Há sete termos nas línguas originais traduzidos por “inferno” e “sepultura”, nas Bíblias de língua portuguesa, resultando em grande confusão entre os estudantes da Bíblia, principalmente aqueles menos preparados.
Estes sete termos são: Seol, Hades, Abussos, Abadon, Tártarus, Geena e Trofete. Desses sete referidos, vamos focar o termo “Hades”.
A palavra Hades, de acordo com o texto referido quer dizer: “LUGAR DE TORMENTOS” (Lc. 16:23). Nesse lugar terrível de sofrimento as pessoas são atormentadas dia e noite sendo queimadas por chamas negras que nunca se apagam. Em um futuro próximo o próprio Hades será jogado no lago de fogo (Ap. 20:14) e então o juízo de Deus estará concluído.
Por este texto fica claro que:
- No inferno há um tormento eterno (Lc. 16:23 e Ap. 14:11)
- No inferno há fogo do juízo em forma de labaredas negras (Lc. 16:24).
- No inferno o homem tem consciência do que está acontecendo, pois o seu espírito é imortal (Lc. 16:23).
- No inferno há memória, pois a memória humana só será apagada quando houver novos céus e nova terra (Is. 65:17). No hades, por ser um estado intermediário, haverá lembrança de tudo (Lc. 16:25 e 28).
- No inferno não se perde a razão (Lc. 16:27 – 30).
- No inferno é lugar de justiça (Lc. 16:25).
3.1 – Considerações a respeito do Inferno
a) – A Doutrina sobre a existência do Inferno é teologicamente visível em toda a Bíblia, mostrando assim que esta doutrina nunca foi contra a Bíblia, mas corroborada por ela. Leiamos: Dt.32:22; Jó 22:6; Am.9:2; II Pe. 2:4; Pv. 27:20; II Tes. 1:7-9; Ap. 14:9-11; Mc.9:47-48; Mt.22:33; Lc.16:22-23; Mt. 25:47-46… É impossível duvidarmos do ensino das escrituras e da seriedade com que Jesus Cristo falava acerca do Inferno. O tom do ensino de Cristo indica fortemente que o inferno é um lugar literal.
b) — Sobre o inferno ser irracional, a Bíblia mostra o contrário:
A Bíblia diz: “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele é loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1 Cor. 2:14). A doutrina do inferno só é irracional para o homem natural, não convertido. Dai ser fácil concluir porque certas pessoas acham o ensino sobre o inferno irracional, eles nunca nasceram de novo. Somente os nascidos de novo entendem a Palavra de Deus e não recusa nenhuma verdade por mais dura que seja.
c) — A doutrina do inferno não é contrária ao amor de Deus:
Todos os que falam assim deixam de reconhecer a santidade de Deus e a necessidade do pecado ser punido por causa dessa santidade. Lembremos que Deus é amor e o amor é Deus. Deus amou o mundo inteiro e quer que todos se salvem (I Tm 2.4). Apesar de Deus querer salvar toda a humanidade, Ele não age contra a vontade humana. O homem é, por determinação de Deus, um ser livre para escolher o bem ou o mal. O inferno não tinha sido projetado para o ser humano, e sim para o Diabo e seus anjos (Mt 25.41). Entretanto, a desobediência fez o homem receber o mesmo destino (Mt 25.46).
d) — A doutrina do inferno e do lago de fogo não é repugnante à justiça:
Se a justiça nos fosse feita, cada um de nós receberia a condenação que merece (Jo.3:18). Merecemos a justiça, mas Deus nos concede a misericórdia pela sua graça, por causa do seu Filho Jesus (Rm.3:26). Todos devem ser salvos da mesma maneira, através dos méritos de Cristo (Ef.2:8-9). Deus é justo e justificador daquele que tem fé em Jesus. O Inferno é, sendo os ensinos cristalinos da Palavra de Deus, uma dura realidade que até gostaríamos de não aceitá-la. Mas como não somos réprobos que torcem a verdade por achá-la dura demais, nós nos curvamos diante da soberania de Deus. E pior é que, o inferno não só é uma realidade, mas um lugar de sofrimento (Judas 7), lugar de dor (SI. 116:3), lugar de tormentos (Lc. 16:24,25,28), lugar de ira (Ef.2:3, Cl.3:6), lugar de condenação eterna (Mc.3:29), lugar de tormento eterno (Mt.25:41 ,46; Mc.9:44-46).
3.2 – INFERNO, SHEOL e HADES na V. B.
