“Eu estava esperando que a próxima testemunha de Jeová aparecesse à minha porta. Tão logo ela veio, atirei‑lhe um versículo bíblico após outro. Você deveria tê‑la visto dançar! Então lhe disparei João 1:1 bem no meio dos olhos e a derrubei!” Você conhece alguém que teve um desses encontros com uma testemunha? Se conhece, saiba que ele deve ter vencido a batalha mas perdeu a guerra.
Depois de uma rajada das Escrituras como a descrita acima, a testemunha ferida e sangrando correu de volta ao seu “ancião”, para receber dele proteção e conforto. Ele a remendou explicando lhe os versículos danosos e advertindo‑a a não escutar pessoas “argumentativas” novamente quando estiver pregando de casa em casa. “Não se preocupe”, responderá a testemunha de Jeová ferida. “Eu não quero nunca passar por isso novamente”.
Este volume contém bastante munição para incrementar o combate espiritual contra a fortaleza da Sociedade Torre de Vigia. Mas se um guerreiro cristão encontrar uma testemunha de Jeová e atacá‑la com toda a sua artilharia em uma rápida sucessão de fogo, o resultado provavelmente será desapontador. Uma vez que mesmo os líderes da Torre de Vigia sabem que a mente humana pode absorver apenas uma certa quantidade de informação de cada vez, eles instruem as testemunhas a planejarem um “estudo” de, no mínimo, seis meses com as pessoas que estão tentando converter. Apenas uma testemunha sem experiência bombardearia um ouvinte com um sermão de Adão ao Armagedom na primeira visita. As testemunhas de Jeová estão corretas em sua técnica, e esta é uma razão para o surpreendente crescimento da organização. Assim, nós fazemos bem em aprender com elas – não suas falsas doutrinas, é claro, mas seus métodos eficazes.
Entretanto, o melhor exemplo para o qual podemos nos voltar para aprendermos técnicas é o nosso Senhor Jesus Cristo. Como Instrutor Mestre, ele usava palavras selecionadas, bem como milagres, para atrair os homens para si próprio. Sendo que ele teve de ensinar alguns novos conceitos impressionantes aos judeus que se tornaram seus discípulos, podemos aprender muito com o seu exemplo em nossos esforços para compartilhar o verdadeiro evangelho com as testemunhas de Jeová.
Jesus sabia o quanto seus discípulos seriam capazes de absorver a cada vez, e ele não tentava superalimentá-los. Mesmo depois de ter ficado muitos meses com os apóstolos, ele lhes disse: “Ainda tenho muito que vos dizer; mas vós não o podeis suportar agora” (João 16:12). 0 evangelho consiste tanto de alimento “sólido” como de “leite” (Heb. 5:12-14). Se você dá alimento sólido para um bebê muito cedo, ele se sufocará com o alimento e o cuspirá fora. Compreendendo que deve levar muito tempo para que uma testemunha- de-jeová desaprenda as falsas doutrinas da Torre de Vigia e reaprenda a verdade da Bíblia, nós não devemos dar-lhe muito para digerir de cada vez.
Jesus podia deixar para mais tarde muito do que tinha para dizer, porque sabia que o Espírito Santo continuaria ensinando os discípulos – “Quando vier, porém, aquele, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda verdade” (João 16:13). Nós também deveríamos crer que o Espírito Santo ensinará os novos crentes de hoje, tal como fez no primeiro século. Não precisamos nos responsabilizar em corrigir todas as noções erradas que uma testemunha tem em sua mente. 0 Espírito Santo prosseguirá do ponto onde paramos.
Além disso, Jesus era um pastor ‑ não um vaqueiro! Ele não conduzia o rebanho atirando e estralando o chicote como fazem os vaqueiros na condução do gado. Ele gentilmente conduzia o rebanho. Jesus chamava e suas ovelhas ouviam sua voz e o seguiam. Nós podemos fazer o mesmo apresentando amavelmente o evangelho da palavra de Deus, confiantes de que as ovelhas irão ouvir e seguir sem que tenhamos que intimidá‑las a fazer isso. As testemunhas de Jeová estão habituadas a ouvirem as ameaças de seus anciãos. Nós devemos fazer o contrário.
Note também os métodos e ensinamentos que Jesus usou. Observando rapidamente os quatro Evangelhos você observará que muitas de suas sentenças têm ponto de interrogação no final. Pontos de interrogação têm o formato de anzóis ‑ “?” ‑ e funcionam da mesma forma para fisgar respostas e as colocar para fora da boca das pessoas. Jesus era muito hábil em usar esses anzóis de pescaria. Ao invés de passar informações aos seus ouvintes, ele usava perguntas para extrair respostas deles. Uma pessoa pode fechar seus ouvidos para os fatos que não quer escutar, mas se uma pergunta aguçada a leva a formular uma resposta em sua própria mente, ela não pode escapar da conclusão ‑ porque é a conclusão à qual chegou por si só.
