Parecer de Janot complica Dilma na guerra do impeachment
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deu ontem um parecer que tem forte peso político contra a presidente Dilma Rousseff em meio à guerra do impeachment.
Janot bateu duro no governo Dilma como um todo. Além de considerar que a indicação do ex-presidente Lula para a Casa Civil deveria ser anulada, o procurador-geral diz que o governo tentou prejudicar as investigações da Lava Jato.
Há um trecho no qual o procurador afirma que ações da Lava Jato “provocaram forte apreensão no núcleo do Poder Executivo Federal e geraram várias iniciativas com a finalidade de prejudicá-las, em distintas frentes”. E, segundo Janot, a indicação de Lula teria sido apenas uma dessas tentativas de “tumultuar” a Lava Jato.
Portanto, além do peso jurídico, o parecer provoca efeitos políticos negativos para a presidente. Se a maioria dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) seguir o parecer de Janot e impedir a indicação de Lula para a Casa Civil, os acordos políticos feitos pelo ex-presidente para barrar o impeachment ficariam fragilizados. A mera expectativa de que Lula não assuma gerará nos deputados insegurança sobre o cumprimento desses acertos.
Se vencer a guerra do impeachment, o governo Dilma passaria a ser comandado na prática por Lula. O parecer de Janot lança dúvida sobre a viabilidade da estratégia de novo comando do governo. De quebra, afirma que o governo Dilma tentou atrapalhar a Lava Jato.
Logo, é um parecer que dá munição aos que defendem o impeachment de Dilma justamente numa hora em que o governo ganhava terreno na Câmara. Não há dúvida de que o parecer é um complicador para os planos de barrar o impedimento.
KENNEDY ALENCAR
BRASÍLIA
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