Os Mórmons e a Bíblia

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A fim de avaliarmos os ensinos do mormonismo, precisamos compenetrar-nos do pensamento dos mórmons: 1) sobre seu conceito da inspiração da.Bíblia; e 2) os valores por eles atribuídos a seus próprios escritos.

Dois itens da declaração doutrinaria dos mórmons vêm à baila nesta discussão. O primeiro, o Artigo 8º da Declaração de Fé, que é a apresentação doutrinária oficial e publicada da Igreja dos Mórmons, afirma:

“Cremos que a Bíblia é a Palavra de Deus, até onde esteja corretamente traduzida; também cremos que o Livro de Mórmon é a Palavra de DEUS”.

O segundo, o Artigo 9º, declara:

“Cremos em tudo que Deus já revelou, tudo que ele agora revela, e cremos que ele revelará muitas coisas grandes e importantes pertencentes ao Reino de DEUS”.

Os mórmons creem na revelação progressiva, conforme evidencia sua aceitação do Livro de Mórmon como a Palavra de Deus, no Artigo 8º, e a margem permitida para “revelações” posteriores, no Artigo 9º (essas declarações doutrinárias não foram formuladas nem publicadas senão depois de completados os escritos de Joseph Smith, provavelmente em 1843.) Os escritos de Smith se expandiam à medida que surgia a necessidade de novas “escrituras” para concretizar a evolução de sua teologia. Como exemplo disso, podemos observar que a evolução dos escritos de Smith desenvolveu-se na razão direta da deterioração de seu conceito de Deus.

Para informação de nossos leitores que não estejão a par dos escritos de Joseph Smith, os quais são aceitos pelos mórmons como sendo iguais à Biblia em sua inspiração, apresentamos o seguinte resumo. Relacionamos as obras na ordem em que foram escritas, embora não tenham sido entregues ao público nessa ordem:

No Livro de Mórmon o conceito de Deus não diverge grandemente do conceito bíblico, embora não haja discernimento no uso apropriado dos diversos nomes bíblicos de Deus. Na Versão Inspirada da Bíblia, que vejo em seguida na ordem dos escritos de Smith, bem como no Livro de Moisés da “Pérola de Grande Valor”, os quais são idênticos, Jesus já se tornara antropomórfico. Isso está de acordo com a afirmativa de Paulo em Romanos 1.23, com referência à deterioração do culto gentio: “Mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível”. No Livro de Abraão, que vem depois do Livro de Moisés na Pérola de Grande Valor, já havia desenvolvido um nítido politeísmo: Deus se tornara um entre vários deuses.

Em Doutrina e Convênios, que se acumularam durante um período de doze anos, Deus foi apresentado como tendo corpo de carne e ossos (130.22).

No Discurso King Follett, que foi apresentado no decorrer do último ano da vida de Smith, Deus é pintado como sendo “uma vez como nós somos agora, e é um homem glorificado”. Esses ensinos heréticos serão expostos mais amplamente em capítulo posterior.

Cabe aqui um breve resumo dos diversos volumes que constituem as escrituras dos mórmons. Será necessariamente breve, em um livrinho como este.

O Livro de Mórmon foi o primeiro. Afirma-se que foi traduzido de placas de ouro que Smith teria encontrado, por indicação do Anjo Morôni, em um caixão escondido numa encosta perto da fazenda dos Smith, nas proximidades de Palmyra, Nova Iorque.

Consta que as placas traziam inscrições em “egípcio reformado” e continham o registro de várias migrações para o continente americano nos tempos do Antigo Testamento. O desenvolvimento dessas migrações em civilizações e sua história até o 5º século de nossa era constituem o tema principal do livro.

Doutrinadores mórmons insistem que os índios americanos descendiam desses imigrantes, que eram judeus que deixaram Jerusalém 600 anos antes de Cristo, e vieram para a América através do Pacífico. Daí, segundo os mórmons, os índios são semitas e constituem as tribos perdidas de Israel.

Os mórmons têm diante de si a circunstância embaraçosa de possuirem outra teoria da origem dos habitantes das Américas. Essa segunda teoria é tão ‘autêntica’ quanto a do Livro de Mórmon, pois foi revelada a Joseph Smith no dia 19 de maio de 1838 em Spring Hill, Missouri, e se encontra registrada em Doutrina e Convênios seções 116-117. Talmage defende essa teoria em seus Artigos de Fé, p.474. Às páginas 283-284 do mesmo livro, Talmage defende a teoria do Livro de Mórmon.

