Teologia Deformada? De Quem Afinal?
Tomei conhecimento a pouco tempo, por meio de terceiros, de uma resposta[1] à réplica que fiz ao livro “O Despertar de um mandamento”, cujo teor do primeiro capítulo é um exercício de lamentáveis distorções a partir do conhecimento medíocre que os autores possuem a respeito da teologia pentecostal, sobretudo quanto à lei e o sábado. Colocaram a questão como se nossa teologia, imaginem, admitisse e ratificasse mediante seu séquito de estudiosos, as pataquadas teológicas sabatistas.
Acontece que o remendo [da resposta] ficou pior do que o rasgado, pois na tentativa de justificar-se, conseguiu apenas aprofundar mais o balaio de gatos criado por eles mesmos numa incrível demonstração de incompetência em refutar meus argumentos principais, preferindo esconder-se atrás dos costumeiros temas já rebatido por nós em debates anteriores. A tática em amontoar um emaranhado de citações fora do contexto evidencia na verdade a predileção do sujeito pela retórica do estica encolhe em detrimento da verdade efetiva dos fatos. Para essa gente, porém, a tática é útil à medida que passa a impressão às mentes menos perspicazes de que ele “respondeu” ao seu oponente. Entretanto, uma coisa não farei mais. Não perderei meu tempo em responder listinhas de perguntas ou citações de sites contra minha posição, mesmo porque, essa tática não serve como prova de que o oponente está certo. Essa tática de usar 10, 20,30,100 motivos disso ou daquilo é conhecida como Gish Gallop. Cada tentativa de resposta gera mais uma postagem com outro texto de mais 10 outros pontos. No máximo serve para vencer o adversário pelo cansaço e nosso oponente é expert nesse tipo de coisa. Apesar dele não ter entrado no mérito da questão, preferindo se esgueirar por temas outros, responderei suas questiúnculas para depois ele não espalhar para os quatro cantos da internet “que não falei das flores”. Segue abaixo minha resposta.
1 – Teologia deformada. De quem afinal? Ele intitulou sua resposta de “contraste entre uma teologia deformada e a teologia reformada”. O trocadilho pretende passar a falsa ideia de que o opositor, esse sim, está empunhando os cânones da Teologia Reformada contra as supostas “deformações” expostas por mim, quando na verdade o sujeito anda tropeçando e dando de cara contra praticamente tudo o que os reformadores pregaram.
Todavia, quem lê os arroubos dele fica na expectativa de que oferecerá em algum momento da tréplica uma teologia superior como correção às minhas supostas “deformações” teológicas. Contudo, a única solução oferecida por ele até o momento foi a exposição de uma lamentável “Teologia Desinformada”, que no fim das contas, só piorou a situação para o seu lado como o leitor poderá verificar no decorrer da análise.
Mas cabe aqui uma pergunta: a quem Azenilto representa? Ele fala em nome de quem afinal? Dos Reformados? Óbvio que não. Ora, nem mesmo em nome dos adventistas ele pode falar, já que, salvo melhor juízo, não engole in totum o “espírito de profecia” e suas credenciais duvidosas. Além de ser indevida, a comparação é uma explícita ignorância do que seja “Teologia Reformada”.
Teologia Reformada pode significar várias coisas, é uma expressão equívoca. Pode ser o resumo dos princípios da reforma expresso nos cinco Solas, como pode ser uma determinada linha teológica – o calvinismo. Do que Azenilto está falando? Não sabemos ao certo, mas ao que tudo indica, tende a privilegiar mais o ramo calvinista. Seja como for, ele simplesmente joga com o termo diluindo a expressão “teologia reformada” para construir sua argumentação. Mas do jeito que a coisa foi ardilosamente exposta, dá a falsa impressão de que essa teologia, seja ela qual for é a mesmíssima coisa que os adventistas ensinam sobre a lei e o sábado. Isso é falso. Nem os princípios expostos nos Solas, muito menos o calvinismo assume o argumento do nosso oponente [ele sabe muito bem disso, pois já foi corrigido por pastores reformados sobre o assunto]. O caso é que tanto Lutero, principal expoente da Reforma, quanto Calvino, pai dos reformados pregavam a ab-rogação do sábado judaico. E nem mesmo Wesley defendia a vigência dele no Novo Testamento. Quando Wesley defende “a lei” está dentro de um contexto de polêmicas com hipercalvinistas antinomistas. Mas isso já é outra história…
Espertamente [e mui provavelmente], Azenilto colocou sua lupa eisegética em cima de um rabisco de toda a tradição puritana posterior esquecendo-se (?) que o shabbat reformado não é outra coisa senão o domingo cristão. Pergunto: em que isso nos prejudica? Em nada. Parece que o grande xeque-mate de Azenilto não passa de um blefe de principiante, pois ao tentar encontrar o tal “CONSENSO do pensamento cristão protestante/evangélico sobre o tema da lei e do dia de repouso”, omite que a vigência da lei entre os reformadores era quanto aos princípios dela. Um exemplo claro é quanto a questão do quarto mandamento que permanece enquanto princípio, mas a parte cerimonial de cair sempre no sétimo dia não aplica-se mais aos cristãos. Outra, se ele estiver em mente apenas a linha teológica calvinista, pergunto novamente: quem disse que a linha calvinista é a única referência teológica para as demais denominações? Por que Azenilto não alarga a importância de impor a “teologia reformada” às questões soteriológicas? Ele assume a TULIP reformada? Não. Na verdade chegou a escrever vários artigos contra. Então sugiro ao nosso oponente parar com essa besteira de dizer que estamos contra a “teologia reformada”, uma teologia que nem ele mesmo concorda, a não ser que a tenha deformado para si mesmo, retirando sua verdadeira identidade. Mas é interessante observar o lenga-lenga da argumentação azeniltiniana em cima dos Catecismos e Confissões protestantes, quando se sabe que nem mesmo a igreja dele é favorável a credos e confissões. Até hoje eles não possuem um Catecismo ou Confissão de Fé. Certo escritor adventista até mesmo alerta dizendo “É de vital importância a todos os cristãos precaverem-se contra o estarem obrigados por credos escritos, não importa quão perfeitos possam parecer.” (HAYNES, Carlyle B. Do sábado para o domingo. CPB, p. 132).
O livro adventista “Nisto Cremos” traz o seguinte alerta, “Não escrevemos este livro para que servisse como um credo – ou declaração de doutrinas montadas sobre concreto teológico. Os adventistas possuem apenas um credo: ‘A Bíblia, e a Bíblia somente.’ “
Agora vem o senhor Azenilto querer me acertar com todo o “concreto teológico” produzido pelas Confissões. Pode! Não consigo ver nisso outra coisa, senão, desonestidade intelectual, pura e simples.
2 – Por que não tratei sobre outras denominações – Ele insinua que não me aprofundei no resto do livro porque “algumas coisas bem ‘incômodas’ quanto aos ensinos de sua Igreja viriam à tona” (sic). Quanta besteira por centímetro quadrado! Ele sabe muito bem que eu não refutei o resto do livro sobre as demais denominações pelo simples fato de que eu não sou presbiteriano, metodista ou luterano. Sou pentecostal. Não é de hoje que eu conhecia as famosas listinhas prontas de citações que eles usam de modo descontextualizado, mas nunca com teólogos pentecostais. Foi novidade pra mim. Pensei: de duas, uma: foi ousadia demais ou inteligência de menos usar teólogos pentecostais em prol da causa sabatista. Então, como deixei bem claro na primeira parte de minha refutação: “não se trata de uma resposta geral ao livro, para quem preferir uma resposta geral sobre a lei e o sábado sugiro acessar o site www.cacp.app.br, link adventismo, https://www.cacp.app.br/category/seitas/adventismo/ .Meu foco e esforços se concentrarão na refutação da primeira parte do livro que aborda citações de teólogos DE MINHA DENOMINAÇÃO – a Assembleia de Deus, mas que pode, por dedução, ser estendido às outras denominações ali elencadas.” (ênfase minha)
Portanto, meus esforços foram no sentido de defender a MINHA DENOMINAÇÃO. Simples assim. Mas isso não ficou claro para Azenilto. A imaginação fértil dele levou-o a deduzir que havia “motivos escusos” para eu não prosseguir. Quanta tolice!
Mas não se preocupe, já tem irmãos presbiterianos e metodistas trabalhando para desmascarar as artimanhas adventistas sobre as suas respectivas igrejas. Essa não é tarefa minha.
3 – Dispensacionalismo, a bola da vez. Parece que Azenilto elegeu o dispensacionalismo como o último elemento de sua caixa de pandora. Será que nosso objetor alguma vez leu algo sobre dispensacionalismo que não seja o da pena de seus detratores? Pelo visto, NUNCA. Caso contrário, não cometeria tanto disparate. Não sabe ele que se deve fazer afirmações com conhecimento de causa? Isso evita aborrecimentos e previne constrangimentos. A leitura vesga do sabatista sobre o dispensacionalismo é grosseira não só do ponto de vista teológico, mas histórico também. Temo que nosso oponente esteja comprando gato por lebre e vendendo o bichano a um alto custo para seus seguidores, senão, vejamos: ele e os demais detratores ferrenhos do dispensacionalismo caíram no mito contido nos escritos de John L. Bray e Brian Schwertley “Is the Pretribulation Rapture Biblical?” que por sua vez copiou de Dave MacPherson em seu The Incredible Cover-Up: The True Story of the Pre-Trib Rapture que também é uma compilação das acusações de Samuel P. Tregelles de que o dispensacionalismo é uma invenção de uma jovem chamada Margaret MacDonald. Não cabe aqui fazer um estudo completo do dispensacionalismo, apenas corrigir as afirmações fakes do senhor Azenilto. Mas prossigamos a mais considerações.
3.1) Ele afirma, ou pelo menos endossa que a jovem era católica. Até o título de um de seus artigos leva seus leitores a esse erro crasso: “As Raízes Católicas da ‘Escola Interpretativa’ Dispensacionalista”. O caso é que ela nunca foi católica. Ela pertencia a uma facção da igreja reformada escocesa chamada de Catholic Apostolic Church. Mas para os objetivos do nosso opositor é interessante fazer um link, ainda que falso, baseado apenas na semelhança semântica da palavra e liga-lo ao dispensacionalismo para forçar o descrédito do último. Mesmo que essa tática seja conhecida como falácia por associação serve aos interesses nada éticos de nosso opositor. Parece que o sujeito é um daqueles que ouve o galo cantar, mas não sabe onde.
3.2) Ele insinua que o dispensacionalismo nasceu em 1830 com Margaret MacDonald – chamada por ele de falsa profetisa, que com suas visões inspirou a teologia escatológica de John Nelson Darby e Scofield, quando ambos “se puseram a especular daqui e dali nas Escrituras para tentar explicar melhor os acontecimentos finais.” Estou ansioso então para ler algum comentário do nosso nobre “historiador” de como que Darby conseguiu plagiar a jovem visionária sendo que três anos antes dos eventos de 1830 e das manifestações de Margaret MacDonald, ele já havia escrito suas opiniões sobre o arrebatamento pré-tribulacionista, isto é, em janeiro de 1827? Pode me explicar esse fato meu caro? Agora, a menção injuriosa sobre a falsa profetisa, me vem à memória uma jovem visionária de 17 anos de Portland, Maine por nome de Ellen Gould Harmon. O senhor a conhece? Não preciso nem aprofundar no assunto não é mesmo? Para um bom entendedor, um pingo é letra.
E o mais incrível é que ele tem a coragem de falar em especulações sobre os “acontecimentos finais”. É muito audacioso! Então seria bom refrescar-lhe a memória. Quem mais gerou especulações sobre a volta de Cristo do que o herético movimento do advento? O que dizer das inúmeras marcações de datas e cálculos e diagramas proféticos e nada de Cristo voltar? E os fanatismos que se seguiram, com decepções, descrenças, apostasias e formação de novos grupinhos fanáticos e heréticos cuja igreja deste senhor é consequência direta dessa tremenda babel? Isso sim é uma teologia deformada! Esse movimento do qual nasceu sua igreja é “que em muito se desviou do pensamento da Reforma”. Azenilto deveria saber mais do que ninguém, devido ao desastroso histórico de heresias, distorções e deformidades teológicas que sua igreja produziu em sua trágica trajetória, que quem tem telhado de vidro não joga pedra no telhado dos outros!
3.3) A escatologia dispensacionalista era algo desconhecido na história da igreja – pois segundo ele “não seria reconhecida por Lutero, Calvino, Zuínglio, e mais tarde Wesley.”
Percebe-se logo de cara que o anacronismo é grosseiro. Ora, como que Lutero, Calvino, Zuínglio, e mais tarde Wesley rejeitariam o dispensacionalismo se a sistematização do mesmo como construto teológico, começou a ser lançada no século XIX? Para começo de conversa Lutero era amilenista, Calvino e Wesley eram pós-milenistas.[2] Quanto aos pré-milenistas, Calvino chegou a dizer que “a ficção desses é por demais pueril para que tenha necessidade de refutação ou seja ela digna”. Da mesmíssima maneira nem um, nem outro, tampouco, reconheceria a posição pré-milenista ou milenista de Azenilto. E, diga-se de passagem, que a teologia da igreja dele sobre o milênio é bem suspeita, pois faz do milênio o lar de Satanás aqui na terra, posição está que muito, mas muito “se desviou do pensamento da Reforma”. Mas para não dar a impressão que o dispensacionalismo pré-milenista e pré-tribulacionista foi uma criação de Darby ou de Scofield é bom lembrar que antes dele já havia esboços de ideias semelhantes em Emmanuel Lacunza no livro “The Coming of Messiah in Glory and Majesty“, de 1812, que ensinava a teoria pre-tribulacionista. Agora, existe um livro publicado em Philadelphia, na Pennsylvania, em 1788, mas escrito em 1742-1744, na Inglaterra, que ensinou o arrebatamento pré-tribulação antes de Lacunza. O autor do livro foi um dos mais influentes pregadores Batistas do seu tempo, Morgan Edwards (1722-1795). Ele foi o fundador de Brown University, a mais influente escola Batista daquele tempo. As ideias da existência de uma escatologia do arrebatamento, pode ser encontrada também em um texto de 1316 chamado “História do Irmão Dolcino”. Um manuscrito chamado “Pseudo-Efraim” escrito entre o ano 374 e 627 igualmente remete a ideias pré-tribulacionistas. E, claro, os apóstolos: João e Paulo.[3]
3.4) A Assembleia de Deus é a maior propagandista do dispensacionalismo. Sim, a escatologia assembleiana segue a linha dispensacionalista, apesar de não haver uma confissão explícita sobre isso. Mas o dispensacionalismo não nasceu com o pentecostalismo e muito menos é exclusivo deste. Existem vários teólogos pentecostais que não são dispensacionalistas, tal como Stanley M. Horton. Mas se Azenilto escorrega no basilar da historiografia dispensacionalista, como esperar que ele entenda a relação complexa entre pentecostalismo e dispensacionalismo? Aí é pedir demais pro ancião!
