Duas edições do texto grego do Novo Testamento estão sendo utilizadas por tradutores, comentaristas e pastores protestantes em geral em nossos dias: o Novum Testamentum Graece, conhecido como o texto de Nestle-Aland (seus editores), publicado pelo Deutsche Bibelstiftung, já na 27ª edição; e o The Greek New Testament, editado por uma comissão composta por renomados eruditos da área (Barbara Aland, Kurt Aland, Johannes Karavidopoulos, Carlo M. Martini, e Bruce M. Metzger), publicado pela United Bible Societies (Sociedades Bíblicas Unidas), já na sua 4ª edição.(1)
Estes textos, praticamente idênticos, são o produto de uma teoria textual desenvolvida no século passado e consolidada especialmente por dois eruditos ingleses, de Cambridge: Brooke Foss Westcott e Fenton John Anthony Hort (Westcott-Hort). Em 1881 eles publicaram o The New Testament in the Original Greek, em dois volumes, contendo o texto grego do Novo Testamento e a teoria e métodos empregados na preparação do texto.(2)
Esse texto grego, bem como os demais que nele se basearam a partir de então, passaram a rejeitar a grande maioria dos manuscritos gregos (3) — nos quais até então se baseavam as edições impressas do Novo Testamento — e a adotar alguns poucos manuscritos mais antigos, descobertos nestes últimos séculos (4), e a afastar-se cada vez mais do texto anterior.
Essa teoria revolucionou a crítica textual do Novo Testamento de tal maneira que os livros textos sobre o assunto passaram a ensiná-la, não como teoria, mas como fato consumado; e assim tem sido ensinada em seminários e conseqüentemente empregada nas novas traduções para o português, comentários, obras teológicas e pregações.
Tamanha é a influência dessa teoria sobre a matéria, e tão estabelecido o seu domínio neste século, que poucos têm ousado questioná-la. Assim, quase nada se tem escrito sobre o assunto de outro ponto de vista. No Brasil, até onde este autor tem conhecimento, nenhum livro foi escrito do ponto de vista contrário à teoria de Westcott-Hort e dos textos ecléticos que produziu.(5)
O propósito deste artigo é apresentar de forma breve uma resumo da história do texto grego impresso do Novo Testamento, expor a teoria de Westcott-Hort, e oferecer algumas críticas.(6) Estas críticas serão oferecidas a partir do que outros estudiosos têm dito sobre o assunto. Meu propósito não é tanto oferecer críticas originais, mas demonstrar que a supremacia do texto de Westcott e Hort tem sido questionada por peritos de renome no campo da crítica textual. Meu desejo é que a constatação deste fato leve o leitor a ter uma atitude mais cautelosa e analítica diante da aparentemente indisputável supremacia dos textos ecléticos.
Principais Períodos Históricos
do Texto Grego Impresso do Novo Testamento
A história do texto grego impresso do Novo Testamento pode ser dividida em três períodos. O primeiro período, o período não-crítico, caracteriza-se pelo estabelecimento e padronização do texto encontrado na grande maioria dos manuscritos usados pela Igreja Antiga e Medieval. Este texto é conhecido pelos nomes de bizantino, sírio, tradicional, eclesiástico, ou majoritário. Começando com a impressão feita por Ximenes em 1514, e estendendo-se até as edições publicadas pelos irmãos Elzevir em 1678 — conhecidas pela expressão Textus Receptus — este estágio da história textual do Novo Testamento é marcado pela aceitação incondicional do texto até então usado amplamente pela Igreja, havendo pouquíssima diferença entre as diversas edições publicadas.
O segundo período, conhecido como pré-crítico, cujo início pode ser marcado com a edição de John Fell, em 1675, estende-se até antes de 1831 — quando Lachmann publica um texto que se afasta bastante do Textus Receptus. Este período caracteriza-se pelo acúmulo de evidências textuais por parte dos críticos, bem como pela elaboração de teorias que viriam a ser aceitas e desenvolvidas no período posterior, repudiando completamente o texto grego majoritário do Novo Testamento, no geral expresso nas edições do período anterior. Entretanto, o texto francamente aceito pela Igreja, nesta fase, continuou sendo o Textus Receptus, pois as evidências textuais acumuladas contrárias a ele, não chegaram a ser aplicadas ao texto (7). Nas raras ocasiões em que o foram, mesmo que em parte, tais textos foram firmemente rejeitados pelo consenso da Igreja.
O terceiro e último período, o período crítico, começando com Lachmann (1831) e se estendendo até os nossos dias, caracteriza-se por um afastamento generalizado do Texto Majoritário, e pelo aparecimento de um texto eclético, baseado em um número bastante reduzido de manuscritos, os quais, embora antigos, discordam bastante entre si, bem como da grande massa de manuscritos que apresentam o texto “bizantino”. Esse tipo de texto eclético, que começou com Lachmann, e teve em Westcott e Hort os seus maiores defensores, atualmente tem se espalhado pelo mundo através, principalmente, das edições de Nestle-Aland e da United Bible Societies (UBS). Estas são, praticamente, as únicas edições do Novo Testamento grego conhecidas acessíveis, e portanto usadas, pela grande maioria dos estudantes, teólogos, exegetas e tradutores, tanto protestantes como católicos nos últimos anos. Entretanto, sempre tem havido eruditos como Burgon, Scrivener e, mais recentemente, J. Van Bruggen e W. Pickering, que continuaram a defender o Texto Majoritário, como o melhor texto original.
