Pr Natanael Rinaldi em Foco!

Pastor Rinaldi, dedicou grande parte de sua vida ministerial combatendo heresias e discipulando centenas de adeptos de sei­tas.

Ao perceber, no início do seu pastorado, a ameaça sofrida pelos novos convertidos, assediados pelos adventistas, testemunhas de Jeová, mórmons, entre ou­tros grupos, que, como aves de rapina roubavam a boa semente do evangelho de seus corações, pastor Rinaldi resolveu aplicar-se ao estudo de religiões e movimentos sectários para compreender sua história e crenças, com­parando-as com a Palavra de Deus. Desde então, não parou mais. “As seitas são belicosas no debate religio­so, ufanam-se de possuir a verdade única sobre a face da terra. Estudá-las é o meu ministério”, disse ele.

Defesa da Fé – É um prazer entrevistá-lo nes­ta edição. Mesmo convivendo com o senhor diariamente aqui na redação, é sempre gratificante ouvir suas experiências e compartilhar de seus conhecimentos.

Rinaldi – Quando da minha primeira entrevista, cujo título foi “Por que me tomei apologista ”, Defesa da Fé era publicada trimestralmente. Hoje sua publicação é men­sal, e o número de assinantes já chega a quase 30 mil. É uma vitória de Deus. E registro isso para a alegria de nossos preciosos leitores. E gostaria também de regis­trar que o entusiasmo do início do ministério que acei­tei ainda é o mesmo. Repito sempre aos meus alunos: “devemos fazer pela verdade aquilo que os sectários fazem pela mentira”.

As estimativas do último Censo do IBGE indicam que o número de evangélicos no Brasil aumentou consideravelmente. O questionário que norteou as pesquisas foram mais criteriosos na análise das facções religiosas, o que pôde definir melhor quem de fato são os cristãos. O que o senhor espera desse número?

Com muita satisfação gostaria de registrar que o nú­mero de cristãos evangélicos, como somos reconheci­dos, cresceu bastante. Tanto é que os evangélicos já cogitam a ideia de indicar um candidato à presidência da República. Quando isso seria possível? Só para ressal­tar, os cristãos evangélicos, no início, eram constituídos de crentes tradicionais, conhecidos como batistas, metodistas, presbiterianos, congregacionais etc. Hoje, inverteu-se a situação. Ou seja, os pentecostais e os neopentecostais constituem o maior número de cristãos evangélicos. Representam 65%.

Temos na mesma escala o aumento de dife­rentes seitas e de seus adeptos? Na sua opi­nião, quais dessas seitas tornar-se-ão mais ex­pressivas nos próximos anos?

De certo modo, observa-se com tristeza o aumento dos adeptos de seitas no Brasil. E isso é decorrente da indiferença dos cristãos que, segundo a Bíblia, “o amor de muitos es­friará” (Mt 24.12). A diminuição do amor de muitos cristãos incentiva o crescimento dos adeptos de seitas. As estatísticas apontam para o crescimento do espiritismo, e de todas as suas modalidades, no Brasil. A revista VEJA assinala o Brasil como sendo o maior país espírita do mundo. Até mesmo o catoli­cismo, que antes perdia cerca de 600 mil adep­tos anualmente, hoje usa expressões como “Sou católico, sou feliz”.

Os católicos da ala Renovação Católica Carismática têm promovido concentrações que superam a marca de um milhão de pes­soas. Como exemplo, a procissão do Ciro de Nazaré, em Belém do Pará, reuniu 1,7 milhão de seguidores. É incrível como a idolatria se es­palha pelo nosso querido Brasil, embora o tex­to bíblico de Isaías 45.20 afirme: “nada sabem os que conduzem em procissão as suas ima­gens de escultura, e rogam a um deus que não pode salvar”. Naturalmente, devemos ter em conta que para esse ajuntamento gigantesco pelo menos aqui, em São Paulo, os católicos contam com o padre Marcelo e os cantores populares, que atraem multidões às suas con­centrações. A Igreja da Unificação, ou adep­tos do rev. Moon, está comprando parte do Estado do Mato Grosso do Sul. Seminários teológicos estão sendo construídos para que seja ensinada a teologia unificacionista. Não só no Brasil, mas na vizinha repú­blica do Uruguai, a Igreja da Unificação tem comprado cidades inteiras.

Qual a pior heresia, se é que podemos esta­belecer uma classificação?

Nestes dias em que a humanidade se encontra atôni­ta com os atos terroristas que atingiram os Estados Uni­dos da América, está em evidência a religião dos terro­ristas, envolvidos, quem sabe, com a Guerra Santa cha­mada Jihad. Pois bem, poucas pessoas sabem que o islamismo ensina três heresias de perdição: nega a deidade absoluta de Jesus, nega que Jesus tenha morrido crucificado e, obviamente, nega também a ressurreição corporal de Jesus.

Ora, a mensagem central do cristianismo é a pessoa de Cristo e sua obra na cruz: “Pois primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi se­pultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé” (1Co 15.3- 4,14). Sobre a deidade absoluta de Jesus, lemos: “E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Je­sus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1 Jo 5.20). Negá-las é pior que tudo!

