O governo da Argélia confirmou que um grupo radical islâmico atacou nesta quarta-feira um campo de gás de um consórcio internacional em In Amenas, a 1.500 km da capital Argel. Duas pessoas morreram, entre elas um britânico, e dezenas de funcionários foram sequestrados.
As autoridades locais afirmaram que há funcionários estrangeiros entre os reféns do grupo. A Irlanda, a Noruega e o Reino Unido disseram que cidadãos de seus países estão entre os prisioneiros dos militantes islâmicos. Não foram divulgados números nem dados sobre a nacionalidade dos reféns.
Segundo o Ministério do Interior argelino, o incidente começou por volta das 5h (2h em Brasília) quando os extremistas chegaram em três veículos no alojamento dos funcionários estrangeiros.
Eles atacaram um ônibus que seguia para o aeroporto de In Amenas, mas o veículo foi cercado pela polícia e começou um tiroteio com as forças de segurança argelinas. Segundo os agentes, um funcionário estrangeiro morreu e outros dois ficaram feridos. Outros quatro militares argelinos também se feriram.
Após a tentativa fracassada de sequestrar o ônibus, o grupo se dirigiu à usina de gás e sitiou um grupo de funcionários em uma ala da fábrica. O ministério não informou o número de reféns, mas confirmou que há cidadãos estrangeiros entre eles.
Horas depois, os rebeldes disseram que 41 pessoas foram encarceradas, incluindo americanos, britânicos, franceses e japoneses. A informação não foi confirmada pelas autoridades locais. O governo da Argélia afirmou que segue a situação de perto e que a fábrica foi cercada por policiais e militares.
A instalação é comandada por um consórcio formado pelas empresas petroleiras Sonatrach, BP e Statoil. O campo fica próximo da fronteira com a Líbia. A BP confirmou que a instalação continua ocupada e que o contato com a área é extremamente difícil.
Eles disseram que disponibilizaram um telefone para que as famílias dos funcionários que estão na base possam saber mais informações.
AUTORIA
O grupo, que é vinculado à rede terrorista Al Qaeda, comandou durante anos os combatentes terroristas no deserto do Saara. Também são vinculados à rede os três grupos radicais que tomaram conta do norte malinês e expulsaram o Exército do país.As autoridades locais ainda não confirmaram o autor do atentado, mas uma agência de notícias da vizinha Mauritânia afirmou que o grupo Bellawar, dirigido pelo argelino Mokhtar Belmokhtar, reivindicou o ataque e disse que é uma represália à ocupação francesa no Mali.
O ataque ao campo de gás na Argélia acontece no sexto dia de operações francesas no Mali, em que tropas francesas auxiliam o Exército local para retomar o controle do país. Paris recebe auxílio logístico de Reino Unido e Estados Unidos.
Em decorrência das ações, o governo do presidente François Hollande foi ameaçado pelos radicais islâmicos de ações contra representações diplomáticas e empresas europeias na África e alvos estratégicos na Europa.
Fonte: Folha.com.br