Reencarnação: uma questão de justiça?

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Os Kardecistas e outros reencarnacionistas geralmente argumentam que por ser Deus imparcial, a reencarnação explica e justifica diversas situações que, doutro modo, seriam inexplicáveis ou provariam que Deus é parcial, pelas seguintes razões (falo com minhas palavras):

1ª) “Se um neném nasce sadio, e outro mongolóide, das duas uma: Ou Deus faz acepção de pessoas, ou esses dois nenéns tiveram uma existência anterior, na qual um fez o bem e o outro fez o mal, sendo agora um recompensado, e o outro castigado”;

2ª) “Deus, por ser justo, estaria, se não houvesse reencarnação, impossibilitado de condenar ou salvar o referido mongolóide, pois este não pode responder pelos seus atos. Como condená-lo por ele não ser um cristão? Ele tem culpa por não ter conseguido assimilar o Cristianismo devido às suas debilidades mentais? Salvá-lo seria também injusto, pois como recompensá-lo pelo bem que ele não fez? Como exigir dos sadios uma carga enorme de boas obras, para que mereçam a salvação, e do mongolóide não exigir nada? Está claro: Seria uma injustiça salvá-lo, bem como condená-lo. A doutrina da reencarnação, porém, explica e resolve esta questão assim: O mongolóide em questão é um espírito imperfeito. Através dessa deficiência ele está expurgando o seu passado e avançando rumo à perfeição, à qual chegará mais cedo ou mais tarde, inevitavelmente”;

3ª) Muitos se arrependem de seus pecados na última hora de sua vida, enquanto outros levam toda uma vida de abnegação, resignação e boas obras. Ora, como dar aos que se convertem no fim da vida, o mesmo Céu a que têm direito os que possuem longas décadas de bons serviços prestados ao próximo?”.

Refutando os argumentos acima, faço constar o que se segue:

A) Em Jo. 9:1-3 está escrito o seguinte: “Passando Jesus, viu um homem que era cego de nascença; e seus discípulos lhe perguntaram: Mestre, que pecado fez este, ou fizeram seus pais para este nascer cego? Respondeu Jesus: Nem foi por pecado que ele fizesse, nem seus pais, mas foi para se manifestarem nele as obras de Deus”. Esta passagem bíblica prova que além do “das duas uma”, hipótese esta sugerida pelos reencarnacionistas, existe a razão que Cristo apresentou;

B) Quanto à alegação de que é injusto salvar ou condenar os dementes, respondo que este argumento é um contra-senso, porquanto estas duas coisas não podem existir ao mesmo tempo, pois sempre que é justo condenar a uma pessoa, é injusto absolvê-la; e sempre que é injusto absolvê-la, é justo condená-la. Logo, a salvação ou a condenação de qualquer débil mental pode ser um problema para o homem, não para Deus, que sabe o que é justo, e o que não o é;

C) Certamente, dependendo do grau de deficiência, os dementes não serão condenados, mas não me atazano com isso, pois a causa está nas mãos Daquele que sabe o que faz: Jesus. Não nos preocupemos com isso, pois essa tarefa não nos será confiada no Dia do Juízo Final; fiquem calmos, ó kardecistas, pois já está tudo sob controle: Jesus será o Juiz;

D) Deus não precisa submeter os dementes a um processo de reencarnação para salvá-los, pois dispõe de um recurso melhor, a saber, o sangue de Jesus. Se um demente teve razões justas para não se converter à fé cristã, Cristo tomará a dianteira e o defenderá, usando como argumento em seu favor, o Seu sacrifício expiatório, efetuado em prol de toda a humanidade, inclusive dos débeis mentais (2 Co 5:14,15);

E) Realmente, o fato de uma pessoa nascer com deficiências físicas, não constitui prova cabal de que ela está sofrendo as conseqüências dos supostos males praticados na encarnação anterior, pois há outras razões para isso. O autor destas linhas já viu bois, cavalos, cabritos, etc., aleijados de nascença. Será que estes também estão expiando os pecados praticados nas encarnações anteriores? Lembremo-nos que a natureza está amaldiçoada (Gn 3:17; Rm 8:19-23); e agora, só nos resta agüentarmos o rojão até que a redenção do nosso corpo, bem como a de todo o Universo, se concretize (Rm 8:23). Esta redenção é possível, mediante o sangue de Jesus (Ef 1:7).

