Papa Francisco abençoa os fiéis na chegada à Praça de São Pedro para a audiência semanal, no Vaticano – 14/10/2015(Gregorio Borgia/AP)
O papa Francisco criticou neste domingo, após a bênção do Angelus, na praça de São Pedro, o vazamento de documentos da Igreja que revelam a gastança a que se dedicavam alguns cardeais.
Foi a primeira vez que o pontífice falou sobre o escândalo desde a detenção, no fim de semana passado, do padre espanhol Lucio Ángel Vallejo Balda e da assessora de imprensa italiana Francesca Immacolata Chaouqui – ambos suspeitos de participar do vazamento dos documentos, que alimentaram dois livros lançados com estardalhaço na Itália na semana passada.
“Roubar os documentos é um delito”, disse Francisco. “Eu já havia solicitado que eles fossem estudados e tanto eu quanto meus colaboradores conhecíamos bem seu conteúdo.”
Segundo o papa, o vazamento “não ajuda” o seu esforço de reforma da Santa Sé, que enfrenta forte resistência da velha guarda do Vaticano. A declaração soou como uma resposta ao autor de um dos dois livros, Gianluigi Nuzzi, para quem “revelar segredos só pode servir a quem deseja a transparência, objetivo número um do papa.”
O antecessor de Francisco, Bento XVI, renunciou em fevereiro de 2013 desalentado, segundo muitos vaticanistas, pela magnitude do trabalho de reforma da Cúria e debilitado por um vazamento semelhante, que expôs, em 2012, uma rede de corrupção no Vaticano, além de trazer à tona cartas do próprio Bento XVI, nas quais ele lamentava o ambiente de intrigas e conchavos no qual se via mergulhado.
O novo escândalo foi batizado pela imprensa de Vatileaks 2 – mas a atual leva de documentos não inclui papéis pessoais de Francisco.
Extraído da Revista Veja em 08/11/2015