Por que muitas mulheres cristãs estremecem diante do ensinamento bíblico da submissão? Porque muitos maridos são autoritários e se consideram superiores a elas, não respeitando a sua sensibilidade. Biblicamente, a relação homem-mulher deve ser, antes de tudo, uma relação de igualdade e respeito mútuo (ICo. 7.3-5).
“Atrás de um grande homem há uma grande mulher” é um provérbio popular que não se coaduna com as Escrituras. Deus formou Eva a partir de uma das costelas de Adão (Gn. 2.18-22) para demonstrar que a mulher não deve estar nem à frente e nem atrás, mas ao lado do homem. A Bíblia não diz que a mulher é inferior ao homem. Ela é o “vaso mais fraco” (IPe. 3.7). Quer dizer, mais frágil, mais sensível e, por isso, deve ser amada e honrada pelo marido (Ef. 5.25-29).
Paulo compara a submissão à sujeição de Jesus a Deus (ICo. 11.3). Tanto o Filho quanto o Pai pertencem à Trindade e são iguais em poder (Mt. 28.19; Jo. 10.30). Todavia, Cristo, por amor ao Senhor, submete-se voluntariamente a Ele, recebendo dEle toda a honra (Fp. 2.5-11). Além disso, Paulo ensina: “De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seu marido” (Ef. 5.24). E Cristo não obriga ninguém a obedecê-lo (Lc. 9.23; Tg. 4.8).
Não há submissão se esta não for voluntária. A mulher deve se sujeitar ao marido “como convém no Senhor” (Cl. 3.18) e “como ao Senhor” (Ef. 5-22). Exigir submissão da mulher e, ao mesmo tempo, não tratá-la com o amor e o respeito que ela merece, irritando-se contra ela, é assumir a postura de um “ditador do lar”, com quem o Senhor não tem nenhum compromisso (Cl. 3.19; IPe. 3.7).
Deus não faz acepção de pessoas (At. 10.34). Ele não vê sexo, raça, idade, posição social. Ele vê alma. E esta não tem sexo (Mt. 22.30). Por que, então, alguns homens se consideram superiores? Deus fez a mulher diferente do homem para que ambos se completem. Nesse caso, existem tarefas que o homem desempenha melhor, enquanto há atividades em que o talento feminino se sobressai.
E nas igrejas? Não estariam os homens impedindo as mulheres de exercerem o ministério? Esta questão é polêmica. Mas a Bíblia é clara com respeito a isso. Embora as mulheres tenham importante papel ao longo das páginas do Novo Testamento, aparecendo na linhagem e no ministério de Cristo (Mt. 1.3-6,16; Lc 8.1-3), Deus conferiu aos homens, em regra geral, o exercício da liderança eclesiástica.
Exigir submissão da mulher, e não tratá-la com o amor que ela merece, é assumir a postura de um “ditador do lar”, com quem o Senhor não tem compromisso
Na Igreja Primitiva, as mulheres se ocupavam da oração (At. 1.14) e do serviço assistencial (At. 9.36-42; Rm. 16.1-2). E algumas se notabilizaram como fieis cooperadoras do apóstolo Paulo como Febe, Priscila, Júnia, Trifena, Trifosa etc. (Rm. 16), além de Lídia, a vendedora de púrpura (At. 16.14). Não há referência, contudo, a mulheres exercendo atividades pastorais.
Jesus escolheu 12 homens para compor o ministério da Igreja nascente (Mt. 10.24). Na escolha dos primeiros diáconos, que poderiam vir a ser ministros, caso tivessem chamada de Deus para tal e servissem bem ao ministério (Hb. 5.4; ITm. 3.13) os apóstolos disseram: “Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões…” (At. 6.3). No primeiro concílio, em 52 d.C. os rumos da Igreja foram traçados por homens (At. 15). E, em Apocalipse 2 e 3, são mencionados os pastores das igrejas da Ásia.
Não há nas Escrituras a menção a pastoras ou “bispas” como cargos ministeriais. A única vez que a Bíblia emprega a palavra pastora é no sentido estrito de cuidar de ovelhas: “…Raquel com as ovelhas de seu pai; porque ela era pastora” (Gn. 29.9). Quanto à “bispa”, trata-se de uma palavra que nem existe, uma vez que o feminino de bispo seria episcopisa.
As mulheres podem e devem pregar o evangelho, orar pelos enfermos e desempenhar todas as tarefas de um seguidor de Jesus (Mc. 16.15-18), pois também são cooperadoras de Deus (ICo. 3.9). O que lhes é vedado é o desempenho de funções reservadas aos ministros como, por exemplo, ungir enfermos (Tg. 5-14). Muitos obreiros impedem as mulheres de testemunhar, aplicando erroneamente o texto de ICo. 14.34, em que Paulo se opõe ao falatório na casa do Senhor e não à pregação (verso 35).
No Cristianismo genuíno não há espaço para o machismo e o feminismo, movimentos extremados que não reconhecem a verdadeira posição do homem e da mulher na sociedade. O primeiro considera a mulher inferior, enquanto o outro trata o homem como um demônio. No corpo de Cristo há lugar para ambos os sexos, desde que reconheçam, à luz das Escrituras, a sua posição.
Em resumo, o marido cristão deve amar e respeitar a sua esposa, enquanto esta, espontaneamente, lhe é submissa. Nas igrejas, os obreiros devem estimular as mulheres a trabalhar com dedicação na obra de Deus. E as irmãs devem manter-se fieis a Deus, não almejando cargos para os quais não foram chamadas “…sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que vosso trabalho não é vão no Senhor” (ICo. 15.58).
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Pr. Ciro Sanches Zibordi