Santo Daime – O culto do cipó

São bem oportunas as palavras bíblicas de Romanos 1.22: “Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos”, quando nos propomos a falar sobre o grupo religioso SANTO DAIME. Dizemos isso porque, nesse grupo religioso, aparentemente desconhecido, existem celebridades da TV que já se pronunciaram publicamente como membros dele. E não é só isso. Até o famoso pastor Neemias Marien já fez parte de reuniões religiosas onde o chá foi bebido.

Conta ele: “Concentrado no culto, cantei, com o mais vivo entusiasmo, todas as canções de louvor, mas sempre muito atento às mínimas ocorrências envolvendo os circunstantes. Vi nocauteada a resistência de muitos que se entregavam relaxados nos colchonetes e poltronas espalhados pela sala. Vi outros se transfigurarem, em êxtase, os olhos vítreos esbugalhados. Um jovem tomou-me a mão, como um náufrago perdido no mar e, literalmente, urrava como leão. Muitos vomitavam, enquanto outros corriam ao banheiro. Um outro virou uma estátua vibrante, o tempo todo em obediência a seus chakras, segundo disse. Então, após o segundo cálice, comecei a sentir as mãos frouxas e uma ligeira cãibra nas pernas, dando-me a impressão de desmaio, embora em momento algum me sentisse tenso. Procurei cantar com mais entusiasmo, mas logo percebi ser melhor procurar o sofá, no qual o meu corpo caiu pesado. Foi nesse instante que, relaxado, rendi-me ao DAIME, sem alucinações, mas com a consciência da purificação espiritual centrada em Jesus.”(…) “Creio que, também, pelo Santo Daime, pode-se contemplar a luz divina e alcançar a purificação do espírito e a cura interior.”(JESUS, A Luz da Nova Era, pp.120/21).

Pode haver maior apostasia do que essa, de se ler um pastor afirmar que “contemplou a luz divina” e alcançou a “purificação do espírito e cura interior” depois que tomou o chá ??? A luz divina, como sabemos pela Bíblia, é Jesus Cristo: “Ali estava a luz verdadeira, que alumia a todo o homem que vem ao mundo” (Jo 1.9). Purificação do espírito se faz pelo sangue de Jesus e não por tomar-se um chá – “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” (Jo 1.29). E cura interior alcançamos quando atendemos ao convite de Jesus, em Mt 11.28,29: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.”


EFEITOS DO CHÁ 

A bebida é preparada com o cozimento de dois vegetais da floresta amazônica: o cipó jagube (Banisteriopsis caspi) e a folha chacrona (Psychotria veridis). É conhecida como ayahuasca ou, abreviadamente, OASCA. É ingerida para proporcionar vidências, comunicação com espíritos, alívio físico e psíquico, curas, etc. É uma porta aberta para os estados alterados de consciência. Produz um desarranjo intestinal tão violento que a pessoa que o bebe sente necessidade de ter ao seu lado um vomitório móvel porque não há tempo de ir ao banheiro comum.

O NOME

DAIME – dizem – vem do verbo dar, no imperativo. “‘Daime’ paz, ‘Daime’ saúde, ‘Daime’ felicidade!” – é a aspiração dos membros da entidade. É um tipo de seita eclética, uma mistura de espiritismo, cultos afro-brasileiros e catolicismo romano, resultantes de três culturas (a branca, a negra e a indígena). O livro sagrado que adotam é o seu hinário. As letras dos hinos constituem a diretriz para os seguidores. Todos os ensinamentos são ministrados por hinos naquele estado alterado de consciência proporcionado pelo Daime, encontrando-se neles suas crenças básicas. A principal característica do Santo Daime é o canto. São conhecidos também como “Povo de Juramidam”, expressão composta de Jura (pai) e Midam (filho). Tal é o nome que o iniciador da seita diz ter recebido das entidades divinas. Juramidam representa a segunda volta de Jesus à terra, sendo assim o povo de Juramidam o povo de Jesus Cristo. Impossível para um leitor da Bíblia ler sobre um tipo de culto envolvido com práticas mediúnicas, idolatria e feitiçaria, admitir que seja “povo de Jesus”. O próprio Jesus declara ser a luz do mundo e que aquele que o segue não andará em trevas (Jo 8.12). Em nenhuma passagem bíblica se encontra qualquer ensino de Cristo que se assemelhe a um ensino que envolva espiritismo, feitiçaria e idolatria.


