Circula pela internet um artigo de apologética, sob o título “Vinte razões por que não sou protestante”, querendo resumir o pensamento da Igreja Católica sobre os protestantes. A pedido de um irmão, elaboramos a devida refutação a cada uma das questões levantadas. Vejamos:
1 – Não sou protestante porque o protestantismo não existe desde o princípio do Cristianismo. Surgiu 1500 anos depois da era Apostólica. Suas igrejas são locais, regionais ou nacionais, não existindo uma Igreja Universal.
R – Mas o Cristianismo existe, e é dele que fazemos parte. O Cristianismo é Universal. O católico Martinho Lutero, um dos expoentes da Fé Reformada, teve a coragem de protestar contra a venda de indulgências, um comércio que estava denegrindo o Cristianismo. A partir daí, o Cristianismo, sob a graça de Deus, seguiu seu caminho livre das heresias.
A ruptura foi necessária num momento em que o catolicismo pretendia se estender por todo o mundo, sempre com a ameaça de colocar na fogueira seus opositores. Então o Cristianismo seguiu seu caminho com a verdade bíblica, tendo unicamente Jesus como Senhor, Mediador, Advogado e Intercessor, conforme as Escrituras.
2 – Não sou protestante porque apesar da afirmação de que somente a Bíblia deve ser considerada como norma de fé e prática, eles não concordam entre si no tocante a pontos importantes, entrando assim, em contradições. São mais de 20.000 mil denominações diferentes. Cada uma pregando uma suposta verdade.
R – Ser a Bíblia a norma de fé e prática do cristão não é uma afirmação dos crentes; é uma declaração da própria Palavra de Deus (Rm. 10.17; 2Tm. 2.15; 3.16-17; 4.2). Há muitas denominações registradas em cartório, mas existe unidade na fé em Cristo Jesus. Desprezamos dogmas criados por homens. Não comemos pelas mãos dos outros. Cada crente examina as Escrituras, e debate, e troca opiniões, assim como faziam os primeiros cristãos. Vejam: “Estes foram mais nobres do que os de Tessalônica, pois de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim” (Atos 17.11). A Bíblia chama de “nobre” aquele que examina a Palavra e dela tira suas próprias conclusões. Somos uma só fé, uma só religião, uma só doutrina.
Só adoramos o Santo dos santos, aquele quemorreu em nosso lugar. Não louvamos, nem adoramos, nem suplicamos a outros deuses (Mateus 4.10). Se alguma denominação ensina outro Evangelho, não faz parte do Corpo de Cristo, não é considerada cristã, não é Igreja de Jesus.
3- Não sou protestante porque atribuemasi próprios o direito de interpretar a Bíblia. Acreditam ter uma iluminação pessoal vinda do Espírito Santo sem intermediários, ou seja, sem a Igreja. O mais interessante é a diferença que o Espírito Santo manifesta em cada uma das centenas (talvez milhares) de ramificações do protestantismo.
R – Fazemos o que Deus quer que façamos, ou seja, que nos dediquemos à leitura de sua Palavra, e nela meditemos dia e noite (Salmo 1), pois sabemos que “toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente preparado para toda boa obra” (2Tm. 3.16-17). O acesso à Bíblia não é proibido na Igreja de Cristo. Qualquer um pode ler; tendo dúvida, pede ajuda aos mais entendidos. Para isso há escolas dominicais e cursos teológicos. Todo crente deve saber manejar bem a palavra da verdade para apresentar-se a Deus aprovado (2Tm. 2.15). Deus não quer ignorantes de Sua Palavra. Podemos recorrer também ao Espírito Santo que não está preso numa redoma de ouro e guardado num cofre; Ele está em nós (SI.51.11; Lc. 11.13; At. 2.4; Ef. 1.13; Rm. 8.9; 1Co. 3.16,19) e nos ajuda em nossas fraqezas, pois Ele é uma Pessoa (Rm. 8.16,26; Lc. 12.12; 14.26; 1Co2.13). Temos iluminação pessoal? E Jesus não disse que somos a luz do mundo e sal da terra (Mt. 5.13-14)?
