Liga da Justiça é um filme dirigido por Zack Snyder que continua de certo modo a história do filme Batman vs. Superman. Elogiado por uns e criticado por outros, não deu sinal de muita empolgação em sua estreia nos cinemas dos EUA. Mas não quero falar aqui sobre a parte estética ou técnica do filme. Não. Minha análise é eminentemente teológica e, cuidado: ela contém Spoiler.
Liga da Justiça conta uma história redentora e excitante de super-heróis como Superman, Batman, Mulher-Maravilha, Aquaman, Ciborgue e Flash que procura salvar o mundo de um fim apocalíptico. O filme é bem menos carregado de falas que fazem alusão a religião em geral e ao Cristianismo em particular como em Batman vs. Superman, mas podemos perceber que por detrás da trama há um fio norteador religioso com temas gerais de altruísmo e benevolência.
Liga da Justiça está melhor estruturado do que os recentes filmes de super-heróis da DC Comics e da Warner Bros Pictures. Também tem um tom mais leve, o que o torna mais divertido, mais heroico e menos sombrio. Algumas piadas, devo admitir, foram forçadas, assim como aconteceu com o seu concorrente da Marvel, “Thor: Ragnarok”.
O filme começa com o mundo sem o Superman, que se sacrificou pelo planeta no último filme: Batman vs. Superman lutando contra o Apocalipse. Com a ausência do Homem de Aço, o Homem Morcego e a Mulher-Maravilha precisam reunir uma equipe de super-heróis relutantes para impedir que um supervilão alienígena domine os mundos. O supervilão, Steppenwolf ou Lobo da Estepe, está procurando por três caixas ocultas que quando reunidas tem o poder de destruir o mundo e de dar-lhe poderes absolutos.
Apesar de alguns palavrões “censurados” no filme, certas insinuações bobas de conotação sexual e heróis ingerindo bebida alcoólica (Aquaman), Liga da Justiça tem uma visão de mundo interessante com um enredo redentor, moral e uma mensagem de amizade e esperança, bem próxima à visão cristã.
Temas e mensagem
São vários os subtemas de ordem moral que perpassa o filme, tais como: a verdade, a justiça e o trabalho em equipe. Um deles, a esperança, bem como a sua falta é perceptível. No início do filme, toda esperança parece estar perdida. Uma imagem sombria do mundo é mostrada, onde o crime e os vilões se aproveitam da morte do Superman para dominar o sistema. Com sua morte, parece que a salvação do mundo morreu também. Ao longo do filme, vários personagens lamentam sobre como o mundo mudou, dentre eles Alfred, mordomo do Batman. Será que isso fala alguma coisa sobre o mundo em que vivemos? Devemos encarar a dura realidade de que as coisas simplesmente não estão melhorando, e de fato estão piorando rapidamente hoje em dia. Então, o filme reflete a imagem que muitos têm de nosso mundo atual.
O medo é outro tema recorrente. O personagem Steppenwolf (que parece um pouco com o diabo do imaginário popular na religião cristã) possui guerreiros extraterrestres (parademonios) que se alimentam dos medos das pessoas.
Hoje também os terroristas se aproveitam do medo dos civis. Essa analogia é possível, porque os filmes são um reflexo do mundo real, embora sejam reflexões imperfeitas e muitas vezes tenham uma visão distorcida do mundo. A boa notícia no mundo real é que o Herói supremo, o Senhor Jesus Cristo , o Deus encarnado – veio, morreu, mas ressuscitou e através da sua vitória na cruz derrotou Satanás e pode livrar aqueles que por toda sua vida foram mantidos cativos pelo medo da morte (Hebreus 9: 14-15).
E por falar sobre o reino das trevas, há uma citação interessante no filme sobre a causa da verdadeira escuridão: trevas não é apenas uma questão de ausência de luz, como dizia Agostinho, mas a convicção de que a luz nunca mais retornará. E, de fato, se não tivermos a esperança de que as coisas melhorem, realmente estaremos na escuridão.
Temas religiosos
O filme fala muito sobre os “novos deuses” (fazendo menção aos temas dos quadrinhos) e os “deuses antigos”. O vilão “Lobo da Estepe”, pretende se tornar um desses novos deuses. Um personagem diz que “Deus está de volta dos mortos”. Mas a declaração mais relevante é aquela em que parece uma referência direta feita à Trindade, falando de três caixas extremamente poderosas que podem refazer o mundo como ele deseja, o vilão principal Steppenwolf diz: “Louvem a unidade, louvem os três em um”.
Para quem conhece a doutrina cristã da Santíssima Trindade, é extremamente preocupante declarações assim. Primeiro, porque é dita por um personagem de aparência diabólica e além disso, o fato de que um personagem tão maligno está oferecendo elogios a um “três em um” alternativo é bastante perturbador.
Para piorar as coisas, na próxima fala ele diz “Louve a mãe dos horrores”. Fazendo um possível paralelo a Trindade bíblica com a mãe dos horrores (que parece ser a mãe das prostituições em Apocalipse 17). Se essa analogia teológica que fizemos estiver correta, pode-se concluir que o vilão está proferindo uma blasfêmia em mais alto nível.
Visão global do mundo e outros conteúdos
Há uma visão moral de mundo muito forte, com fortes elementos alegóricos e metafóricos cristãos exaltando o poder do bem (sobre o mal), da família, da redenção, da amizade entre as pessoas. Há uma analogia aproximada entre a morte e a ressurreição do Superman e Jesus Cristo, em uma cena envolvendo um batismo simbólico em água e relâmpagos com a súbita subida dele aos céus. Em certo momento Superman diz: “Creio na Verdade; e, eu sou um grande fã da Justiça”. A luz superando a escuridão, a esperança da volta de um salvador, a fé (da Princesa Diana quando diz: “eu creio”) exaltada acima da zombaria humanista de terroristas religiosos.
Problemas ideológicos no filme
Algumas cenas simplesmente refletem talvez a preocupação da agenda da esquerda, própria da visão hollywoodiana. Por exemplo, Batman fala com Aquaman sobre sua preocupação ecológica de uma destruição do planeta e o aquecimento global. Há também algumas referências pagãs aos antigos “deuses” que foram destruídos. Sem falar é claro da inversão feita na cena com a família (possivelmente) muçulmana sendo ameaçada por um criminoso americano.
Precisamos de super-heróis?
As histórias de super-heróis são universalmente populares, talvez, porque elas aproveitam nossa necessidade humana de sobreviver em um mundo muitas vezes hostil.
A Liga da Justiça, como todas as histórias de super-heróis, constroem seus “salvadores” com base em uma crença compartilhada de que as pessoas não podem se salvar sozinhas. No caso do filme, Superman, retoma o arquétipo de salvador da humanidade.
Considere isso: Muitos se voltam para Deus como seu “super-herói” vendo-o como uma realidade todo poderosa, justa e amorosa, alguém que deseja libertar-nos da escuridão. Será que a popularidade das histórias de heróis de ficção não poderia muito bem refletir o genuíno desejo humano de comunhão com Deus? Por que não?
E você, o que acha? Dê sua opinião.
Sansão foi algo que como super-herói … talvez similar ao incrível “hulk” .