Revisionismo e mentiras das TJs sobre 1914

tj-coral

“Como responde quando são feitas afirmações acutilantes sobre ensinos religiosos falsos e práticas corruptas? Será que condena imediatamente a pessoa ou organização que faz a denúncia? Contrariamente ao que alguns possam pensar, não é grosseria nem falta de amor expor a falsidade e a corrupção.” — The Watchtower, 1 de Março de 1966, p. 132 (em inglês).

É um facto que a história da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (Testemunhas de Jeová) está repleta de datas falhadas e doutrinas abandonadas, e a Sociedade tomou grandes precauções para esconder este passado dos seus membros. Publicações mais antigas (incriminatórias) são praticamente impossíveis de obter através da Sociedade, enquanto ao mesmo tempo os membros são sobrepujados com material “actual” da Torre de Vigia.

A Sociedade Torre de Vigia até chegou ao extremo de imprimir desinformação sobre a sua própria história numa tentativa de convencer os leitores de que a doutrina da Torre de Vigia tem permanecido consistente ao longo dos anos, e que a Sociedade não é um falso profeta. Ao fazerem isto, ganharam para si mesmos o título de “mentirosos”, para acrescentar ao de “falsos profetas”.

Considere as seguintes citações de publicações das Testemunhas de Jeová, e preste atenção em cada caso à data em que o artigo foi publicado (a ênfase é nossa):


Caso 1:

“Porque, então, as nações não se apercebem nem aceitam a aproximação deste clímax de julgamento? É porque elas não acataram o anúncio mundial sobre a volta de Cristo e a sua segunda presença. Desde muito antes da Primeira Guerra Mundial as testemunhas de Jeová apontaram para 1914 como sendo o tempo em que este grande evento ocorreria.” —The Watchtower, 15 de Junho de 1954, p. 370 (em inglês).

Então, de acordo com o artigo da Sentinela acima, “desde muito antes da Primeira Guerra Mundial” as testemunhas de Jeová apontaram para 1914 como sendo o tempo da volta de Cristo e da sua segunda presença. Repare na data deste artigo que acabámos de citar: 1954. Agora leia o seguinte para ver o que as Testemunhas de Jeová estavam realmente a ensinar “desde muito antes” (e bastante tempo depois) de 1914:

“A profecia da Bíblia mostra que o Senhor haveria de aparecer pela segunda vez no ano 1874. A profecia cumprida mostra para além de qualquer dúvida que ele apareceu no ano 1874. A profecia cumprida é também designada por os factos físicos; e estes factos são indisputáveis. Todos os verdadeiros vigias estão familiarizados com estes factos, conforme apresentados nas Escrituras e explicados na interpretação pelo servo especial do Senhor.” — The Watch Tower, 1 de Novembro de 1922, p. 333 (em inglês).

Na realidade, em 1922 a Sociedade Torre de Vigia ainda estava a ensinar que “para além de qualquer dúvida” Cristo voltou em 1874! A declaração de 1954 citada acima não passa de propaganda da Sociedade Torre de Vigia que tem o objectivo de enganar os leitores e levá-los a acreditar que a doutrina da Torre de Vigia tem permanecido consistente “desde muito antes da Primeira Guerra Mundial”, e que a Sociedade não é um falso profeta. Além de ficar provado que são falsos em ambas as afirmações, fica também provado que são mentirosos.


Caso 2:

“De modo similar, uma profecia fez providencialmente com que sinceros estudantes da Bíblia, no século 19, estivessem em expectativa. Por relacionarem os “sete tempos” de Daniel 4:25 com “os tempos dos gentios”, eles esperavam que Cristo recebesse o poder do Reino em 1914.” — A Sentinela, 15 de Setembro de 1998, p. 15.

Aqui, numa publicação de 1998, as Testemunhas de Jeová dizem-nos que os “estudantes da Bíblia” (como as Testemunhas de Jeová eram então conhecidas) do século 19 estavam à espera “que Cristo recebesse o poder do Reino em 1914”. Isto é demonstravelmente falso, conforme se pode ver examinando as publicações das Testemunhas de Jeová desse tempo:

“Desde esse tempo tem sido enfaticamente manifesto que o tempo tinha chegado em 1878 A.D. quando o julgamento real devia começar na casa de Deus. É aqui que ‘Rev. 14:14-20’ se aplica, e o nosso Senhor é apresentado como o ceifeiro coroado. O ano 1878 A.D., sendo o paralelo da sua assunção de poder e autoridade no tipo, marca claramente o tempo para a própria assunção de poder como Rei dos reis, pelo nosso Senhor presente, espiritual e invisível — o tempo para ele tomar para si próprio o seu grande poder para reinar, que na profecia é associado de perto com a ressurreição dos seus fiéis, e o início da tribulação e ira sobre as nações.” — The Time Is At Hand, 1907, p. 239 (em inglês).

