Os membros da Congregação Cristã no Brasil (daqui pra frente CCB) costumam dizer que em sua igreja não existe pastor, pois o único pastor deles é Jesus. Costumam chamar o líder ou dirigente da igreja de “Ancião” e “Cooperador”. O termo pastor adquiriu um tom pejorativo entre eles. Costumam falar para seus ouvintes sobre como devemos tomar cuidado com os falsos pastores e como eles enganam as pessoas.
Concordamos que há falsos pastores no meio do povo de Deus. Sim, isso é profético.
Mas se há o falso é notório que há também o verdadeiro. Seria insensato desprezar uma nota verdadeira simplesmente porque no mercado está correndo dinheiro falsificado!
Embora a CCB não aceite o ministério pastoral, a Bíblia é enfática ao tratar sobre o assunto:
“E ele (Jesus) deu uns como apóstolos, e outros como profetas, e outros como evangelistas, e outros como pastores e mestres” (Efésios 4.11).
“Lembrai-vos dos vossos pastores, os quais vos falaram a palavra de Deus e, atentando para o êxito da sua carreira, imitai-lhes a fé” (Hebreus 13.7).
“Obedecei a vossos pastores, sendo-lhes submissos; porque velam por vossas almas como quem há de prestar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil” (Hebreus 13.17).
Na CCB não é possível obedecer aos textos acima, pois eles não aceitam o ministério pastoral. Entretanto, é apenas uma questão de lógica: Cristãos são ovelhas humanas e ovelhas são submissas a um pastor humano levantado por Cristo (Conf.: Ef. 4.11; Hb. 13.7 e 17). A verdadeira Igreja de Jesus Cristo tem pastor, sendo assim, quem parece estar fora dos parâmetros bíblicos é a CCB.
Objeções refutadas sobre a questão pastoral:
a) Argumento: “O Senhor é o meu pastor…” (Salmos 23)
Usam este texto para justificar que o único pastor existente é Jesus Cristo, isto, segundo eles, excluiria os demais pastores evangélicos.
Refutação Apologética: Concordamos com este texto. Jesus é realmente o nosso pastor e não há outro igual a Ele. Na verdade, Ele é o nosso Sumo Pastor (I Pedro 5.4) e, se há um sumo pastor, é claro que há também subpastores, assim como no antigo Israel havia um Sumo Sacerdote e também os sacerdotes auxiliares. Ora, a Bíblia diz que Jesus é o nosso Sumo Sacerdote (Hebreus 8.1), mas também diz que nós somos sacerdotes igualmente (Apocalipse 1.6). Veja que um ministério superior não exclui o outro, isto é, dos crentes. Da mesma maneira acontece com o título e a função de pastor. Não devemos excluir os pastores dados por Deus, simplesmente por que o Salmo 23 afirma que o Senhor é o nosso pastor.
Seguindo a mesma linha de pensamento poderemos contestar também o título de ancião usado largamente dentro da CCB para titular seus líderes, já que Deus também é chamado de Ancião no livro de Daniel (Daniel 7.9, 13 e 22).
Ora, os anciãos da CCB não apascentam seus adeptos com conselhos, instruções e pregações? Portanto, tais líderes fazem o papel de pastor, porém sem usar o título. O próprio Jesus ordenou isso a Pedro: “… Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas.” (João 21.17).
b) Argumento: “Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então haverá um rebanho e um Pastor” (João 10.16)
A CCB toma isoladamente a expressão “um Pastor” do versículo em lide para excluir os demais pastores deste ofício, pois segundo sua interpretação, há somente um pastor: Jesus.
Refutação Apologética: O contexto imediato nos mostra que a passagem está se referindo ao ministério de Cristo como Redentor. Nesse sentido, é claro, só Jesus é nosso único pastor e nenhum pastor humano se assemelha a Ele. No entanto, o verso não desqualifica outros pastores para o ministério. As “outras ovelhas” do qual fala o versículo referem-se aos crentes gentios que se unirão ao verdadeiro Israel. A expressão “aprisco” na passagem refere-se a Israel. O “um rebanho” à Igreja, o Corpo, com sua cabeça: Cristo, o supremo Pastor.
No aspecto da redenção só há um Pastor, é claro. No entanto, no aspecto administrativo (apascentar e liderar) da igreja militante e terrena, existem alguns cristãos que foram chamados para o ministério pastoral (Efésios 4.11; João 21.15-17; I Pedro 5.4). A CCB cai na condenação bíblica de errar por não conhecer a Escritura.
Fonte: Como Responder aos Argumentos da CCB, Editora CACP