A título de esclarecimento adicional, o dispensacionalismo começou no meio reformado se propagou entre eles e ganhou o mundo, mas não por meio dos pentecostais. Nosso crítico diz ter postado alguns vídeos de líderes evangélicos falando contra o dispensacionalismo, mas eu o incentivo a colocar o excelente debate “Uma noite de escatologia” (debate internacional) aqui https://www.youtube.com/watch?v=3lv3n6xKiWw e “Uma noite de escatologia” (debate nacional) aqui https://www.youtube.com/watch?v=raC0Soa28Zc para seus leitores. E olha que coisa: o representante do dispensacionalismo no debate é um reformado! Para seu conhecimento a maior instituição dispensacionalista no Brasil hoje não é a CPAD, mas a “Obra Missionária Chamada da Meia-Noite”. Um dos seus representantes é Thomas Ice, diretor-executivo do Pre-Trib Research Center (Centro de Pesquisas Pré-Tribulacionistas).
3.5) Os dispensacionalistas ensinam a salvação pelas obras? Essa acusação é gratuita. Só demonstra a falta de conhecimento do autor a respeito do assunto. Seguro de que seu argumento é infalível, nos propõe uma charada teológica nos seguintes termos: como se salvavam os santos do Antigo Testamento? Pela graça ou pela lei? Diz ele que se dissermos pela graça, isso (na mente dele) destruiria nossa teologia sobre as dispensações, caso contrário, seríamos acusados de salvação pelas obras e dispara: “NÃO SABEM RESOLVER”. Pelo contrário amigo, a aritmética é muito simples: só há uma causa eficiente de salvação – Jesus – e um único meio – a graça por meio da fé conforme preceitua Ef 2.8-9. As dispensações não oferecem meios distintos de salvação, apenas maneiras de Deus lidar com o homem em cada época histórica.
A acusação pode até respingar nos primeiros escritos de Scofield (ao contrário do que afirma, não foi e não é o maior estudioso da teologia dispensacionalista), não no dispensacionalismo atual. Até mesmo um proeminente amilenista como Fred H. Klooster pode confessar honestamente que: “À luz desta revisão significativa na Nova Bíblia de Referência Scofield e os argumentos de dispensacionalistas como Ryrie e Feinberg, a antiga acusação deve ser descartada. Deve-se proceder a partir do reconhecimento de que o Dispensacionalismo reconhece uma única forma de salvação, em toda a Escritura. A salvação é agora e sempre foi pela graça-sola gratia! Este acordo é um motivo de alegria, o seu reconhecimento não deve ser feito a contragosto.”
Em 2002 Dr. Mike Stallard publicou “Uma Resposta Dispensacionalista ao Seminário Teológico de Knox” sobre a publicação “Carta Aberta aos Evangélicos”, sendo que uma das acusações dos reformados contra o dispensacionalismo envolvia justamente a costumeira e distorcida compreensão sobre os dois meios de salvação supostamente sustentado pela teologia dispensacionalista. O discurso de Azenilto cai no mesmo erro. O que ocorre é que o sujeito comprou apenas uma caricatura do dispensacionalismo de seus críticos. Aliás, o que ele faz é incorrer na falácia do espantalho (StrawMan) onde o oponente cria um homem de palha para depois se gabar de ter destruído um monstro. Nada mais que isso.
3.6) Lei x Graça no Dispensacionalismo é antinomismo? Outra acusação depositada gratuitamente em nossa conta é contrapor lei e graça e daí concluir uma falsa dedução de antinomismo. Essa possível diferença qualitativa entre ambas não foi feita pelos “detestáveis” dispensacionalistas, mas pelo apóstolo João quando afirma, “Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.” (Jo 1.17). Conforme afirma Lutero: “O pecado, a morte, e a ira de Deus nos é inata e conhecida por meio da lei. Já a graça, a remissão dos pecados, a justiça, e a vida são demonstradas na revelação e na obra de Cristo”[4]
Afirmar uma interface entre lei e graça em ambos os testamentos não é novidade alguma. Eu mesmo já o havia respondido em outros debates sobre isso onde expliquei minha posição da seguinte maneira: “Em qualquer época, a verdade eterna é: se existe salvação existe a graça de Deus. Sem a graça de Deus não há salvação (Efés 2:8,9). Disso podemos entender, se houve salvação no Velho Testamento, houve graça também.” Mas ele cita isso? Não. Antes prefere continuar batendo na mesma tecla quebrada. Cadê a honestidade dessa gente!
Prosseguindo, digo que mesmo a dialética entre ambas não prejudica em nada a teologia dispensacionalista, já que a lei foi dada por meio da graça e o evangelho é chamado de “lei de Cristo”. No final, tudo depende da graça soberana de Deus.
A visão dispensacionalista não afirma a INEXISTENCIA da graça de Deus no Antigo Testamento, antes, afirma que há mais lei no Antigo Testamento e mais graça no Novo Testamento. Há elementos comuns em diferentes dispensações. Mas o que Azenilto faz é confundir dispensacionalismo com antinomismo, o que é igualmente falso. Daí o chororô dele sobre as dispensações da lei e da graça presentes na estrutura teológica dispensacionalista, chegando a falsa conclusão de que os evangélicos, mormente os pentecostais, rejeitam a lei e o sábado [nos moldes adventista], por estarem influenciados pelo dispensacionalismo. Nada mais longe da verdade. Não rejeitamos a posição de Azenilto e Cia., por sermos dispensacionalistas, mas porque primeiramente, não é bíblica; segundo, não condiz com a tradição protestante, seja ela qual for e, por último é fruto de uma teologia esquizofrênica, nascida no malfadado movimento adventista de 1844. É bom ressaltar que Joseph Bates, e Tiago White costuraram diversos textos bíblicos ligando o sábado ao Juízo Investigativo e este a mensagem dos três anjos numa teologia escatológica esquizofrênica em que os adventistas se viam como protagonistas do cumprimento das profecias. Portanto, quem não conhece o verdadeiro significado do sábado dentro dessa seita, pensa que se resume apenas a uma questão de guarda, quando na verdade ele faz parte de um esquema escatológico maluco. Dai o “despertar” da ira de Azenilto contra o dispensacionalismo, pois ele não dá tanta prioridade à lei como o pós-milenismo puritano a dá, por causa de suas premissas básicas que não cabe comentar aqui.
Mas as incoerências não param por ai, posto que, ao mesmo tempo em que afirma serem os líderes pentecostais a favor da lei, ataca o dispensacionalismo como se este fosse contra a lei, armando uma confusão dos diabos. Será que o nobre cavalheiro esqueceu que estes mesmos pentecostais são dispensacionalistas assumidos? Nosso habilidoso mestre da lei precisa explicar se os dispensacionalistas são contra ou a favor da lei! E agora José?
E o que dizer da igreja deste senhor? Eles criam na salvação pela fé somente, conforme preconiza o lema da Reforma? Claro que não. A questão da salvação pela fé começou a ser tema de debate entre eles em 1888 com A. T. Jones e E. J. Waggoner, na Conferencia de Minneápolis. Eles acreditavam na salvação pela obediência a lei, portanto, pelas obras conforme escrevi em um artigo.[5]
Mas toda a argumentação mentirosa sobre antinomismo contra nós é desmentida com um só “Ctrl V” – “Ctrl C” do nosso livro “O sabatismo à luz da Bíblia”, onde discorremos sobre os limites da lei da seguinte maneira: “Não devemos, entretanto, supor, pelas limitações citadas, que a lei não é boa ou que não tem utilidade nenhuma. A lei per si, em sua natureza e princípio é santa, justa, boa e espiritual (Rm 7.7,12,14,16), pois reflete o caráter de um Deus Santo, Justo e Bom. E podemos ter prazer nela realmente (v.22). Ela é útil para mostrar a necessidade do homem ser santo para chegar às bênçãos de Deus e por isso foi chamada a “lei da justiça” (Rm 9.31). Pela lei sabemos que somos pecadores (Rm 7.7) e que Deus é santo, pois “a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom”. (Rm 7.12). Ela ainda serve para levar o pecador a Cristo, mostrar o pecado e ser referência para um mundo injusto. A lei pode apenas mostrar o pecado e a injustiça, mas jamais limpar o pecador. Por isso, ela definitivamente, não foi feita para o justo (I Tm 1.9). E apesar desta utilidade da lei, o cristão não está debaixo dela. Eu não olho mais para as tábuas dos dez mandamentos, eu olho para Cristo.” (O sabatismo à luz da Bíblia. CACP, 2ª ed. 2015, p. 22)
Isso não se parece com nenhum antinomismo, semi-nomismo, neoantinomismo ou qualquer outra besteira neologista inventada por nosso oponente. Ele pode colocar o rótulo que desejar em nós, é sua escolha, mas que seja honesto em identificar o rótulo com o conteúdo. Admitimos que a lei foi cumprida e abolida em Cristo sim, conforme explico às páginas 18,19,20 como nessa passagem: “Assim, de maneira ampla, a evidência textual tipológica demonstra a grande verdade deste simples fato aqui exposto, que Jesus Cristo substituiu a Torá. Isto demonstra de maneira maravilhosa como em certo aspecto a lei é abolida e imediatamente substituída pela lei de Cristo. É abolida porque Ele a cumpriu e se tornou a norma e a regra de vida para o crente. Ele mesmo agora é a nossa “Lei”. Não tenho mais nada a ver com a lei mosaica, pois morri para ela, no entanto, vivo por Cristo, para Cristo e em Cristo (Gl 2.19,20). Se eu quiser saber como devo viver não vou ter com a lei de Moisés, mas com Cristo (Ef 4.20,21).” (ibid, p. 20), mas isso está longe de ser antinomismo. Aconselho o nosso crítico estudar um pouco de “filosofia moral” para se inteirar do assunto.
- O que é antinomismo afinal? No século XVI os católicos igualmente acusavam os Reformadores de serem antinomistas, contra a lei de Deus. Até mesmo a Jewish Encicloped ( The unedited full-text of the 1906) acusa Paulo de antinomismo. [6]
No artigo “Os Reformadores e a Lei – Semelhanças e Diferenças” no subtítulo “Antinomismo e Legalismo” o conhecido historiador reformado, Alderi de Souza Matos, oferece uma breve descrição sobre a verdadeira posição dos antinomistas com os quais a Reforma havia travado polêmica. Diga-se de passagem, uma informação honesta e muitíssimo melhor do que a interpretação capenga e descontextualizada de nosso oponente.
“Historicamente, tantos os luteranos como os reformados têm tido dificuldade de manter o correto equilíbrio entre lei e evangelho, o que tem levado ao antinomismo, de um lado, e ao legalismo e moralismo, do outro. O antinomismo acentua de tal modo o fato de o cristão estar livre da condenação da lei a ponto de subestimar a necessidade da confissão diária dos pecados e da busca sincera da santificação. Os católicos romanos com efeito acusaram a Reforma de antinomismo ao afirmarem que a doutrina da justificação pela fé conduziria à frouxidão moral. Já na década de 1530, Lutero expressou a sua preocupação pelo fato de um dos seus seguidores, João Agrícola (c. 1494-1566), ter se tornado antinomista. Lutero o criticou por não acentuar adequadamente a responsabilidade moral dos cristãos.”[7]
Um artigo metodista segue a mesma linha ao afirmar que os seguidores de Calvino, “sobretudo na Inglaterra, adotaram os pontos de vistas mais extremos sobre a predestinação e seguiram o antinomismo. Para Wesley, o Calvinismo [antinomista] não devia ser seguido, pois representava um erro moral inaceitável.”
E mais: “Os escritos que Fletcher [metodista] publicou sob o título de Checks to Antinomianism (Guerra contra o Antinomismo) no decurso da Controvérsia Calvinista, em tese, não combatiam os ensinos de Calvino […] e sim, o Antinomismo que, qual um fermento de dissolução, penetrava, agora, nas igrejas e ameaçava as sociedades metodistas. Nesses escritos, ele descrevia o estado de relaxamento moral e decadência religiosa em que as igrejas evangélicas de seu tempo se encontravam, e corajosamente, denunciava-as”.[8]
Os termos usados acima tais como, “erro moral”, “relaxamento moral” e “subestimar a santificação”, traça o perfil do antinomismo com o qual os reformadores lidaram. Os antinomistas acreditavam que a salvação pela graça por meio da fé os deixariam imunes contra qualquer tipo de lei ou regra moral, descambando em uma devassidão moral. Uma seita que pode enquadrar-se hoje nessa categoria é o Ministério Internacional Creciendo en Gracia.
Dentro do campo filosófico, para a cosmovisão antinomista, não há leis morais, portanto mentir não é certo nem errado: não existem leis. O antinomismo expõe sua visão excluindo todas as leis morais. Em suma, o antinomismo é uma forma radical de ética relativista.
Mas para Azenilto só o fato de sustentarmos a abolição da lei nos tornamos antinomistas (contradizentes da lei). Deixemos que Paulo mesmo responda por nós em Romanos 6.15: “Pois que? Pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum”. O simples fato de crermos que o Velho Concerto por completo foi abolido, não significa que ficamos sem lei.
Veja que Paulo afirma estar debaixo de outra lei. Ele faz uma nítida separação entre lei de Cristo e lei de Moisés: “Fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivesse eu debaixo da lei (embora debaixo da lei não esteja), para ganhar os que estão debaixo da lei; para os que estão sem lei, como se estivesse sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei.” (I Co 9.20,21).
- Paulo não está debaixo da lei dos judeus.
- Mas Paulo não está sem lei para com Deus.
- Paulo está debaixo de uma lei diferente da dos judeus.
- Paulo está debaixo da lei de Cristo.
A lei de Cristo é muito mais rígida e profunda do que as regras do Antigo Testamento. Em nome da verdade e decência ética, espero que doravante nosso opositor não caia mais nesse erro pernicioso de nos acusar de antinomistas, caso contrário, ficará patente sua desonestidade inerente e ódio gratuito contra nós.
