1ª Objeção: “II Timóteo 3:16-17 não diz que a Bíblia é toda suficiente por si mesma”
“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” (II Timóteo 3:16,17)
Refutação: Esta passagem é uma prova da suficiência das Escrituras. Vamos analisar cada uma das palavras centrais dessa sentença conectando-as com essa verdade central.
Primeiro, Paulo afirma que a Escritura é “inspirada por Deus” A palavra para inspiração neste trecho é Theopneustos que tem uma conotação muito mais profunda do que mera inspiração. Na verdade o texto literalmente significa que o graphe (escrito) foi “soprado por Deus”. As Escrituras receberam o sopro divino. O mesmo não se dá com nenhuma “tradição oral”. Não se diz que alguma “tradição oral” extra-bíblica é Theopneustos.
O sentido dessas palavras é que cada passagem bíblica visto ser inspirada por Deus, também é ophelimos, proveitosa no sentido de ser lucrativa ou útil. Mas útil ou proveitosa para quê ?
1. Para o ensino – a palavra em grego didaskalia tem o sentido de doutrina, instrução, tanto é que a versão inglesa verte com esse sentido “All Scripture is given by inspiration of God and is profitable for doctrine, for reproof, for correction, for instruction in righteousness” (KJV). O verso não diz que alguma outra coisa além da Palavra escrita é útil para a doutrina. Não diz que a tradição oral é útil para a doutrina. Nem poderia ser porque somente a Palavra Escrita é Theopneustos (inspirada por Deus).
2. Para a repreensão – a versão na Linguagem de Hoje verte por “condenar o erro”. De fato a palavra elegchos que denota uma verificação, pela qual algo é provado ou testado; vem de uma raiz que significa – sentenciar, refutar, confutar. Ante o contexto geral das Escrituras somente a Palavra escrita de Deus tem o poder para corrigir o erro e refutar as heresias. Isto está de acordo com a história da igreja primitiva. Os líderes primitivos conhecidos como “pais da igreja” usavam somente as Escrituras para corrigir doutrinas heréticas surgidas no seio da comunidade cristã. As fontes da chamada tradição oral estão cheias de versões conflitantes entre si e não merecem crédito algum para decidir doutrinariamente nenhuma questão.
3. Para a correção – epanorthosis, restauração a um estado correto, correção,
aperfeiçoamento de vida ou caráter.
4. Para a educação – com o sentido de treino no caminho da vida.
Isto mostra que as Escrituras é poderoso agente em todas as fazes da vida do homem deixando-o “perfeito”. No grego, tanto o adjetivo como o particípio repetem a mesma raiz, reforçando a idéia de “perfeitamente equipado e adaptado” para toda a boa obra ou trabalho. Veja que as Escrituras atua em todas as partes da vida do cristão, tanto espiritual como doutrinária. Não há parte em que ela não atua. Por isso é capaz de deixar-nos “perfeito” ou suprido, provido ou completo para toda a boa obra ou trabalho como diz o original grego.
Somente a Palavra escrita tem competência para isso, pois só ela é “inspirada por Deus”. Ela é capaz de capacitar-nos em “todas as coisas”, é completa e suficiente por si mesma, não necessitando de complementos de uma suposta tradição oral.
2ª Objeção: “Como pode II Timoteo 3:16 ensinar a total suficiência das Escrituras, quando vários livros do NT ainda não haviam sido escritos?”
Refutação: Segundo os católicos Deus só poderia declarar a toda-suficiencia e inspiração das Escrituras no último verso do último livro da Bíblia. Alegar que II Timóteo 3.16 ensina a toda suficiência da Bíblia só faria sentido se ele viesse depois de Apocalipse 22.21. Somente desta maneira os protestantes poderiam reivindicar a total suficiência das Escrituras acima da tradição oral.
Este argumento não passa de uma tentativa de criar um falso dilema, e negar o que o texto obviamente diz.
Obviamente Deus em sua presciência sabia perfeitamente quais e quantos eram os livros que iriam compor o cânon do NT. Mesmo se Deus houvesse posto este verso no início das primeiras cartas de Paulo ou depois de Apocalipse 22.21, ainda assim a sua Palavra era o guia suficiente para ensinar o ser humano sobre a verdadeira doutrina cristã. Mesmo quando não havia o NT os cristãos utilizavam não a tradição oral, mas a Palavra escrita do AT. 3ª Objeção: “O princípio do Sola Scriptura contradiz a história da igreja, porque simplesmente era impossível aos cristãos naquela época consultar o NT sendo que este ainda não estava completo.”
Refutação: Os Cristãos primitivos tiveram os apóstolos com eles. Toda a doutrina cristã estava disponível enquanto ainda eles estavam vivos. Essa revelação posteriormente foi posta em forma escrita de modo que quando os apóstolos partiram essa revelação continuou disponível para a igreja na forma escrita. Os apóstolos portanto, eram a autoridade máxima em matéria de fé e prática na Igreja cristã primitiva. Onde ficou depositada esta autoridade após suas mortes? Obviamente em seus escritos e só neles. Se eu quero saber qual era a idéia de Paulo sobre qualquer assunto doutrinário, só preciso recorrer aos seus escritos.