O livro conta da vinda do Cristo ressurreto à América, onde Ele teria pregado aos habitantes, resultando isso na formação de uma igreja cristã na América no 1º século. Essa igreja teria desaparecido no decorrer do 4º século A.D.

A tradução das placas teria sido efetuada por meio de um par de óculos encontrado junto das placas de ouro e chamados por Smith “urim e tumim.” Há várias narrativas contraditórias sobre o método de tradução. Uma das versões do próprio Smith é que, quando o urim e o tumim eram colocados sobre os caracteres de “egípcio reformado”, apareciam-lhe em inglês.

É duvidoso que Smith tivesse mais do que uma ideia muita nebulosa, de que o Livro de Mórmon viesse a tornar-se a base de uma religião. Evidentemente, sua primeira ideia era a de escrever um romance, visando lucro.

No decorrer do processo de escreverem o livro, ao que parece, Smith e seu escriba, Oliver Cowdry, tiveram a ideia de fundar uma nova igreja, e, até publicarem o livro, Cowdry e Smith afirmavam ter recebido visões e cada qual batizou e ordenou o outro, sob as supostas ordens de João Batista:

“que nos visitou nessa ocasião e nos conferiu esse sacerdócio (aarônico)… e que assim procedia sob a direção de Pedro, Tiago e João, que detinham as chaves do Sacerdócio de Melquisedeque, sacerdócio esse que… oportunamente nos seria conferido, e que eu seria chamado o primeiro Ancião da igreja e ele (Oliver Cowdry) o segundo. Foi no décimo-quinto dia de maio de 1829 que fomos ordenados sob a mão desse mensageiro e batizados” (História de Joseph Smith, em A Pérola de Grande Valor, p.98-99).

Vários anos depois, quando Cowdry fazia sua defesa depois de ter sido expulso da igreja, ele fêz um comentário muito esclarecedor referente à identidade do mensageiro que fora reconhecido como João Batista. Cowdry disse:

“Recebi o batismo pela direção do Anjo de Deus, cuja voz, conforme ultimamente me ocorreu, tinha uma semelhança muito misteriosa com a voz do Ancião Sidney Rigdon” (Defesa de Oliver Cowdry. Sidney Rigdon se tornaria em breve o teólogo de Joseph Smith, com o qual talvez já estivesse em contato).

Testemunhas da veracidade da “obra divinamente revelada” apareceram logo entre o crescente número de membros da novel igreja. Três testemunhas, Oliver Cowdry, David Whitmer e Martin Harris, assinaram uma declaração, cujo resumo é o seguinte:

“Que nós… vimos as placas… e também sabemos que foram traduzidas pelo dom e poder de Deus… e também testificamos que vimos as inscrições que estão nas placas… e declaramos com palavras de sobriedade, que um Anjo de Deus desceu do céu, e ele trouxe e colocou diante dos nossos olhos que nós contemplamos e vimos as placas e as inscrições que nela havia…” (Prefácio do Livro de Mórmon).

Smith depressa ficou insatisfeito com esse testemunho dos três, uma vez que cada um deles contava o caso a seu modo. Antes que o livro fosse para a tipografia, foram conseguidas oito testemunhas adicionais, que declararam que tinham visto e tomado o peso das placas.

Na primeira edição do Livro de Mórmon, essa declaração das oito testemunhas informa que Joseph Smith Filho era “autor e proprietário desta obra.” A mesma afirmativa constava da página de rosto da primeira edição.

Segundo as edições posteriores, as oito testemunhas diziam que Smith era o “tradutor” do livro. A página de rosto também foi modificada. Comenta I. W. Riley que “o nome do autor e proprietário do Livro de Mórmon foi tomado por descuido e logo abandonado” (I. Woodbridge Riley, The Founder of Mormonis).

Essa transição de “autor” para “tradutor” foi um passo de desenvolvimento. A “revelação” que autorizava o novo título de Smith veio várias semanas depois da publicação do Livro de Mórmon. O Livro de Mandamentos, posteriormente chamado Doutrina e Convênios, registra essa revelação, com data de 6 de abril de 1830, como segue: “Serás chamado vidente, tradutor, profeta, apóstolo de Jesus Cristo” (Doutrina e Convênios 21.1). Os mórmons são veementes em insistir que Smith foi o tradutor e não o autor do Livro de Mórmon.

