Disse Allan Kardec: “Não há, pois, duvidar de que, sob o nome de ressurreição, o princípio da reencarnação era ponto de uma das crenças fundamentais dos judeus, ponto que Jesus e os profetas confirmaram de modo formal; donde se segue que negar a reencarnação é negar as palavras do Cristo. Um dia, porém, suas palavras, quando forem meditadas sem idéias preconcebidas, reconhecer-se-ão autorizadas quanto a esse ponto, bem como em relação a muitos outros” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Federação Espírita Brasileira: 109ª edição, capítulo IV, nº 16, página 89. Grifo meu).
A incoerência kardequiana é elevada à terceira potência, a saber, é elevada ao cubo. É incoerência cúbica pelas seguintes razões:
Primeira: Sabe-se que a crença na suposta reencarnação é incompatível com a doutrina bíblica sobre o Inferno. Logo, Kardec se revela incoerente quando, dizendo-se cristão, prega o reencarnacionismo que, por sua vez, nega a pena eterna, considerando que o tormento eterno, verdade ou mentira, faz parte do pacote de doutrinas do Cristianismo. Logo, é impossível ser cristão e reencarnacionista concomitantemente;
Segunda: Ele eleva essa incoerência ao quadrado ou à segunda potência, quando recorre exatamente ao pacote de doutrinas da fé cristã, isto é, ele recorre à Bíblia, cuja autoridade ele negou até a morte. Isso é como se o réu dissesse ao Juiz: Meritíssimo, tenho uma testemunha desqualificada e indigna que pode provar a minha inocência à Vossa Excelência;
Terceira: A partir daí, essa incoerência é elevada ao cubo, visto que a testemunha para a qual ele apela, embora depondo contra ele, o infeliz procede como se a dita testemunha estivesse a seu favor. Entenda-o quem puder.
Bem, vimos que Kardec concluiu que uma das provas bíblicas de que Jesus era reencarnacionista é o fato dEle ter pregado a ressurreição. A ressurreição pregada por Jesus, segundo Kardec, difere da reencarnação espírita apenas no nome, ou seja, quando Jesus falava da ressurreição, tinha em mente a reencarnação espírita. Mas, à luz de Mt 22. 30, Jesus afirmou que os ressuscitados não se casarão, o que prova que ressuscitar não é o mesmo que reencarnar. Realmente este versículo prova que quando Jesus falava da ressurreição, Ele não tinha em mente a tão propalada reencarnação. Sim, pois como sabemos, um reencarnado pode, segundo os reencarnacionistas, plantar, colher, comer, beber, casar, gerar filhos, etc.
São muitos os textos bíblicos que negam a reencarnação, sendo Zc. 12:1, uma destas referências. Segundo este texto, o espírito do homem é formado dentro dele. Isto é mais que suficiente para provar que cada corpo tem seu próprio espírito e que este veio à existência, quando o corpo estava em formação, no ventre. Logo, nós não somos seres de outros mundos, que viemos para o planeta Terra num processo evolutivo (expiar imperfeições, reparar erros, angariar novos conhecimentos, etc.), como o ensina o kardecismo.
À luz dos dados acima, Kardec errou quando disse que a ressurreição pregada por Jesus, os profetas e os apóstolos nada mais é que a reencarnação por ele defendida e difundida. Até porque, como já observamos, Kardec se mostra incoerente sempre que apela para a Bíblia, considerando que ele disse repetidas vezes que nela ele não confiava.
Ou ressurreição ou reencarnação
Inquestionavelmente, a ressurreição de todos os mortos é uma doutrina cristã. Jesus Cristo disse que “…vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a Sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação” (Jo. 5:28-29). Ora, se houvesse reencarnação não haveria ressurreição, pois que então faltariam espíritos para ocupar os corpos ressurretos. Raciocine: Como ressuscitar os diversos corpos que, em épocas diferentes foram, respectivamente, animados por um único espírito? Lembre-se ainda que (admitindo-se as crenças espíritas só para fins de argumento) o dito espírito poderá não se encontrar na tal de erraticidade, da qual fala o kardecismo, mas sim, reencarnado entre nós.