Os “Estudantes da Bíblia” do século 19 não estavam de modo nenhum ‘antecipando que Cristo receberia o poder do Reino em 1914’. No início do século 20 (1907 neste caso), a Sociedade Torre de Vigia ainda estava a ensinar que Cristo tinha recebido o poder do Reino em 1878. A declaração de 1998 citada acima é outra mentira flagrante.


Caso 3:

“Nos fundos da nossa casa em Tojo-cho, Osaca, havia uma casa com um letreiro: “Filial de Osaca da Associação Internacional dos Estudantes da Bíblia.” Presumindo tratar-se dum grupo cristão, visitei a casa. “Você crê no segundo advento do Senhor?”, perguntei ao jovem que atendeu à porta. “O segundo advento de Cristo aconteceu em 1914“, respondeu ele. Atônita, eu disse a ele que isto era impossível. “A senhora deve ler este livro”, disse ele, entregando-me A Harpa de Deus.” — A Sentinela, 1 de Maio de 1988, p. 22.

Esta “experiência” relatada pela Sociedade Torre de Vigia é interessante. Segundo esta citação, “o segundo advento de Cristo aconteceu em 1914”. Depois é dito à ouvinte espantada para ler a publicação da Torre de Vigia A Harpa de Deus. Desconfio que a ouvinte nunca chegou a ler A Harpa de Deus, porque se tivesse lido, teria encontrado uma data completamente diferente para a suposta volta de Cristo:

“Desde 1874 é o tempo da segunda presença do Senhor, conforme declarado acima. […] Foi no ano 1874, a data da segunda presença do nosso Senhor […]” — The Harp of God (A Harpa de Deus), 1921, p. 234 (em inglês).

No artigo de 1988 a Sociedade Torre de Vigia dá deliberadamente a impressão de que A Harpa de Deus (e por extensão a Sociedade Torre de Vigia daquele tempo) ensinava que o segundo advento de Cristo ocorreu em 1914. Trapaça óbvia.


Caso 4:

“as testemunhas de Jeová apontaram para o ano de 1914, com décadas de antecedência, como marcando o início da “terminação do sistema de coisas”.” — Despertai!, 22 de Julho de 1973, p. 8.

Será que é verdade? Vamos confirmar:

“Há duas datas importantes aqui que não devemos confundir, mas antes diferenciar claramente, nomeadamente, início do “tempo do fim” e o início da “presença do Senhor”. “O tempo do fim” abrange um período a partir de 1799 A.D., conforme dito acima”. — The Harp of God (A Harpa de Deus), 1921, p. 231 (em inglês).

“Portanto, não fique surpreendido quando em capítulos subsequentes apresentarmos provas de que o estabelecimento do Reino de Deus já começou, que é indicado nas profecias como previsto para começar o exercício de poder em 1878 A.D., e que a“batalha do grande dia do Deus Todo-poderoso”, que terminará em 1914 A.D., com o desmoronamento completo dos governos actuais da terra, já começou. O ajuntamento dos exércitos é claramente visível do ponto de vista da Palavra de Deus.” — The Time Is At Hand, 1889, p. 101 (em inglês).

A doutrina corrente das Testemunhas de Jeová diz que 1914 marcou o “início” da conclusão deste sistema, e mais uma vez a Sociedade Torre de Vigia quer que os seus membros acreditem que ela predisse este suposto evento. Na realidade, a organização da Torre de Vigia predisse o “fim” absoluto deste sistema (o fim da “batalha do grande dia do Deus Todo-poderoso” — Armagedom) para 1914. Foi só depois das suas predições falharem, e em resposta a este falhanço, que as doutrinas foram mudadas. Mas eles não querem que a Testemunha de Jeová comum aprenda sobre as falsas profecias da Sociedade Torre de Vigia, não é verdade?


Caso 5:

“C. T. Russell escreveu um artigo intitulado “Tempos dos Gentios: Quando Terminam?” Foi publicado no Bible Examiner de outubro de 1876, e nele Russell disse: “Os sete tempos terminarão em 1914 A. D.” […] Comprovando tais cálculos, 1914 deveras marcou o fim desses tempos e o nascimento do reino de Deus no céu, tendo a Cristo Jesus como rei. Pense só nisso!Jeová concedeu tal conhecimento a Seu povo cerca de quatro décadas antes de tais tempos expirarem.” — Anuário das Testemunhas de Jeová de 1976, p. 37.