5 – Erros e acertos na literatura da CPAD. Azenilto chegou a coligir uma lista de supostos erros e acertos na literatura assembleiana a fim de demonstrar “conflito ideológico na comparação.” Conflito para quem afinal? Não para nós. O que ele fez foi somente contrapor as declarações que lhes favorece às que lhe são contrárias. As últimas ele denominou-as de “errado”, enquanto as primeiras de “certo”. Um método no mínimo suspeito e que merece nosso repúdio. Sugiro ao nosso confeccionador de tabelas que tente utilizar esse mesmo método em uma aula de metodologia científica e veja o que acontece. Assemelha-se ao método usado por muitos neo-ateus que contrastam dois versículos aparentemente discrepantes, tentando encontrar neles uma contradição.
As declarações mal utilizadas por ele em nossas Bíblias não entre em contradição nem com a Reforma Protestante e muito menos com nossa teologia. Ora, exaltar os dez mandamentos é alguma contradição? Dizer que eles são uma dezena é alguma contradição? Então qual o problema Azenilto? Explique-se por favor!
E por que restringir a famigerada lista APENAS aos estudos constantes nas Bíblias de Aplicação Pessoal e Estudo Pentecostal? Por que não levar em conta todo o pensamento teológico pentecostal sobre o assunto e suas principais autoridades como deixei bem claro em minhas respostas originais? Mas ele não faz, pois se o fizesse daria com os burros n’água.
6 – O diálogo travado com Esequias Soares – Essa foi a pior parte do texto. Em todos os nossos debates, nunca li algo mais confuso e vergonhoso. Ele faz uma citação de um livro do pastor Esequias onde este afirma que os dez mandamentos divide-se em duas partes: uma de amor a Deus e outra de amor ao próximo. Ato contínuo passa a criticar uma fala onde o referido pastor afirma que em caso de necessidade, pode haver um estado de exceção quanto a trabalhar no sábado por causa da ameaça ao valor da vida. Ora, será que o ilustre adventista nunca leu sobre Davi, que para MATAR SUA FOME fez algo ilícito SEGUNDO A LEI (Mc 2.23-28; conf. 1Sm 21.3-6 ref. Lv 24.5-9)? O que disse o pastor Esequias é consoante ao ensino de Jesus em Mt 12.11,12. Agora, quanto ao nosso oponente, já não posso dizer o mesmo.
Observe a belíssima dedução que ele retira dessa simples declaração benevolente. É de pasmar!
“Lembrando ainda que Jesus destacou uma parte da “regra áurea” como sendo “amar a Deus de todo o coração”, o que fica esquisitamente alterada, pois no “dia do Senhor” se poderia dividir o coração com “amor ao patrão”. . . Logo, já não é amar a Deus DE TODO O CORAÇÃO (ver Mat. 22:36-40). Como fica isso, Pr. Esequias Soares?! Por esse raciocínio de “fazer o bem no sábado”, podendo-se trabalhar nesse dia (ou domingo, que seja), uma mãe de família que se veja em apuros financeiros pode PROSTITUIR-SE, pois se está “fazendo o bem” para sustentar a família. . . Um pai de família pode NEGOCIAR DROGAS, pois está “fazendo o bem” para a sua família. . .” (sic)
Cara, nada a ver o que você disse! Misturou alhos com bugalhos! Desde quando prostituir-se e vender drogas é fazer o bem? A comparação é esdrúxula, sem propósito e uma deturpação explícita do pensamento do pastor! Só mesmo uma teologia deformada pelo legalismo poderia deduzir tal coisa! Veja que o sabatista coloca o sábado acima do valor da vida humana, no caso em lide, o sustento básico. Mas quem vai lhe repreender é o próprio Jesus com um ensurdecedor “é justo fazer bem no sábado” (Mt 12.12).
Temo que até Jesus poderia ser alvo desse tipo de reprimenda já que foi Ele mesmo quem disse que os sacerdotes trabalhavam aos sábados e ficavam sem culpa (Mt 12.5); nada mais verdadeiro, pois os pães da preposição tinham de ser trocados e arrumados e sacrifícios tinham de ser feitos no sábado. Para isso, diversas tarefas tinham de ser executadas. E o que dizer da circuncisão em Jo 7.22,23, que se caísse em dia de sábado deveria ser cumprida à risca mesmo assim? Curiosamente estes textos passaram longe da pena de meu oponente, caso contrário, teria de admitir pelo mesmo raciocínio que uma necessidade moral básica, pode sim, sobrepujar algo cerimonial como a guarda de determinados dias.
6.1) O sábado guardado antes do Sinai. Me dê as provas por favor! Prosseguindo ele alega que ao dividir as duas instancias em “princípio” e “institucional/legal” o pastor Esequias estaria utilizando uma “confusa tese”.
Não vejo confusão alguma. Confusa é a mentalidade legalista e fanática que pretende forçar uma lei da qual Cristo já nos libertou.
Desafio a qualquer adventista a nos mostrar, sem ilações, onde há de Genesis a Êxodo cap. 16, algum mandamento para a guarda sabática por mais simples que seja. Se não puderem, então pelo menos prove com exemplos de alguém guardando o sábado. Mas eles nunca irão fazer isso, pelo simples fato de que o mandamento de guardar o sábado não foi instituído na criação. O texto não dá base para essa dedução. O que Moisés fez foi utilizar um recurso literário retirado de seu contexto situacional e então retroagir aplicando-o ao início. Ele utiliza a prolepse não poucas vezes no livro. Vejamos:
- Em Gênesis 10.4-5 não havia nenhum gentio na época de Noé, mas Moisés antecipadamente já chamava de gentios aqueles povos;
- Gênesis 2.24 fala sobre o pai e a mãe do primeiro casal, mas não havia nenhum e nem outro naquele momento;
- Em Gênesis 2.10-14 há menção da terra de Cush. Cush era um nome comum para a terra do Egito pelos dias de Moises. Moises diz que sua própria esposa era da terra de Cush (Números 12.1);
- Um exemplo típico é dizer, por exemplo, que os JUDEUS murmuraram no deserto contra Deus, mesmo sabendo que na época não existia nenhum povo JUDEU, nomenclatura essa que aparece somente nos documentos pós-exílio.
Quando Moises escreveu o livro de Êxodo para os hebreus, ele mencionou a razão do porquê eles guardaram o sábado, tomando como exemplo a criação (Êxodo 20.8-11), embora este fato só foi finalmente revelado a partir de Êxodo 16. Pra começo de conversa nem mesmo a palavra sábado aparece em Genesis. A palavra shabath é cessar e não descansar. Deus não se cansa, Cf. Isaías 40.28. No hebraico, a palavra para denotar “greve” (paralisação) shevita vem da raiz shabath. O sábado como mandamento de culto e adoração é dado posteriormente, já dentro da dispensação da lei.
A falácia desse tipo de argumentação é confundir passagens narrativas com prescritivas.
Portanto, o pastor Esequias está corretíssimo em afirmar que em Genesis há um exemplo buscado por Moisés para a cessação do trabalho e em Êxodo, a instituição legal da guarda do mesmo. E todo o mimimi em torno das expressões técnicas: “sábado legal” e “sábado institucional”, não tem razão de ser. A bem da verdade é este senhor que usa e abusa de expressões biblicamente INEXISTENTE, tais como as corriqueiras: “lei moral” e “lei cerimonial”.
6.2) O “olé” adventista no sábado. Mas suas reprimendas não param por ai. Ele chega a insinuar que o pastor Esequias, pela observação feita, se iguala aos fariseus hipócritas, condenados em Mt 15.6-9, pois dava um “jeitinho” de burlar a lei de Deus assim que podiam. Em seguida arremata dizendo que “O que muitos crentes querem é CONTORNAR A EXIGÊNCIA de um dia a dedicar ao Senhor para, no final de contas, se livrarem desse ‘inconveniente’ mandamento…”
Como vimos a mentalidade legalista não é só perversa do ponto de vista moral já que priva as pessoas dos valores básicos da vida, mas é inferior também da perspectiva espiritual, pois toda a briga dele se resume pela guarda de um diazinho apenas. A teologia legalista o impede de compreender que um dia só para Deus é pouco. Devemos dedicar a Ele TODOS os dias. É assustador observar o estrago que o neo-legalismo [para utilizar do mesmo recurso do oponente] consegue fazer na vida de certas pessoas! Ele priva-as da vida zoe de Deus na Nova Aliança e as cegam para a liberdade que há em Cristo.
Agora, por falar em “contornar” a lei, seria bom o nosso opositor, sujeito de alma sem jaça, cristal sem trinca, explicar porque sua igreja coloca profissionais da área de segurança para trabalhar para eles aos sábados vigiando os suntuosos edifícios adventistas, sendo que a lei determina que TODOS os serviçais deveriam guardar o sábado juntamente (conf. Ex 20.10)? Os médicos adventistas trabalham de graça aos sábados? Os pacientes não pagam pelos serviços médicos aos sábados então? E o que dizer dessa declaração da profetisa adventista quanto a cozinhar aos sábados: “Embora deva a gente abster-se de cozinhar aos sábados, não é necessário ingerir a comida fria. Em dias frios, convém aquecer o alimento preparado no dia anterior” (Testemunhos Seletos vol. 3 p. 23,24). Quer dizer que pode seguir Ex. 16.23, mas malandramente desobedecer Êx 35.3?! [9]
Mas o que esperar de um sujeito que certa feita saiu com a seguinte desculpa: “Também lembremo-nos que o acender fogo naquela época era uma atividade bem diferente do que temos hoje. Com apenas um “click” num acendedor automático, ou um riscar de um fósforo, . . . pronto, temos fogo ou luz.”. Pronto, bastou apenas um click para que novas luzes se fizessem afim dos adventistas se safarem da lei que tanto amam! Não obstante, vamos testar seu argumento pelo reductio ad absurdum e levar as coisas até às últimas consequências. Seguindo a mesma linha de pensamento deste senhor, podemos também com um “click” lavar roupa, pois com um click eu ponho a máquina de lavar para funcionar no sábado. Qual o problema? O magic click é o mesmo!
Diante disso, parece que é a igreja do nosso acusador que anda na contramão do 4º mandamento. Portanto, não a nós senhor Azenilto, mas em cima dos próprios adventistas é que deve recair a sua condenação, pois no final das contas, são vocês mesmos que procuram se livrar desse “‘inconveniente’ mandamento…”. A propósito, alguém aí mencionou a palavra HIPÓCRITA?![10]
7 – Falsificações ostensivas no pensamento de Orlando S. Boyer – As poucos vezes que ele entrou no mérito da discussão foi para ratificar ainda mais suas distorções. Interessante que ao lermos o que escreveu Azenilto sobre Boyer fica a impressão que num passe de mágica ele faz com que o pastor pentecostal deixe de ter uma “teologia deformada” e adquira o status de “conceituado mestre assembleiano”. Bem dizia o pastor Natanael a respeito dessa gente: “fala pelos dois cantos da boca”. Quando lhes convém, quando uma frasezinha pinçada fora do contexto parece lhes favorecer, os pentecostais são elevados ao patamar de “mestres”, mas quando lhes contrariam aí são contraditórios, os caras da “teologia deformada”.
Em duas oportunidades, com muito custo, tenta sustentar a alegação de que quem interpretou mal o “conceituado mestre assembleiano” fui eu. Observe como ele joga com a questão:
“Embora o nosso contestador venha com a pouco convincente alegação de que estamos corrompendo o sentido da declaração dessa autoridade assembleiana, dizendo que a afirmação dele, “não se deve pensar que não exista nada destes [dez] mandamentos”, excluiria algum dos 10 Mandamentos (adivinhem qual é o ‘visado’), o contexto do que o próprio autor citado diz não bate com qualquer sugestão na linha do que é insinuado. Pois em seguida ele arremata:” (negrito meu)
E mais: ‘Súmula do Decálogo’. . . que bom que ele admite acertadamente isso na sua “Enciclopédia Bíblica”. Se ele fala em “decálogo”, necessariamente isso inclui o “inconveniente” preceito do sábado que o analista do e-Book claramente detesta e de que quer se ver livre por todos os meios na sua atrapalhada argumentação. E embora tenha até tentado refazer o escrito do líder assembleiano para negar o sentido que lhe atribuímos, dessa ele não escapa: Boyer coloca AMOR em todo o Decálogo, com o que neutraliza sua pobre argumentação que implica que os conceitos da “lei de Cristo” de amor a Deus/amor ao próximo NADA TÊM A VER COM O DECÁLOGO.” (negrito meu)
Veremos quem de fato está tentando refazer o escrito de Boyer. Pena que nosso competente intérprete esqueceu que Boyer não é escritor de um único livro e nem o seu pensamento se restringe apenas a um pequeno verbete. É fácil pinçar uma declaração isolada e usa-la para sustentar sua argumentação, mas veremos abaixo como Boyer desfaz a justificativa leviana deste cavalheiro. Será que O.S. Boyer tinha em mente o sábado quando disse que “não se deve pensar que não exista nada destes mandamentos”, como insinua nosso competente eisegeta? Será que minha réplica é “pouco convincente” ou será que é ele quem anda insistentemente “corrompendo o sentido da declaração”?
Em seu livro “Marcos: o Evangelho do Servo do Senhor”, Boyer deixa claro qual é o seu real pensamento a respeito da nossa relação com o sábado e os dez mandamentos, dentro da Nova Aliança, vejamos:
“Porque, em primeiro lugar, há na antiga aliança muitos preceitos ‘morais’ que não estão incluídos nos dez mandamentos. Por exemplo, Êx. caps. 21 a 23 e Lev. caps. 18 a 22. Em segundo lugar, a lei acerca de guardar o sábado, e que se encontra no Decálogo, é ‘cerimonial’ . Pode-se exigir a obediência a um mandamento ‘moral’ em outra dispensação sob outra base ou por outros motivos, mas jamais se pode abrogá-lo. Deus nunca pode, por exemplo, em qualquer dispensação, abolir o mandamento: ‘Não dirás falso testemunho.’ Contudo o mandamento acerca de guardar o sábado foi . Assim o Filho do homem é Senhor mesmo do sábado (Mar. 2:28), e tem o direito de pô-lo de lado, quando e como Lhe parecer bem. Cristo, por fim, removeu inteiramente o mandamento de guardar o sétimo dia, cravando-o na cruz. Depois do dia de Pentecoste não se encontra o mandamento de observá-lo. É significativo que Paulo em suas catorze epístolas menciona o dia do sábado somente uma vez: ‘Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados.” Lede Col. 2:14-17. ‘O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado.’” (BOYER, O.S. Marcos: o Evangelho do Servo do Senhor. 2ª ed. Rio de Janeiro: Livros Evangélicos, 1950, cap II – negrito meu)
De quebra o “conceituado mestre assembleiano” além de dar um chega pra lá na estropiada tese da vigência do sábado mosaico e da moralidade integral dos dez mandamentos, o faz por meio da teoria dispensacionalista, alvo do intenso odium theologicum do nosso eminente “teólogo” que como disse, “…quer se ver livre por todos os meios na sua atrapalhada [ e mal-intencionada] argumentação”.Fica assim desmascarada aos olhos de todos mais uma vez [“mais uma vez”, pois eu já havia dado essa informação em minha resposta original, mas ele deu um de “João Sem Braço”, ignorando deliberadamente] as informações descontextualizadas e distorcidas que ele oferece em cima de um texto isolado de Boyer sobre a posição dos dez mandamentos e do sábado. Mais uma vez o gajo caiu do cavalo!