O Surgimento da Teoria de Westcott e Hort
O texto grego de Westcott-Hort veio a tornar-se a obra que mais tem influenciado a crítica textual moderna do Novo Testamento. Alexander Souter a considera “a maior edição já publicada”.(8) Bruce Metzger, chama-a de “a mais notável edição crítica do Testamento grego já produzida pela erudição britânica”.(9) Kirsopp Lake diz que “este trabalho é o fundamento de quase toda a crítica moderna’’(10) Kenyon afirma ser esta uma obra “que tem feito época, no sentido literal da palavra, na história do Criticismo do Novo Testamento, … tem colorido tudo o que tem sido escrito sobre o assunto … e suprido a base de todo o trabalho feito hoje neste campo”.(11) Com o que concorda Greenlee, afirmando que com o trabalho desses autores nós chegamos ao “clímax deste terceiro período”, e que “a influência de Westcott-Hort sobre todo o trabalho subseqüente na história do texto nunca foi igualada”.(12)
Esta obra afamada foi preparada durante 28 anos. O primeiro volume contém o texto grego do Novo Testamento (sem aparato crítico, mas indicando algumas leituras variantes); o segundo, contém a Introdução, explicando os princípios textuais usados pelos editores, bem como um apêndice, com notas sobre algumas leituras selecionadas.
Contrariamente aos editores anteriores, Westcott e Hort não fizeram novas pesquisas nos manuscritos disponíveis nem prepararam um novo aparatus criticus. A fama de sua obra, portanto, não provém de suas pesquisas em testemunhas textuais, mas da teoria textual que desenvolveram, a partir do que, nestes campos, haviam elaborado eruditos conhecidos, como Bengel, Griesbach, Lachmann, Tischendorf, Tregelles e outros que os precederam.
A teoria desenvolvida por Westcott e Hort consolidou a tendência da crítica textual da época de afastar-se do Textus Receptus e, conseqüentemente, do Texto Majoritário, em direção a textos ecléticos baseados em uma minoria de manuscritos, os quais, apesar de diferirem grandemente entre si, passaram a ser considerados superiores, pela maioria dos críticos modernos.
Exposição da Teoria de Wescott-Hort
No que se segue, oferecemos uma exposição resumida dos principais pontos da teoria de Westcott-Hort, que levou ao aparecimento do novo texto grego do Novo Testamento.
Pressuposição Fundamental
Westcott-Hort partem da pressuposição fundamental de que o texto do Novo Testamento deve ser tratado como um texto ordinário, como qualquer outro livro. Nas palavras deles, os princípios de criticismo explicados nas seções seguintes são bons para todos os textos antigos preservados em uma pluralidade de documentos. No tratamento do Novo Testamento, nenhum novo princípio é necessário ou legítimo.(13)
Esta pressuposição, por sua vez, fundamenta-se em outra: de que não houve falsificação maliciosa no texto do Novo Testamento durante sua transmissão. Quando afirmam que o texto do Novo Testamento é ordinário, querem dizer, com isso, que não há evidências históricas de interpolações ou omissões deliberadas nos seus manuscritos, o que valida o emprego dos métodos críticos ordinários aplicados aos textos clássicos antigos. Eis o que afirmam:
Mesmo entre as inquestionavelmente numerosas leituras espúrias do Novo Testamento não há sinal de falsificação deliberada do texto com propósitos dogmáticos.(14)
Cremos que a ausência [no texto moderno] de fraudes perceptíveis, que deram origem a qualquer das várias leituras agora existentes, também se aplica para o texto que antecedeu mesmo as mais antigas variantes existentes…(15)
O Método das Evidências Internas
Partindo dessas pressuposições básicas, Westcott-Hort prepararam o Texto Eclético, considerando as seguintes evidências internas: a probabilidade intrínseca e a probabilidade de transcrição. Por probabilidade intrínseca, eles procuraram descobrir “o que um autor parece ter escrito”.(16) O método, para se descobrir qual a variante correta (ou provável), por este princípio, é resumido por eles como segue:
O primeiro impulso ao tratar com uma variante é usualmente seguir a probabilidade intrínseca, isto é, considerar qual das duas leituras faz o melhor sentido e, de acordo com isso, decidir entre elas. A decisão pode ser feita tanto por um julgamento imediato, e portanto, intuitivo, ou pesando cautelosamente vários elementos que irão definir o que é chamado de sentido, de conformidade com a gramática e congruência com o estilo usual do autor e com o assunto em outras passagens.(17)
Por probabilidade de transcrição, eles procuram descobrir “o que os copistas parecem ter feito o autor parecer escrever”.(18) No que consiste tal probabilidade?
Eles respondem:
Se uma variante aparenta dar-nos um sentido muito melhor ou sobrepujar a outra variante, essa aparente superioridade deve ter sido a causa da introdução da referida variante no texto. Disparates [textos difíceis] à parte, nenhum motivo pode ser pensado que viesse a levar um escriba a introduzir conscientemente uma leitura pior no lugar de uma leitura melhor.(19)
Regras Básicas
Com base nestes princípios, duas regras básicas foram usadas por Westcott-Hort para o estabelecimento do texto deles. Primeira: brevior lectio potior (a menor leitura deve ser preferida), assumindo que os escribas tinham mais tendência para incluir do que omitir. Segunda: proclivi lectioni praestat ardua (a leitura mais difícil deve ser preferida), assumindo que os escribas eram propensos a simplificar o texto quando confrontados com algum “disparate”.