4 – Não sou protestante porque a doutrina não tem unidade, as igrejas não são infalíveis em questões de moral e fé. Suas hierarquias não são rígidas, os preceitos são secundários. A salvação está em somente crer em Cristo, mas sabemos que não basta somente crer, pois, é preciso viver a fé, e vivê-la em santidade. Daí os Mandamentos. Daí a moral que a Igreja ensina. Dizer que a salvação vem somente do crer em Cristo, é continuar vivendo vida injusta ou dissoluta, é mentir à própria consciência.
R – E os papas são infalíveis? E as histórias repugnantes sobre diversos papas? E a diabólica Inquisição? E o perdão pedido aos chineses, aos aborígenes, a Galileu? Não é o reconhecimento de erros cometidos pelo catolicismo? A rigidez moral do catolicismo funciona? E o caso de assédio e violência sexual de sacerdotes católicos contra religiosas, em 23 países, para ficar só neste exemplo? Ensinamos o que ensina a Palavra. A fé no Senhor Jesus envolve arrependimento dos pecados; sem isso não há perdão nem salvação. A santidade faz parte da vida cristã. Quem nos convence do pecado é o Espírito Santo (João 16.8). As boas obras são decorrentes dessa fé salvífica. QUEM NELE CRÊ NÃO SERÁ JULGADO; QUEM NÃO CRÊ JÁ ESTÁ CONDENADO, porque não crê no nome do unigênito Filho de Deus (Palavras de Jesus – Jo 3.18). Vejam também Romanos 10.9. Acontece que o catolicismo ensina a salvação pelas obras; mas não somos salvos pelas obras, mas para as boas obras (Ef. 2.8). Ademais “o justo viverá pela fé” (Romanos 1.17).
5- Não sou protestante porque apesar deles lerem a Bíblia (embora sem alguns livros e com interpretações diversas) não possuem nenhuma autoridade superior Infalível, para declarar que uma palavra tem tal sentido, e exprime tal verdade.
R – Qual seria a autoridade infalível na Terra? Só surgiu um homem assim: Jesus Cristo, porque não tinha a mancha do pecado. A Palavra diz “Seja Deus verdadeiro, e todo homem mentiroso” , e que “não há um justo, nem um sequer” (Rm. 3.4,10). Não temos um Papa falível, mas temos um Papai do Céu infalível capaz d e suprir todas as nossas necessidades (Fp. 4.19). “O Senhor é o meu Pastor e nada me faltará” (Salmo 23).
6 – Não sou protestante porque eles negam a Tradição Oral. Sendo que na própria Bíblia, Paulo recomenda os ensinamentos de viva voz (Tradição), que nos foram transmitidos por Jesus e passam de geração em geração no seio da Igreja, sem estarem escritos na Bíblia. Confira em (2Tm. 1.12-14).
R – Negamos a Tradição Oral porque ela foi a maior fonte de problemas já na teologia do Antigo Testamento, torcendo as Palavras já escritas na Torah; e ela também tem sido comprovadamente a maior fonte de heresias no meio da Igreja Romana. No caso do Antigo Testamento, dizia Jesus aos fariseus: “E dizia-lhes: Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição” (Mc.7.9). Note-se que Deus não deixou nada escrito, tanto no Antigo Testamento como no Novo, mas a existência da ESCRITURA, deixada por Moisés e outros homens de Deus, limitou todos os sermões de Jesus a somente o que estava escrito. Ele combatia tudo o que se afastasse do que estava escrito. Paulo e os demais apóstolos podiam aconselhar os irmãos a seguir o que dissessem, pois estava m VIVOS e seu testemunho era real. Após suas mortes, tudo o mais que alguém poderá dizer que ouviu deles é mera especulação. Tome-se por exemplo a Igreja da Galácia: tinha sido evangelizada e fundada PESSOALMENTE pelo apóstolo (At. 18:23), mas isso não impediu que os crentes ali logo perdessem a fé genuína para os judaizantes, obrigando Paulo a, POR ESCRITO, trazê-los de volta à verdadeira fé: “Receio de vós, que não haja trabalhado em vão para convosco” (Gl. 4.11). “É bom ser zeloso, mas sempre do bem, e não somente quando estou presente convosco” (Gl. 4.18). “Corríeis bem; quem vos impediu, para que não obedeçais à verdade? Esta persuasão não vem daquele que vos chamou” (Gl. 5.7-8). E Paulo termina sua pregação, por estar ausente, por meio de documento escrito: “Vede com que grandes letras vos escrevi por minha mão” (Gl. 6.11).
