O site da Faculdade Mackenzie dá a seguinte minibiografia de Calvino:
“Calvino nasceu em Noyon, nordeste da França, no dia 10 de julho 1509. Seu pai, Gérard Cauvin, era advogado dos religiosos e secretário do bispo local […]. Em 1523, Calvino foi residir em Paris, onde estudou latim e humanidades no Collège de la Marche e teologia no Collège de Montaigu. Em 1528, iniciou seus estudos jurídicos, primeiro em Orléans e depois em Bourges, onde também estudou grego com o erudito luterano Melchior Wolmar […]. Converteu-se à fé evangélica em 1533 […]. No mês de março (1536) foi publicada em Basiléia a primeira edição da Instituição da Religião Cristã (ou Institutas), introduzida por uma carta ao rei Francisco I […]. Por causa de seu esforço em fazer da dissoluta Genebra uma cidade cristã, durante catorze anos (1541-55) Calvino travou grandes lutas com as autoridades e algumas famílias influentes (os ‘libertinos’). Em 1555 os partidários de Calvino finalmente derrotaram os ‘libertinos’. Os conselhos municipais passaram a ser constituídos de homens que o apoiavam. Embora não tenha ocupado nenhum cargo governamental, Calvino exerceu enorme influência sobre a comunidade, não somente no aspecto moral e eclesiástico, mas em outras áreas […]. João Calvino faleceu com quase 55 anos em 27 de maio de 1564.” (Em: <http://www.mackenzie.com.br>. Acesso em 30 maio 2014).
Burns, o renomado escritor de História da Civilização Ocidental, descreve nosso personagem como um dos mais sombrios da história:
“Até sua morte, em 1564, Calvino governou a cidade com mão-de-ferro. São poucos na história os exemplos de homens de índole mais sombria e mais teimosamente convencidos da verdade de suas ideias. Sob seu governo, Genebra transformou-se numa oligarquia religiosa […]. Nos quatro primeiros anos depois que Calvino passou a governar Genebra, houve nada menos que 58 execuções (religiosas), numa população total de 16 mil habitantes.” (BURNS, Edward. História da Civilização Ocidental. 9 ed., Globo, pg. 389).
O site História Livre acrescenta que:
“Calvino, apesar de ter mantido quase todos os princípios formulados por Martinho Lutero, desenvolveu uma teologia própria, mas que tinha uma diferença muito importante: a Doutrina da Predestinação. Nesta doutrina, influenciada na crença grega do destino, Calvino afirmava que Deus, o único com conhecimento sobre o futuro, já sabia, desde sempre, quem eram as pessoas que seriam salvas por Ele, assim, como já sabiam quem não seria […]. De acordo com Calvino, a fé não era o caminho para a salvação, para ele, a fé era o sinal de que o fiel estava predestinado à salvação. Com isso, o calvinismo se afastava daquilo que Lutero havia defendido, ou seja, que a salvação somente era alcançada por meio da fé em Jesus Cristo […]. Mesmo contrariando a Lutero, a Doutrina da Predestinação se tornou muito popular na Suíça. Mas quando as ideias de Calvino chegaram às pessoas comuns, uma dúvida foi gerada: Como posso saber se sou ou não salvo? A resposta de Calvino era bastante simples. Segundo ele, a garantia de que alguém havia sido predestinado por Deus à salvação estava em seu sucesso pessoal, ou seja, uma pessoa próspera e bem sucedida (profissão, saúde, família, etc.) demonstrava o favor de Deus para com ela. Portanto, o próspero tinha a garantia de sua salvação, pois onde a planta de seus pés pisasse iria prosperar. Mas, o contrário também era verdadeiro. Pois, aquele que não prosperasse dava demonstrações de que não estava predestinado à salvação […]. Mas ao contrário de outras vertentes protestantes, o calvinismo não se desenvolveu em uma igreja específica, mas como doutrina que seria aceita em algumas igrejas protestantes já existentes. Assim, a doutrina calvinista obteve uma grande aceitação na Suíça (onde surgiu), de lá se espalhando por toda a Europa, especialmente, na Escócia, na Inglaterra, na Holanda e na França.” (Em: <http://www.historialivre.com>. Acesso em 30 maio 2014)
Já o site História Crítica é mais ácido com o líder de Genebra:
“João Calvino tentou transformar Genebra num Estado de fé calvinista. Queria criar uma teocracia. Assim, estabeleceu leis que são dirigidas por suas doutrinas religiosas, abre escolas, estimula o comércio exterior, proíbe jogos de azar, alcoolismo, danças e outros. Perseguia seus opositores e defendia a pena de morte aos hereges. Mandou queimar Miguel Serveto, que era um médico contrário as suas doutrinas. Jacques Gruet foi decapitado, acusado de blasfêmia. Kurtz afirmou que Calvino fez muitas vítimas. Entre os anos de 1542 e 1546 havia em Genebra (aproximadamente) vinte mil pessoas apenas. Dessas, cinquenta e sete foram executadas, sessenta e seis banidas e um número incalculável de encarceramentos. Todos esses casos foram por motivos religiosos.” (Em: <http://www.bloghistoriacritica.blogspot.com.br/>. Acesso em 30 maio 2014, parênteses do autor).