O Argumento da Conflação
Um argumento considerado importante na teoria de Westcott-Hort foi a afirmativa de que conflação é característica de mistura, e que só o texto “sírio” as apresenta, sendo portanto um texto secundário.(20) Oito exemplos de conflação do texto “sírio” (d), a partir dos textos “ocidental” (b) e “neutro” (a) são mencionados por eles.(21) Segundo eles,
As relações traçadas nunca são invertidas. Nós não conhecemos nenhum lugar onde o grupo “a” de documentos (neutro) comprove leituras aparentemente conflacionadas de leituras dos grupos “b” (ocidental) de “d” (sírio) respectivamente, ou onde o grupo “b” (ocidental) de documentos comprove leituras aparentemente conflacionadas de leituras dos grupos “a” e “d” respectivamente.(22)
O Argumento da Genealogia
Outro argumento considerado chave da teoria de Westcott-Hort para derrubar a superioridade numérica do Texto Majoritário, é baseado no conceito de genealogia dos documentos. Por meio deste argumento, eles reduziram a grande massa de manuscritos “bizantinos’’ a uma família derivada de outros manuscritos, enfraquecendo assim o peso do seu testemunho.
Os tipos ou famílias textuais concebidos por eles podem ser ilustrados pelo diagrama da página seguinte:
(DIAGRAMA EM CONSTRUÇÃO – AGUARDE)
Inexistência de Variantes Sírias anteriores a Crisóstomo
Outra proposição de Westcott-Hort aceita por muitos foi a suposta não existência de variantes Sírias anteriores a Crisóstomo (que morreu em 407).(23) A importância atribuída a esta tese fica evidente nas seguintes palavras de Kenyon:
A proposição de Hort que foi a pedra fundamental da sua teoria, foi que leituras características do Texto Recebido nunca são encontradas em citações de escritores cristãos anteriores a cerca de 350. Antes desta data nós achamos leituras caracteristicamente neutras ou ocidentais, mas nunca sírias. Este argumento é de fato decisivo.(24)
Visto que em 1881 ainda não haviam sido descobertos os papiros,(25) Hort refere-se, é claro, apenas às citações dos Pais da Igreja anteriores a Crisóstomo.
A Recensão de Luciano
Mas como explicar a superioridade numérica e a surpreendente harmonia dos manuscritos bizantinos? Hort explicou o fato através de uma recensão, que teria sido levada a efeito por Luciano (morto em 311). As suas palavras são as seguintes:
O texto sírio deve ser de fato o resultado de uma recensão no sentido próprio da palavra, um trabalho esforçado de criticismo, executado deliberadamente por editores e não meramente por escribas.(26)
Hort sugeriu, em outras palavras, que a harmonia dos manuscritos bizantinos se devia a uma revisão e editoração críticas feita no século III dos textos disponíveis. Esta revisão, que teve o propósito de produzir um texto oficial do Novo Testamento para as Igrejas gregas, teria começado em Antioquia por volta de 250 A.D. e foi concluída por volta de 350 A.D. O principal responsável pela forma final deste texto revisado e editado teria sido, segundo Hort sugeriu, Luciano de Antioquia, um estudioso (possivelmente de convicções arianas) que morreu martirizado durante as perseguições aos cristãos movidas pelo Império Romano. Por este motivo, o Texto Majoritário é às vezes chamado de texto antioquiano, ou texto sírio (Antioquia era a capital da Síria). O texto produzido por Luciano, diz Hort, se tornou a versão oficial das Igrejas Gregas, e a base do Textus Receptus.
Opositores à Teoria de Westcott-Hort
Embora a teoria desenvolvida por Westcott e Hort tenha, como dissemos anteriormente, dominado a moderna crítica textual do Novo Testamento, nem todos a aceitaram. John W. Burgon, Edward Miller, Frederick Scrivener e George Salmon foram alguns dos importantes estudiosos do Novo Testamento, contemporâneos de Westcott e Hort, que combateram tenazmente tanto a teoria como o texto grego desses autores.
John William Burgon (1813-1888), Deão de Chichester, conhecido por sua ortodoxia e erudição inquestionáveis, foi um dos maiores defensores do que ele chamou de texto tradicional(27), em oposição ao Texto Eclético de Westcott e Hort(28). A defesa que Burgon fez do texto tradicional(29) baseava-se nos seguintes argumentos: (1) Este é o texto apoiado pela grande maioria dos manuscritos, de qualquer tipo, em qualquer época, e nas principais regiões (Ásia Menor e Grécia); (2) Este é também o texto que apresenta melhor qualidade intrínseca (harmonia, gramática, estilo, etc.); (3) Este é o texto que tem sido universalmente aceito pela Igreja.
Dentre as contribuições de Burgon para a Crítica Textual do Novo Testamento, podemos citar as pesquisas de diversos manuscritos cursivos;(30) a preparação de uma excelente coleção de citações patrísticas do Novo Testamento, nos Pais da Igreja, o Index Patristicus, com 86.489 citações, em dezesseis volumes manuscritos;(31) uma defesa erudita, muito bem elaborada, dos últimos doze versos do Evangelho de Marcos;(32) e uma crítica penetrante à Revised Version (Versão Revisada da Bíblia Inglesa), baseada no texto de Westcott e Hort.