Depois de casos como os de Jim Jones e David Koresh e os atentados terroristas nos Estados Unidos, o mundo não se tornará mais re­sistente e cauteloso com as seitas e religiões extremistas?

É o que acabamos de mencionar na pergunta ante­rior. Hoje as pessoas matam apregoando dedicação a Deus. Aqui vemos o cumprimento de João 16.2: “…vem mesmo a hora em que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus”. Por um lado, se vê a indiferen­ça religiosa; por outro, o fanatismo imperando. Em seu livro, “Pior do que Waco”, Texas, EUA, David Reed rela­ta, com muita precisão, que, se contado, o número de pessoas que morrem por causa da proibição de transfu­são de sangue entre os adeptos da Torre de Vigia é mai­or do que a quantidade de vítimas do fanático David Koresh ou do ato terrorista no World Trade Center.

Algumas pessoas estão evocando ‘profetas’ como Nostradamus, mãe Diná, e mesmo alguns evangélicos estão citando referências bíblicas como Daniel 8. Que relação há entre estes fa­tos e o plano bíblico escatológico?

É verdade! Muitas pessoas estão citando algu­mas profecias de Nostradamus e de outros falsos profetas. Pior que isso é vermos evangélicos relacionan­do passagens bíblicas como as visões de Dn 8.3-7 e o cavalo vermelho de Ap 6.4 ao ato terrorista de 11 de setembro. Tudo isso é pura invencionice! Devemos atentar para o que diz 1 Co 4.6, para não irmos além do que está escrito e darmos interpretações particula­res (2 Pe 1.20).

O senhor está com medo? (risos)

Estou vivendo na vontade de Deus. Tenho uma premissa bíblica: “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho” (Fp 1.21). Então, ve­nha o que vier a minha segurança está em Cristo.

Fale um pouco sobre sua visão do céu e do futuro da Igreja.

Sempre tenho o cuidado de não ir além do que está escrito (1 Co 4.6). Quanto ao céu, vemos com tristeza que hoje estamos sendo bombardeados com o ensino herético das testemunhas de Jeová, que vi­sitam as casas dos nossos irmãos e inoculam sua he­resia de que o céu é um lugar para 144 mil pessoas, da classe dos ungidos. Mas devemos conservar a nossa fé nas palavras de Jesus em Jo 14.2-3. Cristo não fala­va a uma classe de pessoas, mas a todos os seus seguidores: “Não rogo somente por estes, mas tam­bém por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim”( Jo 17.20; 17.24). Quanto à uma melhor descri­ção do céu, temos as palavras de Paulo em 2 Co 12.2- 4, dentre as quais destacam-se: “…e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar”.

Ao longo desses anos de atividade missionária, poderia lembrar um caso inesque­cível que marcou seu ministério?

Lembro-me sempre de um irmão em São Paulo que queria visitar sua mãe na cidade de Minas Gerais e não tinha coragem porque ela era testemunha de Jeová. E toda vez que chegava lá o ancião vinha debater com ele. Então, certa vez, ele me pediu ajuda. Fui com ele. E, ao chegarmos lá, pela manhã, não deu outra. O ancião esta­va nos aguardando e o debate se prolongou durante todo o dia, pois pretendíamos voltar na noite daquele mesmo dia. Não demorou muito e esse irmão recebeu a notícia de que sua mãe havia abandonado o jeovismo e tornara-se cristã, membro de uma Igreja Presbiteriana.

Na sua opinião, as coisas melhoraram em relação às igrejas evangélicas ao longo de to­dos esses anos?

Sim. Mas muitas igrejas ainda continuam impassí­veis e indiferentes. Entretanto, nossos palestrantes (do ICP) es­tão ministrando gratuitamente pa­lestras nos finais de semana, cujo tema é: “Como identificar uma sei­ta”. As igrejas evangélicas inte­ressadas devem fazer contato e marcar datas para que os nossos obreiros façam-lhes uma visita. Com a palestra, elas passam a engajar-se na batalha pela fé (Judas 3) e seus mem­bros são despertados, para que não caiam nas garras das seitas.

Qual a sua visão e planos para o futuro do ICP?

O ICP já atingiu um alvo ‘cobiçado’ desse a sua abertura. A publicação de uma revista já é uma realidade. Depois, veio a Bíblia Apologética, grande êxito concedido por Deus. E, por fim, a Série Apologética. Queremos ver, no mínimo, através dessas três ferra­mentas, todo o povo evangélico preparado para a evangelização. Somente assim as seitas não se senti­rão mais vaidosas em ver aumentar o número de seus adeptos. Ao contrário, eles estarão nas igrejas evan­gélicas! Esse é o nosso objetivo, e não poderia ser outro. Dói quando sabemos que um ex-membro de igre­ja evangélica está servindo em uma seita por falta de cuidado de alguns pastores despreparados para a batalha da fé (Lc 15.4-7).

———–

FONTE: REVISTA “DEFESA DA FÉ” ANO 5 – N°40 – NOVEMBRO DE 2001

Sair da versão mobile