NA TRANSFIGURAÇÃO JESUS SE ENCONTROU COM MOISÉS E ELIAS
E OS DOIS FORAM VISTOS POR PEDRO, TIAGO E JOÃO.
TERÍAMOS AQUI UM GRANDE PROBLEMA?
Elias foi transladado ao céu conforme IIReis 2.9-12: “Havendo eles passado, Elias disse a Eliseu: Pede-me o que queres que eu te faça, antes que seja tomado de ti. Disse Eliseu: Peço-te que me toque por herança porção dobrada do teu espírito. Tornou-lhe Elias: Dura coisa pediste. Todavia, se me vires quando for tomado de ti, assim se te fará; porém, se não me vires, não se fará. Indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho, o que vendo Eliseu, clamou: Meu pai, meu pai, carros de Israel e seus cavaleiros! E nunca mais o viu; e, tomando as suas vestes, rasgou-as em duas partes”.
Então Elias não experimentou a morte, mas e Moisés? A Bíblia afirma que Moisés morreu conforme Dt 34.5-7: “Assim morreu ali Moisés, servo do Senhor, na terra de Moabe, conforme a palavra do Senhor. E o sepultou num vale, na terra de Moabe, em frente de Bete-Peor; e ninguém soube até hoje o lugar da sua sepultura. Era Moisés da idade de cento e vinte anos quando morreu; os seus olhos nunca se escureceram, nem perdeu o seu vigor”.
Diante do exposto como explicar o aparecimento de Moisés e Elias? O texto de Mateus 17.1-8 narra o seguinte: “Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro e aos irmãos Tiago e João e os levou, em particular, a um alto monte. E foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandecia como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele. Então, disse Pedro a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei aqui três tendas; uma será tua, outra para Moisés, outra para Elias. Falava ele ainda, quando uma nuvem luminosa os envolveu; e eis, vindo da nuvem, uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi. Ouvindo-a os discípulos, caíram de bruços, tomados de grande medo. Aproximando-se deles, tocou-lhes Jesus, dizendo: Erguei-vos e não temais! Então, eles, levantando os olhos, a ninguém viram, senão Jesus”.
Alguns teólogos afirmam que Moisés foi previamente ressuscitado dos mortos e levado para o Céu, usando como base o livro de Judas no versículo 9: “Mas o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo, e disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar juízo de maldição contra ele; mas disse: O Senhor te repreenda”.
Porém aceitar tal argumento seria negar que Jesus Cristo foi feito as primícias dos que dormem. ICo 15.20: “Mas, de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem”.
Outros seguimentos doutrinários, em especial os espíritas, afirmam que Jesus neste episódio apresenta a possibilidade do contato com espíritos desencarnados, algo totalmente fora do contexto bíblico, conforme Lv 20.27: “Quando, pois, algum homem ou mulher em si tiver um espírito de necromancia ou espírito de adivinhação, certamente morrerá; serão apedrejados; o seu sangue será sobre eles”.
Estamos diante de um problema, e quando isso acontece a nossa orientação deve ser as Escrituras, então vamos discernir com base na Bíblia.
Crer que Moisés estivesse ali, em corpo ressurreto, seria aceitar que ele foi feito as primícias dos que dormem, o “primogênito” dos mortos, e não Jesus Cristo. Também levando em conta que as Escrituras não afirmam que Moisés ressuscitou, e com base em ICo 15.20: “Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem”. Temos argumentos fortes que nos mostram que Moisés não foi ressuscitado em corpo glorificado, mas sim que foi Jesus o primeiro a receber o corpo glorificado! Assim, fica descartada, esta opção.
Aceitar o ensino espírita, que diz que Jesus tenha neste ato permitido e ensinada a consulta aos mortos, é totalmente contrário à doutrina bíblica que condena veementemente tal ato, e nos adverte sobre a consequência desta pratica, que é o caminho para o inferno.
Vamos então analisar o episódio. Sabemos que o Novo Testamento, em sua língua original, o grego, não era dividido por capítulos e versículos, como hoje nos é apresentado nas versões que temos nas diversas línguas, mas sim uma sequência. Ou seja, os capítulos e versículos são inserções dos tradutores para facilitar-nos o entendimento dentro dos livros. Assim, isso significa, que originalmente, o início de um capítulo está “grudado” ao último versículo, do capítulo anterior. E o capítulo anterior ao capítulo 17 que é o capitulo 16 nos diz:
Mateus 16.27-28: “Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras. Em verdade vos digo que alguns há, dos que aqui estão, que não provarão a morte até que vejam vir o Filho do homem no seu reino”. O entendimento deste versículo 28 é de suma importância, pois nele verificamos que há uma promessa de Jesus Cristo aos seus discípulos, que deveria de ser cumprida: que alguns dos discípulos que ali estavam não morreriam, até que vissem ao Mestre em seu Reino!
E o versículo 1, do capítulo 17, inicia dando sequência ao episódio acima, quando diz: “Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte, e transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz”. Fica bem claro que o texto destaca o episódio anterior, quando Jesus prometeu que alguns o veriam em seu reino. A expressão “seis dias depois” nos remete ao episódio anterior “Seis dias depois” de que? Da promessa feita por Jesus!
Desta forma, fazendo a continuação de um episodio ao outro, podemos crer que o episódio da transfiguração aconteceu para que se cumprisse a promessa feita pelo Mestre. Diante disso, podemos crer que foi realmente uma visão que os discípulos experimentaram, vamos observar o texto de Lucas, que também narra o acontecimento, e nos revela que os discípulos estavam com muito sono, quando da ocasião: “E Pedro e os que estavam com ele estavam carregados de sono” (Lc 9.32).
Portanto, observando o que foi visto pelos discípulos, podemos crer que é algo que também nos remete a coisas futuras. Ou seja, o “Jesus” do momento da transfiguração se assemelhava ao “Jesus” ressurreto, pois seu rosto brilhava e suas vestes tornaram-se brancas como a luz: “E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz” (Mt 17.2).
Vamos observar que há muita semelhança ao que João viu, em Apocalipse: “E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece” (Ap 1.16).
A palavra “transfigurar” significa:
- Mudar a figura, mudar o aspecto de
- Transformar
- Alterar
- Tomar outra forma
- Não ser o mesmo
Quando lemos que Jesus “transfigurou-se”, devemos entender que Ele “tomou outra forma”, ou “transformou- se”, ou “não era o mesmo”. O “Jesus” visto durante a transfiguração tem muito a ver com o que João encontrou, durante a revelação do Apocalipse!
Diante dessa reflexão, podemos crer que o episódio bíblico da transfiguração foi concedido aos seus discípulos como uma “VISÃO FUTURA'” de Jesus Cristo em seu reino, conversando com Moisés representando a lei, e Elias representando os profetas e Jesus Cristo, representando o cumprimento de tudo. Com isso, a promessa dada por Jesus, de que alguns do que ali estavam não morreriam sem vê-lo em seu reino, foi cumprida ali através da visão que os seus discípulos Pedro, Tiago e João experimentaram.