Mas não vou ficar me repetindo aqui, o leitor pode comparar a minha explicação nas partes 6 e 7 da resposta original[11] com as de meu antagonista e perceberá que ele nem mesmo arranhou-as. Simplesmente reafirmou o erro exposto no livro de sua autoria. Então tudo continua como dantes.
8 – Contínuas distorções em Myer Pearlman Depois de serem desmascarados sobre as citações descontextualizadas nos escritos de Pearlman por mim, onde cito o real pensamento dele sobre o tema levantado pelos autores do livro adventista, Azenilto tenta sair pela culatra da seguinte maneira: Se depois incorre em tão grande contradição, o que podemos fazer?” e mais: “Aproveitamos o “trigo” e desprezamos o “joio” de sua teologia.”
Eis ai o modus operandi de nosso nobre “apologista”! Pinça de forma distorcida, aqui e ali, APENAS aquilo que parece lhe trazer alguma vantagem e depois descarta-o, condenando-o quando lhe contradiz. Mas se ele aproveitasse o que há de bom na teologia de Pearlman, já estaria em lucro, quem sabe aprenderia um pouco de boa teologia. Mas não é isso o que acontece, ele distorce na cara dura os escritos do pastor à semelhança do que fez com Boyer para o seu próprio constrangimento.[12]
9 – A lei do amor ou o amor da Lei? É explícito o esforço descomunal de nosso oponente ao tentar misturar por meio de versículos costurados, um decálogo de amor. Ele chama de “tolice teológica” palpável” dizer que o decálogo não é o mesmo que a lei do amor. E não é mesmo. Ele pode espernear e protestar o quanto quiser e pode até dizer que “Por tal linha de pensamento, Deus ordena que os filhos honrem a seus pais, mas isso não tem NADA A VER com a necessidade de que os amem. Nada de “sentimento de amor filial”, só a LETRA DA LEI para ser cumprida, no seu 5º. mandamento, e pronto.”.
Isso não muda o fato de que é relativamente fácil cumprir toda a parte do decálogo que diz respeito ao meu próximo ( do 5º ao 10º mandamento) sem a necessidade de amá-lo. Por exemplo, não matar, honrar pai e mãe, não adulterar etc. Aliás, o decálogo é negativo começa com um “NÃO”. Não é antecedido pela palavra “AMAR”. Sua função era apenas restringir os pecados ostensivos como acontece com nossos modernos códigos penais. É por isso que o governo dos nossos dias pode cumprir toda a legislação constitucional, sem que o mesmo esteja impelido pelo amor aos pobres.
O amor não emana da lei. Isso fica por conta e risco de nosso oponente. Pelo contrário, para cumpri-la, deve haver um sentimento alheio a ela, que venha de fora, que seja totalmente outro. Desafio nosso oponente a mostrar na Bíblia que a obediência ao decálogo é o resumo do amor a Deus e ao próximo.
Outra, a Bíblia ensina que o amor é o cumprimento da LEI e não apenas dos dez mandamentos. Mas a miopia eisegética do nosso oponente não permite ver isso.
Quando Jesus afirma ao escriba que o primeiro e mais importante mandamento da lei é o dever do amor a Deus e ao próximo, eles tinham em mente qualquer lei, até mesmo a chamada LEI CERIMONIAL conforme mostra a resposta do escriba no vs. 33 ( Cf. Mc 12.28-33). Paulo diz que “toda A LEI se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.” (Gl 5.14). O contexto fala de circuncisão, ira, ciúmes, brigas, etc… Tampouco aqui lei se restringe aos dez mandamentos. Ainda em Rm 10.8-13, antes de inserir o amor, Paulo discute sobre o pagamento de tributos e volta-se para o decálogo. Novamente o amor é “a lei” que cumpre as demais leis.
É justamente isso que o decálogo faz, ele possibilita esse cumprimento legalístico, daí a necessidade de complementação deste mandamento, fora dos dez mandamentos, resgatando seu verdadeiro espírito. O decálogo não é completo nesse sentido![13]
Um judeu estaria justificado, baseando-se apenas no decálogo ao deixar um gentio passar fome e sede, sem transgredir com isso nenhum dos dez mandamentos. Talvez fosse essa a lição que Jesus quisesse transmitir ao ensinar a parábola do Bom Samaritano. O sacerdote e o levita estavam justificados pela lei a não tocar em pessoa “morta” (Lv 21.1-22.4. Conf. Lc 10.30), mas perante a lei de Cristo esse cumprimento era insuficiente.
Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo que todo aquele que olhar para uma mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.” (Mt 6.28). O decálogo era impotente para tratar sobre a intenção do coração. Neste pormenor, portanto, incompleto. Jesus teve de trazer isso à consciência dos judeus.
10) No fim das contas todas as leis são de Deus. Prosseguindo ele diz: “O pobre analista de nosso e-Book perde totalmente a noção desses fatos, tentando por todos os meios encontrar uma “lei de Cristo” que seja inteiramente alheia ao Decálogo. Só que, no fim de contas, termina sendo a MESMA “lei de Deus”, com somente a eliminação do sábado que não lhe convém. Ou seja, confunde a “lei de Cristo” como se fosse SUBSTITUTA da Lei de Deus, quando é meramente a sua SÍNTESE.”
A acusação do oponente já parte de uma ideia falaciosa, qual seja, que exista uma divisão entre lei de Moisés e Lei de Deus, sendo a última o mesmo que o decálogo. A expressão “lei de Deus” não se restringe apenas ao decálogo como sutilmente insinua nosso acusador. Toda a lei é chamada de lei de Deus, pois em última instancia, tem origem Nele. Agora, a lei de Cristo incorpora os princípios morais da lei, tanto os que constam do decálogo, como fora dele – menos o sábado – quer nosso acusador goste ou não. Dos dez mandamentos, nove são repetidos aos cristãos no Novo Testamento com alguma variante, menos um. Adivinhe qual é????
Ele cita Sl. 40.8. Quando o salmista diz “dentro do meu coração está a Tua lei”, está se referindo a TODA a lei e não apenas aos Dez Mandamentos. Com efeito, Davi não sabia nada desta divisão adventista entre lei cerimonial (abolida) e lei moral (só com os dez mandamentos) em voga. Isso é estupidez. A lei toda provinha de Deus. Uma regra básica de interpretação é saber a forma literária do livro sob análise. Salmo é um livro poético. Agora, olhando a estrutura poética do salmo, percebe-se que sua rima é um “paralelismo sinônimo”, semelhante ao Salmo 24.1, onde a segunda linha repete uma parte da linha anterior, isto é, afirma a mesma coisa com palavras diferentes. Se for esse o caso, então Davi está dizendo que a vontade de Deus (de forma geral) é a sua lei. Outro erro grosseiro é acreditar que a expressão paulina “os mandamentos de Deus” (ICor. 7.19) diz respeito ao decálogo apenas. Que prova pode oferecer o oponente de que Paulo esteja se referindo ao decálogo? Nenhuma! Paulo mesmo se encarrega de desmenti-lo, pois em I Coríntios 14.37 ele declara que o que escrevia eram mandamentos de Deus, dados pelo próprio Senhor Jesus (I Ts 4.2). Quando a Bíblia, no Novo Testamento, fala de mandamentos, temos que ter em mente a Nova Aliança. Nessa dispensação temos: 1) A lei de Cristo (I Co 9.21); 2) Os Mandamentos do Senhor (At 1.2); 3) A lei do Espírito de Vida (Rm 8.2); 4) O Ministério do Espírito (II Co 3.6-14); 5) Os Mandamentos de Deus dados a Paulo (I Co 14.37; 7.25) e outros.
11) Myer Pearlman – de defensor da lei à intérprete incompetente. Depois que demonstrei cabalmente com outros escritos de Myer Pearlman que eles haviam retirado o seu verdadeiro pensamento a respeito da lei fora do contexto, ele tentou sair pela gente com a seguinte desculpa amarela: “Que pena que Mr. Pearlman, que declarou coisas tão acertadas que o e-Book apresenta, se revele tão incompetente em interpretar as Escrituras noutros pontos. Ele usa o surradíssimo chavão do dispensacionalismo dianenhumista/diaqualquerista do “debaixo da lei” pelo qual a coisa funciona assim—se você obedece NOVE dos preceitos do Decálogo, menos o sábado, não há problema nenhum quanto a estar “debaixo da lei”. Mas se guarda o sábado, aí estará “debaixo da lei”. Notem que notória DISCRIMINAÇÃO contra esse preceito bíblico.”.
Ei, espere um minuto! E todos aqueles adjetivos bajuladores que aparecem no livro de vocês? Sumiram? Claro, é só mostrar como Pearlman na verdade é contrário à “Teologia Desinformada” de Azenilto para ele num piscar de olhos mudar sua opinião para com o “mestre pentecostal”. Mas longe de ser uma justificativa, sua fala apenas denuncia sua falta de humildade e mostra pura pertinácia no erro, para não dar o braço a torcer, para não reconhecer que o retirou fora do contexto.
12) O que é mesmo estar debaixo da lei? Mas como excelente mestre da lei que é, o cavalheiro propõe a nos ensinar sobre o significado da expressão “estar debaixo da lei”. Só que o homem gaguejou e não disse absolutamente nada, a não ser um vago “buscar a justiça por meio da lei”.
É importante dizer que a expressão ‘estar debaixo ou sob a lei’ não significa primeiramente estar sob a condenação da lei, se justificar na lei, mas estar sob o regime da lei; pois Jesus nasceu sob a lei e nunca pecou Gl 4.4, e nós estamos sob (debaixo) da lei de Cristo 1 Co 9.20-22 nem por isso queremos nos justificar, mesmo que seja com a lei de Cristo.
13) Ouça Lutero, por favor! A citação que ele faz de Lutero não ajuda muito (nem mesmo a de Fausset), pois Lutero não endossa o que ele diz sobre a lei. Pelo visto nosso antagonista não sabe distinguir o termo lei em Lutero. O uso teológico da lei em Lutero nem de longe é o mesmo que Azenilto pretende. Quando Lutero defende a lei, ele está falando sobre o uso da condenação; sobre a penalidade quanto ao pecado e a vergonha ao expor nosso eu pecaminoso. Só isso. Lei em Lutero é pregação de condenação, de juízo contra o pecado. Veja o que o reformador disse sobre a lei em outro livro:
“A lei de Moisés refere-se aos judeus e, de qualquer maneira, não nos prende mais, pois esta lei foi dada exclusivamente ao povo de Israel, e este a aceitou para si e seus descendentes, sendo que, aqui, os gentios estão excluídos, embora os gentios também tivessem várias leis em comum com os judeus […] Tudo isso lhes foi escrito no coração, ao natural, não o tendo ouvido direto do céu como os judeus. Por isso, todo esse texto nada tem a ver com os gentios. Digo isso por causa dos entusiastas, porque vocês veem e ouvem como eles leem Moisés. Citam-no como muito importante e argumentam que Moisés teria governado o povo com mandamentos […] pretendem governar o povo segundo a letra da lei de Moisés, como se ela jamais tivesse sido lida antes. Isso, porém, nós não admitiremos. Antes, preferia deixar de pregar pelo resto da minha vida a readmitir Moisés e permitir que Cristo nos fosse arrancado do coração […] Consideraremos Moisés um mestre, mas não o tomaremos como nosso legislador, a não ser que ele coincida com o Novo testamento e com a lei natural […] se alguém argumentar contigo quanto a Moisés, e seus mandamentos insisto para que não me perturbe com Moisés. Se aceito Moisés em um ponto, tenho a obrigação de observar a lei inteira, pois nem o menor ponto de Moisés nos diz respeito […], dize: ‘Vai para os Judeus com seu Moisés, eu não sou judeu’.” (LUTERO, Martinho. Breve Instrução sobre o que se deve procurar nos Evangelhos e o que esperar, dele. In. Obras Selecionadas 8. Interpretação Bíblica: princípios. São Leopoldo, RS: Sinodal, 2003, p. 186-187)
Quer ouvir mais Lutero senhor Azenilto? Então aí vai: “Que Moisés não se liga aos gentios pode ser provado a partir de Êxodo 20: 1, onde o próprio Deus fala: “Eu sou o Senhor, seu Deus, que te tirou da terra do Egito, da casa da servidão”. Este texto deixa claro que MESMO OS DEZ MANDAMENTOS NÃO PERTENCEM A NÓS. Porque Deus nunca nos tirou do Egito, mas apenas os judeus.” (destaque meu)
E o que dizia Lutero sobre o sábado? Observe mais uma vez: “Mais uma vez pode provar isso do terceiro mandamento que Moisés não pertence a gentios e cristãos. Tanto Paulo [Col.2:16] quanto o Novo Testamento [Matt. 12: 1-12; João 5:16; 7: 22-23; 9: 14-16] aboliram o sábado, para nos mostrar que O SÁBADO FOI DADO APENAS AOS JUDEUS, para quem é um severo mandamento. Os profetas também se referiram a isso, que o sábado dos judeus seria abolido.”[14]
O texto acima expressa a posição de Lutero sobre a lei, o decálogo e o sábado. Diante de um texto tão contundente, qual será a reação do nosso contestador? Vai continuar citando Lutero fora do contexto ou vai apelar para o recurso desonesto de dizer que o reformador é contraditório, incompetente e coisa e tal; que diante disso se pode aproveitar apenas aquilo que é bom, como tem feito até aqui com os mestres pentecostais? O tempo dirá.
14) O oponente e seu perigoso argumento do silêncio. Por que tanto alarde sobre o “argumento do silêncio”? Simples: acusar o outro de usar o “argumento do silêncio” é uma tática largamente utilizada por nosso oponente para desqualificar o argumento do outro mediante o recurso psicológico da ilegitimidade da opinião oposta, como se o outro já estivesse vencido no debate antes mesmo de começar.
