“Dai bebida forte aos que perecem e vinho, aos amargurados de espírito; para que bebam, e se esqueçam da sua pobreza, e de suas fadigas não se lembrem mais” (Provérbios 31.6-7).
Esse texto está inserido em uma série de conselhos dados ao rei Lemuel pela sua mãe (Provérbios 31.1). Dentre esses conselhos nos chama a atenção exatamente o conselho para não se embriagar: “Não é próprio dos reis, ó Lemuel, não é próprio dos reis beber vinho, nem dos príncipes desejar bebida forte. Para que não bebam, e se esqueçam da lei, e pervertam o direito de todos os aflitos” (Provérbios 31.4).
O que se segue é a palavra de Provérbios 31.6-7. Esse conselho dessa mãe geralmente é entendido como uma fala sarcástica. Ou seja, a mãe do rei Lemuel está trazendo ao filho justamente a ideia de que a embriaguez não é a solução, ou é uma solução falsa, já que uma pessoa embriagada piora ainda mais a sua pobreza e amargura, já que não consegue enfrentar os desafios com a cabeça erguida e muito menos esquece sua condição difícil. O sarcasmo é usado como ironia para criticar quem lida com a causa dos pobres dessa forma, tornando as pessoas ainda mais miseráveis.
No verso seguinte a mãe do rei Lemuel traz o que deveria ser feito efetivamente em favor dos pobres e amargurados: “Abre a boca a favor do mudo, pelo direito de todos os que se acham desamparados. Abre a boca, julga retamente e faze justiça aos pobres e aos necessitados” (Provérbios 31:8-9). A solução não era dar bebida (o que seria uma espécie de maquiagem do problema), antes, a solução era enfrentar o problema da corrupção na raiz, com atitudes concretas.
Sendo assim, esse texto de Provérbios não deve ser entendido como sendo uma aprovação ao uso excessivo de bebida alcoólica. Pelo contrário, a Bíblia é a favor da lucidez para resolver os problemas mais difíceis da vida e não do álcool como uma via para esquecer momentaneamente as questões que nos afligem.
Adaptado e extraído do site www.esbocandoideias.com em 20/09/2019