As pessoas geralmente perguntam quais são as melhores denominações que existem e qual delas devem frequentar. É claro que essa questão não deveria ser posta desta maneira. A pergunta mais importante a se fazer seria: qual deve ser nossa relação com Jesus Cristo? A resposta a essa pergunta é que devemos acreditar em Cristo como a Bíblia o apresenta, e recebê-Lo como nosso próprio Senhor e Salvador. Com o termo Senhor, a Bíblia quer dizer que ele governa nossas vidas; Salvador significa que Ele, e somente Ele, através de Sua obra na cruz, nos traz perdão e salvação do pecado.
Depois de resolver essa questão, há espaço para discutir muitas outras questões. Outra pergunta importante é como nos relacionamos com a igreja; pois Jesus não morreu por nós apenas para estabelecer um relacionamento individual. Pelo contrário, ele nos batiza em um só Corpo, incluindo pessoas de todas as origens: judeus, gregos, escravos, livres (1 Coríntios 12:13) e dá a cada um de nós dons do Espírito destinados a construir um Corpo.
Entretanto, os novos crentes, naturalmente, querem e precisam saber de qual igreja eles devem fazer parte. Quando olhamos ao nosso redor vemos vários tipos de denominações tais como: luteranos, batistas, episcopais, presbiterianos, assembleianos, etc. Portanto, é natural a pessoa colocar a questão sobre sua adesão à igreja em termos de denominação – daí o título deste artigo.
O nascimento das denominações
Mas se você olhar na Bíblia, você não encontrará nada sobre denominações. Procure “denominação” em uma concordância bíblica. Não está lá. As denominações, como as chamamos hoje, não desempenham nenhum papel no Novo Testamento, e elas não fazem parte do governo da igreja do Novo Testamento; No entanto, elas são proeminentes na nossa vida contemporânea. Um estudo recente estima que existem aproximadamente quarenta e um mil denominações no mundo hoje.[1]
Como isso aconteceu? De acordo com o Novo Testamento, Jesus fundou uma igreja verdadeira (Mateus 16). Após a sua ressurreição, a igreja foi administrada por apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres (Efésios 4:11). Havia, de tempos em tempos, controvérsias e disputas entre os crentes, mas Jesus orientou o que deve ser feito quando um crente acusa outro crente de cometer pecado (Mateus 18: 15-20), e os apóstolos ordenaram às igrejas a exercerem a disciplina eclesiástica (1 Coríntios 5: 1-13) e teológica (2 Tim. 4: 1-5; Tit. 1:13). Mas o Novo Testamento nunca sugere que, quando alguém está insatisfeito com o julgamento da igreja, ele deve deixar o corpo e começar uma outra igreja, uma denominação. Na verdade, em 1 Coríntios 1: 10-13 e 3: 1-23, Paulo adverte contra o tipo de rivalidade que mais tarde produziria denominações.
Apesar de tais avisos, com o tempo, alguns membros da Igreja não aceitaram as ordenanças dela e saíram para formar outras “igrejas”. Por exemplo, os Novacianos, os Donatistas e vários grupos monofisitas e nestorianos.
Depois, houve o grande cisma entre igrejas orientais e ocidentais em 1054 dC, a divisão protestante / católica do século XVI no Ocidente e a incapacidade geral dos protestantes de alcançar a unidade visível, levando com o tempo a surgir quarenta e um mil denominações.
Alguns deles diferem apenas pelo nome e / ou pela nacionalidade. Mas muitos têm, ou pensam ter, diferenças substanciais de doutrina ou prática, para que não possam adorar juntos e / ou operar sob um mesmo tipo de governo de igreja.
O que há de errado com o denominacionalismo?
Agora, acho que devemos ser claros neste fato: o denominacionalismo é pecado. É uma recusa em resolver disputas de maneira bíblica e rejeitar a única igreja verdadeira fundada por Jesus. Não estou dizendo que todos os envolvidos em um “cisma” tenham cometido pecado. Às vezes, o pecado é por parte daqueles que saem, e às vezes por parte de pessoas que ficaram na Igreja. Mas, frequentemente, há culpa em ambos os lados.