Se isso aconteceu num curto período de tempo, ainda em vida do Apóstolo, que evangelizou os gálatas pessoalmente e em sua ausência se perderam, o que não dizer de séculos de ignorância quando a Igreja de Roma inclusive PROIBIA a leitura da Bíblia por seus seguidores? A maior prova da falha da tradição oral está na Cronologia dos Dogmas, com doutrinas humanas criadas em épocas muito tempo após a morte dos apóstolos, sendo que não se encontra nenhum documento anterior prescrevendo tal doutrina na Igreja Primitiva (tais como Purgatório, Assunção de Maria, Concepção Imaculada de Maria, oração pelos mortos etc.).
Acreditar na Tradição Oral, que nunca foi registrada na Igreja do primeiro século, é combater o próprio ensino de Paulo, que escrevia cartas e mandava que fossem lidas em todas as Igrejas, intercambiando com outras que já havia escrito: “E, quando esta epístola tiver sido lida entre vós, fazei que também o seja na igreja dos laodicenses, e a que veio de Laodicéia lede-a vós também” (Cl. 4.16). “Pelo Senhor vos conjuro que esta epístola seja lida a todos os santos irmãos” (ITs. 5.27).
Outra coisa importante: este argumento católico se baseia na carta a Timóteo, certo? Vejamos tal carta em sua totalidade:
- Em todas as orientações que foram dadas sobre comunicação oral, os apóstolos ordenavam sobre pronomes pessoais: “Palavras que de MIM tendes ouvido”;
- Paulo nunca mandou alguém obedecer quem não fosse apóstolo e queria que fosse ensinado o que saiu dele mediante TESTEMUNHAS: “E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros” (2Tm. 2.2);
- Paulo recomenda a perfeição do obreiro de Deus pela Palavra escrita e não incluiu a tradição em pé de igualdade: “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2Tm. 3.16-17).
Mais um detalhe: para ser apóstolo, deveriam existir dois requisitos básicos: “Porque no livro dos Salmos está escrito: Fique deserta a sua habitação, e não haja quem nela habite. Tome outro o seu bispado. É necessário, pois, que, dos homens que conviveram conosco todo o tempo em que o Senhor Jesus entrou e saiu dentre nós, começando desde o batismo de João até ao dia em que de entre nós foi recebido em cima, um deles se faça conosco testemunha da sua ressurreição” (At. 1.20-22).
Nenhum outro homem, além dos doze, merecia tal título. Paulo foi chama do Apóstolo dos Gentios devido ao seu chamado, não se considerava como um dos doze e depois dele nenhum outro homem mereceu este título, por não preencher os requisitos básicos do apostolado. Portanto, a autoridade apostólica morreu com o último apóstolo, João, restando seus ensinamentos escritos, o que aliás foi o mais importante critério para determinação do Cânon do Novo Testamento pela Igreja Primitiva.
7 – Não sou protestante porque algumas denominações batizam crianças, outras não as batizam; algumas observam o domingo; outras, o sábado; algumas têm bispos; outras não os têm; algumas têm hierarquia; outras entregam o governo da comunidade à própria congregação; algumas fazem cálculos precisos para definir a data do fim do mundo. Outras não se preocupam com isto etc.
R – Se divergências operacionais ou de entendimento da Escritura fossem critérios para determinação de legitimidade, nunca a Igreja de Roma poderia ter tal título, o simples fato de ter um nome único de denominação, não excluiu a verdade que os católicos possuíssem verdadeira bagunça doutrinária, ontem e hoje.
Exemplos: a Inquisição era considerada divina a seu tempo, hoje é considerada ignorância pelos próprios católicos; as ordens de padres têm, cada uma , estilos de vida próprios e ensinos de santidade diferentes, como os franciscanos, os dominicanos, os adeptos da Tradição, Família e Propriedade (que negam a submissão ao papa), a Renovação Carismática (que para muitos padres ainda é mal vista e tratada como facção).