Das três primeiras testemunhas, Cowdry, que recebeu a primeira inspiração juntamente com Joseph Smith, foi expulso da igreja em razão de um sem-número de irregularidades, inclusive procedimento desordeiro e falsificação. Antes disso, enquanto estava ainda na igreja, ele tinha sido ‘disciplinado por adultério’.

Martin Harris, que fora um dos primeiros partidários de Smith, e financiara a primeira edição do Livro de Mórmon, admitiu mais tarde ter visto as placas “pelos olhos da fé.” Harris foi sempre mais ou menos um problema para Smith por causa de sua língua solta. Por fim foi expulso como apóstata, depois de ter tomado o partido de uma jovem “vidente” que usava uma pedra preta para prever o futuro (Fawn McKay Brodie, No Man Knows My Hisrory, p.205). Nos últimos anos de sua vida, Harris uniu-se de novo aos mórmons e foi levado pelos brighamistas para Utah. Revelou-se, porém, mais um problema do que um troféu, e pouco mais se sabe a seu respeito, se bem que lhe foram outorgadas honras apropriadas por ocasião de sua morte.

David Whitmer fora expulso da igreja, junto com Martin Harris e Cowdry no episódio da jovem vidente, mas foi reintegrado e enviado ao Oeste junto com Cowdry a negócios da igreja. Quanto ao segundo grupo de testemunhas, até 1837, sete anos após a impressão do livro, todas com exceção do pai e irmãos de Joseph, já tinham sido expulsos da igreja como apóstatas ou tinham saído espontaneamente. Desse modo, todos os três elementos do primeiro grupo e cinco do segundo grupo de testemunhas, foram mais tarde repudiados por Smith.

Quando levamos em consideração que Smith declarava que essas testemunhas foram todas “ordenadas pelo Senhor” (Prefácio do Livro dos Mórmons) a ser testemunhas, não podemos deixar de por em dúvida a onisciência do deus de Smith.

Em 1830 Joseph compreendeu que a Bíblia, como estava, e o Livro de Mórmon, não eram suficientes como base para sua teologia que se expandia. Isso era verdade, especialmente no caso de suas ideias em evolução sobre o sacerdócio. Iniciou então sua Versão Inspirada da Bíblia. Um de seus apologistas escreve:

“As escrituras do Novo Testamento são a Palavra de Deus até onde se acham corretamente traduzidas. Joseph Smith empreendeu uma revisão das escrituras, da única forma possível: pela revelação” (James L. Baker, The Divine Church, p.9).

O mesmo escritor afirma, ao comentar o texto das Escrituras:

“De modo geral, é de bom arbítrio não usar uma única passagem da escritura como prova de determinado assunto, a não ser que esteja confirmada pela revelação moderna. Tendo uma citação única a confirmação da revelação moderna, podemos ter a certeza de sua interpretação… “Ninguém jamais viu a Deus” (João 1:18) não está de acordo com outras escrituras. Em tais casos, ou o texto não chegou corretamente até nós ou foi traduzido incorretamente” (James L. Baker, The Divine Church, p.9).

“Revelação moderna”, para Barker, significa as “revelações” dadas a Joseph Smith. Ninguém, senão Smith, era capacitado para receber revelações.

Na Versão Inspirada, Smith arma sobre o quadro da velha versão inglesa uma quantidade de material inteiramente estranho à Bíblia, e que não possui nenhuma justificativa a não ser a de documentar as doutrinas de Smith. Várias centenas de versículos são acrescentados ao Gênesis, e muitos outros são modificados para acomodá-los às ideias dele.

A história da criação, e das vidas de Adão e sua família, são grosseiramente falseadas, sendo-lhes acrescido muito material fictício. A vida de Enoque é expandida em vários capítulos de material exótico, pelo qual Smith e Rigdon pretenderam dar valor a sua “Ordem de Enoque”, de caráter comunista, que seria logo abandonada. A história de Melquisedeque vem muito ampliada a fim de fornecer fundo “bíblico” às ideias dos mórmons quanto ao sacerdócio. A passagem correspondente à Epístola aos Hebreus foi alterada com o mesmo fim.

