QUEM FOI QUEM, NA IGREJA PRIMITIVA
Você já ouviu alguma vez o termo “Pais da Igreja”? Pois bem, nosso jornal “O Alerta”, traz nesta edição uma série em seqüência histórica destes personagens que fizeram a história, formularam e organizaram a teologia da igreja primitiva. Você saberá quem foram, o que creram e o que escreveram os principais responsáveis pela Igreja dos primeiros séculos de Cristianismo. Saberá também das falhas e dos deslizes teológicos que eles cometeram. Começaremos com uma pequena explanação sobre quem foram esses homens.
QUEM FORAM OS PAIS DA IGREJA ?
O título “Pai”, historicamente falando, surgiu devido à reverência que muitos cristãos tinham pelos bispos dos primeiros séculos. A estes chamavam carinhosamente de “Pais” devido ao amor e zelo que tinham pela Igreja, mais tarde porém, este termo foi sacralizado pelos escritores eclesiásticos e mais tarde Gregório VII reivindicou com exclusividade o termo “PAPA”, ou seja, “Pai dos pais”.
No final do século I morre em Éfeso o último dos apóstolos, João, após ter servido ao seu mestre fielmente durante toda sua vida, é agora recolhido ao seu lado no lar celestial. Terminava assim a era apostólica.Mas Deus já havia preparado homens capazes para cuidar do seu rebanho. Começa um período novo para a igreja, a obra que os apóstolos receberam de seu Salvador e a desenvolveram tão arduamente acha-se agora nas mãos de novos líderes que tinham a incumbência de desenvolver a vida litúrgica da igreja como fizeram aqueles.O período que comumente é chamado de pós-apostólico é de intenso desenvolvimento do pensamento cristão. Por isso é de suma importância analisar a doutrina dos chamados “pais da igreja” pois eles foram os responsáveis pelo povo de Deus daquela época e pela teologia que elaboraram, que até hoje serve como base para a Igreja.Do século II até o século IV, nomes como o de Clemente de Roma, Clemente de Alexandria, Inácio de Antioquia, Policarpo, Justino o mártir, Irineu de Lião, Origines, Tertuliano e outros, que foram os responsáveis por transmitir os ensinamentos bíblicos, merecem não pouco reconhecimento por sua fé, virtude e o zelo que nutriam pelo corpo de Cristo na terra – a Igreja. Entretanto, devemos lembrar que mesmo homens como esses não ficaram isentos de erros e até mesmo foram considerados como heréticos por seus resvalos teológicos. Esse foi o caso de Origines por exemplo que teve muitos de seus ensinos condenados pelo II concílio de Constantinopla em 553.
A maior parte de suas obras foi escrita em grego e latim, embora haja também muitos escritos doutrinários em aramaico e outras línguas orientais.
Patrística é o corpo doutrinário que se constituiu com a colaboração dos primeiros pais da igreja, veiculado em toda a literatura cristã produzida entre os séculos II e VIII, exceto o Novo Testamento.
Histórico. O conteúdo do Evangelho, no qual se apoiava a fé cristã nos primórdios do cristianismo, era um saber de salvação, revelado, não sustentado por uma filosofia. Na luta contra o paganismo greco-romano e contra as heresias surgidas entre os próprios cristãos, no entanto, os pais da igreja se viram compelidos a recorrer ao instrumento de seus adversários, ou seja, o pensamento racional, nos moldes da filosofia grega clássica, e por meio dele procuraram dar consistência lógica à doutrina cristã.
O cristianismo romano atribuía importância maior à fé; mas entre os pais da igreja oriental, cujo centro era a Grécia, o papel desempenhado pela razão filosófica era muito mais amplo e profundo. Os primeiros escritos patrísticos falavam de martírios, como A paixão de Perpétua e Felicidade, escrito em Cartago por volta de 202, durante o período em que sua autora, a nobre Perpétua, aguardava execução por se recusar a renegar a fé cristã. Nos séculos II e III surgiram muitos relatos apócrifos que romantizavam a vida de Cristo e os feitos dos apóstolos.
Em meados do século II, os cristãos passaram a escrever para justificar sua obediência ao Império Romano e combater as idéias gnósticas, que consideravam heréticas. Os principais autores desse período foram são Justino mártir, professor cristão condenado à morte em Roma por volta do ano 165; Taciano, inimigo da filosofia; Atenágoras; e Teófilo de Antioquia. Entre os gnósticos, destacaram-se Marcião, que rejeitava o judaísmo e considerava antitéticos o Antigo e o Novo Testamento.
No século III floresceram Orígenes, que elaborou o primeiro tratado coerente sobre as principais doutrinas da teologia cristã e escreveu Contra Celsum e Sobre os princípios; Clemente de Alexandria, que em sua Stromata expôs a tese segundo a qual a filosofia era boa porque consentida por Deus; e Tertuliano de Cartago. A partir do Concílio de Nicéia, realizado no ano 325, o cristianismo deixou de ser a crença de uma minoria perseguida para se transformar em religião oficial do Império Romano. Nesse período, o principal autor foi Eusébio de Cesaréia. Dentre os últimos gregos destacaram-se, no século IV, Gregório Nazianzeno, Gregório de Nissa e João Damasceno.
Os maiores nomes da patrística latina foram santo Ambrósio, são Jerônimo (tradutor da Bíblia para o latim) e santo Agostinho, este considerado o mais importante filósofo em toda a patrística. Além de sistematizar as doutrinas fundamentais do cristianismo, desenvolveu as teses que constituíram a base da filosofia cristã durante muitos séculos. Os principais temas que abordou foram as relações entre a fé e a razão, a natureza do conhecimento, o conceito de Deus e da criação do mundo, a questão do mal e a filosofia da história.
DIVISÃO
Podemos dividir os Pais da Igreja em três grandes grupos a saber: Pais apostólicos, Apologistas e Polemistas. Todavia devemos levar em conta que muitos deles pode se enquadrar em mais de um desses grupos devido a vasta literatura que produziram para a edificação e defesa do Cristianismo, e também de acordo com o que as circunstancias exigiam, como é o caso de Tertuliano, considerado o pai da teologia latina. Sendo assim então temos:
Pais apostólicos: Foram aqueles que tiveram relação mais ou menos direta com os apóstolos e escreveram para a edificação da Igreja, geralmente entre o primeiro e segundo século. Os mais importantes destes foram, Clemente de Roma, Inácio de Antioquia, Papias e Policarpo.
Apologistas: Foram aqueles que empregaram todas suas habilidades literárias em defesa do Cristianismo perante a perseguição do Estado. Geralmente este grupo se situa no segundo século e os mais proeminentes entre eles foram: Tertuliano, Justino, o mártir, Teófilo, Aristides e outros.
Polemistas: Os pais desse grupo não mediram esforços para defender a fé cristã das falsas doutrinas surgidas fora e dentro da Igreja. Geralmente estão situados no terceiro século. Os mais destacados entre eles foram: Irineu, Tertuliano, Cipriano e Origenes.