Curiosamente, existe um livro chamado “Como Lidar com as Seitas”, do padre Paulo H. Gozzi, que diz textualmente, ao tratar das divergências internas da Igreja de Roma: “Há lugar para todo mundo na Igreja, para cada jeito de viver a fé e a comunhão. Há variedade de serviços, de dons, de atividades, mas o Espírito que dá essa diversidade é o mesmo. As diferenças existem para o enriquecimento espiritual de uns e outros, jamais para dividir e separar uns dos outros. Quem não gosta do jeito de um grupo, não precisa participar dele, participe de outro . Quando é que vamos aprender a viver em paz e harmonia e pluralismo, aceitando o jeito diferente de cada um ser o que é, dentro da mesma Unidade?” (páginas 64 e 65 da referida obra, 4ª edição, Editora Paulus).
É bom mesmo que esse padre pense assim, pois ele diz na página 39, ao falar sobre o Saravá – o Baixo Espiritismo: “Não devemos fazer acusações injustas, achando que essas religiões são do demônio (…). E nessa cultura tribal foram criando mitos e lendas religiosas que explicam os mistérios da vida, passando tudo isso de pai para filho. Essas religiões africanas são belas, puras e merecem o nosso profundo respeito”. Garanto que o Vaticano não pensa assim. Pelo menos três padres que conhecemos pensam BEM DIFERENTE disso. E onde está a unidade doutrinária? Afinal, não é um livro publicado por uma editora católica, que não imprime nada que seja protestante? Não vamos mais longe: e o Padre Quevedo, que diz que o diabo não existe e não existem possessões demoníacas, contrariando o próprio Evangelho? Onde está a orgulhosa unidade católica, já que um herege como este não é excomungado por chamar o próprio Jesus de mentiroso?
E, quanto ao hiato entre Cristo e os protestantes, temos a afirmar duas coisas:
1 – Esse hiato existe doutrinariamente e historicamente somente com a Igreja Católica de Roma, pois Jesus nunca fundou denominação alguma com base em Roma (cuja fundação foi num concílio presidido por um imperador romano, três séculos depois de Cristo) e também o fundamento não foi Pedro, foi o próprio Cristo, segundo afirmação do próprio apóstolo em sua carta “Se é que já provastes que o SENHOR é benigno; e, chegando-vos para ele, pedra viva, reprovada, na verdade , pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa” (IPe. 2.3-6). Por isso também na Escritura se contém: “Eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina, eleita e preciosa; e quem nela crer não será confundido” (Is. 28.16; Rm. 10.11). Paulo disse a mesma coisa: “Porque ninguém pode por outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (ICo. 3.11). “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina” (Ef. 2:20).
2 – Mais importante que o hiato temporal é o hiato doutrinário, e nesse aspecto a Igreja Protestante ficoumuito mais perto de Cristo ao voltar-se SOMENTE aos escritos apostólicos, recusando as dezenas de dogmas errados da igreja d e Roma, mediante o lema “SOLA SCRIPTURA”.
8- Não sou protestante porque há passagens da Bíblia que eles não aceitaram como tais; a Eucaristia, por exemplo, Jesus disse claramente: Isto é o meu corpo (Mateus 26.26) e isto é o meu sangue (Mateus 26.28).
R – Jesus também disse claramente: “Eu sou a porta. Todo aquele que entrar por mim, salvar-se-á. Entrará e sairá, e achará pastagens” (Jo. 10.9). Só um louco interpretaria literalmente essa Palavra e admitiria que Jesus é uma porta e que os cristãos são ovelhas comedoras de capim. Ele disse: “Eu sou a videira verdadeira [fonte de vida espiritual], e meu Pai é o agricultor; vós sois os ramos” (Jo. 15.1-5). Nem por isso admitimos que Jesus é uma árvore, o Pai é um plantador de uvas, e os cristãos são ramos. Está claro que essas expressões são figurativas. Ao dizer “Isto é o meu corpo” estava dizendo, realmente “Isto representa o meu corpo”. Se levarmos em conta a interpretação literal, Jesus ao levantar o pão estaria levantando seu próprio corpo. Ademais , naquela oportunidade, como todas as vezes por ocasião da ceia do Senhor, o pão continua com sabor de pão, bem como o vinho continua com o cheiro e o sabor de vinho. Esses elementos não se transformam numa mágica no corpo de Jesus. Se assim fosse, Jesus teria engolido a Si próprio. Jesus não entra em nós pela ingestão do Seu corpo, mas entra em nossa vida quando O aceitamos de todo o nosso coração como Senhor e Salvador (Rm. 10.9).