(Segundo o Dr. Davis)
1. Lugar dos mortos. É uma das traduções da palavra hebraica Sheol e da grega Hades, Sl 16:10; At 2:27. A versão revista da Bíblia inglesa do Antigo Testamento, tanto no texto como a margem, usa a palavra Sheol; nos livros proféticos, emprega-se a palavra Cheol nas margens e a. palavra inferno no texto, e em Dt 32:22;Sl 55:15; 86:13 emprega Cheol nas margens e abismo no texto. Em o Novo Testamento usa a palavra Hades, no texto. Ambos os vocábulos também se traduzem por sepultura, Gn. 37:35; Is. 38:10,18; Os. 13:14. A versão revista inglesa traduz Sheol por morte em Ico. 15:55. Não há certeza quanto à etimologia da palavra. Sheol tem o sentido de insaciável em Pv 27:20 e 30:15, 16. Hades pronunciado sem aspiração, significa invisível. Tanto como um como outro termo denotam lugar dos mortos. Os antigos hebreus, semelhantes a outras raças semíticas, imaginavam o Sheol embaixo da terra, Nm. 16:30, 33; Ez. 31:17; Am. 9:2. Pintavam-no como tendo portas, Is. 38:10 região tenebrosa e melancólica, onde se passa uma existência consciente, porém triste e inativa, II Sm 22:6; Sl. 6:6; Ec. 9:10. Imaginavam o Sheol como sendo o lugar para onde vão as almas de todos os homens, sem distinção alguma, Gn. 37: 35; Sl. 31:17; Is. 38:10, onde os ímpios sofriam e os justos gozavam. É importante notar que a doutrina autorizada dos hebreus sobre Sheol, dizia que só Deus era conhecido, e que estava na sua presença, Pv. 15:11; Jó 26:6; que Deus estava presente a ele, Sl 139:8; e que os espíritos de seu povo e as suas condições naquela habitação, estavam sob a vigilância de seu olhar. Esta doutrina inclui a grande bênção de Deus para com o seu povo depois da morte, gozando da sua presença e de seu constante amor, e, ao mesmo tempo, a miséria dos ímpios. Dois lugares de habitação para os mortos: um para os justos com Deus, e outro para os ímpios, banidos para sempre da sua presença.
A doutrina a respeito da glória futura e da ressurreição do corpo, já era confortadora aos crentes do Antigo Testamento, Já 19:25-27; Sl 16:8-10; 17:15; 49:14, 15; 73:24; Dn 12:2, 3.Uma base para esta doutrina encontra-se no exemplo de Enoque e de Elias que foram arrebatados, e também na crença dos egípcios com que se relacionaram, durante séculos, os hebreus. Havia entre ambos os povos, idéias paralelas a respeito da vida futura e da relação de moralidade da vida presente com o bem estar futuro, além da sepultura. Porém, só Jesus Cristo poderia derramar luz plena sobre a imortalidade revelando as bênçãos para as almas salvas, habitando na presença de Deus, depois da morte, livres de todos os males da presente vida, Lc. 23:43; Jo. 14:1-3; IICo. 5:6-8; Fp. 1:23.
2. Lugar de tormentos e miséria. Neste sentido é que se traduz a palavra grega Gehenna, em Mt. 5:22, 29, 30; 10:28; 18:9; 23:15, 33; Mc. 9:47; Lc. 12:5; e Tg. 3:6. É a forma grega do hebraico Gehinnom, vale de Hinom, onde queimavam crianças vivas em honra de Moloque. Por causa destes horríveis pecados que se cometiam ali, por causa das suas imundícias, e talvez por servir de depósito ao lixo da cidade, veio a servir de emblema do pecado e da miséria, e o nome passou a designar o lugar do castigo eterno, Mt. 18:8, 9; Mc. 9:43. Das cenas que se observam ali, a imaginação tirou as cores para pintar a Geena dos perdido, Mt. 5:22; comp. 13:42; Mc. 9:48.
Na IIPe 2:4, onde se lê: …. “precípitando-os no inferno”, é a tradução do verbo tartaroô, significando — lançar no Tártaro. O Tartarus dos romanos, o Tartaros dos gregos, era o lugar por eles imaginado, para onde iam as almas, situado abaixo do Hades. Ainda que a etimologia seja diferente, Geena e Tártaro incluem essencialmente a mesma idéia — lugar de punição para os perdidos.
Ainda J. Davis diz o seguinte sobre o Paraíso: “Os Judeus faziam distinção entre o paraíso superior e paraíso inferior, o primeiro era uma parte do Céu e o segundo uma divisão do Hades destinado às almas dos justos. No NT a palavra paraíso, quer dizer céu em dois lugares distintos, II Co. 12:2, 4; Ap. 2:7; 22:2. E por isso é tomada na mesma acepção em Lc. 23:43.
E sobre alma ele afirma: “No sentido ordinário da palavra, a alma é uma entidade espiritual, incorpórea, que pode existir dentro de um corpo ou fora dele. (Dicionário Bíblico – Ed. 1989 – Juerp; págs.. 26, 286, 287 e 444)