Muitos dos que hoje seriam paralíticos, são pessoas normais, graças à vacina poliomielite que erradicou a paralisia infantil do Brasil e em outros países. Logo, se a vida presente fosse o carma da anterior, poderíamos dizer que os cientistas foram mais fortes do que Deus, visto que, os que Ele pretendia submeter a deficiências físicas para expiarem seus pecados, se livraram de tais punições com a ajuda da Ciência. Será que o homem pode mais do que Deus?

O recurso da Medicina chamado teste do pezinho permite que se detecte precocemente certa anomalia congênita e, por conseguinte, pessoas que seriam débeis mentais estão estudando, trabalhando, etc. Estaria a Ciência contra Deus, bem como contra nós, impedindo-nos de ficarmos quites para com a justiça Divina e alcançarmos sem delonga, os mundos melhores dos quais falou Kardec? Logo, o slogan dos Kardecistas, constantes dos adesivos que freqüentemente afixam nos seus carros, segundo o qual “O acaso não existe: leia kardec”, embora não esteja errado, visto que realmente não há efeito sem causa, salta aos olhos que nem tudo pode ser espiritualizado, já que há o lado natural das coisas. A natureza está amaldiçoada, como já fiz constar acima. Além disso, de certo modo, o acaso existe sim. Segundo Jesus, foi ocasional (ou por acaso) que um sacerdote descia de Jerusalém para Jericó: “E, ocasionalmente, descia pelo mesmo caminho certo sacerdote…” ((Lc 10. 31). Sim, as coisas não são como Kardec cogitava. Doutro modo até os cães terão lá seus carmas.

F) Quanto à afirmação de que é injusto salvar os dementes, visto que eles não fazem as obras necessárias à salvação, respondo que esse “argumento” teria lógica, se a salvação fosse pelas obras. Mas como já vimos, a salvação é um presente, e não um galardão. Logo, alicerçado no sangue de Jesus, Deus está livre para estender a Sua mão e salvar (Is 59:1): as criancinhas (Lc 18:16); os dementes (Is 35:8); àqueles que não ouviram o Evangelho, mas agiram em harmonia com as suas consciências (Rm 2:12-16); e os normais, portadores de discrição que não desfeitearem ao Senhor, rejeitando o seu presente, por julgarem que podem comprá-lo e pagá-lo com seus próprios esforços em sucessivas reencarnações (confere: Jo.3:16; Mc. 16:15,16; E. 2:8,9; Rm. 11:6, etc.);

G) E, acerca da alegação de que é injusto dar aos que se arrendem na última hora da vida o mesmo Céu a que têm direito os que viveram longas décadas dedicados ao bem, respondo que os que assim se expressam das duas uma: ou ignoram os ensinos bíblicos ou não os têm como confiáveis. Sim, pois estas questões já foram tratadas por Aquele que Kardec chamava de Mestre: Jesus. Basta-nos, portanto, ler o capítulo 15 do Evangelho Segundo Lucas e aprendermos com o Mestre. Neste texto o Grande Mestre nos propõe três parábolas: A da dracma perdida, a da ovelha desgarrada e a do filho pródigo. Nestas três parábolas o Grande Mestre nos dá uma lição diametralmente oposta à que nos querem inculcar os reencarnacionistas. Ao invés de a dracma perdida, a ovelha desgarrada e o filho pródigo serem desdenhados, foram alvos de especial atenção, bem como patrocinadores de festas. Oh! Como os reencarnacionistas precisam aprender com o Grande Mestre! Eles necessitam aprender com o Grande Mestre que Ele é o Grande Salvador, capaz de salvar instantaneamente! Eles precisam aprender que Jesus não perdoa progressivamente!