9- Não sou protestante porque os supostos intérpretes da Bíblia não aceitam a real presença de Cristo no pão e no vinho consagrado, sendo que em João 6.51 Jesus afirma: O pão que eu darei, é a minha carne para a vida do mundo. Aos judeus que zombavam, o Senhor tornou a afirmar: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Pois a minha carne é uma verdadeira comida e o meu sangue é uma verdadeira bebida.
R – A leitura e interpretação da Bíblia não devem ser privilégio de um grupo governante, como na seita das testemunhas de jeová e no catolicismo. Todos podem ler e interpretar livremente a Palavra de Deus, que é dirigida a todos indistintamente. Sobre o assunto eucaristia, já falamos anteriormente. O pão não se transforma no corpo de Cristo. Ademais, Jesus instituiu a ceia em MEMÓRIA, para recordação do Seu sacrifício na cruz. Vejamos: “Fazei isto em memória de mim” (1Co. 11.24-25). O sacrifício de Jesus não pode e não deve ser RENOVADO TODOS OS DIAS. Vejamos: “Pois Cristo padeceu uma única vez pelos pecados” (1Pe. 3.18). Ele não precisa morrer outra s vezes. Então, o culto da ceia do Senhor não objetiva crucificá-LO outra vez, mas recordar a Sua morte expiatória. “Comer a minha carne e beber o meu sangue” não pode ser interpretado literalmente, pois Deus não a provaria um ato de antropofagia (comer carne humana com suas vísceras, cabelos e unhas). Nem sempre o significado de um t e x to é o significado literal, como mais acima foi explicado.
Quando lemos que Ele é a pedra angular, o real fundamento da Igreja (1Co. 3.11; Ef. 2.20) não podemos entender que Jesus seja realmente uma pedra. São figuras de linguagem. Vejamos os comentários de Norman Geisler em seu manual Popular de Dúvidas: “Há muitas indicações em João 6 de que Jesus literalmente queria dizer que a sua ordem para comer a sua carne deveria ser considerada de uma maneira figurada. Primeiro, Jesus afirmou que a sua declaração não deveria ser tomada com um sentido materialista, quando ele disse: “As palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida” (Jo 6.63). Segundo, seria um absurdo e um canibalismo considerá-la com um sentido físico. Terceiro, Ele não estava falando da vida física, mas da “vida eterna” (Jo. 6.54). Quarto, ele chamou a si de “o pão da vida” (Jo. 6.48) e contrastou esse pão com o pão físico (o maná) que no passado os judeus comeram no deserto (Jo. 6.58). Quinto, Ele usou a figurado “comer” a sua carne paralelamente à ideia de “permanecer” nele (cf. Jo 15.4-5), que representa outra figura de linguagem. Sexto, se comer a sua carne e beber o seu sangue fosse tomado literalmente, isso seria contradizer outros mandamentos das Escrituras, que ensinam a não comer carne humana nem sangue (cf. At. 15.20). “Ademais, a salvação não está em comer o corpo de Jesus, mas em crer e obedecer (Jo 3.18,36; 5.24; 6.35; 7.38; 11.25; Atos 10.43; 13.39; 16.31; Rm. 1.16; 10.9).
10 – Não sou protestante porque os mesmos não reconhecem o primado de Pedro, sendo que o próprio Jesus disse; Tu és Pedro (Kepha) e sobre esta pedra (Kepha) edificarei a minha Igreja; (Mateus 16.18).
R – “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja” (Mt. 16.13-20). O catolicismo vale-se dessa passagem para afirmar que os papas são sucessores de Pedro. Nenhum dos modos de entender essa passagem dá suporte à posição católica. “Sobre esta pedra” refere-se à firme declaração de Pedro, que Jesus era “o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt. 16.16).
