Os irmãos de Jesus no catolicismo

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Jesus Cristo — Homem, como qualquer humano, podia ter e teve outros irmãos, embora apenas do lado materno. Por parte do Pai era unigênito, e nós só somos seus irmãos por filiação espiritual, pelo novo nascimento.

A divindade de Cristo em nada poderia ser prejudicada, tendo ele irmãos e irmãs do lado de sua mãe. A bem-aventurança ou santidade de Maria, também não sofreria agravo algum, pelo fato de ter, em outros partos, dado à luz filhos e filhas, como de fato os teve.

Nós os protestantes aceitamos o que a Bíblia ensina a respeito da família de Jesus, sem sofismas ou distorções. Acreditamos que Jesus foi o primogênito de Maria, e o unigênito de Deus. De Deus foi o único Filho; de Maria foi o primeiro. Os irredutíveis católicos romanos negam a plurimaternidade de Maria, entendendo que isso diminuiria seu valor. E porque querem divinizá-la, para sustentar sua mariolatria, julgam que o ter ela tido outros filhos, lhe tiraria os atributos de “mãe de Deus”.

Vamos provar, pela Bíblia, que, de fato, Maria teve outros filhos, sem deixar de ser bendita entre as mulheres.

O Espírito Santo, atuando nela, fê-la conceber, como que por partenogênese, a Jesus Cristo, Deus e Homem. Deus, por parte do Pai; Homem, por parte da mãe. Deus foi Pai, só da parte divina de Cristo; e Maria só foi mãe da humana. E, assim, chegamos à conclusão lógica de que Jesus Cristo, como Deus tem Pai e não tem mãe; como homem teve mãe, mas não teve pai.

Vejamos o que dizem as Escrituras

“Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão? E não vivem aqui entre nós suas irmãs ? E escandalizavam-se nele” (Marcos 6.3).

“Não é este o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? Não vivem entre nós todas as suas irmãs? Donde lhe vem, pois, tudo isto? (Mateus 13.55-56).

“Vieram ter com ele sua mãe e seus irmãos, e não podiam aproximar-se por causa da concorrência de povo” (Lucas 8.19). Ver também Atos 1.13-14.

Pelos gráficos abaixo, podemos compreender como se deu o nascimento virginal de Jesus, e como deu à luz Maria outros filhos, e quais foram eles:

O aparecimento de outras pessoas no Novo Testamento, com o nome de Tiago, pode dar margem a certa confusão, de que se aproveita a teologia romanista para sustentar a virgindade perpétua de Maria. A Bíblia, porém, a contraria claramente quando diz :

“Contudo não a conheceu, enquanto ela não deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Jesus” (Mateus 1.25).

“E ela deu à luz o seu filho primogênito, enfaixou-o e o deitou numa mangedoura porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lucas 2.7).

Para desfazer a falácia da pretensão de Roma, vamos destacar os três ou quatro Tiagos que aparecem na Bíblia, caracterizando-os quanto às suas famílias — principalmente seus genitores.

1º TIAGO, irmão do Senhor, filho de José e Maria: Mateus 13.55; Marcos 6.3; Gálatas 1.19 e 2.9-12; Atos 12.17; 15.13 e 21.18; Tiago 1.1.

2º TIAGO, irmão de João, filho de Zebedeu e Salomé, morto à espada em Atos 12.2, primo de Cristo, porque Salomé era irmã da mãe do Senhor, de Maria.

Vejamos em gráfico, biblicamente, sua filiação:

3º TIAGO, o menor, irmão de José; talvez também de Levi (Mateus), e provavelmente pai ou irmão de Judas (de Tiago), filho de Alfeu (ou Clopas) e Maria.

Vejamos em gráfico bíblico?

4º(?) TIAGO, talvez um dos três anteriores, pai ou irmão de Judas (Tadeu), ou em hipótese menos provável um 4º Tiago.

E para provar que os três Tiagos tinham três mães diferentes (sendo, por conseguinte, três pessoas distintas) — Maria, mulher de José; Maria, mulher de Clopas; Salomé, mulher de Zebedeu, vamos, mais uma vez, usar a Bíblia e a cabeça. Pondo em confronto os três versículos que as apresentam à mesma hora e no mesmo lugar, temos :

“E junto à cruz estavam a mãe de Jesus, a irmã dela, e Maria, mulher de Clopas e Maria Madalena” (João 19.25).

