O erro deles é muito semelhante ao dos ebionitas, mas é baseado principalmente no gnosticismo. A Gnose sustenta que, no plano do ser, a matéria é má, embora seja amoral no plano da ação. Por esta razão, não poderia haver um consórcio real entre Deus e o homem, mas Jesus era um ser terreno com o qual um espírito superior estava temporariamente associado. Contra eles, João escreve o que lemos em 1 João 2:22; 4:2-3; 5:6.
Há uma apostasia antiga denominada Cerintianismo, a qual teve lugar no final do século I e início do século II d. C, criada por Cerinto.
Cerinto (c 100) foi um dos primeiros líderes do antigo Gnosticismo que foi reconhecido como um “Heresiarca” pelos primeiros Cristãos devido aos seus ensinamentos sobre Jesus Cristo e suas interpretações sobre o Cristianismo. Ao contrário dos ensinamentos da Cristandade ortodoxa, a escola gnóstica de Cerinto seguia a lei Judaica, usava o Evangelho dos Hebreus, negava que o deus supremo tinha feito o mundo físico e negava a divindade de Jesus. Na interpretação de Cerinto, o espírito de “Cristo” veio a Jesus no momento do seu batismo, guiando-lhe em todo o seu ministério, mas abandonando-o momentos antes de sua crucificação.
Os seguidores de Cerinto acreditavam que Cristo não nasceu Deus, mas tornou-se Deus no batismo, porém quando morreu Deus o abandonou, para recebê-Lo novamente no seu retorno, no final dos tempos. Tal falso ensino, possuía também um caráter docético, ou seja, negava a encarnação de Cristo no homem Jesus. Para os cerintianistas docéticos, Cristo, enquanto Filho de Deus, não poderia existir no homem histórico Jesus, porque a Sua pureza não se conciliava com a impureza do corpo humano. Eles não puderam ou não receberam graça para crer no mistério que esteve oculto conforme Ef. 3: 9 a 12 – “… e demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou, para que agora seja manifestada, por meio da igreja, aos principados e potestades nas regiões celestes, segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus nosso Senhor, no qual temos ousadia e acesso em confiança, pela nossa fé nele.”
Para os Cerintianos, Cristo veio ao mundo apenas como um espírito que repousou sobre o homem Jesus, mas não encarnou n’Ele. Tal doutrina se baseava no fato que não foi Deus quem fez o mundo, mas uma virtude – Potência – separada por uma distância considerável da “Suprema Virtude” – Potência-Princípio – que está acima de tudo. Jesus não nasceu de uma virgem, porque isto seria impossível, mas fora filho natural de José e Maria, por geração semelhante a de todos os demais homens. Suplantando a todos pela justiça, prudência e sabedoria, após o batismo, o Cristo, vindo do “Supremo Princípio“, que está cima de todas as coisas, desceu sobre Jesus sob a forma de pomba. Depois disto, Cristo anunciou o Pai desconhecido pelos homens e realizou milagres para dar testemunho. No final, porém, sofreu, morreu e ressuscitou, mas o Cristo permaneceu impassível, porque era um ser apenas espiritual.
Fonte: Francisco Lacueva – Curso Prático de Teologia Bíblica
Fonte: textos compilados pelo autor (Áureo Ribeiro)