Os mórmons afirmam categoricamente que não há salvação a não ser mediante o batismo com água, administrado por um sacerdote mórmon devidamente credenciado. Alargam essa doutrina para incluir todos os milhões que viveram e morreram sobre a terra sem o conhecimento do “evangelho restaurado” conforme foi revelado a Joseph Smith.
Esse raciocínio só podia resultar, mais dia menos dia, na formulação de uma doutrina de batismo pel25os mortos. Ao que parece, essa doutrina foi primeiro declarada em 1841 (Doutrina e Convênios, seção 128) quando teve sua primeira menção em termos precisos, embora ensinadores posteriores a liguem à aparição de Elias a Joseph Smith e Oliver Cowdry em Kirtland, Estado de Ohio, em 3 de abril de 1836 (Doutrina e Convênios, seção 110). Milton R. Hunter comenta essas circunstâncias:
“Uma semana depois da dedicação do templo em Kirtland, em 3 de abril de 1836, Elias apareceu a Joseph Smith e Oliver Cowdry no templo e outorgou-lhes as chaves do poder de selagem, para que todas as ordenanças pelos mortos fossem realizadas de forma válida” (Millennial Star, vol. 54. Milton R. Hunter, Gospel Through the Ages, p.224).
Aparentemente essa doutrina não foi formulada nos tempos de Kirtland, pois não há registro de que tenham sido realizados batismos pelos mortos antes da inauguração da fonte batismal no templo em construção em Nauvoo, Estado de Illinois. Depois da morte de Smith e a retirada dos “santos” de Nauvoo, a prática só foi recomeçada após o erguimento do templo em Salt Lake City.
Os ensinadores mórmons afirmam naturalmente que o batismo pelos mortos foi sempre praticado pela igreja verdadeira e que esta, conforme restaurada por Joseph Smith, existiu desde o tempo de Adão. Smith, escrevendo à igreja em 6 de setembro de 1842, refere-se ao rito da seguinte maneira:
“…a ordenança que o Senhor ordenou e preparou antes da fundação do mundo, para a salvação dos mortos que morressem sem o conhecimento do evangelho” (Doutrina e Convênios, 128.5).
Na mesma revelação, Joseph afirma que os livros referidos em Apocalipse 20.12 e que serão abertos no julgamento do grande trono branco, são os registros de batismo e outros ritos, mantidos pelos secretários oficiais em conexão com o “trabalho do templo” (Doutrina e Convênios, 128.6-9).
Milton Hunter, escrevendo em seu Gospel Through the Ages, que é um dos textos correntes para a instrução do sacerdócio de Melquisedeque, atualiza os ensinos de Joseph Smith. Ele diz:
“Deus não só revelou ao Profeta Joseph Smith a doutrina do batismo para os vivos, mas estabeleceu de novo sobre a terra a doutrina gloriosa do batismo pelos mortos, abrindo assim a porta para todos os Seus filhos e filhas, que em algum tempo viveram na mortalidade, voltarem para a Sua presença com a condição da sua dignidade. O Senhor falou com Joseph que o batismo pelos mortos fosse realizado em Sua santa casa; de fato, um dos propósitos principais que Ele tinha em mente ao ordenar aos Santos dos Últimos Dias que construíssem templos, foi para a realização dessa santa ordenança. Na revelação o Senhor declarou: “Pois não há uma fonte batismal sobre a terra para que eles, meus santos, possam ser batizados por aqueles que são mortos” (Doutrina e Convênios, 124.29-39).
“Então Deus ordenou aos santos que construíssem templos a fim de realizarem a ordenança do batismo pelos mortos, proclamando que essa ordenança foi instituída antes da fundação do mundo para salvação de Seus filhos que, por motivos vários, não quiseram aceitar o evangelho enquanto estavam na mortalidade” (Milton R. Hunter, Gospel Through the Ages, p.223-224).
James Talmage torna claro que ninguém é isento dessa ordenança, citando o caso do malfeitor arrependido que foi crucificado junto com o Senhor Jesus. Diz Talmage:
“Inferir que o transgressor crucificado foi salvo pela sua confissão, quando ele estava moribundo, e que lhe foi concedido um passaporte especial para o Céu com os pecados sem expiar, e sem sua obediência às “leis e ordenanças do evangelho”, é desprezar tanto a letra como o espírito das Escrituras e desconhecer tanto a razão como o senso de justiça — a bênção que lhe foi prometida significava que naquele dia ele ouviria o evangelho pregado no paraíso (os mórmons ensinam que Jesus pregou o evangelho a todos os mortos durante os três dias entre sua morte e ressurreição). Na aceitação ou rejeição da mensagem de salvação ele ficaria sendo agente para si mesmo. A exigência da obediência às “leis e ordenanças do evangelho” não foi deixada de lado, suspensa ou substituída no caso dele, nem tampouco o será para alma alguma” (Talmage, Vitality of Mormonism, p.70-71).
A doutrina é defendida como bíblica usando-se a alusão de Paulo a essa prática: “Doutra maneira, que farão os que se batizam por causa dos mortos? Se absolutamente os mortos não ressuscitam, por que se batizam por causa deles?” (1Coríntios 15.29).
