Nos bastidores, Lava-Jato se queixa de Teori Zavascki
Para força-tarefa, decisão pode inibir atuação de juízes de primeira instância
CURITIBA E SÃO PAULO — A força-tarefa da Operação Lava-Jato teme que a decisão do ministro Teori Zavascki de tirar das mãos do juiz Sérgio Moro o processo contra o ex-presidente Lula e criticar atos do juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba iniba outros magistrados de primeira instância que receberam processos desmembrados da Lava-Jato. Na avaliação desses investigadores, os outros juízes podem se sentir menos à vontade para abrir o sigilo de investigações sobre crimes contra a administração pública.
Os investigadores que trabalham na força-tarefa, porém, avaliam que o “puxão de orelha” de Teori em Moro foi “além da conta”, especialmente pelo fato de o juiz do Supremo ter discutido o mérito de atos do magistrado.
— Teori não é juiz corregedor — reclamou um dos investigadores, que aposta na distensão do clima entre o Supremo e a Justiça Federal em Curitiba depois de Moro ter enviado carta pedindo desculpas aos ministros e afirmando não ter havido motivação político-partidária na divulgação de diálogos de Lula com políticos e integrantes do governo detentores de foro privilegiado.
A um interlocutor, o juiz revelou ter se surpreendido com a reação negativa de alguns setores da sociedade, que criticaram a exposição dos grampos. Moro também ficou descontente quando soube que a Polícia Federal havia colocado em um processo público a lista de políticos beneficiários de pagamentos da Odebrecht, na semana passada.
Adaptado do site do Jornal O Globo em 01/04/2016