“Entre elas estavam Maria Madalena, Maria mãe de Tiago e José, e a mulher de Zebedeu” (Mateus 27.56).

“Estavam também ali algumas mulheres, observando de longe, entre elas, Maria Madalena, Maria mãe de Tiago, o Menor, e de José, e Salomé” (Marcos 15.40).

Daí inferimos que o verso completo e bem definido é o seguinte:

“E JUNTO À CRUZ ESTAVAM A MÃE DE JESUS (MARIA), A IRMÃ DELA (SALOMÉ, MULHER DE ZEBEDEU), E MARIA, MULHER DE CLOPAS, E MARIA MADALENA” (João 19.25). Os parênteses são meus.

1º Tiago era filho de José e Maria, portanto irmão uterino do Senhor.

O 2º era filho de Zebedeu e Salomé, irmã de Maria, mãe de Jesus, e assim primo de Jesus.

O 3º, denominado o menor, era filho de Clopas (ou Alfeu) e Maria, sem definido grau de parentesco com o Mestre.

O 2º Tiago foi logo morto à espada por Herodes (Atos 12.2). O 3º era sempre chamado de “o menor”, ou filho de Alfeu, para diferenciar-se dos outros. Portanto só resta um Tiago importante no Novo Testamento, e este é o irmão do Senhor de Gálatas 1.19 e 2.9, a primeira das três colunas da Igreja primitiva, e chefe ou pastor da Igreja de Jerusalém, que mandava discípulos a Antioquia (Gálatas 2.12, Atos 12.17; 15.13 e 21.18), que nunca era chamado de apóstolo, mas de servo, irmão do Senhor, ou simplesmente Tiago, autor da Epístola de Tiago (Tiago 1.1).

Aparecem, também, três Judas importantes no Novo Testamento. O 1º é irmão do Senhor (Mateus 13.55 e Marcos 6.3) e de Tiago, autor de uma Epístola, a de Judas (Judas 1.1). O 2º é o Tadeu (Mateus 10.3; Marcos 3.18) “de Tiago” (filho ou irmão), não o Iscariotes (João 14.22). O 3º Judas Iscariotes, filho de Simão (João 6.71), foi o traidor de Cristo (Mateus 10.4; Marcos 3.19; Lucas 6.16). Os demais Judas mencionados na Escritura não se confundem com os que eram chamados de discípulos.

Os outros homônimos dos irmão de Cristo, José e Simão (Mateus 13.55 e Marcos 6.3), não dão margem a sofismas aos católicos romanos.

OBJEÇÕES DOS MARIÓLATRAS

VAMOS RESPONDER

1º — A maternidade é uma bênção e não maldição. É motivo de mérito e não de demérito da mulher casada. Ver Gênesis 20.17-18; 30.1,13,18,23; Lucas 1.25; I Timóteo 2.15.

É uma ordem — Gênesis 1.28.

Era desejada —Gênesis 29.32-35; 30.1-24; I Samuel 1.11.

2º—5º — No Velho Testamento, e só lá, sobrinho aparece como irmão. Em Gênesis 13.8; 14.14,16 e 29.12-15 a mesma troca de graus de parentesco é feita, mas a Edição Revista e Atualizada no Brasil corrige-a. Não sei de caso algum de primo designado como irmão, mesmo no Velho Testamento, como afirmam os padres.

No Novo Testamento, irmão carnal é sempre irmão (“adelfós”) — Mateus 10.21 e 12.48-50; Marcos 13.12; Lucas 14.12. Primo é primo (“anepsíos”) — Colossenses 4.10. Parente é parente (“sungenós”) — Marcos 6.4; Lucas 1.36,58,61; 2.44 e 14.12.

E se irmão é primo ou parente, porque cargas d’água em Mateus 4.18-21, e passagens semelhantes, irmão é sem discrepância alguma irmão mesmo?! Já se vê por quê. É porque não querem que Maria tenha tido outros filhos. Por isso inventam que “irmão” de Cristo, e só neste caso, é primo ou parente, e nos demais casos irmão é irmão mesmo. Que ilógica estratégia!

