Os “camelos” engolidos por Calvino

O site solascriptura tem um desabafo de um dos seus pesquisadores que, depois de muitos anos de estudo, resolveu discordar do sistema “reformado calvinista” e que achamos bastante producente reverberar aqui nesta obra tais conclusões:

“Tendo lido as Institutas de Calvino e tendo estudado os escritos de muitos calvinistas antigos e contemporâneos, estou convencido de que Calvino foi culpado de coar [adotar] mosquitos e engolir [destruir] camelos. Aceitar o calvinismo (em qualquer de suas formas) é negar os ensinos claros de dúzias de Escrituras.

Examinei o calvinismo muitas vezes durante os 33 anos desde que fui salvo. A primeira vez foi logo depois de me converter, quando estava numa Faculdade Bíblica e o calvinismo foi um dos muitos tópicos que eram persistentemente discutidos pelos alunos. Eu nunca tinha ouvido sobre o calvinismo antes disso e não sabia o que pensar a respeito, então li A Soberania de Deus, de Arthur Pink e alguns outros títulos sobre o assunto, desejando entendê-lo e saber se era escritural ou não. Alguns dos alunos se tornaram calvinistas, mas eu concluí que, embora o calvinismo tenha alguns pontos positivos sobre a soberania de Deus e, embora eu pessoalmente aprecie o modo como ele exalta a Deus acima do homem, e embora eu concorde com seu ensinamento que a salvação é 100% de Deus, e embora eu despreze e rejeite o esquema de ganhar almas raso, manipulador e centrado no homem (tão comum entre batistas independentes), e embora ele pareça ser apoiado por algumas Escrituras, a linha base para mim é que ele [o calvinismo] acaba se contradizendo em relação a muitas Escrituras claras.

No ano 2000 fui convidado a pregar a uma conferência sobre calvinismo na Universidade Batista da Herança [Heritage Baptist University] em Greenwood, Indiana, que ocorreu posteriormente, em abril de 2001. A conferência foi oposta ao calvinismo e concordei em falar, porque era simpático a tal posição [oposta ao calvinismo], desde que examinei pela primeira vez o assunto na Escola Bíblica. Antes de dar a mensagem da conferência, no entanto, eu queria reexaminar o calvinismo de maneira mais profunda. Contatei Dr. Peter Masters em Londres, Inglaterra e discuti o assunto do calvinismo com ele. Disse-lhe que o amava e o respeitava em Cristo e também amava e respeitava seu antecessor, Charles Spurgeon, embora não concordasse com nenhum deles sobre o calvinismo (ou com alguns itens, de fato). Disse ao Dr. Masters que queria que ele me relatasse que livros ele recomendaria para eu compreender adequadamente o que ele acredita sobre o assunto (sabendo haver muitas variedades de calvinismo). Eu não queria representar mal coisa nenhuma. Entre outras coisas, Dr. Masters recomendou que eu lesse os “Institutos da Religião Cristã” [Institutes of the Christian Religion] de Calvino e “Spurgeon versus os Hiper-Calvinistas” [Spurgeon vs. the Hyper-Calvinists], de Iain Murray, o que eu fiz.

Nos últimos anos reinvestiguei novamente o calvinismo por ambos os lados. Li “Que Amor é Este” [What Love Is This?] de Dave Hunt e “As Dúvidas Honestas de um Calvinista Resolvidas pela Razão e a Maravilhosa Graça de Deus” [A Calvinist’s Honest Doubts Resolved by Reason and God’s Amazing Grace]. Li “Debatendo o Calvinismo: Cinco Pontos, Duas Visões” [Debating Calvinism: Five Points, Two Views], de Dave Hunt e James White. Reli cuidadosamente “A Soberania de Deus” [The Sovereignty of God] de Arthur Pink, assim como “A Confissão de Fé de Westminster” [Westminster Confession of Faith]. Estudei também em torno de 100 páginas de materiais publicados em defesa do calvinismo pela Faculdade Bíblica do Extremo Oriente [Far Eastern Bible College], em Singapura. Esta é uma Escola Bíblica Presbiteriana.

No melhor do meu conhecimento, estudei esses materiais com o único desejo de saber a verdade e com a boa vontade de seguir a verdade aonde quer que ela me levasse.

Assim, enquanto não li cada livro sobre este assunto que poderia ser recomendado por meus leitores, fiz um considerável esforço para entender o calvinismo adequadamente e para não representá-lo mal (embora eu tivesse aprendido que um não calvinista SEMPRE será acusado de má-representação).