Como vimos acima, Kardec ousou dizer que Jesus era reencarnacionista e que Ele (Jesus) chamava de “ressurreição” o que o Espiritismo chama de “reencarnação”, ou seja, os nomes são diferentes, mas o conceito é o mesmo. Exibi então três razões palas quais me parece que esse incoerente argumento não resiste a um confronto com o contexto bíblico e com o bom senso. Vimos assim que o Kardecismo é irracional, duas vezes incoerente, hipócrita e anticristão. Irracional porque basta bom senso para se perceber que quando Jesus falava da ressurreição, Ele não tinha em mente a tal de reencarnação; duas vezes incoerente porque: Primeira incoerência: Recorre à Bíblia sem reconhecê-la como autoridade; segunda incoerência: Nega a Bíblia dizendo-se cristão. E é irracional porque agir dessa maneira é uma estultice inqualificável.
Sangue de Jesus ou Reencarnação?
Veja abaixo as perguntas 167-170, que Kardec formulou a um “Espírito Superior”, bem como as respostas que o demônio deu:
“167. Qual o fim objetivado com a reencarnação?”
“ ‘Expiação, melhoramento progressivo da Humanidade. Sem isto, onde a justiça?’ ”.
“168. É limitado o número das existências corporais, ou o Espírito reencarna perpetuamente?”!
“ ‘A cada nova existência, o Espírito dá um passo para diante na senda do progresso. Desde que se ache limpo de todas as impurezas, não tem mais necessidade das provas da vida corporal’ ”.
“169. É invariável o número das encarnações para todos os Espíritos?”.
“ ‘Não; aquele que caminha depressa, a muitas provas se forra. Todavia, as encarnações sucessivas são sempre muito numerosas, porquanto o progresso é quase infinito’ ”.
“170. O que fica sendo o Espírito depois da sua última encarnação?”.
“ ‘Espírito bem-aventurado; puro Espírito’ ” (O Livro dos Espíritos, Federação Espírita Brasileira: 74ª edição, página 121, nº 167-170).
Kardec continua pronunciando sobre reencarnação:
“Reconheçamos, portanto, em resumo, que só a doutrina da pluralidade das existências explica o que, sem ela, se mantém inexplicável; que é altamente consoladora e conforme à mais rigorosa justiça; que constitui para o homem a âncora de salvação que Deus, por misericórdia, lhe concedeu.
As próprias palavras de Jesus não permitem dúvida a tal respeito. Eis o que se lê no Evangelho de São João, capítulo III:3. Respondendo a Nicodemos, disse Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se um homem não nascer de novo, não poderá ver o reino de Deus… ” (O Livro dos Espíritos, Federação Espírita Brasileira, 74º edição, capítulo V, página 153. Grifo meu).
Das transcrições supra se pode ver que o Kardecismo prega que a âncora da salvação não é o sangue de Jesus, e sim, a reencarnação. Através desta, o espírito vai progredindo intelectual e moralmente até atingir a perfeição. Logo, os kardecistas prescindem do sangue de Cristo. A Bíblia, porém, assevera que só à base do sangue de Jesus dá-se a purificação dos pecados (Mt.26:28; At. 4:12; Rm.3:25-26; 11:6; Ef. 2: 8-9; 1Jo. 1:7, etc.). Os kardecistas diriam que este meu argumento não os demove, visto que não reconhecem a Bíblia como autoridade. Porém, aí perguntamos: Mas vocês não se consideram cristãos? Se não aceitam a Bíblia, rejeitam o Cristianismo e, portanto, vocês não podem se considerar cristãos. Vocês fizeram um “cristianismo” só para vocês? Vocês possuem um “cristianismo” de propriedade particular? Além disso, se a Bíblia não é confiável, porque Kardec, citando Cristo falando do novo nascimento, e associando isso à reencarnação, afirma que “As próprias palavras de Jesus não permitem dúvida a tal respeito”, como fizemos constar acima? Veja, se a Bíblia não é confiável, não sabemos sequer se Jesus realmente tenha falado a respeito do Novo Nascimento. Ora, como ousam fundar uma religião sobre algo tão incerto? E, pior ainda: se é incerto, por que diz então que as “próprias palavras de Jesus não permitem dúvida a tal respeito”? Entenda-o quem puder.
