A cristianização da sociedade romana após o edito de Milão, no ano 313, fez com que a religião politeísta tradicional ficasse restrita às pequenas aldeias rurais (pagus). Desde então os cristãos chamaram pagãos aos que conservavam o politeísmo.
Em seu verdadeiro sentido, o termo paganismo designa as religiões politeístas — em especial a grega e a romana e seu modelo cultural, ainda que eventualmente tenha sido aplicado a qualquer religião não-cristã.
O termo pagão surgiu nos últimos tempos do Império Romano, mas o conceito em que se baseia provém do judaísmo. Os hebreus estabeleciam uma nítida divisão entre o povo eleito por Deus, e os gentios, que posteriormente seriam denominados pagãos. A distinção não era étnica ou política, mas fundamentalmente religiosa; os gentios eram “os povos que não conhecem Iavé”. O povo de Israel era o depositário das promessas de Deus, mas as nações poderiam também alcançar essas promessas com o ingresso na comunidade religiosa de Israel. O judaísmo alexandrino foi particularmente aberto nesse sentido, como mostra a tradução grega da Bíblia.
Os primeiros cristãos herdaram dos judeus a idéia de que a salvação estava reservada aos que pertenciam ao povo de Deus mas, na medida em que se estenderam pela Anatólia, Grécia e Roma, acentuaram o sentido religioso dessa pertinência. “Os que são pela fé, são filhos de Abraão” escreveu aos gálatas Paulo, que se proclamava apóstolo dos gentios, enviado para evangelizar as nações — porque os caminhos de Deus levariam à salvação final de todas elas, reunidas com Israel no povo de Deus.
©Encyclopaedia Britannica.