Uma alegação tão audaciosa como a que afirma que Adão e Eva, os patriarcas e depois os primitivos cristãos guardaram o sábado, merece uma pergunta óbvia: ONDE ESTÃO AS PROVAS? Mas ao invés de oferecer as provas o único recurso que lhe coube foi tentar jogar com o fraco “argumento do silêncio”. Como dizem: “vai que cola!”
Eu mesmo utilizei algumas vezes a expressão “ausência de evidencia não é evidencia de ausência” e por isso fui severamente censurado por Azenilto. Estaria, segundo ele, usando dois pesos e duas medidas. Certo. Mas uma coisa é utilizar o argumento contra alegações liberais de ausência de provas históricas e arqueológicas (algo tão óbvio que o próprio Azenilto admitiria), quando se sabe que o conhecimento sobre tais fatos ainda está em aberto e; outra coisa completamente diferente é utiliza-lo sobre questões adstritas ao campo teológico, quando sabemos que a revelação bíblica já está TODA FECHADA. O que tinha de ser revelado e dito já foi. Portanto, a suposta contradição que ele pretende me apanhar cai por terra. Confesso que o recurso do argumento do silêncio é uma faca de dois gumes, mas nem por isso ele é de todo descartável como veremos abaixo.
14.1) E agora José? Indo na esteira do brilhante pensamento do articulista, um reformado poderia igualmente reivindicar o argumento do silêncio contra a falta de evidencia neotestamentaria contra o pedobatismo. A resposta do reformado poderia ser “Se por um lado não existe textos claros que falam de batismo infantil, também não tem nenhum que proíbe.”. E aí Azenilto? Esse é um legítimo Argumentum ex silentio? Você concordaria com seu amigo reformado? E quanto ao silêncio do Novo Testamento sobre o ofício de pastora? Não seria um argumento do silêncio? Você acataria a acusação de que estaria usando o argumento do silêncio ao defender a ausência de ordem no Novo Testamento para a separação ao ministério pastoral feminino? E o argumento criacionista usado por sua igreja de que não existe um “elo perdido”? Não estaria ele baseado no argumento do silêncio? O que você tem a dizer José?
14.2) Faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço. Mas quem lê as bravatas de nosso ilustre amigo, nunca imaginaria que ele mesmo usa e abusa desse mesmíssimo Argumentum ex silentio quando lhe é conveniente.
Há muito tempo o oponente endereçou aos evangélicos em tom de desafio, o que ele denominou “Uma Carta não Respondida”, com 10 perguntinhas. Na 6ª pergunta observe como ele utiliza o clássico “argumento do silêncio”: “Por que no Concílio de Jerusalém, nas decisões tomadas a respeito das coisas que NÃO deviam preocupar os cristãos, nada é dito sobre o sábado ser evitado (como as demais coisas alistadas em Atos 15:29)?”
Em seu artigo sobre “10 Principais Razões Que Desautorizam a Observância Dominical”, adivinhe qual foi a primeira questãozinha levantado por ele para descartar o domingo como dia do Senhor? Esta: “(1) Nenhuma Ordem de Cristo ou dos Apóstolos.” Ora, mas esse é um argumento do silêncio!
Veja outro exemplo do argumento do silencio utilizado sem escrúpulos pelo nosso crítico em um debate sobre o domingo: “João escreveu 60 ANOS DEPOIS da Ressurreição, e se esse dia tivesse qualquer título especial, seria tratado por João de modo diferente (ver João 20:1, 19). Por que João NÃO FALA que era o “dia do Senhor”, ou algo semelhante?”
“Aos amigos tudo, aos inimigos, a lei”? Quando é contra o domingo o “argumento” é válido, mas contra o sábado, não? Por quê? Mas silêncio não é o forte desse camarada. Na introdução de um debate com um Testemunha de Jeová ele previne sobre o “argumento do silêncio” tomando-me como exemplo e de quebra, faz uma jogada psicológica pra ganhar o público, insinuando que o detestável apologista do CACP “ataca igualmente adventistas e TJ’s como heréticos” (Olha só quem fala! Justamente o cara que escreveu um livro contra a Organização Torre de Vigia!). Veja o que ele disse: “Permitam-me citar algo relevante ao tema para entenderem bem a lógica da questão: Num debate sobre certo teólogo metodista que alegava que Moisés nem deve ter existido por falta de evidências arqueológicas e históricas disso, o vice-diretor do “ministério” CACP (que ataca igualmente adventistas e TJ’s como heréticos) declarou que o “argumento do silêncio” de que se valia é PERIGOSO e FALACIOSO, pois, nas palavras dele, ‘a ausência de evidência não é evidência de ausência’.”
Mas pelo visto ele não foi muito convincente em sua argumentação, pois as próprias TJ pegaram-no com a boca na botija. Veja um dos muitos comentários reprovando a tática nada leal deste cidadão: “Se entende que o adventista começa por consentir de que NÃO EXISTE NAS ESCRITURAS CRISTÃS UMA ORIENTAÇÃO DIVINA DE QUE SE DEVA GUARDAR O SÉTIMO DIA. Ele admite que não existe esta ordem bíblica para tal aos cristãos. é por isso que ele começa seu discurso falando contra o ‘argumento do silêncio’ e se preocupando em por na mente do público que a ‘ausência de evidência’ para o sabatismo cristão não é evidência da inexistência do mesmo!” [destaque no original][15]
Mas essa tática de descartar o peso do argumento com acusações despistadoras é no final das contas uma falácia. É necessário encarar o fato de que não existe prova alguma (ordem prescritiva ou exemplo prático) da guarda do sábado antes do deserto. Mas o que faz o oponente? Admite-o com honestidade? Não. Simplesmente sai pela tangente apelando para o “argumento do silêncio”. Logo ele que vive reivindicando dos evangélicos um enfático “Assim diz o Senhor” para o domingo. Mas quando é sobre o sábado em Genesis aí se dispensa o “Assim diz o Senhor”. É, coerência definitivamente não é o forte dele.
15) Adão e Eva e os patriarcas guardaram o sábado. Sério? Irineu escrevendo no ano 180 d.C no livro “Contra Heresias” livro IV, 16.2 afirma: “…elas foram dadas ao povo como sinal, se encontra em Abraão, o qual, sem circuncisão e SEM OBSERVÂNCIA DO SÁBADO, acreditou em Deus e lhe foi imputado a justiça e foi chamado amigo de Deus”.
Mas o que dizer da palavra “lembra-te”? Não significa que o mandamento foi dado antes do Sinai, isto é, no Éden? Não. “na verdade, a tradição assume que a lei do sábado havia sido proclamada em Mara, antes da revelação do Sinai” (Ex Rashi em xv;.. Maimonides, “Moré” iii 32;.. Sanh 56b), no deserto como bem atesta Ezequiel 20.10-12.
É significativo que nem mesmo na chamada “lei de Noé” ou “Lei dos filhos de Noé”, que, segundo a tradição judaica, eram mandamentos para toda a humanidade (comum entre judeus e gentios) encontra-se a ordem de guardar o sábado. Possivelmente baseado na “Lei de Noé” foi que o apóstolo Tiago deliberou sobre os cristãos gentios em Atos 15, por isso é que está ausente o mandamento da guarda do sábado.[16]
Até onde sei, a tradição judaica parece desconhecer a prática do quarto mandamento por Adão e Eva. Mesmo os livros apócrifos sobre Adão e Eva não falam nada sobre o assunto. É interessante que o “Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia” (2011, pp. 518/519) quando tenta provar “Os Dez Mandamentos em Gênesis” cita os 9 mandamentos com algum tipo de exemplo tirado de pessoas praticando-os. Agora, adivinhe qual dos mandamentos eles não citam um exemplo se quer? Qual, qual, qual??? Isso mesmo, o sábado. Quando chega no quarto mandamento eles simplesmente se calam e desajeitadamente citam Gn 2.2,3, que, diga-se de passagem, não diz absolutamente nada sobre ninguém, em lugar algum guardando dia nenhum. Mas devo admitir que pelo menos foram mais honestos do que certos “apologistas” do sábado que conheço, que num esforço descomunal, produz as mais aberrantes cavilações no texto, tentando encontrar fundamentos para a guarda sabática em Gênesis.
16) Argumentos bizarros para justificar o sábado no Novo Testamento. Diante da esmagadora ausência prescritiva em relação ao sábado no Novo Testamento, só restou ao oponente, meio sem jeito, concordar que “Nem Jesus nem os Seus apóstolos repetiram o preceito do sábado “ipsis literis”, é verdade.” para em seguida sair com o incrível arrazoado: “Mas sabem por quê? É que NÃO PRECISAVA, já que todos os Seus seguidores o acatavam. Sabiam da afirmativa de Cristo de que “o sábado foi feito por causa do homem-‘anthropós’” (o homem universal, não o mero homem judaico).
Grande argumento! Quer dizer que só pelo fato de Jesus discutir com os judeus sobre o real significado do sábado dentro do contexto da lei dada a ISRAEL (ao contrário do que nosso contestador afirma, o contexto não permite alargar o argumento do sábado para “toda humanidade”), faz disso uma ordem prescritiva? Será que não lhe ensinaram que para interpretar uma perícope não basta apenas apelar para a etimologia isolada de uma palavra? Seria de bom alvitre folhear um pouco a obra “A Exegese e Suas Falácias”, do teólogo D.A Carson. Pelo menos não cometeria tanto deslizes bizarros assim.
A alegação de que “não precisava” uma ordem expressa às novas igrejas para a guarda sabática é sobretudo uma maneira irresponsável, senão desonesta de lidar com o problema. Como não precisava? Paulo estava escrevendo justamente para gentios que não conheciam o sábado! É justamente por causa disso que havia necessidade de uma prescrição. Ora, Jesus também falou que há um só Deus Mc 12.29, mas nem por isso Paulo deixou de prescrever às igrejas (Cf. I Co 8.6, Ef 4.6 e I Tm 2.5). Daí percebe-se como é desprovido de lógica o argumento do antagonista.
Agora a respeito do sábado é curioso que Paulo ao invés de ratificar a guarda do dia aos cristãos, ele faz o contrário, ele retifica. Pelo menos em três ocasiões em que a guarda sabática estava sendo imposta sobre os gentios Paulo alerta em alto e bom som de que NÃO ESTAMOS MAIS SUJEITOS A ELE (Cf. Rm 14.5; Gl 4.10 e Cl 2.14-16).
Ademais, se as igrejas cristãs gentias guardavam o sábado por causa de Mc 2.27, então teriam muitíssima mais razões de não guardá-lo por causa de Mt 12.5 e Jo 7.22, onde sua guarda é suspensa por causa da prática de PRECEITOS CERIMONIAIS.
16.1) Trocando os pés pelas mãos. Mas ele insiste no argumento e se anima a dar alguns exemplos. Observe as pérolas a seguir: “Se os mandamentos da lei divina para valerem para os cristãos têm que ser “revalidados” no Novo Testamento, após a abolição total do Decálogo, (menos o 4º. preceito) vejam só o que poderia ter acontecido: O 5º. mandamento foi de embrulho com todos os demais regulamentos morais e cerimoniais quando Jesus exalou o último suspiro e declarou, “Está consumado”. Daí, no minuto seguinte qualquer filho de um seguidor de Cristo poderia chutar a canela de seu pai ou mãe, xingá-los, desobedecê-los e desrespeitá-los livremente, eis que o 5o. mandamento só foi “restaurado” quando Paulo se lembrou de referi-lo, escrevendo aos efésios, e isso no ano 58 AD (ver Efés. 6:1-3)! E, pior ainda, os termos do mandamento “não matarás” só foram reiterados por Paulo em Romanos 13:9, no ano 56 ou 58 AD (bem como “não adulterarás”, “não furtarás”, “não cobiçarás”. . .).”
Lamento que o raciocínio de Azenilto seja tão pequeno ao ponto de sugerir tamanha disparidade que, diga-se de passagem, nem de longe arranha a nossa posição. Nós não acreditamos nesse absurdo e muito menos nossa convicção leva a tal tolice. Mas a resposta é muito simples: a razão de os cristãos gentios não terem quebrado nenhum preceito moral entre a morte de Cristo e as prescrições paulinas é a mesma para as pessoas que existiram ANTES DO DECÁLOGO ser dado. Não sabe ele que ANTES DO DECÁLOGO as pessoas já tinham princípios internos condenando roubo, adultério, falso testemunho etc? Não sabe ele que Paulo falou sobre isso em Romanos 2.14,15? Não sabe ainda que depois esses mesmos princípios foram transformados em leis pelas nações gentias? Vide o exemplo das leis sumérias do Código de Hamurabi. Semelhantes, mas não idênticas, ipisis literis, ao que se encontrava na Torah. O fato das leis do Antigo Testamento se assemelharem aos de seus vizinhos do Oriente Próximo não deveria nos surpreender, uma vez que compartilhar um comum Sitz im Leben e um princípio moral idêntico encontra-se escrita sobre a consciência desde a criação (Rm 1,32; 2,14-15). Assim, a regra de ouro que Jesus mencionou (Mt 7.12) é encontrada em declarações similares pagãs vários séculos antes de Cristo pronunciá-la sobre o Sermão da Montanha. Isso não significa que Jesus é um plagiador. Ele está simplesmente resumindo um preceito moral com um axioma com que as pessoas feitas à imagem de Deus eram familiarizadas.
Mas onde se encontra a falácia no raciocínio de Azenilto? Encontra-se em acreditar na falsa concepção de que “preceitos morais” só se encontram nos dez mandamentos da lei, apesar dele negar isso com citações de Christianini, mesmo este tendo dito que as outras “leis” para ele “SÃO MERAS DERIVAÇÕES DO DECÁLOGO”. No final dá no mesmo!
Falamos dos cristãos gentios, mas e quanto aos cristãos judeus? Quanto aos CRISTÃOS JUDEUS, continuaram a manter os costumes do judaísmo. Eles continuaram a circuncidar seus filhos, a participar dos rituais do templo e mantiveram-se na lei de Moisés, inclusive com o sábado. Essas coisas faziam parte de sua cultura. Não era errado fazê-los, mas seria errado pensar que se aplicavam a todos os cristãos. Deus não havia ordenado tais coisas para os gentios, e os gentios estavam sendo salvos sem necessidade de manter as leis da Velha Aliança.