Quem ler tratados ou obras expositivas dos mórmons, deve verificar com cuidado as pretensas referências bíblicas. A expressão “conforme escreveu um dos antigos profetas”, é seguida muitas vezes por citação de um escrito puramente mórmon. Deve ser verificada especialmente qualquer suposta citação da Bíblia. Os mórmons ora citam a antiga versão inglesa, quando serve a seus fins, ou podem citar sua própria Versão Inspirada.

Por exemplo, em apoio de sua doutrina de que todos os homens foram criados espíritos e existiram como espíritos desencarnados em eras longínquas, citam Gênesis 2.5-6, que na sua Versão Inspirada diz:

Pois Eu o Senhor Deus criei todas as coisas das quais tenho falado, espiritualmente, antes que estivessem naturalmente sobre a face da terra; pois Eu o Senhor Deus não fizera chover sobre a terra. E Eu o Senhor Deus tinha criado todos os filhos dos ho­mens, e ainda não um homem para cultivar o solo pois no céu Eu os criara, e ainda não havia carne sobre a terra. ‘

Qualquer leitor inteligente da Bíblia saberá que tais palavras não se encontram nela, porém o cidadão médio, que pouco sabe da Bíblia, poderá imaginar que a citação é realmente dela. Há dezenas de adulterações desse tipo.

Os manuscritos da Versão Inspirada permaneceram em mãos da viúva de Joseph, Emma, por isso não foram publicados pelos mórmons do Lago Salgado nem são geralmente usados por eles. A ‘versão’ foi impressa primeiro em 1866 pela Igreja Reorganizada e é por ela usada como texto básico da Bíblia.

Enquanto prosseguia esse trabalho de ‘revisão’, a igreja estava expandindo-se rapidamente, tendo-se transferido para Kirtland, Estado de Ohio. Havia agora necessidade de diretrizes para regulamentar a Igreja e os negócios em geral. Essas tomaram a forma de ‘revelações’ e foram reunidas no novo volume que se tornou conhecido por Doutrina e Convênios (também chamado Primeiro Livro de Mandamentos). São apresentadas como a palavra do Senhor recebida por Joseph Smith. Tal forma era inevitável, uma vez que Smith já criara o precedente de falar como único profeta estabelecido por Deus.

Há alguma coisa de muito incoerente no material aí reunido, como por exemplo o pagamento de contas de tipografia, abertura de curtumes e tipografias, a construção de uma pensão, a nomeação de comissões e inúmeros outros detalhes seculares. Fonte muito humana dessas ‘revelações’ é evidente, pois frequentemente as diretrizes se mostraram contraproducentes, para desabono de Smith e prejuízo da organização.

Durante o período em Kirtland, foi dado início a uma quarta obras: a Pérola de Grande Valor. Esse volume é rejeitado pela igreja Reorganizada, mas é considerado texto padrão pelos mórmons do Lago Salgado.

O “Livro de Moisés”, que é a primeira parte da Pérola de Grande Valor, é idêntico às passagens iniciais da Versão Inspirada da Igreja Reorganizada. Esse volume contém também Mateus 24, citado com várias omissões e alterações da antiga versão inglesa e constando do capítulo intitulado: “Escritos de Joseph Smith”. Essa secção inclui vinte páginas da história pessoal de Smith, bem como os “Artigos de Fé”, que constam de várias publicações dos mórmons.

A parte mais surpreendente da Pérola de Grande Valor (Pearl of Great Price) é o “Livro de Abraão” que Smith assim descreve:

“Uma tradução de alguns registros antigos que vieram parar em nossas mãos, vindos das catacumbas do Egito: os escritos de Abraão enquanto ele estava no Egito e chamado Livro de Abraão, escrito em papiro por seu próprio punho” (A Pérola de Grande Valor, p.50).

Esses papiros foram encontrados nos envoltórios de certas múmias egípcias, os quais Smith comprou de um dono de circo ambulante de nome Chandler. Afirmava-se que a múmia, sobre as quais foram encontrados os escritos de Abraão, era da filha de Faraó.

Às páginas 50 e 62 de Pérola de Grande Valor encontram-se reproduções de folhas do papiro do “Livro de Abraão.” Smith atribui-lhes grande importância, apresentando pormenorizadamente sua interpretação. Não afirma, porém, ter traduzido esses papiros por “revelação”, conforme fizera em seus escritos anteriores, mas por “tradução do egípcio.”