3º — Não se pode assegurar que José era viúvo, porque não há nenhuma referência bíblica a respeito. Essa afirmativa não passa de subterfúgio para ajustar a Bíblia com o culto de Maria. O que temos de positivo na Palavra de Deus, é o que já dissemos, sustentando ter saído do ventre de Maria outros filhos, conforme deixa margem Mateus 1.25 e Lucas 2.7. Já o salmista, prefigurando o Messias dizia : “Tornei-me estranho a meus irmãos, e desconhecidos aos filhos de minha mãe” (Salmo 69.8). E isto se cumpriu em João 7.3-5.

4º — Os irmãos de Jesus não eram irmãos na fé, mas na carne, porque em João 7.5 se diz: “nem mesmo os seus irmãos criam nele”. Em Atos 1. 13-14 os apóstolos são citados em separado de seus irmãos. Em João 2.12 são separados dos discípulos. Em Marcos 3.20-21,31-35, não são tidos, de modo algum, nem como apóstolo, nem como discípulos, pois diziam que ele estava fora de si (Marcos 3.21).

6º — Jesus ao morrer entregou sua mãe a João porque ele era o apóstolo mais amado (João 13.23; 19.26; 20.2 e 21.7,20;); era seu primo carnal e tinha casa e conhecidos em Jerusalém (João 18.15-16; 19.27); porque além de crente nele era parente de confiança, enquanto seus irmãos, além de não o crerem, o tinham como louco. Só mais tarde é que Tiago, Judas e, talvez os outros, se converteram.

CONCLUSÃO

O “TERCEIRO CATECISMO DA DOUTRINA CRISTA” afirma à página 10, o que acabamos de combater: “… ó doce sempre Virgem Maria”; e à página 191 confirma: “… o voto de virgindade que ela fez desde os seus mais tenros anos…” E reafirmando tudo isso a “PEQUENA TEOLOGIA DOGMÁTICA” dos padres D. Léo v. Rudloff OSB/D. Beda Keckeisen OSB, à página 74 proclama: “Essa mesma disposição de perpétua divindade é a garantia de que Maria a conservou para sempre perfeitamente inviolada. Seria incompreensível, que após o santo acontecimento, ela tivesse revogado a sua primitiva resolução”. E para sustentar a pretensa virgindade, negando a existência de irmãos maternais de Cristo, a mesma Pequena Teologia Dogmática à página 8 diz : “S. Tiago Menor, chamado “irmão do Senhor”. E a página 75 completa a falsa crença: “O Apóstolo S. Tiago Menor e seu irmão José, mencionados por S. Mateus (27.56) e chamados “irmãos de Jesus”, eram filhos de uma certa Maria que, segundo S. João (19.25), se encontrava no grupo das santas mulheres, no Calvário e era a “irmã” da santa Virgem e mulher de Cleófas (ou Alfeu)”. TUDO ISSO PROVEI, ATRÁS, SER FALSO!

Se Maria tivesse feito voto de perpétua virgindade desde a infância não teria se casado com José (Mateus 1.18 e Lucas 1.27).

Se não fosse ela mulher de José, se tinha de ser virgem para sempre, para que continuou a viver com José depois do nascimento de Jesus?!

Como poderia uma virgem (uma freira) fazer uma viagem ao Egito com um homem e uma criança, por todos conhecido como seu marido, sem ser ou tornar-se mulher?! (Mateus 2.13-23). Forçosamente tinha de hospedar-se juntos nos inúmeros pousos da longuíssima jornada. Não resta dúvida que eram marido e mulher vivendo em perfeito e normal estado conjugal.

Como poderia a virgem Maria viajar anualmente de Nazaré a Jerusalém com um homem tido por pai de Jesus (Lucas 2.41), sem causar escândalo, a não ser que fosse seu insofismável marido?! A caminho tinham de gastar de três a sete dias, dormindo juntos na mesma estalagem, sendo assim inadmissível a inexistência de um atuante laço matrimonial entre eles.

Ainda que Maria houvesse feito voto de perpétua castidade, ele não o fizera. Não havia, pois, razão de viver com ela a não ser que fosse irmão ou marido. É e sempre foi imprópria a intimidade e convivência entre homem e mulher sem a devida sanção do casamento para o seu legítimo fim.

O que é bíblico e racional é que Maria só foi virgem até o nascimento de Jesus. Depois José coabitou com ela e teve mais filhos e filhas, sendo isto mencionado na Escritura sobejamente.

Pastor Abdênago Lisboa, Estudo elaborado em novembro de 1973

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