Este não é o pecado imperdoável. A graça de Jesus abrange essas pessoas (na história da igreja eles foram chamados de “cismáticos”) quando eles se arrependem e confiam em Seu sacrifício. Mas os crentes cristãos devem ter pelo menos um pouco de tristeza sobre essas divisões, estas feridas no corpo de Cristo. Infelizmente, o que muitos de nós faz é comemorar a fundação de nossas denominações. Louvamos a grande sabedoria e coragem espiritual de nossos fundadores, os sacrifícios que eles fizeram, e assim por diante. E nós prometemos que vamos manter a mesma posição que eles na disputa contínua pela fé denominacional e em batalhas análogas até aos dias de hoje. Mas não posso acreditar que esse chauvinismo denominacional agrada a nosso Senhor.
Há batalhas a serem travadas hoje, mas as principais batalhas são contra seres espirituais: anjos e demônios (Efésios 6: 10-20), não contra outros crentes e definitivamente não contra outras denominações. Certamente, devemos lutar pela justiça, santidade e pela verdade da fé (2 Timóteo 4: 1-5); mas de acordo com o Novo Testamento, essas batalhas ocorrem dentro de nós e contra o mundo incrédulo.
Decidindo por uma Denominação
Mas a questão persiste: a qual denominação devo me juntar? Vamos colocar a questão em termos mais bíblicos: a qual igreja devo me juntar? Embora não existam denominações no Novo Testamento, certamente há igrejas. A igreja que Jesus fundou é uma igreja universal – uma igreja que abraça todas as nações. Mas também há igrejas da cidade, como a Igreja de Tessalônica, e igrejas domésticas, como a mencionada em Romanos 16: 5. Tenho a impressão de que a igreja da cidade abraçou muitas igrejas domésticas, e todas as igrejas da cidade faziam parte da igreja universal.
Parte do problema hoje é que, por causa do denominacionalismo, não há uma comunidade abrangente em uma cidade ou em todo o mundo. Os cristãos em nossas cidades são divididos por diferenças denominacionais. Se você se juntar à igreja luterana, por exemplo, você terá amizade limitada com batistas ou episcopais. Se juntar com batistas, terá dificuldades com a comunhão dos pentecostais. Então, quando você faz uma escolha para se juntar a uma igreja, você cortará – não inteiramente, mas um pouco – a comunhão com crentes de outras denominações.
Infelizmente, no tempo presente, um crente não pode se juntar a uma igreja sem se juntar a uma denominação. Mesmo as igrejas “não-confessionais” são na verdade denominações de uma outra.
Jesus quer que façamos parte da igreja, e para fazer isso devemos (com alguma cautela) também se tornar parte das denominações. Aqui estão algumas considerações importantes para fazer essa escolha:
- A igreja sustenta os ensinamentos básicos do cristianismo (Credos dos apóstolos, Credo Niceno, etc)?
- A igreja está comprometida com a autoridade e a inerrância das Escrituras? É sua única regra de fé e prática?
- A igreja representa de maneira justa os ensinamentos das Escrituras E aplica-os à vida de seu povo? Há liberdade para o crescimento da santidade e espiritual?
- Será que administra as ordenanças de uma maneira bíblica (batismo e ceia)?
- O culto glorifica a Deus? Edifica os adoradores? Transforma-os?
- A igreja incentiva e oferece boas oportunidades de companheirismo entre as pessoas? Essa comunhão transmite o amor de Cristo?
- Atende aos desafios particulares de ministrar a grupos específicos na igreja: crianças, jovens, idosos, enfermos e deficientes, homens, mulheres, pessoas de diferentes raças, grupos de renda e níveis educacionais?
- A igreja procura pregar as boas novas de Cristo para as pessoas sem igreja da região? Ela prioriza o evangelismo?
- A igreja mostra o amor de Cristo aos pobres e necessitados da área?
- A igreja encoraja o ministério do evangelho em todo o mundo?
- A igreja representa a justiça e se posiciona contra a maldade dentro de sua sociedade?