Como se toda essa incoerência não bastasse, Kardec registrou que Jesus derramou Seu sangue para nos salvar. Veja a cópia abaixo:
“Paz e Amor! Diante da grande responsabilidade que assumimos para com o nosso Criador, quando nos comprometemos a defender a Doutrina do seu amado Filho, selada com o seu próprio sangue no cimo do Calvário, para redimir as culpas dos homens; diante dos compromissos tomados pelo nosso próprio Espírito, certo então de triunfar da carne e suas paixões; de estabelecer na Terra o reino do amor e da fraternidade das criaturas; em face das lutas que crescem dia a dia, mais escabroso tornando o caminho da vossa existência em via de regeneração, elevo o meu pensamento ao Ser dos seres, ao nosso Criador e Pai, e suplico, em nome da caridade divina, que se estendam as asas do seu amado Filho sobre a Terra, colocando-vos à sombra do seu Evangelho — garantia única da vossa crença — segura estabilidade da vossa fé!” (A Prece Segundo o Evangelho. Federação Espírita Brasileira: 44ª edição, página 24. Grifo meu.).
Como pode alguém afirmar que o sangue de Cristo “redime as culpas dos homens” e, simultaneamente, pregar a reencarnação? É fácil; basta ser kardecista. Isso é facílimo aos kardecistas. Parece difícil, mas os kardecistas conseguem.
Sobre o Diabo e os Demônios
Como os Kardecistas conceituam o diabo e os demônios? Vejamos:
“Satã, segundo o Espiritismo e a opinião de muitos filósofos cristãos, não é um ser real; é a personificação do Mal, como Saturno era outrora a do Tempo…” (O Que é o Espiritismo. Federação Espírita Brasileira: 37ª edição, página 138. Grifo meu).
“Há demônios, no sentido que se dá a esta palavra?”
“Se houvesse demônios, seriam obra de Deus. Mas, porventura, Deus seria justo e bom se houvera criado seres destinados eternamente ao mal e a permanecerem eternamente desgraçados? Se há demônios, eles se encontram no mundo inferior em que habitais e em outros semelhantes. São esses homens hipócritas que fazem de um Deus justo um Deus mau e vingativo e que julgam agradá-lo por meio das abominações que praticam em seu nome” (O Livro dos Espíritos. Federação Espírita Brasileira: primeira parte, capítulo I, 76ª edição, nº 131, página 100. Grifo meu).
“… os demônios… são… as almas dos homens perversos, que ainda se não despojaram dos instintos materiais…” (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Federação Espírita Brasileira: 112ª edição, capítulo XII, nº 6, página 201. Grifo meu).
Das transcrições supra se pode ver nitidamente que o Kardecismo sustenta que o diabo e os demônios não existem. O diabo seria “a personificação do Mal”; e os demônios, “as almas dos homens perversos”, ou seja, espíritos ainda maus, quer encarnados, quer desencarnados. Kardec acreditava, pois, que os demônios nada mais são que “esses homens hipócritas que fazem de um Deus justo um Deus mau e vingativo…”. Isso significa que após negar a existência do diabo e dos demônios, Kardec ironiza os que crêem na existência dos demônios, dizendo que são estes os verdadeiros demônios. Esta minha interpretação não está errada não. Veja que Kardec afirmou com todas as letras que se os demônios existissem e estivessem fadados a serem desgraçados eternamente, então Deus não seria bom. Kardec pergunta: “Deus seria justo e bom se houvera criado seres destinados eternamente ao mal e a permanecerem eternamente desgraçados?”. Ato contínuo ele diz que os que fazem de um Deus justo um Deus mau e vingativo são os reais demônios. Em outras palavras: O diabo e demônios são aqueles que pregam que eles existem.
Extraído do livro O ESPIRITISMO KARDECISTA, E SUAS INCOERÊNCIAS – Pr. Joel Santana