Perguntas Sobre os Tempos do Fim – I

Entendemos que os incrédulos ainda terão a opor­tunidade de serem salvos durante a Tribulação, indepen­dentemente de quanto foram expostos ao Evangelho an­tes do Arrebatamento.

Aqueles que afirmam que os incrédulos que rejeita­rem o Evangelho antes do Arrebatamento não poderão ser salvos durante a Tribulação baseiam sua lógica em 2Tessalonicenses 2.10-12:

“…e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos. E por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira, a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça”. Os proponentes dessa visão alegam que Deus, atra­vés do anticristo, enganará ativamente aqueles que não crerem. Embora isto seja verdadeiro, nada na passagem sugere que esse engano seja resultado de uma descren­ça e rejeição ao evangelho, por parte do indivíduo, an­teriormente ao Arrebatamento. Há inúmeros motivos para crermos que 2 Tessalonicenses 2.10-12 não apoia tal visão.

Primeiro, 2 Tessalonicenses 2 não diz nada sobre um ouvir, entender e depois rejeitar individual do Evangelho. Ali está uma afirmação universal sobre aqueles que não amam a verdade. Assim, a referência é feita a todos os incrédulos, da mesma maneira, como grupo. Não há base nesta passagem para se pensar que exista um tipo de sub- classe de incrédulos formada por aqueles que ouviram o evangelho, entenderam sua mensagem, mas a rejeitaram.

Segundo,  o contexto de toda a passagem se re­laciona com o que acontecerá durante o período da Tribulação vindoura. O contexto para quando “não aco­lheram o amor da verdade” (v.10) é a Tribulação. Portanto, 2 Tessalonicenses 2 está falando sobre a resposta dos in­crédulos durante a Tribulação.

Se a passagem estivesse se referindo a uma resposta de incredulidade anterior à Tribulação, com o resultado de que tal decisão fosse causar impacto sobre o desti­no do indivíduo durante a Tribulação, então a passagem provavelmente teria sido escrita de maneira diferente a fim de transmitir tal mensagem. Como não está assim configurada, não há apoio para essa conclusão.

Suporte específico de que os versículos 8-12 en­volvem acontecimentos que irão transpirar durante a Tribulação tem início no versículo 8, que começa assim: “Então, será, de fato, revelado o iníquo.. “. Em outras pala­vras, “então” denota uma mudança da atual Era da Igreja para uma era futura, a Tribulação. Nada nos versículos 8-12 tem qualquer parte naquela passagem a partir do contexto da Tribulação. O versículo 10 se relaciona cla­ramente com seu contexto precedente e fala de algo que acontecerá durante a Tribulação.

Terceiro, os versículos 11-12 explicam os versículos 8-10. Foi discutido que, quando Paulo disse: “Deus lhes manda (mandará) a operação do erro”, o uso do tempo fu­turo do verbo parece dar apoio à noção de que esta é uma futura influência enganosa. Contudo, o tempo futuro não dá sustento para essa visão. Em vez disso, ele se refere ao todo do que está sendo falado nos versículos 11-12. O tempo futuro nesta passagem se relaciona aos atos de incredulidade (que acontecerão durante a Tribulação) bem como ao julgamento de Deus durante a Tribulação, o qual será para julgar a incredulidade.

A Bíblia afirma que toda a humanidade é caída e de­pravada (Gn 6.5; 8.21; Jr 17.10; Ef 4.17-18). Todos os incrédulos, de Adão até hoje, são descritos como estan­do espiritualmente mortos (Ef 2.1-3) e cegos (2Co 4.4). Assim, para que qualquer indivíduo creia no Evangelho em qualquer tempo da história é necessário que haja um trabalho sobrenatural do Espírito Santo para regenerar e abrir os olhos do pecador para a graciosa oferta de Deus.

Se formos deixados por nossa própria conta, rejeitare­mos o Evangelho quando ele for pregado. Qual pecador que esteja espiritualmente morto e cego já ouviu e enten­deu o Evangelho sem a miraculosa obra de Deus capacitando-o a ver e crer? Nenhum pecador jamais fez tal coisa por si só. Não, os incrédulos que não são ajudados pela so­berana obra de Deus permanecerão em sua incredulidade e rejeição tanto na atual Era da Igreja quanto durante a geração futura. Desta forma, todo incrédulo terá oportu­nidade de ouvir e crer no Evangelho durante a Tribulação,

independentemente da quantidade de evangelismo a que ele foi exposto antes do Arrebatamento.