Você pode notar que nenhum desses critérios usa a palavra “denominação”. Muitas vezes, pode-se tomar uma decisão sábia sobre a participação da igreja, sem sequer indagar sobre a denominação que a igreja pertence. Mas, geralmente, é aconselhável ter em consideração a pertença denominacional de uma igreja.
Algumas denominações são melhores do que outras, na medida em que encorajam as igrejas a serem mais como as onze descrições acima. Você pode às vezes encontrar uma igreja excelente dentro de uma denominação fraca, ou vice-versa. Mas conhecer as denominações e suas histórias às vezes pode levar fatos importantes à sua atenção ao se filiar a uma denominação.
Por exemplo, algumas denominações estão muito preocupadas com sua história e as controvérsias que levaram à sua formação. Isso geralmente é uma indicação negativa, pois o tempo gasto com a celebração dessas histórias geralmente é melhor gasto fazendo outras coisas. Algumas denominações são historicamente suecas, ou inglesas, escocesas, holandesas ou afro-americanas. Tudo bem, desde que a igreja acolha pessoas de outras etnias; mas, infelizmente, muitas vezes algumas não fazem isso. Às vezes, as denominações insistem em ênfases particulares de doutrina ou prática, que limitam a flexibilidade de uma congregação para ministrar todo o conselho de Deus. Algumas denominações são mais autoritárias do que outras no grau em que governam o uso da propriedade de cada congregação, currículo, apoio de missões, faculdades e seminários.[2]
Algumas denominações afirmam ser a única igreja verdadeira, fundada por Jesus e os apóstolos.[3] Então, eles dedicam uma grande quantidade de esforços e recursos para persuadir as pessoas dessa reivindicação e depreciar as demais igrejas e a seus fiéis. Sinceramente acredito que tais afirmações são falsas. Nenhuma denominação é equivalente a essa, verdadeira igreja. A única e verdadeira igreja de hoje é a comunhão de todos os crentes em Cristo ao longo da história e em todo o mundo, com Jesus à frente. Quando uma denominação afirma ser a única igreja, isso deve ser um sinal de perigo para aqueles que pensam em juntar-se a ela.
As denominações não são a verdadeira Igreja; De fato, as denominações não são igrejas. Devemos sair do hábito de nos referirmos às denominações como “igrejas”, tais como, “a Igreja Evangélica Luterana” ou “a Igreja Presbiteriana na América”.
O que elas são, então? São estruturas ou organizações criada pelos homens. A única e verdadeira igreja ainda existe, mas perdeu grande parte da sua unidade terrestre por causa do pecado humano.
As denominações (e, para esse assunto, também as organizações paraeclesiástica frequentemente criticadas) são como fita adesiva ou cola – tentativas humanas de restaurar algo como, mas não idêntico, a unidade da igreja original. Portanto, uma marca importante de uma boa denominação é a humildade.
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John M. Frame é professor de teologia sistemática e filosofia no Reformed Theological Seminary em Orlando, Flórida.
Este artigo apareceu pela primeira vez na coluna Viewpoint do Christian Research Journal, volume 36, número 02.
Artigo original: What Denomination Should I Join? Acessado em http://www.equip.org/article/what-denomination-should-i-join/
[1] Para maiores informações sobre esta questão, veja http://www.evangelicalreunion.org/.
[2] O que separa muitas denominações também são os costumes e tradições diferentes dentro de cada uma delas.
[3] Essa é uma das características mais marcantes das seitas.
Seria bom dar nome de dedesignações pois novos convertidos e humanos sinceros precisam saber o que é uma Igreja Cristã e diferencia das Seitas.
Ao plano terreno estamos repartidos mas em unidade na fé em Deus Jesus e Espírito Santo . Um país é dividido em vários estados onde possuem diversaseis e costumes, culturas etc mas continuam fazendo parte de um único país. Assim tbm é nosso corpo com vários membros com funções, movimentos
Nosso corpo possui diversos membros porémcom funções, movimentos e formas diferentes porém ligados ao mesmo corpo. O parâmetro para se unir a uma instituição igreja é observar se a mesma prega a palavra genuína.