Admitindo-se a hipótese da referência ser a pessoa de Pedro, este ‘petros’ (pedra, em grego) seria apenas uma pedra no fundamento apostólico da Igreja (Mt. 16.18), não a rocha. Pedro admitiu que Cristo é a principal pedra, a pedra angular, preciosa, de esquina (1Pe. 2.7-8 ). E mais:
- a) No primeiro concílio em Jerusalém, Pedro apenas introduziu o assunto (At. 15.6-11). Tiago teve participação mais importante: assumiu a reunião, deu seu parecer e fez um pronunciamento final (At. 15.13-21).
- b) Paulo não diz que Pedro é a coluna da Igreja, mas que as “colunas” (no plural) são “Tiago, Cefas e João” (Gl. 2.9);
- c) Paulo declarou que a Igreja é edificada “sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Jesus Cristo, a pedra angular” (Ef. 2.20);
- d) Pedro não instituiu o celibato, pois era casado (Mt. 8.14);
- e) Pedro não era e não se considerava infalível, pois foi advertido por Paulo, porque ele não procedia “corretamente segundo a verdade do Evangelho” (Gl. 2.14);
- f) A Bíblia diz que Cristo é o fundamento da Igreja cristã, e que “ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo” (ICo. 3.11);
- g) A Igreja Primitiva perseverou na “doutrina dos apóstolos” e não na de Pedro (At. 2.42);
- h) Finalmente, Pedro não aceitava adoração (o beija-mão, o ajoelhar-se aos pés) conforme Atos 10.25-26.
11 – Não sou protestante porque eles não aceitam o sacramento do perdão e da reconciliação. Sendo que Jesus entregou aos Apóstolos e seus sucessores, a faculdade de perdoar ou não os pecados, e agir em nome dele. “Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem não perdoardes, não serão perdoados” (Jo 20.23).
R – Pecadores não possuem poderes para perdoar pecados. O perdão dos pecados passa necessariamente pelo arrependimento sincero, e nenhum ser humano teria condições de saber quem está realmente arrependido. Só Deus pode perdoar pecados. Nem perdoamos nem vendemos perdão. Tiago 5.16 fala que devemos relatar nossas fraquezas uns aos outros, buscar auxílio mútuo em oração. É claro, mediante arrependimento os pecados serão perdoados por Deus. A Bíblia se explica a si mesma. Vejamos: “Se o meu povo… se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter de seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e PERDOAREI OS SEUS PECADOS…” (2Cr. 5.17).
Não se vê Pedro e Paulo, ou qualquer apóstolo, antes ou depois da ascensão de Jesus, perdoando pecados. Quando perguntaram a Pedro como proceder para ser justificado, ele respondeu: “Arrependei-vos e convertei-vos, para que SEJAM APAGADOS OS VOSSOS PECADOS, e venham os tempos de refrigério pela presença do Senhor”. Quando os escribas afirmaram que só Deus pode perdoar pecados, Jesus não corrigiu (Mc. 2.7-12). Assim como os sacerdotes não podem salvar pecadores, mas podem anunciar a salvação dos arrependidos, segundo a Palavra, da mesma forma não podem perdoar pecados, mas proclamar o perdão dos que se arrependem, segundo a Palavra. Assim podemos entender João 20.23.
12 – Não sou protestante porque Jesus disse que edificaria sua Igreja sobre Pedro (Mateus 16,18), e as igrejas protestantes são constituídas sobre Lutero, Calvino, Knox, Wesley etc. Entre Cristo e estas denominações há um hiato. Somente a Igreja Católica remonta até Cristo.
R – Uma pessoa humana não poderia ser a pedra de sustentação da Igreja de Cristo. Somente o próprio Cristo é a pedra angular (At. 4.11; Ef. 2.20), pedra espiritual (1Co. 10.4), pedra principal de esquina (1Pe. 2.7). Cristo é o fundador de Sua Igreja “pois ninguém pode por outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (1Co. 3.11). “Não somos estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo o próprio Cristo Jesus a principal pedra angular. Nele todo o edifício bem ajustado cresce para templo santo no Senhor; e nele também vós juntamente sois edificados para morada de Deus no Espírito” (Ef. 2.19-22).
13 – Não sou protestante porque Jesus prometeu à sua Igreja que estaria com ela até o fim dos tempos (Mateus 28.20), e os mesmos se afastam da única Igreja de Cristo, para fundar novas igrejas; que se vão dividindo, subdividindo e esfacelando cada vez mais, empobrecendo e pulverizando a mensagem do Evangelho.