Apocalipse 13.8-10 diz o seguinte em conjunção com o levante do Anticristo na metade da Tribulação:

“…e adorá-la-ão todos os que habitam sobre a terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo. Se al­guém tem ouvidos, ouça. Se alguém leva para cativeiro, para cativeiro vai. Se alguém matar à espada, necessário é que seja morto à espada. Aqui está a perseverança e a fidelidade dos santos”.

Tal linguagem sobre a fé e a incredulidade durante a Tribulação – em relação ao Anticristo – não dá apoio à visão de que alguns serão incapazes de serem salvos durante a Tribulação. Em vez disso, ela fala do destino como um fator determinante para a salvação de uma pes­soa: a soberana vontade de Deus! Em outras palavras, qualquer um que for salvo durante a Tribulação será da mesma maneira que aqueles que foram salvos na atual Era da Igreja – por crerem no Evangelho e por recebe­rem a Cristo pela fé.

Alguns que defendem a visão de que nenhuma sal­vação é possível na Tribulação para aqueles que anterior­mente ouviram o Evangelho e o rejeitaram dizem que, se sua visão não for verdadeira, então a alguns incrédu­los será dada uma “segunda chance”. Isto também é um pensamento equivocado baseado em uma caracterização errada. A noção de uma segunda chance, que ninguém jamais receberá, se relaciona àqueles que partiram des­ta vida através da morte e foram para a eternidade sem Cristo. Não é isto que acontecerá quando um incrédulo for deixado para trás no Arrebatamento. Ao contrário, to­dos os incrédulos estarão simplesmente passando de uma fase da história (a atual Era da Igreja) para uma outra fase da história (a Tribulação). Eles ainda não estão saindo da história e passando para a eternidade. Todos os incrédulos que passarem da Era da Igreja para a Tribulação continu­arão a ter a oportunidade de receber a Cristo até que eles sejam salvos ou mortos ou recebam a marca da Besta.

Podemos ver que 2Tessalonicenses 2 é um resumo da “carreira” do Anticristo durante o período da Tribulação. Nada no texto sugere um relacionamento entre as coisas que acontecerão durante a Tribulação com as coisas que acontecem na Era da Igreja.

E mais, cremos que milhões de incrédulos serão sal­vos durante a Tribulação. Por isso todos podemos ser agradecidos. Dentre aqueles que forem salvos estarão aqueles que haviam ouvido o Evangelho muitas vezes antes do Arrebatamento. Nesse ínterim, nós, como cren­tes, devemos fazer todo esforço para pregar o Evangelho da graça para que tantas pessoas quanto possíveis se tor­nem crentes e escapem dos horrores da Tribulação.

Apenas como uma observação, embora estejamos intensamente interessados em ver tantas pessoas quan­to for possível vindo a Cristo, os fins não justificam os meios. Não devemos exceder os limites das Escrituras em nossa proclamação do evangelho. Acrescentar ame­aças que Deus de fato não fez não resultará na salvação de um único indivíduo que, de outra forma, não viria à fé. As pessoas são salvas pela pregação do Evangelho em conjunto com o poder do Espírito Santo – um poder que somente Deus pode proporcionar. Ao mesmo tempo, po­demos instar com as pessoas que aceitem a Cristo como Salvador enquanto podem e não colocarem em risco seu destino eterno. Podemos dizer-lhes o que a Bíblia diz: “Eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação” (2Co 6.2).

De acordo com Apocalipse 11.3-14, surgirão duas testemunhas singulares que proclamarão o Evangelho pelo período de 1.260 dias durante a Tribulação. Seu ministério sobrenatural está relacionado a Jerusalém e à nação de Israel, na qual elas realizam um testemunho es­pecial ao programa do julgamento de Deus.

Alguns especulam que as duas testemunhas serão Enoque e Elias, uma vez que ambos foram arrebatados vivos para o céu, sem nunca terem morrido (Gn 5.24; 2Rs 2.11). Eles citam Hebreus 9.27: “E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo…”, pressupondo que ambos retornarão e morrerão. Entretanto, devemos nos lembrar que todos aqueles que serão “tomados” vivos no Arrebatamento também nunca morrerão (lTs 4.13-18).