Por outro lado, se nós fornecemos as respostas, os efeitos podem ser bem diferentes. Por exemplo, nós podemos dizer a uma testemunha de Jeová: “Você tem estado iludida! A organização Torre de Vigia é um falso profeta! Você precisa de salvação!” Mas, se ela não chegou a estas conclusões em sua própria mente, provavelmente ficará ofendida e rejeitará qualquer outra coisa que você tenha a dizer. Portanto, se nós queremos que ela chegue a estas conclusões devemos guiar seus pensamentos nesta direção. Melhor do que comentar: “Olhe o que este versículo diz! Diz que Jesus é Deus!” é pedir a testemunha que leia o versículo em voz alta e então perguntar: “A quem o escritor estava se referindo neste versículo?… O que ele diz a respeito dele?” e assim por diante. A testemunha de Jeová talvez não dê a resposta correta em voz alta, mas você verá sua expressão facial mudando quando compreender o que você quis dizer.
Empatia é muito importante para que alcancemos esses indivíduos desencaminhados. Tente imaginar o quanto você gostaria que os outros lhe falassem, se fosse um dos que estivessem desencaminhados. Portanto lembre‑se que “tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei‑lho também vós a eles…” (Mat. 7:12). O apóstolo Paulo demonstrou este tipo de empatia no sermão que apresentou aos atenienses (At. 17:16‑34). As Escrituras nos dizem que: “…revoltava‑se nele o seu espírito, vendo a cidade cheia de ídolos” (v. 16). Mas, ao invés de deixar que esta revolta se tornasse uma fonte de repreensão contra aqueles idólatras, Paulo se conteve e procurou um ponto de identificação para lhes falar. E disse: “Varões atenienses, em tudo vejo que sois excepcionalmente religiosos; porque, passando eu e observando os objetos do vosso culto, encontrei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais sem o conhecer, é o que vos anuncio” (v.22‑23).
Nós podemos fazer o mesmo admitindo para as testemunhas de Jeová que apreciamos o, seu zelo e o seu desejo de servir a Deus.
Alguns anos atrás dois jovens missionários mórmons contataram a minha esposa Penni, e marcaram uma entrevista. No decorrer da discussão naquela tarde eu “coloquei todas as cartas na mesa” e os desafiei fortemente a respeito da autenticidade do Livro de Mórmon. Eles estavam visivelmente abalados quando saíram, mas nunca mais voltaram à nossa casa, e nós nunca mais os vimos. Recentemente, dois mórmons diferentes nos contataram, e nós marcamos outra entrevista. Mas desta vez apliquei alguns dos princípios delineados neste capítulo, dando‑lhes informações de uma maneira gentil e paulatina. Como resultado, tivemos uma série de entrevistas com eles, o que nos deu oportunidade de plantar muito mais sementes, pelas quais oramos para que sejam aguadas e cresçam em direção a Deus (1 Cor. 16,7).
A nossa segunda tentativa alcançou mais sucesso, e isso me faz lembrar a história de um garoto que era considerado retardado pelos outros garotos da vizinhança. Sabendo que ele, na verdade, era muito inteligente, um vizinho mais velho perguntou aos garotos que zombavam dele por que o perturbavam. “Nós nos divertimos com ele porque é muito bobo”, respondeu um deles. “Se você toma duas moedas em sua mão, uma grande de pequeno valor e uma pequena de grande valor, e lhe oferece essas moedas, ele sempre escolherá a moeda de menor valor”. Mais tarde, quando aquele senhor procurou o garoto “retardado” e lhe perguntou por que fazia isso, ele respondeu: “No final da semana eu tenho o bolso cheio de moedas. Mas se escolhera moeda de maior valor a brincadeira terminará”.
Portanto, se for o caso, colete as moedas vagarosamente ou encontre pontos de identificação, ou use questões indutivas, ou deixe um pouco do que você gostaria de falar para depois ‑ ou use a combinação de todas as técnicas quando julgar apropriado ‑ mas devemos orar e estudar as nossas abordagens, facilitando o caminho para que a nossa mensagem alcance os corações e as mentes de nossos ouvintes.
Mas, acima de tudo, a nossa esperança de sucesso deve residir no Senhor mais do que em nós mesmos, não importa o quanto estejamos preparados.
Uso poderosas armas de Deus ‑ e não as que são feitas por homens ‑para derrubar as fortalezas do diabo. Essas armas podem derrubar todo argumento arrogante contra Deus e toda muralha que possa ser erguida para impedir os homens de encontrá‑lo (II Cor. 10:4,5, O Novo Testamento Vivo).
Extraído do livro “As Tjs Refutadas Versículos por versículos”