Sinergismo não é semipelagianismo

salvado do pecado

Frequentemente ouço pessoas insinuarem que dizer que os seres humanos “cooperam” com a graça de Deus em um processo de salvação (sinergismo) é essencialmente a mesma coisa que a heresia do semipelagianismo; isto é, a ideia de que o esforço humano tem ao menos uma parte de responsabilidade ao iniciar o processo da salvação. Implícito por trás desta afirmação parece estar a ideia de que qualquer coisa que não seja monergismo está na fronteira da heresia. Não é bem uma heresia escancarada (pelagianismo), mas bem próximo (semipelagianismo).

Existem tanto razões históricas quanto teológicas para rejeitar esta afirmação. Historicamente, deveríamos pelo menos reconhecer que o semipelagianismo foi um movimento que surgiu depois da época de Pelágio, estava principalmente associado com certos grupos monásticos no 5º e 6º séculos e foi condenado como herético no Segundo Concílio de Orange (529 d.C.). Portanto, historicamente, chamar alguém de semi-pelagiano seria chama-lo de herético – não apenas quase herético.

Teologicamente não é verdade que os sinergistas são necessariamente semipelagianos. E aqui se torna muito importante definirmos os nossos termos.

Pelagiano: qualquer sistema em que o ser humano seja capaz de alcançar a salvação inteiramente por si mesmo sem a assistência divina, além da graça comum (isto é, a graça necessária para que qualquer ser exista). Além do fato que o pelagianismo negou o pecado original.

Semipelagianismo: qualquer sistema em que o processo de salvação seja iniciado pelo ser humano sem assistência da graça, a não ser da graça comum, mas no qual o processo de salvação é sinergicamente completado pela interação cooperativa divina e humana.

Sinergismo: qualquer sistema que afirme algum tipo de cooperação interativa divina e humana no processo da salvação.

Baseado nestas definições, podemos chegar às seguintes conclusões:

Usando estas (breves) definições, podemos dizer que muitas soteriologias proeminentes são sinergísticas, mas não semipelagianas (por exemplo: Wesleyanos). Quando teólogos fazem generalizações dizendo que todos os sinergistas são semipelagianos, questionam a ortodoxia de grandes segmentos do cristianismo, incluindo quase todos os Pais da Igreja. (clique aqui e leia)

Entenda este artigo como um apelo a todos os monergistas. Por favor, pare de afirmar que o sinergismo é simplesmente semipelagianismo. Esta afirmação não é histórica nem teologicamente correta.

http://marccortez.com/2010/11/20/synergism-is-not-semi-pelagianism/#comments

Sobre Marc Cortez: Prof de teologia de Wheaton College, marido, pai e blogueiro que ama teologia, história da igreja, cultura pop, livros e a vida em geral.

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