A maioria dos mestres em profecia identificam as duas testemunhas como sendo Moisés e Elias ou dois fu­turos pregadores judeus que virão no espírito de Moisés e Elias. Os motivos para tal identificação incluem o fato de que tanto Moisés quanto Elias estavam envolvidos como testemunhas de Cristo na transfiguração, o que antecipa­va a Segunda Vinda de Jesus (Mateus 17.3). Além disso, Malaquias 4.5 afirma que Elias será enviado novamente por Deus a Israel ”… antes que venha o grande e terrível Dia do Senhor”. Desta forma, como um é claramente identi­ficado (Elias), parece provável que Moisés auxiliará Elias nesse ministério que acontecerá durante a Tribulação.

Esses dois indivíduos, especialmente selados por Deus para servirem como testemunhas a Jerusalém e a Israel, provavelmente surgirão na primeira metade da Tribulação. Como os profetas do Antigo Testamento, as duas teste­munhas realizarão milagres e serão protegidas por Deus contra aqueles que tentarem fazer-lhes mal antes que sua missão esteja terminada. Como Moisés, eles farão as águas se transformarem em sangue, e como Elias, eles farão fogo cair do céu (Ap 10.3-6). Durante três anos e meio, minis­trarão em Jerusalém sem serem importunados. No final dos 1.260 dias, Deus removerá sua proteção especial para que o Anticristo consiga matá-los. Os corpos deles serão deixados nas ruas de Jerusalém durante três dias e meio, depois dos quais Deus os ressuscitará e os arrebatará para os céus. Assim que eles tiverem subido aos céus um gran­de terremoto acontecerá, destruindo a décima parte de Jerusalém e matando 7.000 pessoas (Ap 11.13).

As duas testemunhas estarão vestidas em pano de saco (Ap 11.3), que é simbólico do fato de que eles são profetas do julgamento (ver Is 37.1-2; Dn 9.3). Embora Jerusalém não seja mencionada pelo nome como a cidade do ministério deles, Apocalipse 11.8 diz: “E o seu [delas] cadáver ficará estirado na praça da grande cidade que, espi­ritualmente, se chama Sodoma e Egito, onde também o seu Senhor foi crucificado”. A referência à crucificação coloca claramente essas duas testemunhas em Jerusalém. A re­ferência a Sodoma e Egito implica em que durante esse tempo haverá comportamentos licenciosos na cidade e o povo judeu será perseguido porque o Anticristo estará no comando.

Várias formas da visão chamada preterismo afir­mam que todas, ou a maioria das profecias bíblicas fo­ram cumpridas no passado durante a destruição de Jerusalém no ano 70 d.C. Preterismo é a visão que rejeita o cumprimento futuro de profecias que têm a ver com o Arrebatamento, a Tribulação, o retorno de Israel à Terra Prometida, o surgimento do futuro Anticristo, a Batalha do Armagedom e, em alguns casos, até o retorno literal de Jesus Cristo.

Os preteristas afirmam que porções proféticas im­portantes das Escrituras, tais como o Discurso do Monte das Oliveiras e o livro do Apocalipse, foram cumpridas em eventos em torno da destruição de Jerusalém pelos romanos, que ocorreu no Século I. Os preteristas creem que eles são impelidos a adotar tal visão porque Mateus 24.34 e suas passagens paralelas dizem que “não passará esta geração sem que tudo isto aconteça”. Eles afirmam que isto significa que as profecias têm que ter sido cumpridas em Jerusalém no passado, em vez de serem cumpridas mundialmente no futuro. A maioria dos preteristas crê que estamos atualmente vivendo pelo menos no início de um novo céu e nova terra em consideração à visão que eles têm de que as profecias do livro de Apocalipse tiveram que ser cumpridas no Século I.

A visão preterista reduz grandemente a esperança de cumprimento de centenas de profecias bíblicas significa­tivas. Por exemplo, a maioria dos preteristas afirma que Satanás já está amarrado pelo poder da cruz; portanto, eles não preveem que no futuro Satanás será amarrado, como está descrito em Apocalipse 20.2-3. Todavia, esses versículos afirmam que Satanás será acorrentado e não será capaz de sair do abismo para enganar as nações. O simples fato de que o engano em escala mundial ainda existe atualmente desaprova a visão dos preteristas. Tanto o apóstolo Paulo quanto o apóstolo Pedro se referiram à atual resistência de Satanás muito tempo depois da cruz (2Col2.7; Ef 2.2; IPe 5.8). Satanás não estará completamente amarrado até o reino milenar de Cristo na terra.

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TIM LAHAYE & ED HINDSON, Fonte: LIVRO – ALVO ISRAEL – EDITORA CHAMADA

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