Edward Miller ficou conhecido como colaborador e editor póstumo das obras de John Burgon. Ele organizou, completou e publicou a obra de Burgon The Traditional Text of the Holy Gospels Vindicated and Established (“O Texto Tradicional dos Santos Evangelhos Defendido e Estabelecido”),(33) e escreveu A Guide to the Textual Criticism of the New Testament (“Um Guia à Crítica Textual do Novo Testamento”).(34)
Frederick Henry Ambrose Scrivener foi outro perito em crítica textual que combateu a teoria de Westcott e Hort. Professor em Cornwall, Scrivener é um nome importante na história do texto do Novo Testamento. Como defensor do Texto Majoritário publicou, a partir de 1859, diversas edições do Textus Receptus, de Stephanus, com leituras de Elzevir, Lachmann, Tischendorf e Tregelles. Em 1881, publicou o texto grego usado pelos revisores ingleses de 1611. Entre 1861 e 1894, publicou em quatro volumes o manual mais usado pelos críticos textuais ingleses, intitulado A Plain Introduction to the Criticism of the New Testament (“Uma Introdução Clara à Crítica do Novo Testamento”). Além disso, Scrivener publicou diversos códices, tais como o Augiensis (1859), Bezae (1864) e Sinaítico (1864). Entretanto, foi através das pesquisas que fez em manuscritos que deu a sua maior contribuição, pois analisou mais de setenta manuscritos do Novo Testamento.(35) Isto mostra que tanto Burgon quanto Scrivener eram eruditos dos mais capazes na pesquisa do texto do Novo Testamento, e, pelo menos por isto, suas críticas deveriam ser recebidas com mais atenção pelos críticos textuais modernos.
G. Salmon também se opôs firmemente à teoria de Westcott-Hort. Em uma obra não publicada, escrita em 1897, intitulada Some Thoughts on the Textual Criticism of the New Testament (“Reflexões sobre a Crítica do Novo Testamento”) ele alerta quanto ao servilismo com o qual a teoria de Hort estava sendo aceita, e sua nomenclatura adotada, “…como se a última palavra tivesse sido dada quanto ao assunto do criticismo do Novo Testamento…”(36)
Avaliação da Teoria de Westcott-Hort
Os estudiosos mencionados acima certamente já ofereceram argumentos de peso contra alguns pontos questionáveis da teoria de Westcott-Hort. No que se segue, tentaremos resumir os que nos parecem mais importantes, usando como base a avaliação de W. Pickering.(37)
Pressuposição Fundamental
A pressuposição básica da teoria de Westcott-Hort de que o texto do Novo Testamento deve ser tratado como um texto ordinário, por não haver falsificação deliberada com propósitos dogmáticos, não corresponde às evidências históricas. Longe de se tratar de um texto ordinário, o texto bíblico é especial, no sentido em que tanto Deus como Satanás têm um especial interesse por ele – Deus em preservá-lo e Satanás em destruí-lo. Não são poucos os críticos textuais modernos que reconhecem a improcedência desta pressuposição fundamental da teoria de Westcott-Hort. H. H. Oliver, por exemplo, afirma o seguinte:
O fato de existirem alterações deliberadas e aparentemente numerosas ocorridas durante os primeiros anos da história textual é uma considerável inconveniência para a teoria de Hort por duas razões: isto introduz uma variável imprevisível que os cânones de evidência interna não podem manusear, e coloca o restabelecimento do original além da capacidade do método genealógico.(38)
As próprias evidências históricas contrariam esta pressuposição de Westcott-Hort. Os Pais da Igreja revelam, em seus escritos, a tendência, por parte dos hereges (e não somente deles), de falsificação doutrinária maliciosa do texto do Novo Testamento. O próprio Metzger reconhece que:
Irineu, Clemente de Alexandria, Tertuliano, Eusébio e muitos outros pais da Igreja acusaram os heréticos de corromper as Escrituras a fim de ter suporte para seus pontos de vista especiais. Na metade do século II Marcião expurgou de suas cópias dos Evangelhos de Lucas todas as referências ao background judaico de Jesus. A Harmonia dos Evangelhos preparada por Taciano contém várias alterações que forneceram apoio a pontos de vista ascéticos.(39)
Burgon menciona que “Gaio, um Pai ortodoxo que escreveu entre 175 e 200 AD, cita Asclepíades, Theodotus, Hermophilus e Apolinides como heréticos que prepararam cópias corrompidas das Escrituras e que tinham discípulos que multiplicaram cópias de fabricação própria.”(40) Uma das evidências históricas mais claras e conhecidas quanto à questão é a seguinte citação de Orígenes:
Nos dias de hoje, como é evidente, há uma grande diversidade entre os vários manuscritos, tanto devido à negligência de certos copistas, como devido à perversa audácia mostrada por alguns que corrigem o texto, como ainda devido à falta daqueles que, dizendo-se corretores, o alongaram ou diminuíram conforme lhes agradava.(41)
O Método das Evidências Internas
Quanto ao método das evidências internas empregado por Hort, é de se notar que as duas hipóteses de probabilidade (intrínseca e de transcrição) são conflitantes. Seguindo a probabilidade intrínseca, devemos escolher a leitura que mais se adapte às características do autor; enquanto que seguindo a probabilidade de transcrição, deve ser escolhida a leitura que menos se adapte ao autor, pois a leitura que mais se adapta deve ter sido a leitura secundária (introduzida pelo copista). Adotando tal método conflitante, a crítica textual deixa de ser ciência – por isso, alguns a consideram arte. Não estaríamos longe da verdade se afirmássemos que a adoção de um método contraditório deste tipo pode expor a crítica textual ao risco de tornar-se um exercício de adivinhação.
