A Revista VEJA*, trouxe um artigo sobre o purgatório, em que faz constar o seguinte:
“Hoje um tanto fora de moda mesmo entre os fiéis, o purgatório representou um lance de criatividade teológica: permitiu que os cristãos administrassem melhor sua relação com os mortos. Os virtuosos vão para o céu; os pecadores, para o inferno. A doutrina cristã primitiva não poderia ser mais simples – nem mais assustadora: não há recurso para aqueles que ficam a meio caminho da redenção. Ou, pelo menos, não havia até que, lá pelo século XII, se estabeleceu um terceiro lugar na geografia escatológica, o purgatório… Embora uma vaga passagem sobre a purificação pelo fogo na Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios costume ser lembrada, o fato é que a Bíblia não afirma a existência de uma antecâmara purificadora, que precede à admissão ao céu. No Concílio de Lyon, em 1274, o purgatório já era promulgado como dogma – e confirmado nessa condição no Concílio de Florença, em 1439… “O fiel pode rezar pela salvação de seus entes queridos. E ainda pagar indulgência à Igreja, para redimi-los – ou, antecipadamente, para salvar a si mesmo. A reprovação a essa prática está no cerne das dissidências que levariam à Reforma Protestante, no século XVI. Lutero e seus seguidores, aliás, aboliram o purgatório”.
Pergunta: A Igreja Católica admite que os católicos quando morrem vão para o céu?
Resposta do Pr. Natanael: A pergunta 787 do Catecismo da Igreja Católica está assim redigida: “Vão para o céu os que morrem depois de ter recebido a absolvição, mas antes de terem satisfeito plenamente à justiça de Deus? – Resposta: Não. Eles vão para o purgatório, para ali satisfazerem a justiça de Deus e se purificarem inteiramente”.
Não é surpreendente a resposta dada? Como uma pessoa que obtém absolvição de seus pecados ainda precisa ir ao purgatório para se purificar inteiramente? Tal resposta não tem apoio bíblico em dois aspectos:
1) A absolvição de nossos pecados, quando feita por Jesus Cristo, é plena e total. Está escrito em Hebreus 10.11-14: “E assim todo o sacerdote aparece cada dia, ministrando e oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca podem tirar os pecados. Mas este, havendo oferecido para sempre um único sacrifício pelos pecados, está assentado à destra de Deus, porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados”. O texto bíblico nos informa que o sacrifício oferecido através de missas, diariamente; nunca pode tirar os pecados, mas o sacrifício de Jesus na cruz do Calvário não se repete mais, pois sua eficácia é permanente. Repetindo Hebreus 10.14: “Porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados”.
2) Não se dá purificação de pecados no purgatório. O fogo do purgatório não pode purificar ninguém. A purificação dos nossos pecados se dá através do sangue de Jesus Cristo derramado no Calvário: “E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão” (Hebreus 9:22). E a Bíblia declara que somos purificados pelo sangue de Jesus: “Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado” (1João 1.7). O texto é muito claro ao dizer que o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado”.
Pergunta: Podem as almas que estão no purgatório ser ajudadas por meio das orações dos vivos?
Resposta do Pr. Natanael: Segundo a Bíblia não. Está escrito: “E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo” (Hebreus 9.27). Ora, se vem o juízo segue-se que os que partem desta vida não encontrarão mais oportunidade de mudar de situação quanto ao seu estado depois da morte. Foi o que Jesus ensinou: “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, poucos há que a encontram” (Mateus 7.13-14). De acordo com a Bíblia, não existe nenhum lugar de punição temporária após a morte dos cristãos. Após a morte o cristão vai para o céu, e o ímpio para o inferno: “Mas ele, estando cheio do Espírito Santo, fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus, que estava à direita de Deus” (Atos 7.55-56). “E disse: Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de Deus. E apedrejaram a Estêvão que em invocação dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito” (Atos 7.58-59). Quanto ao inferno lemos no Salmo 9.17: “Os ímpios serão lançados no inferno, e todas as nações que se esquecem de Deus”.
Pergunta: E o que dizer da passagem citada pelo apóstolo Paulo, usada para justificar a existência desse terceiro lugar chamado o purgatório?
A Revista Veja não apontou o capítulo e o versículo que trazem o texto usado pela Igreja Católica para justificar a Doutrina do Purgatório. O versículo citado é de 1 Coríntios 3.13: “A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um”. Essa passagem é citada como apoio do ensino do purgatório, por causa da expressão “porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja á obra de cada um”. Ora, o texto não tem nenhuma relação com o purgatório. O apóstolo Paulo está se referindo ao galardão que receberão os cristãos, dependendo da forma como trabalham como cooperadores na obra de Deus. Vejamos todo contexto do ensino do apóstolo:
“Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei o fundamento como prudente construtor; e outro edifica sobre ele. Porém cada um veja como edifica. Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo. Contudo, se o que alguém edifica sobre o fundamento é ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará. Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão; se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo” (1 Coríntios 3.10-14).
Com isso, fica claro que há cristãos que irão para o céu com galardão – suas obras são representadas por ouro, prata e pedras preciosas. Já outros terão suas obras reprovadas, essas se assemelham à madeira, palha e feno – materiais perecíveis pelo fogo. O texto não fala em propiciação pelos pecados, mas sim de galardão, pelo quê cada um fez depois de salvo aqui na terra, e não depois de morto.
* Revista VEJA, edição de 02/06/2010, p.238
Como sempre o pr. Natanael Rinaldo foi muito exclarecedor! Que o Senhor continue a usá-lo enquanto ele viver!