Potências oferecem alívio de sanções ao Irã

Os negociadores das potências ocidentais ofereceram nesta quinta-feira ao Irã a possibilidade de impor um alívio “limitado e reversível” em parte de suas sanções em troca de que Teerã “ponha em pausa” qualquer avanço em seu programa nuclear, explicou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.

A oferta, apresentada hoje à equipe negociadora iraniana em Genebra, requer que o país suspenda sua produção de urânio enriquecido e aceite novas restrições a seu programa em troca de um alívio “temporário” das sanções, detalhou um alto funcionário americano em entrevista à imprensa.

O objetivo é “ganhar tempo” para seguir negociando e chegar a um acordo no início de 2014, que imponha limites permanentes à capacidade de produzir os componentes de uma bomba nuclear, acrescentou o funcionário, que pediu anonimato.

No entanto, o ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammad Javad, descartou parar totalmente o enriquecimento de urânio em entrevista à CNN. “Não haverá suspensão total do enriquecimento, mas podemos tratar de diferentes questões que estão sobre a mesa”, afirmou o chefe da diplomacia iraniana.

Ele lembrou que o Irã, em resposta à comunidade internacional, tinha suspendido o enriquecimento de urânio de 2003 a 2005, sem conseguir “resultados positivos”.

“Estamos centrados em desenvolver um enfoque por fases. O primeiro passo enfrentaria as atividades nucleares mais avançadas do Irã e aumentaria a transparência. Isto deteria o progresso do programa nuclear do Irã pela primeira vez em uma década”, declarou Carney em entrevista coletiva.

A pausa proposta seria necessária para “explorar o potencial destas negociações, que são sérias”, acrescentou Carney.

Em troca, “o Grupo 5+1 (Estados Unidos, China, França, Reino Unido e Rússia, mais a Alemanha) consideraria um alívio limitado, seletivo e reversível das sanções que não afetaria a principal arquitetura de sanções” pelo menos no caso americano, acrescentou o porta-voz.

A proposta ocidental contempla a possibilidade de voltar a iniciar as sanções suspensas “se o Irã não cumprir seu compromisso”, e inclusive de “aumentar ainda mais” as restrições econômicas a Teerã, segundo Carney.

AVANÇOS

Autoridades dos Estados Unidos e do Irã mantiveram negociações bilaterais substanciais nesta quinta-feira à margem da reunião entre os iranianos e as seis potências.

A reunião de uma hora entre as delegações dos EUA e do Irã, liderada pela subsecretária norte-americana de Estado para Assuntos Políticos, Wendy Sherman, e o vice-chanceler iraniano, Abbas Araqchi, foi uma “conversa substancial e séria”, disse o funcionário dos EUA.

Zarif afirmou nesta quinta-feira, em entrevista à CNN, que um acordo sobre o programa nuclear do Irã é possível antes da conclusão das atuais discussões em Genebra, na sexta.

As potências mundiais estão “fazendo progressos” nas negociações com o Irã, em Genebra, sobre seu programa nuclear, disse um porta-voz da chefe de política externa da União Europeia, Catherine Ashton, nesta quinta-feira.

As grandes potências e Israel acreditam que o enriquecimento de urânio de Teerã tenha como objetivo produzir a arma atômica, algo que o governo iraniano nega.

Mas, desde a chegada ao poder do novo presidente iraniano, o moderado Hassan Rowhani, a percepção geral é de que o ambiente para as negociações ficou mais propício a um acordo.

A Casa Branca calcula que o Irã está a cerca de um ano de conseguir uma arma nuclear se começasse a trabalhar para isso agora, lembrou Carney nesta quinta-feira.

O governo de Barack Obama já solicitou ao Congresso “uma pausa na imposição de novas sanções”, indicou Carney.

Extraído da Folha em 07/11/2013

Sair da versão mobile