R – Jesus Cristo viveu numa época onde havia diversos tipos de denominações entre os judeus: saduceus, fariseus, herodianos e os zelotes. Não existe NENHUMA, sequer uma crítica a essa divisão por parte do Senhor Jesus em todo s os Evangelhos. Nesse ponto, não importa se os nomes das placas são diferentes; importa se o Evangelho é pregado em sua forma mais pura: “Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos” (ICo. 1:23). Nunca, em momento algum, Cristo determinou que denominações seriam prova de inautenticidade, mas sim Ele prezava que as diferentes denominações não tivessem ERROS DOUTRINÁRIOS para com as Escrituras. Esse é justamente o ponto onde a Igreja de Roma erra, preocupando-se somente como nome da placa. Matam-se os mosquitos, mas dá-se passagem ao elefante.
14- Porque o subjetivismo protestante entra pelos caminhos do racionalismo e vêm a ser os mais ousados roedores das Escrituras (tal é o caso de Bultmann, Marxsen, Harnack, Reimarus, Baur…) Outros preferem adotar cegamente o sentido literal, sem o discernimento dos expressionismos próprios dos antigos semitas ; o que distorce, de outro modo, a genuína mensagem Bíblica.
R – No dia que a Igreja de Roma excluir o Padre Quevedo, que diz que o diabo não existe; no dia que a Igreja de Roma excluir os padres que acreditam em reencarnação, como os exibidos no Fantástico de 11 de novembro/2001; no dia que a Igreja de Roma excluir o padre Gozzi, que acha belo e puro o Candomblé; nesse dia eu vou acreditar que a Igreja de Roma não aceita SUBJETIVISMOS em seu meio. Antes disso, é mera HIPOCRISIA E FALÁCIA.
15- Não sou protestante porque quem lê um folheto protestante dirigido a Igreja Católica, lamenta o baixo nível das argumentações, sendo imprecisas, vagas, ou mesmo tendenciosas; afirmam gratuitamente sem provar as suas acusações; baseiam-se em premissas falsas, datas fictícias, anacronismos etc.
R – A acusação recai sobre o acusador. Vemos nessas VINTE RAZÕES os erros pelos quais somos acusados. Ou seja, o baixo nível da argumentação, quase inexistência de uma base bíblica; um modo tendencioso de nivelar todas as denominações evangélicas, classificando-as como seitas. Em resumo, dizendo que fora do catolicismo não há salvação. São os mesmos erros cometidos no tempo de Martinho Lutero. O catolicismo seria o guardião da verdade, mas Jesus disse claramente que quem nele crê não será condenado. A Bíblia diz claramente que a salvação é pela graça, mediante a fé (Ef. 2.8). Não vem pelo batismo, nem pela ingestão do pão, nem pelo casamento, pelo crisma ou por qualquer outra obra . O ladrão da cruz apenas creu, e f oi salvo (Lc. 23.43). Uma coisa é acusação, outra é apontar as heresias e apresentar argumentos bíblicos.
16 – Não sou protestante, porque eles protestam, criticam, censuram a fé Católica para substituí-la pela negação, pela revolta contra a autoridade do Papa etc. Esse é o laço que os une, pois a essência do protestantismo é a negação da Igreja Católica.
R – É um erro a expressão “fé católica”. Não existe fé católica nem fé evangélica, mas simplesmente a fé no Senhor Jesus, o nosso Salvador. Milhões substituíram a fé católica pela fé em Jesus. Ninguém será salvo por pertencer a esta ou àquela denominação. A salvação é pessoal e depende de nossa fé em Jesus Cristo (Jo. 3.18; At. 16.31; Rm. 10.9). Não atacamos o Papa ou quem quer que seja. Quem assim faz não está se com portando como verdadeiro cristão. O Papa é autoridade máxima no catolicismo, mas não no Cristianismo. Logo, como não pertencemos ao catolicismo, não estamos sob a autoridade papal. Negamos a Igreja Católica, mas não negamos a Cristo Jesus.
17 – Não sou protestante porque cada qual dá à Escritura o sentido que julga dar, e assim se vai diluindo e pervertendo cada vez mais a mensagem revelada. Leem apenas, mas têm grandes dificuldades de estudarem a Bíblia e as antigas tradições do Cristianismo.