O FUNDADOR

O fundador, Raimundo Irineu Serra, nasceu em 1892, no Maranhão, e faleceu em 1971. Aos 20 anos de idade, integrou um movimento migratório de nordestinos para trabalhar na extração de látex. Na floresta amazônica Irineu e seus companheiros foram misturando a sua cultura com a dos índios e aprenderam a preparar a bebida, que lhe provocava “visões”. Numa dessas “visões” apareceu-lhe uma mulher chamada Clara, que se dizia Nossa Senhora da Conceição, a Rainha da floresta. Ela falou-lhe: “Quem é que tu acha que eu sou? Ele olhou e disse: Para mim a senhora é uma Deusa Universal. Tu tem coragem de me chamar de Satanás, isso ou aquilo outro? Não, a senhora é uma Deusa Universal. Tu achas que o que tu está vendo agora, alguém já viu? O mestre Irineu refletiu e achou que alguém já podia ter visto, tantos que faziam a bebida que ele podia estar vendo o resto. A senhora então disse: O que você está vendo agora ninguém jamais viu, só tu. E eu vou te entregar esse mundo para tu governar. Agora tu vai se preparar, porque eu não vou te entregar agora. Vai ter uma preparação para ver se você tem merecer verdadeiramente: você vai passar oito dias comendo só macaxeira (mandioca) cozida, com água e mais nada.”

Relatou Irineu que foi ela quem deu o nome de Santo Daime à bebida e ditou normas para a realização do ritual. Ele adquiriu poderes extra-sensoriais e aí passou a ter vidência e a comunicar-se com os mortos. Nas reuniões evocam Jesus Cristo e os santos católicos como Nossa Senhora da Conceição, São João Batista, São José. Paralelamente evocam entidades indígenas como Tuperci, Ripi Iaiá, Currupipipiraguá, Equior, Tucum, Barum, Marum Papai Paxá, B. G., Rei Titango, Rei Agarrube, Rei Tintuma, Princesa Soloína, Princesa Janaína e Marachimbé.

HISTÓRIA

Em 1945, Mestre Irineu fundou o Centro de Iluminação Cristã Luz Universal, que chegou a congregar 500 membros efetivos. Um discípulo de Irineu, o seringueiro padrinho Sebastião, fundou outra comunidade, a Colônia Cinco Mil, também no Estado do Acre, que no foro civil foi registrada como entidade filantrópica, tendo o nome de CEFLURIS (Centro Eclético de Fluente Luz Universal Raimundo Irineu Serra). Depois da morte do fundador em 1971, o padrinho Sebastião o substituiu na direção da entidade, vindo a falecer em 1990. O filho de Sebastião, o padrinho Alfredo Gregório de Melo, está na liderança do movimento Santo Daime que, atualmente, conta por volta de 30 núcleos e para mais de cinco mil adeptos.

FESTIVIDADES

Quase na totalidade seguem as festividades dos dias santos do catolicismo, juntando mais uma festa extra na data do nascimento do fundador (15 de dezembro). O ano religioso tem começo aos 6 de janeiro, em homenagem aos “Três Reis do Oriente”, seguindo-se as datas de 20 de janeiro (São Sebastião), sexta-feira santa, 24 de junho (São João Batista), 2 de novembro (Finados), 8 de dezembro (Nossa Senhora da Conceição, padroeira dos trabalhos).

DOUTRINAS E REFUTAÇÕES

RITUAL

Dentro do ritual encontramos práticas religiosas ligadas à idolatria, à feitiçaria e às cerimônias católicas.

a) Idolatria:

O Estatuto da CEFLURIS declara, entre outros pormenores, os seguintes itens, esclarecendo que a entidade é “fundamentada no Ritual do Ecletismo Evolutivo, ou seja, de várias correntes religiosas que se interpenetram, tendo como ponto de partida o Cristianismo.” (p. 41 da revista PERGUNTE E RESPONDEMOS, setembro/90).

Comentário: O Santo Daime é formado por várias correntes religiosas como catolicismo, cultos afro-brasileiros e indígenas. Ora, o ecletismo religioso é uma abominação aos olhos de Deus. Apontamos como exemplo o povo israelita no deserto, acampado junto ao Monte Sinai. Enquanto Moisés estava no Monte Sinai, o povo embaixo resolveu prestar um culto a Deus, criando um ídolo na forma de um bezerro de ouro. Depois de pronto instituíram uma festividade e a justificaram com os seguintes dizeres: “Estes são os teus deuses, ó Israel, que te tiraram da terra do Egito. E Arão, vendo isto, edificou um altar diante dele; e Arão apregoou, e disse: Amanhã será festa ao Senhor.” (Êx 32.4,5). Como Deus encarou uma festividade eclética entre ele e o bezerro de ouro? Disse Deus a Moisés, lá no Monte Sinai: “Vai, desce; porque o teu povo, que fizeste subir do Egito, se tem corrompido. E depressa se tem desviado do caminho que eu lhes tinha ordenado; fizeram para si um bezerro de fundição, e perante ele se inclinaram, e sacrificaram-lhe, e disseram: Estes são os teus deuses, ó Israel, que te tiraram da terra do Egito.” (v. 7,8). As práticas ligadas à idolatria foram mais tarde condenadas pelos profetas: “Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória pois a outrem não darei, nem o meu louvor às ../imagens de escultura.” (Is 42.8). “Eu anunciei, e eu salvei, e eu o fiz ouvir, e deus estranho não houve entre vós, pois vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor; eu sou Deus.” (Is 43.12).

b) Feitiçaria:

Sabemos que os cultos afro-brasileiros tributam louvores a entidades também conhecidas como orixás, que pensam ser os intermediários entre o deus Olurum e os homens.