Mas ele me desafia com uma “reprodução ‘ipsis literis’ de qualquer preceito”, por exemplo, “contra falar o nome de Deus em vão em todas as situações” e daí dispara afirmando que minha posição dispensacionalista é “argumento do silêncio”. Mas como as ideias do sujeito é pra lá de contraditórias, parágrafos abaixo ele não se furtará em usar o mesmíssimo método do qual me acusa. Falando do suposto conhecimento que Adão e Eva tinham do decálogo em sua forma integral, ele solta essa: “Deus Se comunicava com Adão na “virada do dia”, diz a Bíblia. Será que o Criador não transmitiu ao homem esses princípios, não os colocou em seu coração?” Honestidade, honestidade por onde andas!!!
É claro que “reprodução ipsis literis” é bobagem. Ele sabe e, não é de hoje, que NUNCA reivindicamos preceitos morais “ipsis literis” coisa nenhuma. Já alertei ele sobre isso em outras ocasiões.
Mas se ele mesmo fala em “PRINCÍPIOS contidos no Decálogo” antes do Sinai, por que agora vem exigir que o Novo Testamento traga ipsis literis o decálogo pra nós? Não precisa. Basta trazê-lo em forma de princípios como antes, como de fato o faz o NT, citando aqui e ali porções morais da lei de Deus.
16.2) Semelhantes, mas não iguais. Talvez ele ignore o basilar da vida cristã, isto é, a lei de Cristo não está na base legalista de uma lista literal de regras. Esse não é o espírito da Nova Aliança e nunca será. Mas ele NUNCA irá entender isso, a teologia legalista a qual esse senhor se submete não permite tal vislumbre. Preste atenção amigo, A LEI DE CRISTO NÃO É O DECÁLOGO COM CASCA E TUDO. O resultado de tentar relacionar-se com Deus através da obediência direta ao Antigo Testamento, ou ainda que seja a um conjunto de regras do Novo Testamento, é descer ao legalismo. O cristianismo se torna regulamentar. O evangelho é reduzido a um sistema de leis. Isso é contra o espírito da Nova Aliança.
É claro, uma vez que a Antiga e a Nova Aliança foram dadas pelo mesmo Deus, devemos esperar ALGUMAS SEMELHANÇAS entre os mandamentos (mas Azenilto se embaralha confundindo a semelhança com a coisa em si). Devemos esperar que preceitos morais sejam encontrados em ambas as Alianças. Não deve surpreender que as leis contra o assassinato, que antecederam Abraão, também deveriam ser incluídas no Sinai, um pacote de leis posterior e maior. Mas aceitamos essas leis como morais, não porque foram dadas apenas nos Dez Mandamentos, mas por que faz parte da lei natural de Deus, baseado na sua natureza e ratificada ora diretamente, ora indiretamente, pelo Novo Testamento.
Mas para a decepção do nosso amigo, o Novo Testamento não detalha todas as leis válidas do Velho Testamento e muito menos todas as leis QUE FORAM ABOLIDAS. Algumas leis tais como animais impuros, sacrifícios pelo pecado e purificações são algumas vezes mencionadas como abolidas; outras como a da lepra nas roupas, ofertas de cereais, a festa da páscoa e a proibição de misturar linho com lã (Dt 22.11) não são mencionadas.
Por exemplo, Jesus disse a seus discípulos para comer o pão e beber vinho em comemoração à sua morte, mas ele não disse aos discípulos que o pão e o vinho eram substitutos dos cordeiros da Páscoa. Os primeiros cristãos em Jerusalém, zelosos pela lei, teriam continuado a comer a Páscoa, além de participar do pão e do vinho. O Novo Testamento não diz textualmente que a páscoa é desnecessária.
Então, por que os cristãos consideram obsoletos muitos mandamentos da Antiga Aliança? A única razão bíblica que temos para ignorar esses mandamentos é dizer que o Novo Testamento tornou a Antiga Aliança obsoleta por completo. Lembrando que o decálogo era a base dessa Antiga Aliança (Dt 4.12-13; conf. 9.9-10; II Cr 5.10; 6.11).
Portanto, as perguntinhas sobre mandamento direto a respeito de imagens, necromancia, incesto e zoofilia não faz sentido pelas razões mencionadas acima. Não leste o que Paulo fala em Rm 5.13? Assim como as pessoas viviam antes do Sinai sem o decálogo, se guiando pelos princípios morais em sua consciência (sem o sábado), da mesma maneira os cristãos vivem sem o decálogo (e sem o sábado), depois da cruz, mas agora com razões mais poderosas e superiores do que aqueles povos. Agora nos encontramos sob a Lei de Cristo (I Co 9.20), transformados e guiados pelo Espírito de Cristo (Cf. Rm 8.14; Gl 5.18).
Seria bom o nosso debatedor aprender um pouco de “teologia moral” com o conhecidíssimo filósofo e apologista cristão Dr. Willian L. Craig. Numa resposta a um questionamento sobre mandamentos morais antes do Sinai ele elucida a questão da seguinte forma: “Você, então, pergunta: ‘como é que as pessoas conheciam as obrigações morais antes do monte Sinai?’ […] Uma resposta a essa pergunta é que, enquanto os dez mandamentos codificaram as regras morais de Deus para Israel, esta não foi a primeira vez que Ele emitiu tais comandos. Ou pelo menos a maioria deles: NÃO HÁ NENHUMA RAZÃO PARA PENSAR, por exemplo, que as pessoas tinham obrigação de guardar O SÁBADO ANTES DE DEUS COMANDAR NO SINAI.”[17][destaque meu]
A charada teológica “infalível” de Azenilto, vista pelo verdadeiro prisma teológico neotestamentario se torna, por assim dizer, além de inadequada, ineficaz e até ridícula.
16.3) A falácia do argumento non sequitur. Mas os disparates não param por ai. Não é que o sujeito conseguiu enxergar a guarda do sábado em uma simples divisão semanal? Ele coloca a questão nos seguintes moldes: “há evidências, sim Senhor, de que já se conhecia a semana nos tempos mais remotos, como se faz notar pela divisão hebdomadária do tempo por Noé (Gên. 7:4, 10 e 8:10, 12) e no diálogo de Labão e Jacó sobre cumprir “a semana” de SETE anos pela mão de Raquel (Gên. 29:27, 28).”
Quer dizer que a expressão “passados ainda sete dias, farei chover sobre a terra”, faz de Noé e todos os antediluvianos, guardadores do sábado? Sério? Ou será que Deus, juntamente com os anjos no céu é que estariam “guardando o sábado”? Francamente!
Desde quando uma suposta divisão semanal implica em guarda do sábado? Esse é um exemplo clássico da falácia non sequitur. Esse salto quântico feito no texto esbarra em vários problemas: primeiro que a palavra shabath (descanso) não aparece em nenhum desses versículos; segundo que uma divisão em sete não implica em guarda sabática alguma.
Como alguém pode ser capaz de fazer uma exegese tão cabeluda como essa? Elementar, meu caro Watson! Até o momento o gajo falhou grandemente em seu esforço de provar, quer por meio de mandamentos diretos, quer com exemplos práticos alguém guardando o sábado antes da lei mosaica ser dada, então, para não perder a causa, o único recurso que lhe sobrou foi incorrer no desespero de violentar o sentido do texto, levando para dentro dele os pressupostos adventistas, forçando o texto a dizer o que ele ABSOLUTAMENTE NÃO DIZ. De longe uma prática vergonhosa!
O número sete na Bíblia é mais comum do que nosso amigo imagina. É só cotejar numa “Bíblia Online” quantas vezes aparece esse numero relacionado às coisas de Deus. Sete, na cultura bíblica tem o significado de perfeição e plenitude. Lemos sobre as 7 semanas que antecedem a Páscoa; os 7 meses que antecedem a Festa dos Tabernáculos; os 7 anos que antecedem a libertação da terra. Lemos do número de anos (70 x 7) que antecedem uma nova era judaica – o Jubileu dos Jubileus – 490 anos. E olha que ironia! O dispensacionalismo possui 7 dispensações.
Quanto ao uso do argumento da corrupção por parte da humanidade de alguns preceitos morais, tais como a idolatria é razoável, mas não fecha a questão. Até Israel que tinha a lei, criou suas idolatrias. O caso é que a divisão semanal em períodos de sete dias parece ter permanecido entre os babilônios e os hebreus (por motivos diferentes). A divisão semanal em sete parece não ter se originado de uma ordem religiosa como em Israel, mas puramente prática, ligada à cultura agrícola de cada povo. Assim para os mexicanos pré-colombianos a semana tinha 5 dias, 1/4 do seu mês de 20 dias; entre os povos do Peru incaico, 7 dias. No período da República Romana essa divisão era de 8 dias. Para os egípcios 10 dias, correspondendo a 1/3 de seu mês e para os hebreus e os babilônios de 7 dias, determinada pelas fases da Lua.
Junto com o sábado, Deus parece ter dado um novo calendário a Israel: um novo ano e um novo princípio de meses (Conf. Ex 12.2). Ano, mês e semana agora fazia parte do mesmo pacto celebrado SOMENTE com ISRAEL no Sinai.
17) Qual era a função do pedagogo? Por casa de uma fala minha a respeito de como a lei serve como um pedagogo para levar o PECADOR a Cristo, o objetor se aproveitou desta despretensiosa afirmação para fazer um estardalhaço como se houvesse me apanhado em grande contradição. Logo ele que se diz professor, não sabe o mínimo de história da pedagogia? Ler clássicos gregos (Xenofonte, Platão) de vez em quando é bom sabia? Não basta dizer – como fez nosso contestador – que a lei “serviu individualmente de “aio”, apontando ao pecado” como se todas as vezes o cristão tivesse que pegar na mão do Aio para se guiar. O que Paulo quis dizer quando introduziu a analogia do paidagogos? O paidagogos era aquele tutor, escravo ou não, incumbido de levar a criança dos 7 aos 18 anos ao professor para ser ensinada. Após completar a maioridade ela se emancipava do paidagogo (tutor, aio, etc). Não estava mais sujeita a ele de modo algum. Acabava definitivamente sua função. Paulo afirma que a lei serviu (e ainda serve) como um pedagogo para levar O PECADOR a Cristo (Cf Gl 3.24, 25; 4.1-3). “Porque O FIM DA LEI É CRISTO, para justiça de todo aquele que crê.” (Rm 10.4). Quando ele encontra Cristo, morre para a lei (Gl 2.19). O pedagogo deixa de guiar o cristão.
18) Corrigindo a má interpretação do oponente. Arrazoa o oponente: “Gál. 3:24 alude à lei como um aio que nos conduz a Cristo, daí ficando livres do aio.”, para depois perguntar em ar triunfal: “Mas como tal aio serviu depois a Paulo em Rom. 7:7,8?”
Se o oponente pensa que me coloca em contradição com esse dilema infantil está redondamente enganado. Pelo contrário, ele coloca o próprio Paulo em contradição ao afirmar que ele servia-se da lei, enquanto ensina que a lei não foi feita para o justo! Mas a interpretação dele de que Paulo esteja falando como um cristão é desmentido pelo próprio contexto de Rm 7.7-24, pois Paulo se declara um homem, MORTO, CARNAL, ENGANADO, VENDIDO SOB O PECADO, NA PRÁTICA DO MAL, ESCRAVO. Alguém tem coragem de afirmar que essas características todas se enquadram no perfil do consagrado apóstolo Paulo? Evidente que não. A interpretação é simples: Paulo está descrevendo sua vida pregressa, enquanto pecador. Ele começa descrevendo sua vida SEM CRISTO com a expressão no pretérito imperfeito “…quando ESTÁVAMOS na carne” (v.5). Então do verso 7 ao verso 24 ele descreve a união explosiva entre o conhecimento da lei e a realidade da lei do pecado nele (lembre-se que Paulo está descrevendo sua situação ANTES DA CONVERSÃO). Só a partir do verso 25 é que ele encontra a libertação em Cristo e aí já é outra história….
Portanto, não há contradição coisa nenhuma. Isso fica por conta da vesguice teológica do oponente que acha que Paulo estribava sua vida espiritual pela lei mosaica.
Nesse sentido a experiência de Paulo faz alusão ao belo hino, “Conversão”, da Harpa Cristã: “Mas um dia senti, meu pecado e vi sobre mim a espada da lei. Apressado fugi, em Jesus me escondi. E abrigo seguro nele achei”.
19) Abolicionistas sim, anarquistas, Nunca! Abolição é o mesmo que anarquia? Claro que não. Paulo se defende em Rm 6.15 ao dizer: “Pois quê? Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum.” Paulo irá descrever a lei que rege a vida do cristão somente no cap. 8. “Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte. Porquanto o que era impossível à lei [de Moisés], visto que se achava fraca pela carne…”
Portanto, a lei [mosaica] não santifica, não tem poder de salvar, justificar, dar nova vida, romper com o pecado, etc. Então qual seria sua verdadeira função? Paulo responde: 1) dar um melhor conhecimento do pecado (Rm 3.20; Gl 3.19); 2) com isso fazer o pecado extremamente ressaltado (Rm 5.20) na vida e na consciência da pessoa; 3) levando-a a Cristo (Gl 3.24); 4) daí a ideia paulina de que a lei tem uma função restritiva para o pecador (I Tm 1.9).
A vida do cristão é guiada não pelo decálogo, mas pela Lei de Cristo (I Co. 9.20) – a Lei do Espírito de vida (Rm 8.1-3), a Lei do amor (Rm 13.8).
Se eu quiser saber como devo viver não vou ter com a lei de Moisés, mas com Cristo (Ef 4.20,21).
O fato de estarmos ainda atrelados a princípios morais “semelhantes” no Novo Testamento, não significa que ainda estamos debaixo do antigo decálogo como dado a Israel. Para citar um exemplo: quando violo uma lei aqui no Brasil semelhante a dos EUA não significa que estou debaixo da lei americana. A verdade é que aquele que violou uma lei no Brasil (matar, roubar, adulterar, mentir) não violou lei alguma nos EUA, nem está sujeita às penalidades impostas naquele país.
Os princípios morais contidos no decálogo provêm da lei natural de Deus, assim como muitas leis presentes em nossa Constituição brasileira são baseadas na lei natural de Deus, todavia, não é sensato concluir que, se porventura, abolíssemos a lei brasileira, a lei natural de Deus automaticamente também seria abolida. Não. Assim, também aconteceu com a lei do Antigo Testamento. Não é porque a lei do decálogo foi abolida para o crente que os princípios da lei natural de Deus devam ser igualmente abolidos.