E mesmo Westcott-Hort admitem a contradição:
Onde uma leitura (a) parece intrinsecamente preferível, e sua excelência é de uma qualidade que nós podemos esperar ser reconhecida pelos escribas, enquanto que sua rival (b) não mostra característica provável para ser atrativa para eles, as probabilidades intrínseca e de transcrição estão praticamente em conflito.(42)
Autores posteriores a Westcott-Hort reconhecem a natureza conflitante do método deles. Colwell, por exemplo, conclui:
Infelizmente estes dois critérios freqüentemente entram em colisão frontal, porque escribas antigos assim como editores modernos freqüentemente preferem a leitura que melhor cabe no contexto.(43)
Se nós escolhermos a leitura que melhor explica a origem de uma outra leitura, nós estamos geralmente escolhendo a leitura que não cabe no contexto. Os dois critérios cancelam-se mutuamente.(44)
Regras Básicas – Brevior lectio potior
É conhecidíssima e amplamente aceita a regra segundo a qual a menor variante é a melhor, devido à suposta maior tendência dos escribas à inclusão do que à exclusão. Entretanto, existem alguns fatos que vêm questionar a aceitação incondicional desta regra. Primeiramente, existem estudos recentes dos escritos clássicos greco-latinos que parecem provar exatamente o contrário: que os escribas eram mais tendentes a omissões acidentais do que a interpolações intencionais.(45)
Não seria impossível admitir que o mesmo ocorre com relação aos manuscritos do Novo Testamento. Colwell, ao estudar os hábitos dos escribas dos papiros p45, p66 e p75, demonstrou que cada um deles apresenta características próprias de erros: letras (p75), sílabas (p66) ou palavras e frases (p75).(46) Mas os três são unanimemente inclinados a omitir (três vezes mais, em geral) do que a incluir.
Proclivi lectioni praestat ardua
De acordo com a outra regra básica usada por Westcott-Hort para o estabelecimento do texto do Novo Testamento, a leitura mais difícil deve ser preferida. Segundo eles, os escribas eram propensos a simplificar o texto quando confrontados com algum “disparate”. Entretanto, parece-nos perfeitamente plausível inferir o oposto, ou seja: que os erros dos escribas é que, na maioria das vezes, acabavam produzindo “disparates” (variantes mais difíceis).
Já mencionamos que, segundo nos parece, pode haver alterações intencionais em manuscritos do Novo Testamento. Contudo, é difícil negar que as modificações introduzidas no texto provêm mais de lapsos não intencionais. Ora, é natural esperar que lapsos não intencionais produzam leituras difíceis e não fáceis.
Na verdade, há evidências históricas indicando que variantes mais difíceis foram produzidas até mesmo como resultado de alterações intencionais. Jerônimo, por exemplo, denuncia esta prática, dizendo que copistas “escrevem não o que encontram mas o que pensam ser o significado. E, ao tentar retificar o erro de outros, eles meramente expõem os seus próprios.”(47)
O Argumento da Conflação
O argumento de que o texto “sírio” era um texto conflacionado e, portanto, secundário já foi reconhecido por alguns estudiosos como “o calcanhar de Aquiles de Hort”. Razão: é uma generalização fundamentada em apenas oito exemplos.
Alguns estudos têm demonstrado que esta generalização não tem fundamento sólido. E. A. Hutton, após verificar as 821 variantes onde as assim chamadas famílias “alexandrinas”, “ocidentais” e “bizantinas”, discrepam umas das outras no Novo Testamento, apresenta apenas umas poucas passagens onde o texto “sírio” poderia ter sido conflacionado,(48) afora os oito exemplos citados por Hort. Ora, mesmo admitindo que todos os exemplos mencionados sejam de fato conflações (o que é discutível), ainda assim, a proporção seria de aproximadamente 100 para 1. Pouquíssimo para permitir uma generalização plausível.
E apesar de Westcott-Hort afirmarem não ocorrer o inverso, ou seja, não haver exemplos de conflação do texto “alexandrino” a partir do texto “sírio” com “ocidental” ou do texto “ocidental” a partir do “sírio” com o “alexandrino”, existem diversos exemplos possíveis desse tipo de conflação no Novo Testamento. Pickering menciona cinco exemplos na página 60 do seu livro The Identity of the New Testament Text (p. 171-200) e apresenta uma lista com cerca de cem outras no apêndice.
Esses exemplos testificam contrariamente do argumento da conflação como evidência de texto secundário. Além do que, poder-se-ia ainda indagar: se possíveis exemplos de conflação indicam “família textual” secundária, quais seriam as famílias textuais primárias?
O Argumento da Genealogia
Não há nada de errado com o argumento da genealogia, desde que ele fosse de fato aplicado. Ou seja, se de fato fosse possível descobrir a árvore genealógica dos manuscritos do Novo Testamento, o propósito da manuscritologia bíblica estaria próximo do fim. Se realmente fosse possível determinar com precisão o parentesco dos mais de cinco mil manuscritos do Novo Testamento, seria fácil determinar o texto original.