Em 1976 a Sociedade Torre de Vigia afirmou que “cerca de quatro décadas antes de tais tempos expirarem” (i.e., quatro décadas antes de 1914 A.D.), Jeová concedeu à Sociedade o conhecimento de que 1914 marcou “o nascimento do reino de Deus no céu, tendo a Cristo Jesus como rei”. Isto é outra mentira flagrante, conforme se pode ver na seguinte publicação da Torre de Vigia, com data de apenas 1 ano antes do suposto fim “de tais tempos”:

“O nosso Senhor, o Rei designado, está agora presente, desde Outubro de 1874, A.D., segundo o testemunho dos profetas, para aqueles que têm ouvidos para ouvir: e a inauguração formal do seu cargo real data de Abril de 1878, A.D.: e o primeiro trabalho do Reino, conforme mostrado pelo nosso Senhor, nas suas parábolas e profecias (o ajuntamento dos “seus eleitos”) está agora em progresso. “Os mortos em Cristo levantar-se-ão primeiro”, explicou o Senhor através do Apóstolo; e a ressurreição da Igreja será num momento. Consequentemente o Reino, conforme representado no nosso Senhor, e os santos adormecidos já aptos e preparados e achados dignos de serem membros do “seu corpo”, a “noiva”, foi estabelecido em 1878; e a única coisa que falta fazer para estar completo é o “ajuntamento no Senhor” daqueles dos “eleitos” que estão vivos e permanecem — cujo julgamento ainda não está completo.” — The Battle of Armageddon, 1913, pp. 621-622 (em inglês).

Esqueça as “cerca de quatro décadas antes de tais tempos expirarem”. Um ano antes “de tais tempos expirarem” a Sociedade Torre de Vigia ainda estava a ensinar que “o nascimento do reino de Deus no céu, tendo a Cristo Jesus como rei” ocorrera em 1878. De facto, a Sociedade Torre de Vigia não começou a ensinar que 1914 marcou “o nascimento do reino de Deus no céu, tendo a Cristo Jesus como rei” senão alguns anos depois de 1914!


Caso 6:

“Após o fim da guerra, em 1918, não havia ofertas de emprego na Inglaterra, de modo que voltei para o exército e parti para a Índia, como integrante da guarnição do período de paz. Em maio de 1920, a malária ressurgiu, e fui enviado para as montanhas para me recuperar. Ali, lia todos os livros que caíam em minhas mãos, até mesmo a Bíblia. A leitura das Escrituras intensificou meu interesse na volta do Senhor. Meses mais tarde, em Kanpur, fundei um grupo de estudo da Bíblia, esperando aprender mais acerca da volta do Senhor. Foi ali que conheci Fredrick James, ex-soldado britânico que se tornara zeloso Estudante da Bíblia. Ele me explicou que Jesus já estava presente desde 1914, invisível ao homem. Esta era a nova mais emocionante que eu já ouvira.” —A Sentinela, 1 de Setembro de 1990, p. 11.

Outra “experiência” relatada pela Sociedade Torre de Vigia. Mais uma vez, o exame das publicações da Torre de Vigia da época em questão — desta vez, a década de 1920 — revela algo diferente:

“A prova é muito clara e convincente de que a segunda presença de nosso Senhor data de 1874, e que desse tempo em diante o Senhor Jesus tem estado a ajuntar aqueles que fizeram um pacto com o Senhor Deus através de sacrifício.” — The Watch Tower, 15 de Fevereiro de 1927, p. 54 (em inglês).

Em 1927 a Sociedade Torre de Vigia ainda estava a ensinar que 1874 era a data da suposta volta invisível e segunda presença de Cristo. De facto, dizia-se que a prova disso era “muito clara e convincente” nesse tempo.

O que é deveras “muito claro e convincente” é que as Testemunhas de Jeová não hesitam em mentir para atingir os seus objectivos — neste caso, branquear o seu passado. Deve-se notar que as Testemunhas de Jeová dizem que as mesmas publicações onde encontramos estas mentiras são “alimento espiritual” vindo de Deus e o “meio de comunicação” com o seu povo na terra.1


Nota

1 Considere as seguintes afirmações feitas pela Sociedade Torre de Vigia:

“Era de se esperar que o Senhor tivesse um meio de comunicação com o seu povo na terra, e ele tem mostrado claramente que a revista chamada A Sentinela é usada para esse propósito.” — 1939 Yearbook of Jehovah’s Witnesses (Anuário das Testemunhas de Jeová de 1939), p. 85 (em inglês).

“Desde 1879 a revista A Sentinela tem sido usada por este grupo colectivo de cristãos para dispensar alimento espiritualregularmente àqueles deste ‘pequeno rebanho’ de verdadeiros cristãos.” — The Watchtower, 1 de Outubro de 1967, p. 590 (em inglês).

Trevor Scott

Extraído do site http://corior.blogspot.com/ em 26/02/2014

Sair da versão mobile