O site Cristianismo Wiki faz uma observação muito relevante sobre os conhecimentos de João Calvino antes da sua conversão. A informação é bastante notável na cosmovisão cognitiva dele, principalmente, quando levamos em consideração a sua doutrina da predestinação fatalista, que tudo aponta ter sua gênesis no Estoicismo pagão:
“Aos 23 anos Calvino era já um famoso humanista, seguindo os passos de Erasmo de Roterdã, que também escreveu sobre Séneca nestes anos. Em ‘De Clementia’ não há da parte de Calvino uma alusão explicitamente religiosa. É antes uma obra que reflete o estoicismo de Séneca e a predestinação no sentido estoico. Séneca escrevera o texto como forma de apelar Nero à moderação e à razão […].” (Em: <http://www.cristianismo.wikia.com>. Acesso em 30 maio 2014; grifo do autor).
Dave Hunt também faz algumas gravíssimas denúncias contra Calvino em seu artigo “O LADO B DO CALVINISMO”. Veja o que ele escreve sobre a atuação do líder de Genebra:
“Talvez Calvino pensasse que ele era o instrumento de Deus para forçar a Graça Irresistível (uma doutrina chave no calvinismo) sobre os cidadãos de Genebra, na Suíça –mesmo sobre aqueles que provaram sua indignidade, resistindo à morte. Ele fez o seu melhor para impor a ‘justiça’ irresistivelmente, mas o que ele impôs e a maneira com que ele impôs estavam longe da graça e dos ensinos e exemplos de Cristo […]. Censura de imprensa foi usada e ampliada sobre os Católicos e precedentes seculares: livros […] com tendências imorais foram banidos […], falar desrespeitosamente de Calvino ou do clero era crime. A primeira violação dessas ordens era punida com uma advertência, violações posteriores com multas, persistir na violação com prisão ou banimento da cidade. Fornicação era punida com o exílio ou afogamento; adultério, blasfêmia ou idolatria com a morte […]; uma criança foi decapitada por agredir seus pais. Nos anos de 1558-1559 houve 414 processos por ofensas morais; entre 1542 e 1564 houve 76 banimentos e 58 execuções; a população de Genebra era na época de 20.000 pessoas […]. A opressão de Genebra não teria vindo sob a direção do Espírito Santo (‘[…] onde o Espírito do Senhor está, há liberdade’ [2 Coríntios 3.17]), mas sim da poderosa personalidade de Calvino e uma visão extrema da Soberania de Deus que negou o livre-arbítrio ao homem. Assim a ‘graça’ tinha que ser imposta irresistivelmente em uma tentativa não-bíblica de infligir uma ‘santidade’ sobre os cidadãos de Genebra. Em contraste à humildade, misericórdia, amor, compaixão, e longanimidade de Cristo, a quem ele amou e tentou servir, Calvino exerceu autoridade como o papado que ele desprezou […]. Os defensores de Calvino negam os fatos e tentam inocentá-lo do que ele fez, responsabilizando as autoridades civis. Boettner (famoso escritor calvinista) até mesmo insiste que ‘Calvino foi o primeiro dos Reformadores a exigir uma separação completa entre a Igreja e o Estado’. De fato, Calvino não somente estabeleceu a lei eclesiástica, mas ele codificou a legislação civil. Ele manteve as autoridades civis para ‘promover e manter o culto externo a Deus, defender a sã doutrina e a condição da igreja’ e ver que ‘nenhuma idolatria, nem blasfêmia contra o nome de Deus, nem calúnias contra a sua verdade, nem outras ofensas à religião surgisse e fosse disseminada entre o povo [mas] impedir a verdadeira religião de ser violada impunemente e abertamente e poluída pela blasfêmia pública’. Calvino utilizou a força civil para impor suas doutrinas particulares sobre os cidadãos de Genebra e os forçar. Zweig, que se debruçou sobre os relatos oficiais do Conselho da Cidade para o dia de Calvino, nos diz: dificilmente haverá um dia, nos relatos das definições do Conselho da Cidade, em que nós não encontramos o comentário ‘é melhor consultar o Mestre Calvino sobre isso’. Pike nos relembra que foi dada a Calvino uma ‘Cadeira do Consultor’ em todos os encontros das autoridades da cidade e ‘quando ele estava doente as autoridades viriam a sua casa para as suas seções’. Ao invés de diminuir com o tempo, o poder de Calvino somente cresceu. John McNeil, um calvinista, admite que ‘nos últimos anos de Calvino e sob sua influência, as leis de Genebra tornaram-se mais detalhadas e mais rigorosas’ […]. Com controle ditatorial sobre a população ‘ele governou como poucos soberanos fizeram’, Calvino impôs o seu tipo de Cristianismo sobre os cidadãos com açoitamentos, prisões, banimentos e queima na estaca. Calvino foi chamado de ‘O Papa Protestante’ e ‘O Ditador Genebrino’ que ‘toleraria em Genebra as