Contudo, creio que nem Westcott-Hort, nem outros peritos em crítica textual, até o momento conseguiram levar a cabo tal empreendimento.(49) Sintomático disto é o fato que, sempre que o assunto é tratado, manuscritos imaginários (x, y, z, por exemplo) são empregados para ilustrar o argumento, pois ninguém realmente sabe o parentesco que os manuscritos apresentam entre si. Com exceção de uns poucos casos, que não ajudam praticamente em nada diante do volume dos manuscritos existentes, não tem sentido falar-se de genealogia, enquanto ela não for de fato identificada.
Além disso, a mistura das árvores genealógicas constitui-se uma barreira quase que intransponível para o argumento. Como determinar o parentesco de mais de cinco mil manuscritos que misturam suas genealogias?
Westcott-Hort não conseguiram (obviamente) aplicar o argumento da genealogia. Portanto, a determinação das assim chamadas famílias ou tipos textuais carece de um fundamento menos tênue que esse trabalho não realizado até o momento. Fica difícil falar em famílias “alexandrina”, “ocidental”, “neutra” e “síria”. A advertência de M. M. Parvis ilustra perfeitamente a atitude da crítica textual do Novo Testamento com relação ao assunto:
Nós temos reconstruído tipos textuais e famílias e sub-famílias e, assim fazendo, temos criado coisas que nunca antes existiram na terra ou no céu. Temos assumido que manuscritos reproduzem-se de acordo com a lei de Mendel. Mas quando descobrimos que um manuscrito em particular não se encaixa em nenhum dos nossos esquemas habilmente construídos, levantamos nossas mãos e dizemos que contém um texto misto.(50)
Parvis não está, de modo algum, sozinho na sua conclusão. Klijn, por sua vez, afirma:
Ainda se costuma dividir manuscritos em quatro bem conhecidas famílias: a alexandrina, a cesareense, a ocidental e a bizantina. Esta divisão clássica não pode mais ser mantida (…) Se há de acontecer qualquer progresso no criticismo textual temos que nos desvencilhar da divisão em textos locais. Novos manuscritos não devem ser atribuídos a um área geográfica limitada, mas ao seu lugar na história do texto.(51)
Não seria difícil multiplicar citações de eruditos demonstrando que as assim chamadas famílias ou tipos textuais são arranjos artificiais que não expressam a verdade dos fatos. Kenyon, Zuntz, Colwell, Von Soden, Lake, Nestle, Metzger, Clark e outros questionam ou até mesmo negam claramente a validade de algumas famílias específicas, ou mesmo da classificação em geral. Apenas um exemplo específico para ilustrar o que temos afirmado: os códices ) e B, considerados como os principais representantes do texto “alexandrino” (“neutro” de Westcott-Hort), diferem mais de três mil vezes entre si somente nos evangelhos, sem contar erros menores de ortografia.
Inexistência de Variantes Sírias Anteriores a Crisóstomo
A tese da inexistência de variantes “sírias” anteriores a Crisóstomo, mantida por Westcott-Hort, depara-se com algumas dificuldades trazidas por certas evidências históricas.
A maior delas diz respeito à versão siríaca Peshita. Até então, a Peshita era considerada a mais velha das versões siríacas, e anterior a Crisóstomo. Ela constituía-se assim em uma forte testemunha do Texto Majoritário, visto que nela encontramos leituras características do Texto Majoritário. O embaraço que a Peshita representava para a tese da inexistência de variantes “sírias” anteriores a Crisóstomo foi contornada da seguinte maneira: ela passou a ser considerada uma revisão da Velha Siríaca, feita por Rábula, Bispo de Edessa, em cerca de 425, conforme tese de Burkitt.(52) Esta tese foi imediatamente aceita e amplamente propagada.
Entretanto, nem todos os peritos da área se deixaram convencer tão facilmente. Burgon observa que não há evidência histórica para tal afirmativa.(53) É interessante observar que o próprio Westcott, em seu livro On the Canon of the New Testament, parece se contradizer quanto ao assunto, ao afirmar que não via
…razão para abandonar a opinião que tem obtido sanção dos mais competentes eruditos, de que a formação da Peshita Siríaca deveria ser fixada dentro da primeira metade do segundo século. A própria obscuridade que paira sobre sua origem é prova da sua venerável idade, porque mostra que cresceu espontaneamente entre as congregações cristãs … Fosse ela uma obra de data posterior, do terceiro ou quarto século, dificilmente seria possível que sua história fosse tão incerta quanto é.(54)
E o que dizer dos pais da igreja? Estudos posteriores sobre este período têm sugerido que a tese de Westcott-Hort quanto às variantes “sírias” carece de uma melhor fundamentação nas evidências. Os estudos publicados por Edward Miller, editor póstumo de John Burgon, revelam que o assim chamado texto “sírio” é tão ou até mesmo mais atestado pelos pais da igreja desse período do que os assim chamados textos “ocidental” e “neutro”.
Segundo estes estudos, Orígenes apoia o texto “sírio” 460 vezes, e o texto “ocidental” ou “neutro” 491. Irineu apoia o texto “sírio” 41 vezes, e o texto “ocidental” ou “neutro” 63 vezes. Já Justino apoia os dois textos praticamente o mesmo número de vezes. Enquanto que Hippolytus e Methodius apoiam mais o texto “sírio” do que os texto “ocidental” e “neutro”.(55)
Em resumo, após consultar todos os pais da igreja mortos até o ano 400, Miller verificou que o texto tradicional é apoiado em uma proporção de 3 para 2 em relação aos textos “ocidental” ou “neutro”.(56) Ou seja, 2.630 a favor de variantes do texto tradicional contra 1.753 a favor de outras variantes. Considerando apenas os pais da igreja mais antigos (de Clemente de Roma a Irineu e Hippolytus), a proporção a favor do texto tradicional é ainda maior: 151 contra 84 (isto é, 1,8 para 1).(57)
Ainda que estes números não estejam corretos ou que algumas ou até muitas das variantes consideradas por Miller como tradicionais não sejam leituras “sírias” puras, como Kenyon alega (58); ainda assim, o que sobrar — não pouco — será suficiente para tornar praticamente improvável a proposição de Westcott-Hort de que não existem variantes “sírias” anteriores a Crisóstomo.
