Pode-se justificar os pecados pelas obras?

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O texto de 1Pe 4.8 pode ser usado para justificar os pecados pelas obras?

“Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros; porque o amor cobrirá a multidão de pecados”.

Antes de mais nada, é bom deixar claro que as obras são de extrema importância para o cristão, que não pode deixar de exercê-las. As obras são importantes por, no mínimo, duas razões: 1) demonstram para as pessoas como os crentes que imitam a Cristo procedem; 2) glorificam a Deus: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5.16).

É importante notar que as obras, em si mesmas, não são objetos de preocupação e ênfase soteriológica, até porque há pessoas que perdem a essência do que é desenvolver, segundo o padrão de Cristo e das Escrituras, as boas obras: “E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas das suas vestes” (Mt 23.5).

Para Deus, somente após a pessoa ingressar em seu reino celestial é que as obras que pratica passam a ter valor, não antes. Além disso, a Bíblia fala de obras mortas: “Por isso, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até a perfeição, não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus” (Hb 6.1). Em matéria de fé e salvação, o projeto de Deus antagoniza os ideais humanos que se baseiam em obras: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8,9). Mas, embora não sejamos salvos pelas obras, a bondade e a benignidade devem ser buscadas pelos salvos: “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10), e isso, mais intensamente do que quando não éramos salvos em Cristo, porque noutro tempo éramos gentios na carne, “mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cris
to chegastes perto” (Ef 2.13b).

A expressão que causa dúvidas em 1Pedro 4.8 é a que diz que “o amor cobrirá a multidão de pecados”. Segundo interpretações indoutas, se o texto afirma claramente que há pecados que são perdoados com o envolvimento desse sentimento afetivo, então há algo nas obras que pode trazer salvação à humanidade à parte de Cristo. Sendo assim, conclui-se que uma pessoa que dispense amor à outra poderia se salvar. Mas isso não é bíblico. A salvação está em Cristo: “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (At 4.11), e em sua obra vicária: “Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado” (1Pe 1.18,19).

Não vamos amar o próximo por esta causa? De maneira nenhuma! O instrumento aferidor para saber se alguém é discípulo de Cristo é o amor: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13.35).

Extraído do ICP em 23/07/2015

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