Salve Jorge: Uma Veneração ao Santo?

Se São Jorge, o santo guerreiro, tivesse perfil no Facebook, ele estaria pronto para a batalha instaurada nas redes sociais desde a estreia de “ Salve Jorge ”, nova novela das 21h da TV Globo. De um lado, os evangélicos criticam fervorosamente a temática da trama de Glória Perez – que faria homenagem ao orixá Ogum, correspondente a São Jorge na umbanda e no candomblé no sincretismo religioso. Do outro estão os devotos do santo homenageado, que rejeitam as observações contrárias ao folhetim.

Pastor da igreja Assembleia de Deus, em Jundiaí (SP), José Donizeti divulgou em seu perfil no Facebook uma imagem onde aponta algumas mensagens supostamente subliminares que estariam contidas na logomarca da novela. Segundo o religioso, as duas pedrinhas vermelhas colocadas ao lado da palavra “salve” simbolizam a união dos orixás e a adoração a entidades espíritas.

“Na verdade, o nome desta novela é ‘Adoradores de Ogum’!”, alerta o pastor na imagem, que já contabiliza incríveis 52 mil compartilhamentos. “Aí vai o alerta para você. Depois, se sua vida começar a ser amaldiçoada por assistir este lixo, não reclama que Deus não te avisou!”, completa.

Segundo Donizeti, nos cultos que ministra, ele não orienta os fieis presentes a não assistir à trama. “Só digo que não é certo, a pessoa toma a decisão. Na nossa igreja, é proibido proibir”, diz. “Pra gente, o que é Ogum? Nós, evangélicos, cremos em um único e verdadeiro Deus, que é o senhor Jesus Cristo. Quando se fala em adorar Ogum, em fazer algo para ele, isso vai contra a fé evangélica. É uma coisa que temos direito de alertar os fiéis”.

Para Manoel Alves de Souza , presidente da Federação Brasileira de Umbanda, o movimento provocado pela ala evangélica “é uma sandice desses indivíduos”. “Não tem nada a ver. Na verdade, a umbanda não adora o orixá. Ela trabalha com os orixás e os respeita. Esse negócio de adoração está na cabeça deles. Trabalhamos com os orixás, com os elementos da natureza”, explica.

No catolicismo, a homenagem ao Dia de São Jorge é opcional desde 1969, por ordem do Vaticano. Na época, o papa Paulo VI promoveu uma reforma no calendário litúrgico e tornou a celebração opcional porque não há documentação histórica que comprove a existência do santo guerreiro nascido na Capadócia (Turquia), apenas relatos tradicionais.

Toda a polêmica instaurada não afeta Glória Perez, a autora da novela. Ela diz não ser devota de São Jorge e alega ter escolhido o santo porque quis falar do mito do guerreiro que ele representa. “Estou falando de guerreiros, não estou falando de umbanda e nem de religião. Não tem nada de religião na novela. É uma história de guerreiros”, encerra a discussão.

Texto adaptado do portal IG – autor: Anderson Dezan

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