Paulo aqui não estava tratando do assunto do batismo, nem da salvação, e sim da ressurreição. Batismo pelos mortos era praticado unicamente por seitas heréticas como os marcionitas e montanistas, e foi proibido em 393 pelo Concílio de Hipo. A respeito da referência de Paulo. A. F. Plummer afirma: “Refere-se evidentemente a alguma coisa fora do normal. Existia algum rito batismal que os coríntios conheciam e que perderia seu sentido sem a crença na ressurreição. A passagem não dá a entender que São Paulo aprova o rito anormal, porém simplesmente que existe e faz subentender a doutrina da ressurreição” (Hasting’s, Dictionary of the Bible, p.245).
Os mórmons fazem constantemente “trabalho pelos mortos” compilando genealogias de seus antepassados e de outras pessoas notáveis, fazendo-se então batizar por essas pessoas. Os mórmons levam tudo isso muito a sério. Um mórmon confessou-me que já tinha sido batizado mais de cinco mil vezes pelos mortos.
É essa, sem dúvida, a atividade mais difundida da igreja mórmon e é um dos propósitos principais do magnífico novo templo em Los Angeles. Os mórmons alegam que esse templo foi construído para durar através do milênio e que, no decorrer do período de mil anos procederão ao batismo, por procuração, de todos os mortos dos séculos passados que não tiveram oportunidade para corresponder ao “evangelho restaurado” de Smith.
Precisaria haver um computador muito avançado para calcular o número total daqueles que, em todos os séculos da história da humanidade, nunca ouviram ao menos falar de Joseph Smith. Fazemos uma ideia de que o total seria tão estupendo que nem mil templos mórmons iguais ao de Los Angeles seriam suficientes para acomodá-los.
Em vão se procura, nas Escrituras, qualquer sugestão de que quem morreu sem Cristo receberá nova oportunidade de salvação. As Escrituras são categóricas quanto à sorte daqueles que rejeitaram o Salvador. Lemos:
“aos homens está ordenado morrerem uma só vez e, depois disto, o juízo” (Hebreus 9.27).
“Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono. Então se abriram livros. Ainda outro livro, o livro da vida, foi aberto… E se alguém não foi achado inscrito no livro da vida, esse foi lançado para dentro do lago do fogo” (Apocalipse 20.12-15).
Autoridade maior que o Senhor Jesus não pode ser citada, ao contar Ele mesmo, com seus próprios lábios, a história do rico e Lázaro. Ele descreve com detalhes vivos a permanência do estado dos mortos. Leia-se cuidadosamente Lucas 16.19-31.
Procura-se também em vão qualquer palavra bíblica que indique que o homem se salve por suas próprias boas obras, ou pelas obras de outros realizadas a seu favor. Entretanto, lemos:
“ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica ao ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça” (Romanos 4.5).
“pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2.8-9).
Para conhecimento de qualquer mórmon que ler estas páginas, verificamos que os versículos que acabamos de citar são apresentados de forma idêntica na Versão Inspirada da Bíblia de Joseph Smith.
CONCLUSÃO
Muitos cristãos, desconhecendo a verdadeira natureza dos ensinos dos mórmons, defenderão seus vizinhos mórmons como gente boa, de vida limpa, piedosos e honestos. Apontarão as maravilhosas práticas de beneficência da Igreja dos Mórmons. Exaltarão os mórmons como sendo, em geral, trabalhadores e econômicos. Todas essas coisas nós reconhecemos e apreciamos como valiosas contribuições para a sociedade. Não as censuramos.
Essas virtudes, porém, não fazem de ninguém um cristão. Satanás fica sobremodo contente quando seus seguidores apresentam boas aparências. Afirmamos que tais virtudes nada têm a ver com nossa aceitação perante DEUS, uma vez que nunca nos submetemos às exigências divinas referentes a seu Filho, Jesus Cristo.
Quando os cristãos deixam de demonstrar as virtudes citadas, ficam aquém do propósito de Deus, porém são elas apenas subprodutos da vida cristã.
Na avaliação de qualquer religião, seja ela simpática ou não, façam-se as seguintes perguntas:
- Aceita ela a Palavra de Deus, tal como está, sem o acréscimo de auxílios, explicações ou “escrituras” adicionais ?
- Oferece, livremente e sem reservas, ao Senhor Jesus o seu verdadeiro lugar como eterno Filho de Deus?
- Reconhece sua morte como único meio pelo qual os pecadores possam ser salvos?
- Reconhece o homem como pecador, totalmente incompetente para salvar-se por seus próprios méritos?
- Oferece a livre salvação a quem quer que busque a Deus? O ignorante, o vil, o abandonado, o perturbado?
- É capaz de transformar em santo um leproso moral, dominado pelas paixões?
- É o tipo de fé que representa Deus abaixando-se pela graça em direção ao homem, ao invés de mostrar o homem subindo por meio de escadas que ele próprio erigiu?
Caso contrário, não é cristã. “Foge destes”.
Por Gordon H. Fraser
Tradução de W. J.Goldsmith