O calvinista sem dúvida questionará que eu simplesmente não entendi adequadamente o calvinismo e a isso respondo que, se o calvinismo é tão complicado, não pode ser a verdade. Se um pregador razoavelmente inteligente que estudou e ensinou a Bíblia diligentemente por 32 anos e publicou uma enciclopédia bíblica e muitos outros estudos bíblicos pode estudar o calvinismo com um desejo de entendê-lo adequadamente e ainda não o entende, então ele [o calvinismo] é muito complicado para ser verdadeiro! O apóstolo Paulo advertia que é o diabo que torna a teologia tão complicada. ‘Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo.’ (2Co. 11.3 ARC). Claro que calvinismo não é simples, de forma nenhuma, e esta é uma razão porque ele produz uma mentalidade elitista. Para entender o calvinismo, deve-se lidar com compatibilidade, monergismo versus sinergismo, graça eleitora versus a graça irresistível, chamado eficaz versus chamado geral, expiação- propiciação eficaz versus expiação- propiciação hipotética, livre vontade libertariano versus livre vontade escravizada a submissão da vontade, graça objetiva versus graça subjetiva, habilidade natural vs habilidade moral, imputação do pecado de Adão mediata vs imediata (…), vontade desiderativa vs decretiva, e vontade hipotética antecedente, para citar alguns!

Além disso, o calvinista argumentará que a razão por que estudei o calvinismo e o rejeitei é porque penso que o homem deve ser igual a Deus. Os calvinistas invariavelmente clamam que os não calvinistas não acreditam na soberania de Deus. Não posso falar pelos outros, mas este não-calvinista certamente acredita na soberania de Deus. Deus é Deus e Ele pode fazer o que quiser, quando quiser. Como disse alguém, ‘o que quer que a Bíblia diga, eu acredito. A Bíblia diz que uma baleia engoliu Jonas e eu o creio. E se a Bíblia dissesse que Jonas engoliu a baleia, eu acreditaria!’ Se a Bíblia ensinasse que a soberania de Deus seleciona alguns pecadores para irem para o paraíso e Sua soberania elegeu o resto para o inferno, e que Ele escolheu apenas alguns para serem salvos e permite que o resto seja destruído, eu o creria, porque acredito que Deus é Deus e o homem não pode dizer a Deus o que é certo ou errado.

O fato é que cada vez que estudo o calvinismo, me convenço que ele simplesmente contradiz muitas Escrituras, pois é construído mais sobre a lógica e filosofia humanas que sobre o claro ensinamento da Palavra de Deus. O que quer que signifique a eleição divina (e esta é certamente uma doutrina importante e frequentemente ensinada na Palavra de Deus), não pode significar aquilo que o calvinismo conclui [pela sua lógica e raciocínio], pois aceitar tal posição requer que alguém coe [adote] mosquitos e engula [destrua] camelos. Os mosquitos são os argumentos e raciocínio extraescriturais dos calvinistas e os camelos são as Escrituras entendidas claramente por seu contexto.

Considere alguns mosquitos que os calvinistas coam [adotam].  Os calvinistas deduzem [lógica humana, sem provas bíblicas] que, se Deus é soberano, então os homens não podem ter vontade e não podem resistir a Ele. Os calvinistas deduzem [lógica humana, sem provas bíblicas] que, se o pecador está morto, então ele obviamente não pode responder ao evangelho; e, se ele não pode responder ao evangelho e se a própria fé é um dom soberanamente entregue (baseado na errada exegese de Ef. 2:8-9), então os eleitos devem nascer de novo antes de poder exercer a fé.

Os calvinistas deduzem [lógica humana, sem provas bíblicas] que, já que Deus opera todas as coisas pela Sua própria vontade, então se Ele realmente quisesse que todos os homens fossem salvos, Ele salvaria todos os homens.

Os calvinistas argumentam [lógica humana, sem provas bíblicas] que, já que Deus predestinou alguns à eterna salvação, então Ele deve ter predestinado outros à eterna danação. Em cada um desses casos, o calvinista aplica a lógica humana ao fato, ao invés de [citar] uma afirmação clara das Escrituras; e as Escrituras que ele usa para apoiar sua doutrina não diz tal coisa. Assim, ele coa [adota] mosquitos enquanto engole [destrói] centenas de afirmações claras das Escrituras que demolem sua doutrina.” (Em: <http://www.solascriptura-tt.org/>. Acesso em 05 junho 2014)

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