Rm 9.19 mostra uma “Graça forçada”?

graça preveniente

“Algum de vocês me dirá: ‘Então, por que Deus ainda nos culpa? Pois quem resiste à sua vontade” Isso parece sugerir que o poder de Deus na salvação e simplesmente irresistível, sem levar em conta o desejo da pessoa.

Resposta

Em resposta, assinale-se primeiramente que a frase “quem resiste a sua vontade?” não e uma afirmação do autor bíblico, mas uma pergunta colocada na boca de um objetor. Observe a frase introdutória: “Algum de vocês me dirá”. Um objetor similar e introduzido em Romanos 3.8: “Por que não dizer como alguns caluniosamente afirmam que dizemos: ‘Façamos o mal, para que nos venha o bem’?”.

Assim, a ideia de alguém não poder resistir à vontade de Deus pode não ser parte do ensino de Paulo tanto quanto o pensamento de que devemos praticar o mal para que o bem possa vir.

Além disso, Paulo rejeita claramente a postura do objetor no versículo imediato, dizendo: “Quem e você, o homem, para questionar a Deus?” (Rm 9.20). Sua resposta sugere que o objetor pode

resistir a Deus e lhe esta resistindo quando levanta essa pergunta. E, muito mais importante, a sugestão direta e que, se ela e irresistível, então não podemos ser culpados.

Ademais, em Romanos 11.19,20, quando Paulo concorda com o objetor, ele escreve: “Esta certo” (Rm 11.20). Não ha tal afirmação em Romanos 9.25.

Outro ponto a ser lembrado e que as coisas que eventualmente parecem “irresistíveis” agora não o foram no começo. Por exemplo, o pecado somente se torna inevitável quando alguém livremente rejeita o que e certo e sua consciência se torna endurecida ou cauterizada (v. lTm

4.2). Do mesmo modo, a justiça só se torna irresistível quando livremente cedemos a Graça de Deus. Assim, a Graça e somente irresistível ao que esta desejoso dela, não ao relutante. John Walwoord, de maneira inequívoca, declara: “A Graça eficaz nunca opera em um coração que

ainda e rebelde, e ninguém jamais e salvo contra a própria vontade”. A <suposta> Graça irresistível opera (ou deveria operar, caso fosse bíblica) de modo semelhante a alguém que se apaixona. Se uma pessoa desejosamente corresponde ao amor de outra, ambas acabarão chegando a um ponto em que esse amor se torna irresistível. Mas elas desejaram que assim fosse. Mesmo que Paulo concordasse com o objetor em que a obra de Deus e irresistível, isso não daria apoio ao radicalismo do calvinismo extremado, visto que

Deus derrama a graça salvadora “irresistível” somente sobre os que a desejam, não nos relutantes.

Finalmente, mesmo que alguém pudesse mostrar que Deus esta operando aqui: 1) irresistivelmente, 2) em indivíduos e 3) para a salvação eterna — de todos os que estão indecisos, não se segue necessariamente que ele operaria irresistivelmente nos relutantes. Na verdade, Deus não força criaturas livres a amá-lo. Amor forçado é amoral e logicamente absurdo.

Extraído do livro: “Eleitos, Mas Livres” de Norman Geisler

 

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