O apóstolo Paulo no texto supracitado, falava dos seus oponentes, os quais lhe resistiam na pregação do evangelho, e comparava que o fim deles, seria como o de Janes e Jambres, que resistiram a Moisés.
A única referência bíblica que encontramos sobre o referido texto, é relacionando-o com os mágicos que a serviço de Faraó, tentaram sem sucesso, apresentarem milagres mais poderosos do que os de Moisés, através de suas magias e encantamentos.
Então, Moisés e Arão entraram a Faraó e fizeram assim como o SENHOR ordenara; e lançou Arão a sua vara diante de Faraó, e diante dos seus servos, e tornou-se em serpente. E Faraó também chamou os sábios e encantadores; e os magos do Egito fizeram também o mesmo com os seus encantamentos. Porque cada um lançou sua vara, e tornaram-se em serpentes; mas a vara de Arão tragou as varas deles. Êxodo 7:10-12
Por que os nomes de Janes e Jambres não são citados em qualquer outro lugar do texto sagrado, mesmo nas experiências bíblicas semelhantes, citadas na sequência do texto acima, a não ser exclusivamente uma única vez pelo Apóstolo Paulo, quando escrevia a Timóteo?
Devemos entender que o texto sagrado foi genérico quando citou que Faraó chamou os sábios e encantadores, ou mesmo quando se refere como os magos do Egito. Como eram vários, por certo não houve a necessidade de nominá-los.
No entanto, independente das suas próprias considerações de caráter espiritual, o certo é que Paulo tinha conhecimento de toda a história, e os livros da época, em sua maioria, citavam os nomes de Janes e Jambres entre os principais mágicos e encantadores, justamente no tempo em que foram convocados por Faraó para resistirem a Moisés.
Na época de Paulo, havia em circulação uma espécie de livro judaico, que provavelmente ridicularizava Janes e Jambres como insensatos, justamente pela referida ação ante Moisés.
Os nomes de Janes e Jambres, figuram também em mais de um lugar, em um Targum de Jônatas (Targum: Conjunto de traduções e comentários de textos bíblicos que datam do séc. VI a. C.), em um dos quais temos o seu comentário sobre a passagem de Êxodo 1:15, como os principais entre os mágicos egípcios. Vejamos o texto:
ואמר פרעה דמך הוה חמי בחילמיה והא כל ארעא דמצרים קיימא בכף מודנא חדא וטליא בר בכף מודנא חדא והות כרעא כף מודנא דטלייא בגויה מן יד שׁדר וקרא לכל חרשׁי מצרים ותני להון ית חילמיה מן יד פתחון פומהון יניס וימברס רישׁי חרשׁייא ואמרין לפרעה ביר חד עתיד למיהוי מתיליד בכנישׁתהון דישׁראל דעל ידוי עתידא למחרבא כל ארעא דמצרים ובגין איתיעט ואמר פרעה מלכא דמצרים לחייתא יהודייתא דשׁמא דחדא שׁפרא היא ושׁמא דתנייתא פועה היא מרים ברתה ׃ (Exo 1:15 PJT)1
E eis que toda a terra de Mizraim foi colocada em uma escala de um equilíbrio, e um cordeiro, o jovem de uma ovelha, estava doente a outra escala; e a escala com o cordeiro nele com sobrepeso. Imediatamente mandou chamar todos os adivinhadores do Mizraim, e transmitido a eles o seu sonho. Imediatamente Janes e Jambres, o chefe dos magos, abriu sua boca e respondeu Faraó. Um certo filho está prestes a nascer na congregação de Israel, por cuja mão será destruição de toda a terra de Mizraim. Por isso fez Faraó, rei de Mizraim, dar conselhos para as parteiras Jehudith, o nome de um dos quais foi Sifrá, que é Joquebede, e o nome da outra Puá, que é sua filha Miriam. (Êx 01:15 PJE)1
Além do Targum, um fragmento de um manuscrito de Qumrã, conhecido pela sigla 4Q267 Documento de Damasco (CD-A) Frag.3 col.II, traz apenas o nome de um desses magos, mencionando “Janes e seu irmão”.
Em vários outros escritos cristãos primitivos, eram citados os nomes de Janes e Jambres, inclusive no evangelho apócrifo de Nicodemos em seu quinto capítulo. Orígenes faz alusão a um livro que tinha o nome deles e Plínio também faz alusão a eles ( ver História Natural xxx. 1,11).
Numênio, o filósofo, refere-se a Janes e Jambres, como escribas egípcios, famosos por seus escritos acerca das artes do ocultismo, o que os coloca na condição de professores de artes mágicas naquele tempo.
Essas informações por certo deram ao apóstolo Paulo, a conscientização necessária para considerar Janes e Jambres, como os líderes daqueles mágicos contratados por Faraó.
As considerações acima mostram que, ainda que outros conhecimentos não sejam necessariamente fundamentais para a pregação do evangelho, se bem utilizados, podem assessorar em muito na interpretação por parte daqueles que ensinam, e para o entendimento por parte daqueles que lhes ouvem.
Por outro lado, a citação nominal do apóstolo Paulo sobre as figuras de Janes e Jambres, passaram a representar a personificação daqueles que usam de meios humanos ou até mesmo demoníacos para tentar desqualificar ou banalizar o extraordinário de Deus na vida dos seus servos sinceros. Aqueles que agem assim, infelizmente podem ser considerados seus discípulos.
Fontes:
1 Bibleworks9
2 http://www.adindustrial.com.br/janes-e-jambres-quem-foram-esses/