A Recensão de Luciano
A explicação fornecida pela teoria de Westcott-Hort para a surpreendente superioridade numérica e harmonia dos manuscritos “sírios”, é o que tem sido chamado de “a recensão de Luciano”. É no mínimo intrigante que um acontecimento tão importante quanto esta hipotética recensão não tenha sido registrada, mencionada ou aludida em nenhum dos documentos históricos de que dispomos. A História não registra absolutamente nada sobre ela.
Por isso mesmo, boa parte dos eruditos — mesmo entre os que defendem o Texto Eclético, tais como Colwell, F. C. Grant, e Jacob Geerlings — já não apoiam essa teoria, mas consideram que a história do texto “sírio’’, assim como a dos demais, remonta ao segundo século ou mesmo aos autógrafos.(59)
CONCLUSÃO
Esta exposição e avaliação da teoria de Westcott-Hort é resumida, mas cremos ser suficiente para dar uma idéia dos seus pontos vulneráveis. O fato é que quase todos os pontos em que ela se baseia podem ser, e têm sido, questionados com argumentos e evidências bastante plausíveis por eruditos de renome na área. Evidentemente existem também eruditos de renome que defendem os textos ecléticos. Não se trata de combater idéias com base na autoridade de celebridades. O que espero ter ficado claro é que os textos ecléticos não têm aceitação universal da parte dos estudiosos. E que mesmo sendo em número inferior, os que questionam a sua superioridade em nada são inferiores em preparo e erudição. E seus argumentos nos parecem, na maior parte das vezes, bastante plausíveis.
English Abstract
This article on New Testament textual criticism seeks to expose what several scholars believe are the main weak points of the Westcott-Hort theory. It is written by a New Testament scholar who is convinced that the Majority Text is the best Greek text available. He gives a sketch of the main periods of the history of textual criticism, traces the appearance of the Westcott-Hort theory, and offers a critique of what he considers the main flaws of their theory. The author’s views do not necessarily reflect the views of the JMC Seminary on this issue.
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* Publicado anteriormente na revista Fides Reformata 1:2 (1996).
** O autor é ministro presbiteriano, professor de Grego e Hermenêutica no Seminário Teológico Batista Equatorial e presidente da Associação Reformada Palavra da Verdade, na cidade de Belém. É mestre em Teologia pela Potchefstroom University for Christian Higher Education (África do Sul) e doutorando em Ministério no Westminster Theological Seminary, na Califórnia.
1 Este é o texto grego utilizado por versões em português, como a popular Almeida Revista e Atualizada (já na 2a. edição) e a Nova Versão Internacional. Todas as paráfrases (como a Bíblia na Linguagem de Hoje) também usam este texto.
2 B. F. Westcott & F. J. A. Hort, The New Testament in the Original Greek. Introduction and Appendix (New York: Harper & Brothers, 1882).
3 Cerca de 90% dos manuscritos – representado nas edições críticas modernas pelos símbolos “M” (gótico) = majoritário (Nestle-Aland) ou Byz = bizantino (UBS). Embora os manuscritos mais antigos que contêm o Texto Majoritário não antecedam o século IV (a maioria é dos séculos VI a IX) o texto que refletem era considerado como bem mais antigo, datando mesmo dos primeiros séculos da era cristã.
4 Especialmente os maiúsculos ) (códice Sinaítico) e B (códice Vaticano).
5 O termo “eclético” refere-se ao fato de que o texto de Westcott-Hort é o resultado de várias escolhas feitas entre variantes disponíveis, seguindo critérios de evidências internas (como a leitura que melhor se encaixa no contexto, e a leitura que melhor explica o surgimento de outras variantes), sem maiores considerações para com evidências externas, tais como a história da transmissão do texto.
6 Uma exposição e avaliação bem mais elaborada pode ser encontrada em Wilbur Pickering, The Identity of the New Testament Text (Nashville: Thomas Nelson Publishers, 1980), no qual a presente exposição e avaliação em grande parte se baseiam.
7 F. G. Kenyon, Handbook to the Textual Criticism of the New Testament, 2ª ed. (Grand Rapids: William B. Eerdmans, 1951) 273.
8 Alexander Souter, The Text and Canon of the New Testament (London: Duckworth, 1913) 103.
9 Bruce Metzger, The Text of the New Testament: Its Transmission, Corruption, and Restoration (New York e Oxford: Oxford University Press, 1968) 129.
10 Kirsopp Lake, The Text of the New Testament. 6ª ed. rev. (Londres: Revington, 1928) 61.
11 Kenyon, Handbook to the Textual Criticism, 294.
12 J. H. Greenlee, Introduction to New Testament Textual Criticism (Grand Rapids: Eerdmans, 1964) 77.
13 Westcott & Hort, The New Testament in the Original Greek, 73.
14 Ibid., 282.
15 Ibid., 283.
16 Ibid., 20.
17 Ibid.
18 Ibid.
19 Ibid., 22.
20 Ibid., 49,106. Por conflação entende-se a combinação ou mistura proposital de duas variantes divergentes produzindo uma terceira leitura onde as divergências são suavizadas.
