Sem dúvida nenhuma se interrogássemos a um sabatista (suposto guardador do sábado), se o sábado encerra um preceito moral ou ritual/cerimonial, a resposta óbvia seria: o sábado é um preceito moral. E se perguntássemos: por que o sábado é considerado um preceito moral? A resposta seria: porque o sábado integra os dez mandamentos e eles apenas constituem a Lei Moral de Deus.
Assim, segundo o entendimento dos sabatistas, o fato de o sábado constituir-se o quarto mandamento do Decálogo e, que, ainda segundo os sabatistas, a Lei Moral restringir-se aos dez mandamentos, o sábado seria considerado por eles como um preceito moral. O restante da lei, constante do livro da Lei de Moisés, é considerada como a Lei Cerimonial e, consequentemente, abolida.
No livro ESTUDOS BÍBLICOS, p. 338-341 (edição de 1984) os adventistas procuram justificar essa divisão da lei em duas leis, afirmando:
O CONTRASTE ENTRE AS DUAS LEIS
LEI MORAL
É chamada “lei real”
Foi proferida por Deus Foi escrita por Deus em tábuas de pedra Foi escrita “pelo dedo de Deus.” Foi posta na arca É “perfeita” (Sl 19.7) Deverá “permanecer firme para todo o sempre.”(Sl 111.7 e 8) Não foi destruída por Cristo. Mt 5.17 Devia ser engrandecida por Cristo. Comunica conhecimento do pecado.
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LEI CERIMONIAL
É chamada “a lei… que consiste em ordenanças.” Foi ditada por Moisés Era uma “ cédula de ordenanças.” Cl 2.14 Foi escrita por Moisés num livro Foi posta ao lado da arca “Nenhuma coisa aperfeiçoou.” Foi cravada na cruz . Cl 2.14 Foi ab-rogada por Cristo Foi tirada por Cristo .Cl 2.14 Foi instituída em conseqüência do pecado. |
A ARTIFICIALIDADE DAS DUAS LEIS
Entretanto, essa divisão da lei, em duas leis, é artificial como o reconhecem os ASD. Dizem eles:
“Seria útil classificarmos as leis do Velho testamento em várias categorias: 1. Lei moral; 2. Lei Cerimonial; 3. Lei Civil, 4. Estatutos e Juízos; 5. Leis de saúde. Esta classificação é em parte artificial.” (Lições da Escola Sabatina, Lição n. 2, p. 18, de 8-1-1980) (o grifo é nosso)
Essa divisão da lei, em duas leis, é realmente artificial. A palavra lei ocorre na Bíblia mais do que 400 vezes, mas nem uma só vez se refere exclusivamente ao decálogo, porém à lei toda, dada a Moisés por Deus. Sendo assim, os sabatistas seriam obrigados a guardar toda a lei de Moisés, visto que pretendem guardar uma parte dela – o decálogo com o sábado.
“E de novo protesto a todo o homem que se deixa circuncidar, que está obrigado a guardar toda a lei. Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído. “(Gl 5.3-4)
Examinando apenas esse mandamento, que é tido como um preceito moral por integrar os dez mandamentos, revela-se na verdade um preceito cerimonial. As perguntas abaixo levantadas revelam claramente que a guarda do sábado é um preceito cerimonial ou ritual. Teria base bíblica o conceito de que o quarto mandamento tem caráter moral? A nossa resposta é não! Por exemplo:
- Seria a guarda do sábado um preceito moral quando o próprio Deus declarou ser a sua guarda abominável aos seus olhos?
Base bíblica:
Isaias ,1.13: “Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação e as luas novas, e os sábados, e a convocação das assembléias; não posso suportar iniquidade, nem mesmo a reunião solene.”
- Seria a guarda do sábado um preceito moral quando a sua guarda ficava subordinada à circuncisão? A lei de Moisés estabelecia que a circuncisão ocorresse no oitavo dia do nascimento da criança do sexo masculino (Lv 12.3). Se esse oitavo dia caísse num sábado, o sábado podia ser violado, para que a circuncisão fosse realizada. Como podia um preceito moral, segundo os sabatistas, ficar subordinado a um preceito cerimonial ou ritual?
Base bíblica:
João 7.22-23: “Pelo motivo de que Moisés vos deu a circuncisão (não que fosse de Moisés, mas dos pais), no sábado circuncidais um homem. Se o homem recebe a circuncisão no sábado, para que a lei de Moisés não seja quebrantada, indignais-vos contra mim, porque no sábado curei de todo um homem?”
- Seria a guarda do sábado um preceito moral considerando que o sacerdote no templo violava o sábado para celebrar holocaustos e sacrifícios exigidos pela lei, ficando sem culpa?
Base bíblica:
Mateus 12.5: “Ou não tendes lido na lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado, e ficam sem culpa?”
- Seria a guarda do sábado um preceito moral quando sua guarda era comparada à violação de um preceito ritual como o caso de Davi que comeu os pães da proposição reservados exclusivamente aos sacerdotes?
