Podemos nos perguntar: Paulo acreditava na existência de uma alma imortal? A resposta é afirmativa, havendo, pelo menos, dois trechos bíblicos que comprovam isto de forma clara (sem falar dos que o confirmariam de forma indireta…). O primeiro é tirado de 2 Co 5.6-8:
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Por isso estamos sempre de bom ânimo, sabendo que, enquanto estamos no corpo, vivemos ausentes do Senhor (Porque andamos por fé, e não por vista). Mas temos confiança e desejamos antes deixar este corpo, para habitar com o Senhor.
Como você percebe, os textos que falam de uma alma imortal são muito diretos. É necessário um enorme esforço exegético para não enxergar, no trecho acima, uma alusão clara e cristalina da existência da mesma. Paulo afirma que o corpo nada mais é do que a morada desta alma, e, enquanto a alma nele se encontra, não pode unir-se perfeitamente a Cristo. É por isto que ele anseia em morrer, para estar o mais rápido possível com o Senhor (o que não teria sentido se seu encontro com Cristo viesse a se dar apenas por ocasião do juízo final).
Veja, ainda, este outro texto:
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“Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro. Mas, se o viver no corpo é útil para o meu trabalho, não sei então o que devo preferir. Sinto-me pressionado dos dois lados: por uma parte, desejaria desprender-me para estar com Cristo – o que seria imensamente melhor; mas, de outra parte, continuar a viver é mais necessário, por causa de vós.”(Fl 1, 21ss)
Novamente, e com a mesma clareza, repete-se a ideia acima. Ora, se não existisse uma alma imortal, por que Paulo vivia um dilema? Por que morrer lhe seria um lucro? Afinal de contas, morrendo, ele entraria na inexistência (ou na inconsciência) e seu encontro com o Senhor se daria (quer morresse logo, quer tardasse a morrer) apenas e tão-somente no dia do juízo final.