Seis anos após tocar no delicado tema do fervor religioso por meio da figura do pastor carismático Eli Sunday (Paul Dano) no cultuado “Sangue Negro”, o cineasta Paul Thomas Anderson volta à questão em “O Mestre”, que estreou na sexta-feira (25).
Em clara referência à cientologia (seita que conquistou famosos hollywoodianos como Tom Cruise), o filme, ambientado no pós-Segunda Guerra, acompanha o surgimento da fictícia doutrina batizada de “A Causa” e seu criador, Lancaster Dodd (Philip Seymour Hoffman, no quinto longa com o diretor).
Com um quê de charlatão, ele, que se diz escritor, filósofo e físico nuclear, enxerga na figura frágil de Freddie Quell (Joaquin Phoenix), veterano da Marinha norte-americana, mais um bom fiel.
Alcoólatra, de comportamento explosivo e abalado pelos anos de luta, Quell toma Dodd como guru –ou como o mestre a que o título se refere– e adota para sua vida os preceitos do culto, como a hipnose.
Não demora muito e o protagonista passa a questionar algumas afirmações e práticas da religião.
Ajudado pela inquietante trilha sonora de Jonny Greenwood, guitarrista do Radiohead, que por vezes deixa o espectador ansioso, Anderson não julga nem escolhe lados –não existem mocinhos ou vilões–, apenas apresenta reflexões que vão do vazio existencial à intensidade das religiões.
Fonte: site da Folha.com.br consultado em 29/01/2013