Por exemplo, quando Paulo confrontou o problema de imoralidade sexual em Corinto, ele não condenou tal conduta baseando-se na lei mosaica – apesar de sua condenação refletir o julgamento dela também. Ele argumentou do ponto de vista de sua união com Cristo (I Co 6.15-20). Quando Pedro errou em Antioquia e teve de ser reprovado publicamente, Paulo não condenou a conduta dele na base da lei de Moisés. Ele os confrontou com a lei de Cristo “eles não estavam agindo de acordo com a verdade do evangelho” (Gl 2.14).
20) E o que dizer de 1 João 3:4? Para provar que todo pecado forçosamente tem de ser a quebra de um dos Dez Mandamentos ele cita o verso joanino “o pecado é a transgressão da lei”.
Contudo, o original grego traz “hamartia estin he anomia”, literalmente, “pecado é sem lei”. João não define de qual lei está falando como bem explica o conceituado Comentário Moody: “Literalmente, o pecado é a ausência da lei. Os termos são intercambiáveis (por causa do uso do artigo com ambas as palavras). O pecado é ausência de lei e ausência de lei é pecado. Lei está sendo usado aqui em seu conceito mais amplo e inclui a lei natural (Rm. 2:14), a lei mosaica e a lei de Cristo (Rm. 8:2; I Co. 9:21).”
Até mesmo o “Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia” afirma que “A palavra singular nomos, ‘lei’, tão frequentemente utilizada no restante do NT, JAMAIS É EMPREGADA NAS EPÍSTOLAS JOANINAS. No lugar dela o apóstolo emprega a palavra , ‘ordem’ ou ‘mandamento’” (2011, p.533 – destaque nosso)
Se o texto se referisse apenas ao decálogo, teríamos que declarar que não houve pecado antes que a lei fosse promulgada. Entretanto, sabemos que os anjos pecaram quando ainda não havia o decálogo. De acordo ainda com Gl 3.17 a lei foi dada quatrocentos e trinta anos depois de Abraão, mas em todo tempo o pecado esteve no mundo (Rm 3.23). Aliás, um dos maiores pecados que existe não é previsto em nenhuma lei veterotestamentária (Jo 16.9).
21) O esquartejador de leis. Ele protesta dizendo que “NÃO SÃO SÓ os adventistas que apresentam essa “divisão das leis”— tipos de leis que se distinguem quanto aos seus objetivos. Já mostramos como presbiterianos, batistas, metodistas, anglicanos e ASSEMBLEIANOS o fazem.”
Ei, espere um pouco! Vamos explicar alguns detalhes aqui. Eu não disse que SÓ os adventistas apresentam essa divisão. O que eu disse é com respeito a um esquartejamento muito peculiar FEITO PELOS ADVENTISTAS. E isso tem uma grande diferença.
Sobre se é errado dividir a lei ou não é útil verificar o que eu tratei extensamente na parte 8 em minha resposta original e em outros debates anteriores. Sim , admito: todos nós fazemos essa divisão. De certa forma, guardada as devidas proporções, até Moisés dividiu as leis de sacrifício. A pergunta obviamente não é essa. Não se questiona a divisão por finalidades puramente didáticas (isso nós mesmos admitimos como ficou claro no trecho citado pelo oponente). A crítica se direciona para o propósito. A questão é com que propósito? E outra: será a mesma divisão feita pelas igrejas protestantes? É esse o ponto nefrálgico.
A primeira vista, do modo como o oponente empacota a questão, pode até parecer que o adventismo esteja falando a mesma língua teológica que os Credos Reformados, mas essa semelhança é só aparente. Se o objetivo da divisão não é o mesmo, tampouco suas consequências terá o mesmo desfecho.
Na divisão adventista a expressão “lei moral” é aplicada exclusivamente aos “Dez Mandamentos” (apesar do oponente negar peremptoriamente) e identificada com a “Lei de Deus”, em contraste com a “Lei de Moisés”, identificada com as outras leis, sobretudo, a “lei cerimonial”. Isso pode ser facilmente constatado em qualquer literatura adventista, mas indico o Blog de Gilberto Theiss, co-autor com Azenilto no livro “O despertar de um mandamento”, foco do presente debate. Sob o título “Leis e regulamentos judaicos”, Theiss explica nos moldes adventista a identificação da “lei moral” nos seguintes termos: “No Pentateuco, encontramos cerca de 613 leis divididas em pelo menos 5 categorias. 1º LEI MORAL: ERAM OS DEZ MANDAMENTOS, que representavam o caráter de Deus e foram dados pelo próprio Deus; 2º leis da saúde e higiene […]; 3º Leis civis […]; 4º Leis do estatuto e juízo […]; 5º Leis cerimoniais […] [destaque meu]”[18]
Percebeu como ele identifica a LEI MORAL apenas com os DEZ MANDAMENTOS? Longe de ser um caso isolado, se tornou um método largamente usado no meio adventista. O tratado de Teologia Adventista, já citado aqui, é um exemplo. As várias páginas que tratam da lei moral a referência é sempre o decálogo. No livro “Estudos Bíblicos”, livro doutrinário da IASD, traz nas páginas 338 a 341, um estudo sobre a lei moral e cerimonial. Ele identifica da seguinte maneira: Lei Moral = Dez Mandamentos. E nem preciso mencionar as tais “evidências textuais” utilizadas por eles para provar essa tese onde o decálogo é chamado de Lei de Deus; citado de modo positivo no NT; escrito por Deus; confeccionado em pedras; ditado por Deus e colocado na arca, etc; enquanto as outras leis são chamadas de Lei de Moisés apenas, como faz exaustivamente o ex-apologista adventista Arnaldo Christianini em seu “Subtilezas do Erro”, dedicando 9 páginas inteiras para esse fim (pp. 77-85).
Toda a ginástica exegética em cima dessa questão e a blindagem feita nos Dez Mandamentos bem como sua identificação plena com a “lei moral” possui um único e urgente propósito: manter a [não bíblica] obrigatoriedade do sábado para todos os cristãos. Só isso. A volta gigantesca que eles dão explicando as leis, citando Credos e Confissões e até tirando teólogos fora do contexto é unicamente para DEFENDER O Sétimo dia como mandamento perpétuo para a Igreja.
Temo que a “Teologia Desinformada” de nosso oponente não esteja nem mesmo preocupada com a Lei em si. O negócio é o sábado. É ele e não a lei a pedra de toque de todo o sistema. No final das contas não faz diferença se os Reformados ou todo o universo evangélico dividam ou não a lei em duas, três ou mais partes, contanto que não troque [e não toque no] o sétimo dia pelo primeiro… Aí é tutti buona gente!
Todas as evidências levam a crer que o sábado deixou de ser apenas uma doutrina para se transformar em objeto de veneração em si mesmo. Só nos resta o lamento.
Quanto à comparação indevida que Azenilto faz entre reformados e adventistas, é notória a discrepância tanto do objetivo, quanto do seu desfecho com os Credos e Confissões protestantes. Os Credos nunca restringem a “lei moral” aos “Dez Mandamentos”. Para os protestantes em geral, o decálogo é apenas um resumo de uma lei moral que se espalha por toda a Bíblia. Os Dez Mandamentos vieram num contexto cultural a um povo historicamente situado. Portanto, existem partes morais e cerimoniais mesmo dentro do próprio decálogo como, por exemplo, o honrar pai e mãe e o sábado, objeto de maior discrepância. O quarto mandamento é considerado parcialmente moral, portanto, ab-rogado como bem atesta a “Confissão de fé Batista de 1689” dizendo que “[…] FOI ABOLIDA a observância do último dia da semana.” , fazendo coro com o pai da teologia reformada, João Calvino, quando afirma nas “Institutas da Religião Cristã, Livro II, Capítulo 8, seções 28-33” que “FOI ABOLIDO o dia sagrado observado pelos judeus.”. Antes dele, Lutero já asseverava em alto e bom som que “Os profetas também se referiram a isso, que o sábado dos judeus seria ABOLIDO.” ( “Como os cristãos devem considerar Moisés”, sermão pregado em 27 de agosto de 1525).
Portanto, para a “Teologia Reformada”, os Dez Mandamentos na sua integridade não é moral, mas parcialmente moral, podendo ter parte dele ab-rogada sem que com isso traga prejuízo aos princípios morais ali contidos. Para os Reformados a divisão entre moral e cerimonial é didática e serve para separar princípios morais de leis cerimoniais. Outra: eles tampouco fazem a falsa dicotomia entre “Lei de Deus” e “Lei de Moisés”, identificando “Lei de Deus” APENAS com o decálogo. Mas e quanto aos adventistas? Pelo contrário, sua divisão não é apenas didática, é ideológica. Eles precisam manter a integridade moral de TODO o decálogo, para no final do dia poder manter o sábado intacto, se afastando, portanto, dos Credos e Confissões protestantes. No frigir dos ovos esse esforço todo de apelar para o apoio protestante vai por água abaixo, pois no final o sábado é trocado pelo domingo. Que dó!
Sem falar que os MESMÍSSIMOS Credos e Confissões assumem sem nenhum problema as principais doutrinas odiadas por ele: do inferno de fogo, da imortalidade da alma e o domingo como dia do Senhor. Será que ele irá sustentar ainda a Teologia Reformada dos Credos e Confissões ou vai dar a surrada desculpinha de que nisso eles estão deformados? Eu e meus amigos reformados estamos à espera da resposta. Qual será a desculpa dissimulada desta vez?
E para resumir de modo brilhante o que temos dito até aqui, cito um teólogo pentecostal muito utilizado por Azenilto – ainda que de maneira completamente distorcida – discorrendo sobre a divisão da lei: “[…] ENGANAM-SE, porém, os que dizem que os DEZ MANDAMENTOS PERFAZEM A LEI MORAL e inalterável. Porque, em primeiro lugar, há na antiga aliança muitos preceitos “morais” que não estão incluídos nos dez mandamentos. Por exemplo, Êx. caps. 21 a 23 e Lev. caps. 18 a 22. Em segundo lugar, a lei acêrca de guardar o sábado, e que se encontra no Decálogo, é “cerimonial”.” (“Marcos: o evangelho do servo do Senhor”, pp. 38/39 – destaque meu)
Essa declaração não é apenas um golpe de misericórdia do ASSEMBLEIANO Orlando Boyer na insustentável argumentação de Azenilto sobre a tal divisão da lei, mas a exemplificação maior de como é diferente o modo de encarar a divisão da lei entre evangélicos e adventistas.
22) Os Judeus também dividem a lei em moral e cerimonial? Para contornar meu argumento, onde cito autoridades atestando a falta deste conhecimento da divisão da lei por parte da tradição judaica, sou acusado de “não fazer o dever de casa”, pois segundo ele os judeus “tinham, sim, o entendimento de divisão das leis.” Para neutralizar meu argumento ele coletou um texto da Enciclopédia Judaica que pode ser encontrado também no site de seu amigo Gilberto Theiss.[19] Eis o texto oferecido como refutação:
“O termo judaico ‘lei’ inclui muito mais do que geralmente é abrangido sob este nome. Portanto, o material que é encontrado nos códices judaicos é de vários tipos, e diferentes porções têm sido frequentemente tratadas em várias obras legais. Os originadores das leis bíblicas estavam bem cientes das diferenças entre LEI JURÍDICA, CERIMONIAL E MORAL, como se comprova pelo número de sinônimos para ‘lei’ encontrados nas Escrituras. Pois, ainda que estes sinônimos fossem, com o passar do tempo, utilizados sem distinção, contudo não resta dúvida de que originalmente indicavam diferentes classes de leis, sendo que a diferenciação original se perde quando as leis eram remontadas a uma origem divina”. [Destaque em maiúsculo meu].”
Ao contrário do desdém engendrado de que não fiz meu “dever de casa”, como que dizendo: não pesquisou atentamente, insisto que o meu beabá é bem simples. Ei-lo aqui: confira sempre e nunca assuma como verdade citações feitas por indivíduos que retiram textos fora do contexto.
O ilustre professor escorrega em vários pontos de sua lição, senão vejamos: primeiro, pelo visto ele não é daqueles que seguem seu próprio conselho, pois parece ter ignorado deliberadamente e por completo todo o contexto da citação no original, pinçando apenas aquilo que lhe convém. O artigo está falando da codificação jurídica e civil feita pelos estudiosos judeus no Talmud, na Mishnah e em outros dispositivos jurídicos de leis. Não se trata de teologia, mas de uma sistematização destas leis nestes códigos. Os dois adventistas (Azenilto e Theiss) fez questão de omitir a frase que antecede a citação tirando o assunto fora do contexto, caso contrário seus leitores leriam [e entenderiam] a frase: “Um corpo de lei unificado e coordenado que substitui todas as leis anteriores dentro do seu escopo, ou a reconstituição da lei existente de forma sistemática e melhorada. Existem poucos códigos judeus sob a primeira cabeça, mas muitos sob o segundo.”. Segundo, os judeus não fazem divisão entre moral e cerimonial, ponto admitido até mesmo pelo antagonista, para propor em seguida a ab-rogação de uma delas; segundo, a Enciclopédia não afirma que a lei moral são apenas os Dez Mandamentos e o resto é cerimonial; terceiro, diferenciação de natureza não implica em hierarquia de importância, tanto os preceitos cerimoniais, quanto os morais tinham a mesma importância e por último, mas não menos importante, apesar desta inferência, a divisão continua não tendo apoio bíblico, é artificial. Mas o que eles não citaram é que a Enciclopédia não para por ai. Caprichosamente ela traz outros verbetes sobre a lei. Por exemplo, afirma que o primeiro a fazer essa divisão no meio judaico, não foi Moisés, Josué e nem mesmo Paulo, mas um filósofo judeu medieval chamado Simon Ben Ẓemaḥ Duran (1361–1444). A jewishencyclopedia.com no verbete “cerimonias e Lei Cerimonial” explica que Duran “é o primeiro que divide as leis bíblicas em leis cerimoniais, jurídicas e morais.” E continua “Ele admite, no entanto, que adotou essa classificação por causa de uma polêmica” na defesa do pensador judeu Maimônides.
23) Um tiro que saiu pela culatra! As leis morais são as encontradas no decálogo apenas? Para decepção de nosso amigo adventista a Enciclopédia continua: “Enquanto o termo “ḥuḳḳim” (“estatutos”) é aplicado às leis morais e cerimoniais (Ex 12.14,43; Lv 18.4 e em outros lugares). Os rabinos distinguem entre mishpaṭim, leis morais – que são ditadas pela razão e pelo senso comum, como as leis relativas à justiça, casamentos incestuosos e semelhantes.” Lembrando que essa divisão é próxima ao que Tomás de Aquino (1225 — 1274) anos antes já havia feito em sua Summae Theologiae entre lei divina, lei natural e lei positiva que podem ser atestadas pela razão humana.
