituras do Novo Testamento ‑ coisas a que nunca tínhamos dado valor antes, como a intimidade que os primeiros discípulos tinham com o Senhor ressurreto, a atuação do Espírito Santo na igreja primitiva, e as palavras de Jesus sobre o “nascer de novo”.

Em todos aqueles anos como “testemunha de Jeová”, a Socieda­de Torre de Vigia sempre nos apresentou um estudo dirigido da Bíblia. Aprendemos muito sobre o Antigo Testamento, e podíamos citar muitos versículos bíblicos, mas nunca aprendemos sobre o evangelho da salvação em Cristo. Nunca aprendemos a depender de Jesus para nossa salvação e encará‑lo pessoalmente como nosso Senhor. Tudo girava em torno dos programas de trabalho da Torre de Vigia e esperava‑se que as pessoas viessem a Deus Jeová através da organização.

Quando compreendi ao ler Romanos 8 e João 3 que precisava “nascer do Espírito”, a minha primeira reação foi de temor. As Testemunhas de Jeová afirmam que aquelas pessoas nascidas de novo, que alegam ter o Espírito Santo, são, na verdade, possuídas por demônios. Por isso temia que se clamasse entregando minha vida para Jesus Cristo algum demônio pudesse estar ouvindo e então saltar e me possuir fingindo ser o Espírito Santo. (Muitas testemunhas de Jeová vivem em constante medo dos demônios. Alguns de nossos amigos chegavam até mesmo a jogar fora roupas e móveis, temendo que demônios pudessem entrar em suas casas através desses objetos). Mas então li as palavras de Jesus em Lucas 11:9‑13. No contexto no qual de estava ensinando sobre a oração e a expulsão de demônios imundos, Jesus disse:

Pelo que eu vos digo: Pedi, e dar‑se‑vos‑á; buscai, e achareis; batei, e abrir­se‑vos‑á; pois todo o que pede, recebe; e quem busca, acha; e ao que bate, abrir‑se‑lhe‑á. E qual o pai dentre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir peixe, te dará por peixe uma serpente? Ou, se pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai Celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?

Eu sabia, depois de ler estas palavras, que poderia seguramente clamar pelo Espírito de Cristo (Rom. 8:9), sem temer que pudesse receber um demônio. Assim, bem de manhã, na privacidade da nossa cozinha, confessei a minha necessidade de salvação e dedi­quei minha vida a Cristo.

Cerca de meia hora mais tarde, ao sair para trabalhar, comecei a orar de novo. Tinha sido meu costume por muitos anos iniciar minhas orações dizendo: “Deus Jeová…” Mas, dessa vez, ao abrir a boca para orar, comecei assim: “Pai…” Não que eu tivesse raciocinado sobre o assunto e chegado à conclusão de que deveria me dirigir a Deus de outra forma; a palavra Pai, simplesmente, surgiu, sem que ao menos pensasse nela. Imediatamente, entendi por quê: “E, porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai” (Gál. 4:6). Chorei de alegria ante a confirmação de Deus desta nova e mais íntima relação com ele.

Penni e eu logo desenvolvemos o desejo de adorar e louvar o Senhor em uma congregação de crentes e de nos beneficiarmos da sabedoria de cristãos maduros. Uma vez que o pequeno grupo de ex‑testemunhas ainda estava se encontrando em nosso apartamen­to nas manhãs de domingo para a leitura da Bíblia, e a maior parte delas ainda não estava pronta para se juntar a uma igreja, começamos a visitar igrejas que  tinham  serviços  vespertinos.  Uma  igreja  que  nós  visitamos  era  tão legalista que quase nos sentimos como se estivéssemos de volta ao Salão do Reino. Outra era tão liberal que o sermão sempre parecia ser nobre filosofia ou política ‑ em lugar de ser sobre Jesus. Finalmente, contudo, o Senhor nos colocou em uma congregação onde nos sentíamos confortáveis, e onde a ênfase era sobre Jesus Cristo e o seu evangelho, e não sobre assuntos paralelos.

Penni hoje é professora da sexta série em uma escola cristã que tem estudantes de cerca de onze igrejas diferentes. Realmente gosta do que faz, porque pode ligar as Escrituras a todos os tipos de assuntos. E, além do meu trabalho secular, continuo publicando Comments from the Friends como um boletim trimestral, objeti­vando alcançar as testemunhas de Jeová com o evangelho e ajudar cristãos que se encontram com testemunhas de Jeová. O boletim também contém artigos de interesse pessoal para ex‑testemunhas­ de Jeová. Temos assinantes de vários países, bem como dos Estados Unidos e Canadá. Além de escrever sobre o assunto, ocasional­mente falo a grupos de igrejas interessados em aprender como responder às testemunhas de Jeová de maneira a levá‑las para Cristo.

Nós também fornecemos semanalmente, pelo telefone, uma mensagem gravada para as testemunhas de Jeová. Vinte e quatro horas por dia, as testemunhas de Jeová podem ligar para nossa casa para ouvirem uma breve mensagem dirigindo‑as para a Bíblia e ajudando‑as a contestar os ensinamentos da Torre de Vigia. Algumas testemunhas ligam até mesmo de madrugada. Desta forma, os membros de sua família não as observarão e não as denunciarão para os anciãos. Até agora já recebemos mais de 6 mil chamadas. Ao final de cada chamada, as pessoas que ligaram são convidadas a deixar seu nome e endereço para que possam receber literatura grátis pelo correio ‑ e muitas deixam!

O que impulsiona o nosso ministério é ajudar as testesmunhas­ de Jeová a se libertarem do engano e colocar sua fé no evangelho original de Cristo como é apresentado na Bíblia. A mais importante lição que Penni e eu aprendemos desde que deixamos as Teste­munhas de Jeová é que Jesus não é apenas uma figura histórica do qual nós lemos a respeito. Está vivo e está ativamente envolvido com os cristãos hoje, da mesma forma que estava no primeiro século. Pessoalmente nos salva, nos ensina e nos guia. Esta relação pessoal com Deus, através de seu Filho, Jesus Cristo, é maravilho­sa! O indivíduo que conhece Jesus e o segue nem mesmo pensará em seguir outro qualquer.

Mas de modo algum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos… As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem; eu lhes dou a vida eterna, e jamais perecerão; e ninguém as arrebatará da minha mão (João 10:5: 27,28).

O autor está interessado em suas perguntas e observações sobre o material encontrado neste livro. Você pode lhe escrever no seguinte endereço: Comments from the Friends, P. O. Box 840 Stoughton ‑ MA 020 72 ‑ USA

Fonte de pesquisa: “As Testemunhas de Jeová refutadas versículo por versículo”, David A. Reed; trad. de Marcelus Virgílius Oliveira e Valéria Oliveira. ‑ 2. ed. Rio de janeiro: JUERP, 1990.

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