R – Carece de prova a afirmação de que cada evangélico dá a interpretação que deseja aos textos bíblicos. As denominações evangélicas possuem teólogos, faculdades de teologia, escolas bíblicas, toda uma estrutura para orientar, ensinar, tirar dúvidas. Não há nenhuma norma proibindo a leitura da Bíblia, como aconteceu antigamente no catolicismo. Julgamos que todos são capazes de entender a Palavra de Deus (2Tm. 3.16-17). Dizer que temos grandes dificuldades “de estudar” a Bíblia é faltar com a verdade. É exatamente o contrário. Os evangélicos estão sempre portando a sua Bíblia. Ocorre o contrário no catolicismo, onde a maioria não tem o hábito de pelo menos ler as Escrituras.
18 – A grande razão pela qual o protestantismo se torna inaceitável ao Cristão é o subjetivismo que o impregna visceralmente. A falta de referenciais seguros, garantidos pelo próprio Espírito Santo (conforme João 14.26 e João 16.13) é o principal ponto fraco ou calcanhar de Aquiles do protestantismo.
R – Muito pelo contrário, o protestantismo tem-se tornado aceitável pelos que descobrem a verdade. É inegável o crescimento real dos protestantes no Brasil. Todo s os que vieram do catolicismo optaram pelos referenciais seguros apresentados pela igreja evangélica, porque extraídos diretamente da Palavra. A Bíblia Sagrada é o ponto forte dos protestantes (2Tm. 2.2,15; 3.16-17).
19- Não sou protestante porque esta diluição do protestantismo e a perda dos valores típicos do Cristianismo estão na lógica do principal fundador, Martinho Lutero; que apregoava o livre exame da Bíblia ou a leitura da Bíblia sob a s luzes exclusivas da inspiração subjetiva de cada protestante; cada qual tira das Escrituras “o que bem lhe convém”.
R – A objeção acima é uma repetição. Já falamos sobre o livre exame que é uma bênção, pois Deus ordena que todos leiam a sua Palavra. Vejamos: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a Palavra da verdade” (2Tm. 2.15); “Bem-aventurado aquele que lê, e bem-aventurados os que ouvem as palavras desta profecia” (Ap. 1.3); “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite” (Salmo 1.1-2); “Examinais as Escrituras…” (Jo. 5.39); “Estes foram mais nobres do que os de Tessalônica, pois de bom grado receberam a Palavra, EXAMINANDO CADA DIA nas Escrituras…” (Atos 17.11). Logo, cai por terra o argumento do livre exame. A Escritura é para ser lida e examinada livremente. Não retiramos das Escrituras o que bem nos convém, porque nela tudo convém.
20- Concluindo! Não sou protestante porque Maria Santíssima disse: Desde agora, todas as gerações me chamarão de Bem-aventurada (Lucas 1.48), e nos cultos protestantes, seu nome, sequer é mencionado. Caiu no esquecimento. Quem cumpre (Lucas 1.48) é somente a Igreja Católica Apostólica Romana.
R – Deus não divide sua glória com ninguém (Is. 42.8). Ele é soberano e somente a Ele devemos adorar (Mt. 4.10). Maria morreu. A tentativa de comunicação com os mortos é abominação ao Senhor (Is. 8.19; Dt. 18.10-12). Na narrativa sobre o rico e Lázaro, Jesus informa que os mortos nada podem fazer pelos vivos (Lc. 16.19-31). Bem-aventurada quer dizer feliz. Maria foi uma pessoa feliz. Jesus chamou de bem-aventurados os pobres de espírito, os que choram, os misericordiosos, os limpos de coração etc. (Mt. 5 ). Então, por ter sido chamada de bem-aventurada, Maria não ficou investida das prerrogativas de mãe de Deus, mãe da humanidade, assunta aos céus, advogada nossa, sempre virgem, imaculada, depositária de preces, rainha dos céus, trono de sabedoria etc. O nome da santa Maria é pronunciado por qualquer cristão, observando-se tudo o que a Bíblia diz sobre ela.
Pr. Airton Evangelista da Costa
Colaboração do Pastor Carlos Norberto Marquardt e de Marcos Devaney