Base bíblica:
Mateus 12.4-5: “Não tendes lido o que fez Davi, quando teve fome, ele os que com ele estavam? Como entrou na casa de Deus, e comeu os pães da proposição, que não lhe era lícito comer, nem aos que com ele estavam, mas só aos sacerdotes.”
- Seria a guarda do sábado um preceito moral quando os judeus, para quem o sábado foi dado, não retrucaram a Jesus quando estabeleceu o paralelo entre a acusação dos judeus de que os discípulos de Jesus estavam colhendo espigas e comendo-as o que, segundo eles, não era lícito fazer no sábado, com o exemplo de Davi que comeu os pães da proposição? Poderia um preceito moral ficar subordinado a um preceito cerimonial ou ritual (comer os pães da proposição)?
Base bíblica:
Mateus 12.1-3: “Naquele tempo passou Jesus pelas searas, em um Sábado; e os seus discípulos, tendo fome, começaram a colher espigas, e a comer. E os fariseus, vendo disseram-lhe: Eis que os teus discípulos fazem o que não é lícito fazer num sábado”?
- Seria a guarda do sábado um preceito moral considerando que Jesus curou o paralítico postado à beira do tanque de Betesda e ordenou que ele carregasse a sua cama num dia de sábado?
Base bíblica:
Jo 5.8-11 “Jesus disse-lhe: Levanta-te, toma o teu leito, e anda. Logo aquele homem ficou são; e tomou o seu leito, e andava. E aquele dia era sábado. Então os judeus disseram àquele que tinha sido curado: É sábado, não te é lícito levar o leito. Ele respondeu-lhes: Aquele que me curou, ele próprio disse: Toma o teu leito, e anda.”
- Seria a guarda do sábado um preceito moral quando Paulo compara a guarda do sábado como algo que implicava na perda salvação?
Base bíblica:
Gl 4.9-11: “Mas agora, conhecendo a Deus, ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio de vós, que não haja trabalhado em vão para convosco.”
- Seria a guarda do sábado um preceito moral considerando que Paulo anunciou todo o conselho de Deus e não deixou nada do que fosse útil ensinar aos cristãos e nunca mandou guardar o sábado?
Base bíblica;
“Como nada, que útil seja, deixei de vos anunciar, e ensinar publicamente e pelas casas.” “Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus.” (At 20.20,27)
- Seria a guarda do sábado um preceito moral quando Paulo afirma que não faz diferença se alguém guarda um dia e se outro guarda outro pois tudo isso é coisa indiferente?
Base bíblica:
“Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente.” Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz e o que não faz caso do dia para o Senhor o não faz. “(Rm 14.5-6)
- Seria a guarda do sábado um preceito moral considerando que Paulo declarou que as coisas passageiras da lei, como a guarda do sábado semanal, deveriam ser abandonadas pelos cristãos?
Base bíblica:
“Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós cravando-a na cruz. Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados. Que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.”
- Seria a guarda do sábado um preceito moral considerando que em razão da desobediência Deus, ele anuncia a fim de todos os sábados prescritos na lei, inclusive o sábado semanal?
Base bíblica:
Oséias 2.11: “E farei cessar todo o seu gozo, as suas festas, as suas luas novas, e os seus sábados, e todas as suas festividades.”
12. Seria a guarda do sábado um preceito moral considerando que Deus poria em esquecimento a guarda desse dia – o sábado semanal – em decorrência da desobediência do povo de Israel? Um preceito moral poderia ser posto em esquecimento?
Base bíblica:
Lamentações 2.6: “E arrancou o seu tabernáculo com violência, como se fosse a de uma horta; destruiu o lugar da sua congregação; o SENHOR, em Sião, pôs em esquecimento a festa solene e o sábado…”
PRECEITOS MORAIS NA LEI CERIMONIAL
A denominada Lei Cerimonial contém preceitos morais: Poderiam os adventistas negar isso? Os exemplos abaixo mostram o acerto de tal declaração.
Ex 22.21-22: “O estrangeiro não afligirás, nem o oprimirás; pois estrangeiros fostes na terra do Egito. A nenhuma viúva nem órfão afligireis.”
Ex 23.2: Não seguirás a multidão para fazeres o mal; nem numa demanda falarás, tomando parte com a maioria para torcer o direito.”
Lv 19.16,18: “Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo; não te porás contra o sangue do teu próximo. Eu sou o SENHOR. ”Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o SENHOR.”
Dt 16.19: “Não torcerás o juízo, não farás acepção de pessoas, nem receberás peitas, porquanto a peita cega os olhos dos sábios, e perverte as palavras dos justos.”
Dt 18.13: “Perfeito serás, como o SENHOR teu Deus.”
Quer os adventistas queiram ou não, quem seria capaz de negar que tais preceitos acima são morais e não meramente cerimoniais, mesmo constando do livro da Lei de Moisés?