Ora, sabemos que tais entidades espirituais, embora sejam chamados “santos”, na verdade são espíritos demoníacos que povoam os ares como afirma Paulo em Ef 6.12: “Porque não temos que lutar contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.” Afirmamos: o que consta do estatuto nada tem a ver com o cristianismo. Quando há genuína conversão a Deus, há o abandono dos ídolos e de todo o ecletismo. Jesus foi enfático dizendo: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro.” (Mt 6.24).

c) Ritual da bebida:

O cipó é cortado em pedaços de 20 cm de comprimento. A partir das 2 horas da madrugada, realiza-se a “bateção”: turmas de 12 homens revezam-se de duas em duas horas no trabalho de esmagar os pedaços de jagube sobre troncos de árvores fixos no solo, utilizando marretas de cumaru, pau tirco ou bálsamo, sendo que o ritmo é acompanhado por hinos adequados. A bateção significa purificação em si e serve para o sujeito se disciplinar. O cozimento do cipó macerado e das folhas, se dá na proporção de duas medidas de cipó para uma das folhas de chacrona e é uma das etapas mais delicadas do ritual. Não se deve conversar com a pessoa encarregada, pois ela controla o ponto de fervura da bebida, que é indicado por uma entidade do Santo Daime presente no plano astral, a qual se manifesta no momento em que se completa o cozimento para que a panela seja retirada da fornalha. Todos são avisados desse procedimento através de uma campainha acionada pelo encarregado.

Essa entidade, que desce e se manifesta no momento em que é completado o cozimento, é uma das manifestações malignas, embora possa ser chamada por nomes indígenas como Tuperci, Ripi Iaiá, Currupipipiraguá, Equior, Tucum, Bvarum, Marum Papai Paxá, B. G. , Rei Titango, rei Agarrube, Rei Tintuma, Princesa Soloína, Princesa Janaína e Marachimbé.

d) Cerimônias católicas:

Durante o ritual rezam missa em favor dos falecidos e cantam-se dez hinos sem instrumentos musicais, sem bailados. Reza-se um terço, ficando o Salve Rainha para o término da sessão. Essa prática é ligada à Igreja Católica.

Não se deve celebrar missas aos mortos, porque elas são inúteis. Jesus afirmou que se alguém morrer sem crer nele como único e suficiente Salvador nunca poderá ir para onde ele foi. Jesus foi para o céu de onde virá para buscar o seu povo (Jo 8.21,24; Jo 14.2,3). O ritual do Santo Daime é ritual pagão, impróprio e condenado pela Bíblia em Dt 18.9-12.


APARIÇÃO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO

Relata o Mestre Irineu que recebeu uma visão de uma senhora divina que ele pensou ser uma deusa Universal, identificando-a até como se fosse Satanás. Entretanto, posteriormente, na própria “visão”, foi esclarecido de que se tratava de Nossa Senhora da Conceição.

Para os que têm a Bíblia e a consideram como autoridade maior no campo religioso, devem ter presente as palavras de Paulo – em Gl 1.8,9 – que afirmam: “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. Assim como já vô-lo dissemos, agora de novo também vô-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.” Ora, se esse grupo religioso tem como “princípio básico e fundamental o Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo” como reza o item 2 do Estatuto, deveria saber que o evangelho que Jesus pregou incluía o arrependimento e fé na sua pessoa (Mc 1.15), pois sem arrependimento ninguém poderia salvar-se (Lc 13.3); e que afirmava a necessidade da sua morte, sepultamento e ressurreição como meio de salvação.(Mt 16.21-23; 20.28). Jesus nada ensinou sobre ecletismo, mas foi incisivo ao afirmar que existem “duas portas” e “dois caminhos” que levam a dois fins distintos. “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que o encontram” (Mt 7.13,14).

UM CULTO ABSURDO

É tão absurdo esse culto do Santo Daime que se declara: “Há quem vomite e quem seja cometido de desarranjos intestinais, ou as duas coisas juntas. E com que objetivo? Ocorrendo a ânsia de vômitos e a diarréia depois que se toma o chá é que a pessoa está passando por uma espécie de ‘limpeza espiritual’. Ou seja, de alguma maneira está se livrando de tudo aquilo que a impede de estar em comunhão com Deus” É esse um culto racional? Paulo recomenda que apresentemos os nossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o nosso culto racional (Rm 12.2).


Bibliografia das obras consultadas:

1. MELO, Fernando dos Reis de. Religião & Religiões – Perguntas que muita gente faz. Editora Santuário.

2. BETTENCOURT, Estevão Tavares. Crenças, Religiões, Igrejas & Seitas: quem são?

3. MARIEN, Pr. Nehemias. Jesus à Luz da Nova Era. Editora Record.

4. Revista “Pergunte & Respondemos”, nº 340, setembro de 1990, pp.38/48.

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