Poligamia – Reportagens

Sequestrador de Elizabeth Smart diz que poligamia era ordem divina

Por Nick Madigan :: 08:46 15/03

SALT LAKE CITY – A esposa do homem acusado de seqüestrar Elizabeth Smart disse que a garota foi levada para ser a primeira de outras sete mulheres que uma visão divina o instruiu a procurar, de acordo com uma amiga que visitou a mulher na cadeia na sexta-feira.

Horas depois da visita, o delegado de Salt Lake disse que o homem, Brian Mitchell, também seria acusado por uma tentativa de seqüestro em um assalto na casa da prima de 18 anos de Elizabeth. Sete semanas depois que Elizabeth foi levada de seu quarto depois que o intruso cortou a tela na janela, alguém cortou a tela na janela do quarto da prima, que seria parecida com Elizabeth.

Juntas, a conversa na cadeia e as novas acusações começam a responder por que Elizabeth foi seqüestrada e o que aconteceu com ela nos nove meses em que ela foi mantida por Mitchell e sua esposa, Wanda Barzee, desabrigados messiânicos que tinham sido excomungados da Igreja Mórmon.

“Deus lhe disse para levar Elizabeth”, disse a amiga, Vicki Cottrell, diretora-executiva da sede em Utah da Aliança Nacional dos Deficientes Mentais, que é amiga de Barzee há 25 anos.

Cottrell disse em uma entrevista na tarde de sexta-feira que Barzee, que foi presa com seu marido na terça-feira enquanto caminhava em uma rua de Salt Lake City com Elizabeth, falava carinhosamente da menina.

Falando por telefone e separadas por um vidro, Barzee revelou a Cottrell que no Dia de Ação de Graças de 2000 ela e seu marido tinham recebido “uma revelação de que a lei celestial da poligamia tinha voltado e que ele deveria ter sete esposas”, disse Cottrell.

Em um documento de 27 páginas que Mitchell escreveu no ano passado, do qual uma cópia foi obtida pelo The New York Times, Mitchell dizia que era um em uma linha de profetas mórmons deste a fundação da Igreja por Joseph Smith. O documento, escrito no estilo do Livro dos Mórmons e intitulado Livro de Immanuel David Isaías, Mitchell se denomina profeta e um anjo que foi mandado à Terra para restaurar à Igreja Mórmon seu caminho correto.

“Esta terra prometida dos Estados Unidos da América é lugar de depravação, idolatria, assassinato e combinações secretas”, escreveu Mitchell no documento, no qual ele se descrevia na terceira pessoa como “a mão direita” de Deus.

Nesta cidade, onde grande parte da população é religiosa, Mitchell passou boa parte dos últimos anos rezando e pedindo esmolas nas ruas.

“Ele não é um verdadeiro fiel”, disse Amy Moeck, 20, que está no segundo ano da Brigham Young University e se descreveu como religiosa. “Mas há pessoas que fazem esse tipo de coisa o tempo todo”.
Fonte: THE NEW YORK TIMES

Estado americano começa a punir polígamos que se casam com jovens

Por Michael Janofsky :: 09:59 28/02

SALT LAKE CITY – Aos 15 anos, Lu Ann Kingston estava pronta para casar, ou foi isso que seus familiares disseram. Eles arranjaram seu casamento com um parente distante de 23 anos, e ela se tornou sua quarta esposa, rapidamente dando a ele dois filhos.

Cinco anos depois, incentivada por uma tia que havia fugido de seu casamento arranjado, Kingston pegou suas crianças, pediu escolta policial e fugiu. Agora aos 23 anos, ela disse em uma entrevista que as noivas adolescentes de polígamos de casas mórmons fundamentalistas são ensinadas que: “É isso que o Pai Sagrado quer, e elas estão em uma idade em que não podem fugir porque não têm para onde ir. Não há escapatória”.

As histórias de Kingston – que testemunhou publicamente – e outras jovens levaram Utah, depois de anos de ambivalência, a tomar uma nova atitude em relação aos polígamos que se casam com jovens.

A Assembléia estadual está considerando um projeto que triplicaria as penalidades contra polígamos condenados de casarem garotas com menos de 18 anos e líderes religiosos que realizarem a união. E o procurador-geral do estado promete uma vigorosa perseguição.

“Esse é um esforço deliberado de impor um precedente”, afirmou o procurador Mark Shurtleff, afirmando que os promotores locais e estaduais ignoraram o problema até agora. “Felizmente isso terá um impacto sobre a prática de poligamia e dirá às jovens que estamos de olhos bem abertos”.

A bigamia constitui um crime em Utah há mais de cem anos, com penas de até cinco anos de prisão. A nova medida aumentaria as penalidades no caso de casamentos com menores de idade, trazendo o marido polígamo ou o líder religioso a enfrentar uma pena de 15 anos na prisão.

Membros da comunidade polígama são contra a proposta e argumentam que a atenção dada ao problema está sendo exagerada.

Fonte: THE NEW YORK TIMES

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