Para enxergarmos a fraude desse argumento, basta considerarmos as seguintes questões acerca do perdão que Jesus nos oferece:

a) Ele perdoa, ou não perdoa?

b) O Seu perdão é perfeito ou não é?

c) O Seu perdão é total ou é parcial?

d) O Seu perdão é instantâneo ou é progressivo?

Se como respostas às perguntas acima, dissermos que o perdão que Jesus nos dá é perfeito, total e instantâneo, não podemos imaginar que Cristo dispense tratamento diferenciado aos Seus perdoados, permitindo a uns livre acesso à Sua Casa (o Céu), e ordenando a outros que aguardem à porta até que os últimos rancores se esvaiam. Logo, os argumentos dos reencarnacionistas só teriam lógica se a salvação fosse como eles pensam: pelas obras. Mas, como veremos a partir do capítulo XII, a salvação não é pelas obras, e sim, pela graça por meio da fé no sangue de Jesus.

Diferente de tudo que os kardecistas dizem sobre o perdão, o Grande Mestre nos ensinou no capítulo 15 do Evangelho Segundo Lucas, que foram exatamente a dracma recuperada, a ovelha arrebanhada, e o filho esbanjador que regressou ao lar, que motivaram grandes alegrias e patrocinaram até festas. As nove dracmas que nunca se perderam, as noventa e nove ovelhas que sempre se mantiveram sob o cajado do Pastor, e o filho que jamais abandonou o Pai, não causaram, de persi, tantas emoções. Estas parábolas, sem duvida não foram contadas para incentivar à prática do mal, mas para encorajar os pecadores ao arrependimento, assegurando-nos que, se arrependermos, seremos bem recebidos no Reino de Deus; e que o nosso ingresso no Céu será até mais emocionante que o caso dos anjos fiéis que sempre se mantiveram na presença de Deus. Ora, quando (por um exemplo hipotético) um casal constata a morte de um dos seus dez filhos, este traz, obviamente, tristezas que os nove jamais trouxeram; mas, se na hora de sair com o defunto rumo ao cemitério, ele for ressuscitado, seguramente produzirá alegrias que os referidos nove filhos jamais conseguirão produzir, a menos que também morram e sejam ressuscitados.

Suponhamos que há 20 anos o senhor “A” e o senhor “B” me fizeram uma grave ofensa. Cinco anos após, portanto 15 anos, o senhor “A” se arrependeu, me pediu perdão e que eu o tenha perdoado de todo o meu coração. Suponhamos ainda que há um minuto o senhor “B” também tenha se arrependido, me pedido perdão, e que eu o tenha perdoado da mesma maneira que há 15 anos eu perdoara ao senhor “A”. Pergunto: Será que eu não estarei sendo incoerente se eu dispensar ao senhor “B” um tratamento diferente do conferido ao senhor “A”? Afinal, eu perdoei a ambos de igual modo ou não perdoei? E podemos, porventura, detectar tamanha discrepância no Grande Mestre? Pensem nisso os kardecistas sinceros!

H) Relembro aos reencarnacionistas que não há ninguém melhor do que Deus para saber o que é justo e o que não o é. Logo, deixemos de lorota e aceitemos o dom gratuito que Ele nos está oferecendo através do sangue de Jesus, totalmente à parte de nossos méritos, até porque não os possuímos (Rm 3: 23,24; 6:23; Ef 2: 8,9). A salvação é assim: Ou o pecador a aceita de graça, ou morre sem ela, pois Deus não a vende, mas a dá de graça a quem quiser (Ap 22:17);

I) Nada mais injusto do que infligir uma pena por um erro do qual o condenado nem se lembra. Portanto, teríamos que lembrarmos de nossas encarnações anteriores, bem como de nossos erros então cometidos. Logo, nada mais injusto do que a expiação kardequiana.

Extraído do livro “O ESPIRITISMO KARDECISTA E SUAS INCOERÊNCIAS”, Pr. Joel Santana

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