opiniões de apenas uma pessoa, dele mesmo’ […]; traição ao estado e era punido com a morte […]. Em um ano, sob o conselho do Consistório, 14 possíveis bruxas foram enviadas à estaca sob a acusação que elas persuadiram Satã a afligir Genebra com a praga […]. Calvino estava novamente seguindo os passos de Agostinho, que forçou ‘unidade […] por meio da participação comum nos Sacramentos […]’. Um médico chamado Jerome Bolsec ousou discordar com a doutrina da predestinação de Calvino. Ele foi preso por dizer que ‘aquele que colocar um decreto eterno em Deus pelo qual Ele ordenou alguns para a vida e o resto à morte faz de Deus um tirano […]’. Bolsec foi preso e banido de Genebra com a advertência que se ele retornasse seria açoitado. John Troillet, um tabelião da cidade, criticou a visão de Calvino da predestinação por ‘fazer de Deus o autor do pecado’. De fato, a acusação era verdadeira, como nós veremos nos capítulos 9 e 10. A corte decretou que ‘daí por diante, ninguém ousaria falar contra esse livro [Institutas] e suas doutrinas’. Tanto que havia sido prometido a liberdade de consciência que iria substituir a opressão intolerável dos papas! O poder de Calvino era tão grande que se opor a Calvino era equivalente a traição contra o estado. Um cidadão chamado Jacques Gruet foi preso sob a suspeita de ter colocado uma placa no púlpito de Calvino que dizia em parte, ‘Hipócrita grosseiro […]! Após o povo ter sofrido tanto, eles vingam-se a si mesmos […] perceba que você não serviu como M. Verle [que foi morto]’[…]. Gruet foi torturado duas vezes diariamente de uma maneira similar ao que Roma fazia (corretamente condenado pelos reformadores de aplicar tortura, que torturavam as suas vítimas nas inquisições daqueles que foram acusados de ousar discordar dos seus dogmas). O uso de torturas para ‘extrair’ confissões foi aprovado por Calvino. Após trinta dias de sofrimento severo, Gruet finalmente confessou – se verdadeiramente, ou em desespero para o fim das torturas, ninguém sabe. Em 16 de Julho de 1547, ‘meio morto, ele foi preso à estaca, seus pés foram pregados na estaca, e sua cabeça foi cortada’. Decapitação era uma pena por crimes civis; queimar na estaca era uma pena por heresia teológica. Aqui nós vemos que uma desavença com Calvino era tratada como uma ofensa capital contra o estado […]. Calvino seguiu os princípios de punição, coerção e morte que Agostinho advogou. Concernente somente a um período de pânico em face da praga e da fome, Cottret descreve ‘uma determinação irracional para punir os fomentadores do mal’. Ele fala de um homem que ‘morreu sob tortura em Fevereiro de 1545, sem admitir os seus crimes […]; o corpo foi arrastado ao meio da cidade a fim de não privar os habitantes da queima que eles tinham direito. Feiticeiros, como os heréticos […] foram caracterizados pelo combustível de suas qualidades […]. As execuções continuaram. Já aqueles detidos que recusavam confessar; as torturas foram combinadas habilmente para evitar matar o culpado de forma tola […] [alguns] foram decapitados […], alguns cometeram suicídio em suas celas para evitar a tortura […], uma mulher presa se jogou pela janela […]. Sete homens e vinte e quatro mulheres morreram nesse caso; outros fugiram […]. Em uma carta Calvino aconselhou a um amigo: ‘O Senhor nos testa de uma maneira surpreendente. Uma conspiração foi descoberta de homens e mulheres que por três anos se empenharam em espalhar a praga na cidade por meio da feitiçaria […]. Quinze mulheres já foram queimadas e os homens foram punidos ainda mais rigorosamente. Vinte e cinco desses criminosos ainda estão na prisão […]. Até agora Deus tem preservado a nossa casa […]’. Ninguém jamais teve tanto êxito em uma imposição totalitária da “divindade” sobre uma sociedade completa do que João Calvino. E, portanto, ninguém provou com clareza como ele que a coerção não pode ser bem sucedida porque ela nunca pode mudar os corações dos homens. A teologia de Calvino, como definida em suas institutas, negou que o homem não regenerado poderia crer e obedecer a Deus. Aparentemente, ele era ignorante do fato de que o senso comum de que uma escolha genuína é essencial se o homem quer amar e obedecer a Deus ou mostrar uma compaixão real aos seus companheiros. Mas em seu esforço determinado de fazer os cidadãos de Genebra obedecer, Calvino refutou suas próprias teorias de Eleição Incondicional e Graça Irresistível.” (Em: <http://www.institutogamaliel.com/>. Acesso em 30 maio 2014).
Extraído do Livro CALVINISMO RECALCITRANTE – clique aqui e adquira o livro