É interessante que a Enciclopédia Judaica coloca o sábado junto aos preceitos cerimoniais. No subtítulo “Cerimônias bíblicas e rabínicas” está escrito: “A lei mosaica expressamente afirma que CERTAS CERIMÔNIAS devem servir como ‘sinais’ e ‘memoriais’: ( a ) A CIRCUNCISÃO é imposta como ‘ot berit’ (‘um sinal da aliança entre mim e você’, Gn 17.11) . ( B ) O SÁBADO deve ser “ot” (“um sinal entre mim e você ao longo de suas gerações”, Ex. 31.13, 17; Ez 20.17, 20). ( C ) A festa da PÁSCOA “será por sinal sobre tua mão e para memorial entre os seus olhos” (Ex. 13.9). ( D ) Ligado a ele está a redenção do PRIMOGÊNITO para ser um símbolo sobre tua mão, e por frontais entre os teus olhos’ (Ex. 13.16).” [destaque meu]
Para finalizar, a Enciclopédia coloca a questão das duas leis na seguinte perspectiva: “A concepção talmúdica da Lei NÃO CONHECE NENHUMA DISTINÇÃO QUE SE AFIRME EXISTIR ENTRE AS LEIS CERIMONIAIS E MORAIS. As leis menos importantes e as mais importantes (‘miẓwot ḳallot’ e ‘ḥamurot’) são classificadas como iguais (Yer. Ḳid. I. 61b; Tan., ‘Eḳeb, 1). ‘As leis cerimoniais devem ser obedecidas como ordenanças divinas com obediência e sem hesitação’ (Yoma 67b), e ‘o transgressor voluntário de qualquer uma das leis cerimoniais é considerado um despedido da lei’ (Ḥul 5a). ‘Seja tão cuidadoso na observância do menor mandamento quanto do maior’, é o antigo governo Mishnaico (Abot II.1).”[20] [destaque meu]
Resumindo:
- a) A Enciclopédia Judaica não está assumindo de modo algum os pressupostos teológicos do oponente, haja vista, não falar em parte alguma da divisão anacrônica entre lei moral e lei cerimonial. A citação está tratando da história dos vários tipos de códigos de leis criados para organizar as regras de cada uma, seja no Talmud, na Mishnah ou outros.
- b) A metodologia utilizada para essa divisão é a mesma metodologia utilizada pela Alta Crítica Liberal: Hipótese Documentária; Critica das fontes, Crítica da forma, Crítica da tradição e Critica da redação; sem falar que as diferentes leis são imputadas ao que parece aos diferentes tipos de Documentos JEDS, método este, presumo, que merece o repúdio até mesmo dos adventistas.
- c) Na Bíblia não aparece a ideia moderna de separação entre leis. Nenhuma das vezes em que aparece o termo lei na Bíblia, ele vem especificado ou dividido em duas leis: moral e cerimonial. Fato é que existem, nesta lei, partes que são morais, cerimoniais e civis, no entanto é UMA SÓ LEI com 613 preceitos. A única distinção bíblica é quanto à expressão lei de Deus e lei de Moisés (posteriormente o judaísmo fez a distinção entre lei oral e lei escrita). A parte cerimonial (sacrifícios) é chamada “lei” (Lc 2.27); a parte moral é chamada “lei” (I Tm 1.9); a parte civil é chamada “lei” (At 23.3), INDISTINTAMENTE.
- b) É fato que a mentalidade judaica até a idade média não fazia tal diferença entre leis. Somente na Idade Média, por conta de uma disputa polêmica, foi que o filósofo Simon Ben Ẓemaḥ Duran, usou a divisão das leis dentro da teologia judaica, (com possível influência dos escritos de Aquino).
- c) A parte cerimonial dos 613 preceitos era tão importante e sagrada quanto a moral. Tanto é assim que o sábado é comparado às outras cerimonias como circuncisão, páscoa, a entrega dos primogênitos etc.[21]
Portanto, não vejo onde a citação da Enciclopédia Judaica feita pelo oponente pode ajudar em sua posição a respeito da divisão da Lei, já que nem a forma, a finalidade e nem mesmo a metodologia são as mesmas do nosso contestador. Ao contrário, a lei moral e cerimonial é a mesma e aos arrepios de nosso amigo sabatista a Enciclopédia coloca o sábado no mesmo pé de igualdade com as outras “leis cerimoniais”. De novo o tiro saiu pela culatra!
24) O sábado era um mandamento só para o judeu? A Bíblia assegura por diversas vezes que a Lei foi dada como um pacto APENAS aos judeus (Dt 4.8 ; 5.2,3 ; Sl 147.19,20). O pacto era a Lei (Sl 78.10), mas o coração do pacto era OS DEZ MANDAMENTOS (Dt 4.12-13; 9.9,11, 15 ; Ex 34.27,28 – II Cr 5.10; 6.11.) Os gentios NUNCA tiveram a mesma Lei (Rm 2.1-16 – Ef 2.11,12; Comparar Atos 18.15 e 23.29 com Atos 24.6 e 25.8).
O fato de o Pacto, a Lei, os Dez Mandamentos e por último, o Sábado ter sido dado APENAS ao povo de Israel é sustentado pela tradição rabínica posterior.
Apesar da literatura judaica dizer que Deus fez o sábado para toda a humanidade[22] (Jubileus 2:1), no mesmo fôlego restringe sua guarda apenas aos judeus, senão vejamos: “Ele [Deus] não permitiu que nenhum outro povo, ou povos, guardasse o Shabat nesse dia, exceto Israel somente; só a ele, Deus concedeu comer, beber e guardar o Shabat” (Livro dos Jubileus 2:19,21,31 – literatura judaica do 2º sec. a.C). Do mesmo modo a Mishná (Tratado Shabat 16:6) declara: “Se um gentio vem [no dia de Shabat] apagar [um fogo], não devemos dizer-lhe nem ‘apague’ ou ‘não apague’, pois o Shabat não é [obrigatório] para eles”.
Considerações Finais
Confesso que me surpreendi com a tréplica de Azenilto. Nem tanto pelas velhas e costumeiras arengas sobre a lei e o sábado, mas pela maneira superficial com que tratou a questão principal, isto é, mostrar que os teólogos pentecostais estavam de acordo com as posições adventistas sobre a lei e o sábado. Ele nem mesmo entrou no mérito da questão e, nas raras duas vezes que tentou fazê-lo foi para expor sua incompetência em pesquisar as obras primárias dos autores, antes, preferindo acatar opiniões fora de contexto de terceiros, criando uma verdadeira “Teologia Desinformada”. Lamentável!
Como possui uma teologia da desinformação (ou seria da omissão?) deve desconhecer também a Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil, onde trata com exclusividade nos capítulos XVII e XVIII da lei, do decálogo e do sábado. Já que ele quer mostrar nossa “contradição” que fale pelo menos com algum conhecimento de causa..
Enfim, retirando o amontoado de palavreado balofo, as repetitivas idiossincrasias e a argumentação teológica viciosa ali exposta, o que sobrou foi um punhadinho de argumentos sobre figuras exponenciais do pentecostalismo que mereceu alguma atenção, mas só para ser desmascarado novamente à guisa do que já havia feito em minha resposta original.
Encontro-me ansioso para ver a resposta que nosso oponente dará ao que foi dito aqui. Até lá!
A obra Declaração de Fé é um documento eclesiástico que organiza, de forma escrita e sistemática,
as crenças e práticas das Assembleias de Deus no Brasil que já são ensinadas nas igrejas desde a
chegada ao país dos missionários fundadores, Daniel Berg (1884–1963) e Gunnar Vingren (1879–
1933).
Assim sendo, o conteúdo dos 24 capítulos da Declaração de Fé são as interpretações autorizadas das Escrituras e os ensinos oficiais das Assembleias de Deus no Brasil.
A CGADB, sob a presidência do Pr. José Wellington Bezerra da Costa, nomeou uma Comissão
Especial para elaborar nosso credo ou confissão de fé, aqui denominado Declaração de Fé. Trata-se
de uma comissão composta por teólogos e ensinadores de nossa denominação com conhecimento não somente das Escrituras, mas também de nossa história e doutrina.
[1] A resposta está publicada aqui https://issuu.com/sergioeduardo3/docs/teologia_deformada_new. Outra aqui em seu facebook https://www.facebook.com/azenilto.brito/posts/10155483846254824?refid=52&_ft_=qid.6448980973933530620%3Amf_story_key.-7169349725156711736%3Atop_level_post_id.10155770266019824&__tn__=R-R
[2] Outros colocam Calvino na escola amilenista, pois há certo nuance entre amilenismo positivo e negativo.
[3] Para maiores detalhes sobre as ideias dispensacionalistas na história da Igreja ver o excelente trabalho acadêmico “Rapto pré-tribulacional na Inglaterra do século XVII e XVIII”, do Dr. William Watson, Professor de História na Universidade Cristã do Colorado. Fonte http://www.pre-trib.org/articles/view/pretribulational-rapture-in-17th-18th-century-england
[4] LUTERO, Martinho. Contra os antinomistas. In: Obras Selecionadas 4. Debates e controvérsias II. São Leopoldo, RS: Sinodal, 1993, p. 395.
[5] O artigo pode ser acessado aqui https://www.cacp.app.br/ellen-white-ensinou-a-salvacao-pelo-sabado/
[6] http://jewishencyclopedia.com/articles/13232-saul-of-tarsus#978
[7]O artigo pode ser acessado na íntegra aqui: http://www.escolacharlesspurgeon.com.br/files/pdf/Os_Reformadores_e_a_Lei.pdf
[8] http://salcultural.com.br/wesleyano/index.php/2016/12/30/wesley-e-o-antinomismo/
[9] Os judeus não pensam assim. “É terminantemente proibido tomar banho com água quente no Shabat, tendo sido esta água aquecida durante o Shabat”. Veja em http://www.beitchabad.org.br/library/article_cdo/aid/602864/jewish/Shabat.htm
[10] A propósito encontrei uma notícia estampada na página de um site adventista judaizante cujo titulo era “ NOVA FERRAMENTA MODERNA E SEGURA PARA USAR NO SHABAT”. Dizia a nota: “Agora há HotMat, uma nova placa dobrável projetada para dar aos consumidores judeus, observadores do Shabat, um método seguro e portátil de aquecer alimentos no sábado. Disponível em: https://herancajudaica.wordpress.com/2016/03/11/nova-ferramenta-moderna-e-segura-para-usar-no-shabat/
[11] Os artigos podem ser lidos aqui https://www.cacp.app.br/a-assembleia-de-deus-a-lei-e-o-sabado-parte-5-2/ e aqui https://www.cacp.app.br/a-assembleia-de-deus-a-lei-e-o-sabado-parte-7/
[12] Eu já os havia pegado com a “boca na botija” retirando escandalosamente Boyer do contexto. O texto pode ser lido aqui https://www.cacp.app.br/a-assembleia-de-deus-a-lei-e-o-sabado-parte-8/
[13] A lei pode ser perfeita em sua natureza (Sal. 19:7), pois revela o real caráter de Deus (Lev. 11:45), mas é imperfeita em seus resultados (Heb. 7:22; 8:7). Ela é uma perfeita expressão da justiça de Deus, mas é um meio imperfeito para tornar o homem justo.
[14] Martin Luther, “Como os cristãos devem considerar Moisés”, trans. E ed. Por E. Theodore Bachmann, Obras de Lutero: Palavra e sacramento I , vol. 35 (Filadélfia: Muhlenberg Press, 1960), 161-174. Este sermão foi entregue em 27 de agosto de 1525, na longa série de setenta e sete sermões de Lutero sobre o Êxodo pregado de 2 de outubro de 1524 até 2 de fevereiro de 1527.
[15] https://traducaodonovomundodefendida.wordpress.com/2014/02/05/debate-on-line-entre-adventista-do-setimo-dia-e-testemunha-de-jeova-voce-esta-convidado/
[16] Observe o que diz certo site judaico sobre o assunto da lei aos gentios: “Mas, segundo relato da Bíblia cristã, quando os fundadores do Cristianismo saíram em suas primeiras missões proselitistas, não tiveram sucesso em sua tentativa de converter os pagãos ao judaísmo. Apesar de terem ouvido que a Torá era a Palavra de D’us, os gentios ficaram assombrados com seus mandamentos – as leis de Casherut, DO SHABAT e, sobretudo, da circuncisão. Os primeiros cristãos somente conseguiram converter pagãos a seu recém-criado movimento quando abandonaram a exigência de que os não-judeus aceitassem as leis da Torá. Eles provavelmente perceberam que nenhuma nação, exceto os judeus, se sujeitaria àquelas leis.” Disponível em: http://www.morasha.com.br/leis-costumes-e-tradicoes/a-autoria-da-tora.html [destaque meu]
[17] Disponível em: http://www.reasonablefaith.org/portuguese/qa-359#ixzz4qbe4b6it
[18] Disponível em: http://www.feoufideismo.com/search?q=as+duas+leis
[19] Disponível em: http://www.feoufideismo.com/search?q=as+duas+leis
[20] Disponível em: http://www.jewishencyclopedia.com/articles/4180-ceremonies-and-the-ceremonial-law. E aqui: http://www.jewishencyclopedia.com/articles/9673-law-codification-of
[21] “D’us deu a Torá apenas ao Povo Judeu. Outras religiões adaptaram-na ou a modificaram. Isso pode ser aceitável para eles, mas certamente não para o Povo Judeu. Alguém que alega ser profeta e tente mudar um pingo da Torá para o Povo Judeu, é um falso profeta. O mesmo se aplica se essa pessoa tentasse ensinar que os mandamentos dados ao Povo de Israel são temporários, e não perpétuos.” Disponível em: http://www.morasha.com.br/leis-costumes-e-tradicoes/maimonides-os-treze-principios-da-fe-judaica.html
[22] No mesmo pensamento vai Filo de Alexandria (20 a.E.C. – 50 E.C.) em sua obra Criação, 89,onde enfatizou que o Shabat era um “festival não de uma única cidade, nem de um só país, mas do universo, e somente ele, estritamente falando, merece ser chamado de feriado público, pertencente a todos os povos”. Mas é bom saber que Filo está tentando fazer atraente o judaísmo para os gregos e deste modo universalizar a lei de Moisés.