Smith nada sabia de egípcio. Mesmo o “egípcio reformado” das placas de ouro tivera que ser “interpretado” por meio do urim e tumim. O que ficou preservado do “Livro de Abraão” não apresenta nenhuma semelhança com os caracteres ‘egípcios reformados’ da amostra copiada por Smith das placas de ouro.

Sem dúvida, Smith se sentia seguro no papel de tradutor do egípcio, porque naquele tempo muito pouco era sabido da língua egípcia. A primeira gramática egípcia, iniciada por Champollion na década dos 1820, não foi publicada senão em 1836. Os desenvolvimentos dos cinquenta anos seguintes (no decorrer dos quais o “Livro de Abraão” de Smith se tornara evangelho para os mórmons) provaram que Smith nada sabia da língua egípcia, conforme fica claramente demonstrado em seu Pérola de Grande Valor.

A Igreja Reorganizada chegou a reconhecer isso e deixou de usar o livro, porém, não repudiaram seu perpetrador.

Egiptólogos do século 20 têm examinado as reproduções de Smith e informam que suas “traduções” são completamente inexatas. São de opinião que os papiros de Smith nada mais eram do que os documentos comuns usados nos ritos funerais do período egípcio posterior. Existem milhares desses documentos, que se acham expostos em qualquer museu de antiguidades egípcias. Além disso, afirmam categoricamente que tais documentos não eram usados senão pelo menos quinhentos anos depois do tempo de Abraão.

Entre esses egiptólogos estavam os destacados eruditos: Dr. W. Flinders-Petrie, de Londres; Dr. James H. Breasted, de Chicago; Dr. Arthur C. Mace, de Nova Iorque; Dr. John H. Peters, da Universidade de Pennsylvania, e diversos outros. (15)

Dessa forma o “Livro de Abraão” ficou completamente desacreditado a não ser aos olhos de mórmons leais. Um professor da Universidade Brigham Young, ao se defrontar com esses fatos do citado escritor, respondeu: “Os mórmons preferem confiar nas inspirações de Joseph Smith do que na erudição de modernos cientistas”.

Mais um documento tido por inspirado, embora não esteja incluído entre Doutrina e Convênios, é um discurso proferido por Joseph Smith perante 20.000 dos santos no enterro do Ancião King Follett em Nauvoo, Estado de Illinois, em abril de 1844.

Esse discurso, proferido poucas semanas antes da morte de Smith, por assassinato, apresenta um resumo final da doutrina de Smith do homem divinizado e um deus humanizado. É citado com frequência pelos mórmons, e dele formulou Lorenzo Snow a chapa: “Como o homem é, assim foi Deus. Como Deus é, assim pode tornar-se o homem” (King Follett Discourse, p.9).

Os mórmons fazem questão de afirmar que provavelmente nenhuma passagem da Bíblia chegou até nós traduzida corretamente. Entretanto, o Livro de Mórmon, e os demais escritos de Joseph Smith, contêm vários milhares de citações verbais da antiga tradução inglesa. Essas incluem pelo menos quinze capítulos completos de Isaías e dois capítulos de Malaquias, os quais se acham transcritos na linguagem exata da tradução inglesa chamada “autorizada”, com todo o seu idioma de princípios do século. O exame dos escritos dos mórmons revela que a exclusão das citações e alusões bíblicas deixaria uma confusão, sem sentido, de pseudo-história.

Os mórmons expuseram-se à acusação de duas incoerências: 1) Repudiaram o próprio texto que serve de base literária de seus escritos; 2) De fonte nada respeitável produziram suas próprias escrituras, das quais apresentam citações sem fim em apoio de suas doutrinas. Professam honrar a Bíblia como revelação da parte de Deus para o Hemisfério Oriental, ao passo que alegam que o Livro de Mórmons é a revelação dos tratos de Deus para com o povo do Hemisfério Ocidental.

Os mórmons dizem respeitar a Bíblia, vendem-na em suas livrarias, mas eles próprios confessam que raramente a lêem; e não se arriscam a expor-se aos ensinos da Bíblia.

Diversos ex-mórmons, conhecidos deste autor, atribuem sua libertação da seita ao fato de terem tentado conciliar o mormonismo com a Bíblia. Seu estudo da Bíblia convenceu-os das incoerências dos ensinos dos mórmons.

Continua…

Por Gordon H. Fraser

Tradução de W. J.Goldsmith

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