No espiritismo não existe apenas fraude. Não podemos negar a existência lá de obras milagrosas. Isto é perfeitamente explicável pela presença dos poderes das trevas. As evidências de milagres e curas, no meio espírita, é o que torna o espiritismo mais terrível e abissal. Pelo que já vimos, tais milagres não vêm de Deus. Pelos próprios efeitos dessas práticas ocultistas, sabemos que procedem do poder do maligno. Certo senhor de 62 anos de idade procurou a ajuda de um conhecido benzedor, e ficou interessado na arte de curar. Então, perguntou ao médium como se conseguia aquilo. O benzedor respondeu: “Eu mesmo estou me arruinando com isso, mas sou obrigado a fazê-lo enquanto viver.”
Não podemos negar o poder satânico na realização de coisas espantosas, como cura, solução de problemas, bem como fazer o mal a alguém, e assim por diante. Depois dos poderes espirituais de Deus, estão os poderes espirituais do diabo. O inimigo não se apresenta para as pessoas decentes naquela forma de sua conhecida caricatura, com chifres e rabo. Ele aparece por meio de pessoas e sugestões. É assim que os seus grandes sinais e milagres são feitos. Prevendo o que estamos vendo agora, Jesus disse o seguinte a respeito do assunto: “Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos” (Mateus 24:24).
O diabo tem usado as suas forças ocultas para realizar milagres em todos os tempos. Já no tempo de Moisés era assim. É o que lemos no livro do Êxodo, que diz que o diabo fazia seus milagres, procurando imitar os grandes feitos sobrenaturais de Deus. Diz o texto: “Os magos do Egito fizeram também o mesmo, com as suas ciências ocultas; de maneira que o coração de Faraó se endureceu, e não os ouviu, como o Senhor havia dito” (Êxodo 7.22). As obras do diabo sempre fecham o coração do homem para Deus, separando-o da fonte divina de poder e arruinando-o para sempre, a menos que se converta a Cristo. Os que recebem os supostos benefícios de benzedores e de médiuns, ou de qualquer outra fonte ocultista, pagam muito caro, mais cedo ou mais tarde. Muitos pagam com a própria alma. O preço que se paga a Satanás pela recuperação da saúde ou pela solução de algum problema é a morte do corpo e da alma. Ignorando este perigo, algumas pessoas dizem: “O que interessa é a minha saúde. Não importa se vem de Deus ou do diabo.” Esse é o pior negócio da vida. Foi o negócio que o diabo fez com Judas, o qual pouco se incomodou se estava do lado de Cristo ou do lado do diabo. Ele precisava de trinta moedas de prata. Isto era tudo. O resto, para ele, era insignificante. O texto evangélico que fala do pacto da traição diz que Satanás entrou em Judas. O traidor então procurou as autoridades religiosas e com elas se entendeu, combinou e concordou. Tudo parecia legítimo e até um ato religioso, sem maiores consequências (Lucas 22:3-6). O negócio não foi difícil. O evangelista Mateus resume tudo nestas palavras: “Que me quereis dar e vô-lo entregarei?” — perguntou Judas. “E pagaram-lhe trinta moedas de prata” (Mateus 26:15). O traidor pensava, talvez, que toda a sua transação com Satanás estava terminada, quando recebeu as trinta moedas. Mas, não. Estava enganado. Dizem que o avarento é o seu próprio verdugo. Mas quase sempre o verdugo do avarento é Satanás mesmo. Foi assim no caso de Judas. O diabo nunca coloca dinheiro na mão de ninguém, a não ser que tenha um plano traidor. É assim com as demais coisas que o diabo oferece através dos espíritas. Ele é um traidor. O diabo levou Judas a trair Jesus, mas Judas não sabia que estava sendo traído por Satanás. E assim, o mesmo Satanás que conduziu a Judas para vender Jesus, conduziu-o também para morrer com as próprias mãos, logo depois que as autoridades religiosas haviam condenado Jesus à morte. “Então Judas, atirando para o santuário as moedas de prata, retirou-se e foi enforcar-se” (Mateus 27.5). O que aconteceu com Judas pode também acontecer com qualquer pessoa, que aceita das mãos dos espíritas qualquer favor envolvido com práticas ocultistas. Ê por isto que as Sagradas Escrituras condenam tais práticas, assim como o uso de benzeduras, mensagens mágicas, exorcismos, pêndulos, horóscopos e tantos outros meios de magia.
Muitos acham que estas coisas são hábitos inofensivos. Dizem que são coisas praticadas por pessoas amantes do folclore ou da ciência. Ora, é preciso dizer que não confundamos estas coisas com ciência ou com folclore. Não confundamos ciência e folclore com espiritismo e bruxaria. E muito menos as coisas de Deus com as do diabo. Isto de chamar científica uma religião, cujas doutrinas e práticas estão contra a Bíblia e contra a razão, é mera pretensão. Só a pseudociência está contra os ensinos e doutrinas das Sagradas Escrituras. A verdadeira ciência sempre está em harmonia com a Bíblia. Por isso devemos ter muito cuidado com as conclusões apressadas a que chegam alguns pseudocientistas, quando fazem afirmações sobre os fenômenos espíritas.
LIVRO: O ESPIRITISMO E A BÍBLIA – RTM – EDITORA S/C
REVERENDO DAVI NUNES DOS SANTOS