4ª Objeção: “Sola Scriptura é uma invenção protestante do século 16”
O princípio da Sola Scriptura não encontra respaldo na Bíblia. A Bíblia nunca fala que ela somente é a fonte de toda a verdade. Este princípio que Lutero inventou não pode ser provado pela historia da igreja, é uma invenção do século XVI.
Refutação: Sola Scriptura não foi inventada por nenhum protestante no século XVI, mas é um ensino bíblico que foi praticado pela igreja primitiva.
A idéia que Sola Scriptura foi “uma invenção do século 16” é falsa. Ainda que a doutrina tenha sido formalmente articulada pelos Reformadores, a sua essência sempre foi exemplificada pelos maiores teólogos da historia da Igreja bem antes de Lutero. Entre o século IV e o século XVI, houve um acúmulo de credos e tradições humanas. No tempo de Lutero a igreja não incentivava a leitura da Bíblia, preferindo deixar o povo na ignorância. Lutero não inventou o Sola Scriptura, apenas voltou a praticar o que os antigos cristãos praticavam e o que a própria Bíblia ensina.
5ª Objeção: “É impossível a doutrina da “Sola Scriptura” porque na antiguidade havia poucas Bíblias em circulação até a imprensa ser inventada por Gutenberg no século XVI.”
Refutação: A invenção da imprensa é irrelevante: As Escritura sempre estiveram acessíveis a todos desde Moisés até Lutero.
Este é um argumento irrelevante e tolo contra Sola Scriptura. Ninguém depende da imprensa para saber que somente a Bíblia é nossa única regra de fé e prática.
É certo que com a invenção da imprensa por Gutenberg em 1436 o acesso a Bíblia ficou muito mais fácil. Mas insinuar que a imprensa é uma condição necessária para existir Sola Scriptura não procede, é imprecisão histórica pelos muitos motivos expostos acima.
Veja que os cristãos bereanos foram chamados de “mais nobres que os de Tessalonica” [Atos 17:10-11] por ter examinado as Escrituras. Eles queriam ver se de fato o evangelho que Paulo pregava era coerente com o resto das Escrituras. Nota que eles não foram elogiados por confiarem em alguma tradição oral, mas por praticarem Sola Scriptura.
6ª Objeção: “O princípio da Sola Scriptura é impossível no mundo do 1º século, haja vista apenas 10% da população serem alfabetizadas”
Refutação: A objeção levantada acima é irrelevante. Mesmo que uma pessoa não possa ler, ainda assim pode saber que a Bíblia é nossa única fonte de autoridade doutrinária. As pessoas podem facilmente discernir quando uma doutrina vem da Bíblia e quando ela vem de credos e tradições mesmo que não possam ler. Basta apenas perguntar: “Isto está na Bíblia?” Mesmo os católicos que não possuem uma Bíblia sabem que a maioria das doutrinas católica não tem base bíblica, mas é fruto da tradição de sua igreja, dos credos, catecismos e concílios.
Mas dizer que nenhum cristão podia ler as Escrituras no 1º século, por causa da baixa porcentagem de alfabetizados, é adulterar os fatos históricos. As Escrituras podiam ser encontradas nas casas e sempre estavam acessíveis nas sinagogas [Atos 13:15; 15:21; 17:1-2, 10-11; 18:4;]. Até mesmo Jesus que era de condição humilde sabia ler [Lucas 4.17,18] e escrever [João 8.8]. Muitos textos da Bíblia sugerem que a comunidade cristã sabia ler – II Co. 3.2; Col. 4.16; I Tess. 5.27; Ap. 1.3. Os cristãos primitivos como os pais da igreja possuíam as Escrituras. Até mesmo um estrangeiro como o Eunuco possuía uma cópia do AT [Atos 8:27-28 ].
Mesmo que isto fosse verdade, o analfabetismo não quer dizer estupidez. A pessoa pode ser analfabeta e mesmo assim ser muito inteligente. A pessoa mesmo limitada, pode memorizar as Escrituras. Conhecemos casos de irmãos e irmãs que eram analfabetos e aprenderam a ler sozinhos depois que se converteram.
O Salmo 1 e o 119 são singulares por incentivar os servos de Deus a meditar nas Escrituras, e não importa se eles poderiam ler ou não um capítulo inteiro em devoção pessoal às Sagrada Escritura. Toda família judaica era incentivada a ler as Escrituras [Deuteronômio 6:6-9].
Se a capacidade de ler é uma pré-condição essencial ao principio do Sola Scriptura, então como fazem os católico analfabetos para saberem o catecismo católico? A mesma lógica poderia ser aplicada aos analfabetos católicos. Se o católico pode conhecer a doutrina da igreja e conseqüentemente conhecer a “verdade” católica por apenas escutar o catecismo que alguém lê para ele, então por que não pode acontecer o mesmo com os protestantes que não sabem ler?
Como fica então o católico que é analfabeto para saber que tudo o que padre ensina é fiel aos dogmas, concílios e decretos, se eles não podem ler tais documentos?
Como o católico pode saber que o que está aprendendo é realmente um dogma correto, se ele não possui uma cópia destes documentos? Viu? Tudo que pode ser aplicado ao protestante pode ser aplicado ao católico também.
E como vocês responderiam a essa objeção?:
“”Qualquer ensinamento que nao se enquadre nas escrituras deve ser rejeitado”. – objeção: Isso esta escrito onde nas escrituras?”
Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.
Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.Gálatas 1:8,9
Obrigada! 🙂