21 Mc 6.33; 8.26; 9.38; 9.49; Lc 9.10; 11.54: 12.18 e 24.53 (Ibid., 95-104).
22 Ibid., 106
23 Ibid., 91.
24 Em Recent Developments in the Textual Criticism of the Greek Bible (citado por Pickering, The Identity of the New Testament Text, 36).
25 Refiro-me principalmente aos papiros Chester Beatty (p45, p46 e p47), e ao papiro Bodmer (p66), descobertos no início da década de 1930, contendo variantes sírias.
26 Westcott-Hort, The New Testament in the Original Greek, 133.
27 Burgon chama de texto tradicional o que estamos chamando de Texto Majoritário: o texto evidenciado na grande maioria dos manuscritos.
28 O texto de Westcott e Hort era baseado principalmente nos códices ), B e D. Burgon considera estes manuscritos como “três das cópias mais escandalosamente corrompidas existentes (…) exibindo os textos mais vergonhosamente mutilados que podem ser encontrados (…) depositário do maior número de leituras fabricadas, erros antigos e perversões intencionais da Verdade’’ (The Revision Revised, 16).
29 Burgon preparou um texto revisado, onde exibiu a forma quase final do texto tradicional, corrigindo os defeitos encontrados no Textus Receptus de Stephanus e dos irmãos Elzevir (Kenyon, Handbook to the Textual Criticism, 307).
30 G. R. Gregory, Canon and Text of the New Testament (Edinburgh: T & T Clark, 1907) 462.
31 Esta coleção encontra-se no Museu Britânico (Souter, The Text and Canon of the New Testament, 102).
32 O título dessa obra, primeiramente publicada em 1871, foi The Last Twelve Verses of the Gospel according to St. Mark Vindicated Against Recent Objectors and Established (“Os Doze Últimos Versos do Evangelho segundo Marcos, Defendidos contra Objeções Recentes, e Estabelecidos”).
33 Publicada em 1896, em Londres, por George Bell and Sons.
34 Publicado em 1886 pela mesma editora.
35 Gregory, Canon and Text of the New Testament, 462.
36 George Salmon, Some Thoughts on the Textual Criticism of the New Testament; obra não publicada (Londres, 1897) 33.
37The Identity of the New Testament Text, 41-97. É principalmente no capítulo 4 desta obra que baseamos essa avaliação.
38 H. H. Oliver, Present Trends in the Textual Criticism of the New Testament, in Journal of Bible and Religion, 30 (1962) 311-312.
39 Metzger, The Text of the New Testament, 201.
40 Citado por Pickering, The Identity of the New Testament Text, 42.
41 Em Matth. tom. XV, 14; Patrística Grega, XIII, 1293. K. Clark cita exemplos específicos de alterações deliberadas no texto com propósitos doutrinários por parte de Marcião (em Lc 10.21; 18.19; Gl 1.1 Rm 1.16), Orígenes (Jo 2.15), Taciano (Mc 1.41; Mt 17.26), e pelo autor do Evangelho de Tomé (Lc 14.26; Mt 13.44). Cf. K. W. Clark “The Theological Relevance of Textual Variation in Current Criticism of the Greek New Testament’’ em Journal of Biblical Literature, 85 (1966) 1-16.
42 Westcott-Hort, The New Testament in the Original Greek, 29.
43 Em The Greek New Testament (citado por Pickering, The Identity of the New Testament Text, 78).
44 Em External Evidence (citado por Pickering, The Identity of the New Testament Text, 79).
45 Esta é a conclusão de C. Clark, professor de latim na Universidade de Oxford, em The Descent of Manuscripts.
46 Em Scribal Habits, 376-387
47 Metzger, The Text of the New Testament, 195.
48 Tais como Mt 27.41, Jo 18.40, At 20.28 e Rm 6.12. Cf. sua obra An Atlas of Textual Criticism, citado por Pickering, The Identity of the New Testament Text, 59.
49 Eis apenas alguns nomes de eruditos da área os quais confirmam que Hort nunca aplicou a genealogia, ou que o método é impossível de ser aplicado diante das dificuldades: Parvis, Colwell, Zuntz, Vaganay, Aland.
50 M. M. Parvis, “New Testament Text” em The Interpreter’s Dictionary of the Bible, vol. 4 (Nashville: Abington Press, 1952) 594-614.
51 A. F. J. Klijn, “The Value of the Versions for the Textual Criticism of the New Testament” em The Bible Translator 8 (1957) 127-130.
52 H. C. Thiessen, Introduction to the New Testament (Grand Rapids. Michigan: Eerdmans, 1955) 54-55.
53 Em The Revision Revised (citado por Pickering, The Identity of the New Testament Text, 96).
54 Citado por W. MacLean, The Providential Preservation of the Greek of the New Testament (Westminster Standard, 1977) 20.
55 Cf. Pickering, The Identity of the New Testament Text, 64-65.
56 Burgon, The Traditional Text, ix,x.
57 Kenyon, Handbook to the Textual Criticism, 322-323.
58 Ibid., 323.
59 Pickering, The Identity of the New Testament Text, 94.